Continuação do precedente...
Bakunin olha ao seu redor e auxilia Darwin, que está livre dos adversários, Darwin, um pouco pasmado, recebe a bola:
"O argumento recentemente expandido pelo duque de Argyll e precedentemente pelo arcebispo Whately, a favor da ideia de que o homem veio ao mundo como um ser civilizado e que todos os selvagens sofreram, sucessivamente, uma degradação, parece-me fraco em comparação àquela ideia expandida, em contrapartida. Muitas nações, sem dúvida, regrediram ao estado de civilidade e algumas outras podem ter caído numa barbárie total, se bem que neste ponto não foram encontradas provas. Os fuegini foram provavelmente forçados, por outras hordas de conquistadores, a se estabelecerem na sua terra inóspita e puderam, consequentemente, regredir, mas seria difícil provar que caíram mais do que os botocudos, os quais habitam a melhor parte do Brasil."
Darwin, A origem do homem, Newton, 1972, p. 169
Darwin vendo que estava cercado por Paulo de Tarso e por Sêneca, preferiu ficar livre da bola passando-a para o próprio goleiro Epicuro.
"Eu prefiro mil vezes anunciar, com a liberdade da palavra conforme a ciência da natureza ordena, aquilo que é útil à universalidade dos homens, mesmo que ninguém me compreenda, de maneira que, amoldando-me às opiniões do mundo, possa usufruir da aprovação daquelas insensatas que, por acaso, me fossem concedidas com profusão."
Epicuro, Escritos Morais, Sentenças e fragmentos, Versículo 128, BUR, 2001, p. 105
O goleiro Epicuro, então, chuta a bola para o centro do campo, exatamente onde se encontra Feuerbach
"O ânimo religioso, segundo a sua natureza até agora explicada, repousa na certeza imediata de que todas as suas afeições involuntárias de si mesmo são impressões externas, aparições de um outro ente. O ânimo religioso transforma a si próprio no ente passivo e Deus no ativo. Deus é a sua atividade transferida, com a qual por sua vez, se apossa novamente apenas tornando-se um objeto desta atividade, portanto indiretamente. Deus é a atividade; mas o que o motiva à atividade, o que transforma a sua atividade, inicialmente somente como onipotência, potência, na atividade afetiva, o motivo verdadeiro e exclusivo, ou seja, o fundamento não é ele mesmo - no qual nada ocorre e está sem determinação - ao contrário do homem, o sujeito ou o ânimo religioso."
Feuerbach, A essência do cristianismo, Laterza, 2003, p. 223
Em sequência a Feuerbach intervém Jesus, chamado "filho de Yahweh", estendendo a perna para tirar-lhe a bola:
"Ou qual a mulher que, tendo dez dracmas, se perder uma dracma, não acende o candeeiro e varre a casa, e busca atentamente até encontrá-la? E depois de tê-la encontrado, chama as amigas e as vizinhas, dizendo: Alegrai-vos comigo, porque já achei a dracma que eu tinha perdido. Assim, vos digo que há alegria diante dos anjos de Deus por apenas um pecador que se arrepende."
Evangelho de Lucas 15, 8 - 10
Mas, enquanto Jesus chamado "filho de Yahweh" pensa ter zombado de Feuerbach, eis que intromete-se decidido Robespierre que tira a bola dos pés de Jesus chamado "filho de Yahweh":
"É precisamente deste problema que os legisladores esqueceram; todos se ocuparam com a potência do governo, nenhum deles se preocupou com os meios para relatar a sua função institucional. Eles tomaram infinitas precauções contra a insurreição do povo e, ao contrário, encorajaram os seus representantes para a revolta com todo o poder deles. Eu já demonstrei as razões: a ambição, a força e o fingimento têm sido os legisladores do mundo. Eles sujeitaram até mesmo a razão humana depravando-a e tornando-a cúmplice das miseráveis condições do homem. O despotismo produziu a corrupção dos costumes a corrupção dos costumes sustentou o despotismo. Neste estado das coisas aludir-se-á àquele que vendeu a alma ao mais forte para tornar a injustiça legítima e assim participar da tirania. Então a razão nada mais será senão demência; a igualdade será anarquia; a liberdade será desordem; a Natureza será quimera; a recordação dos direitos da humanidade será revolta. Então haverão as bastilhas e os patíbulos para a virtude, os palácios para a corrupção, os tiranos e as carruagens de triunfo para o crime. Então, haverão os reis, os padres, os nobres, os burgueses, os canalhas: porém não mais existirá o povo, não existirão mais os homens."
Maximiliano Robespierre, A escalada ao céu, Essedue, 1989, p. 101
E, enquanto Robespierre faz meia-volta para auxiliar Marx, é zombado por uma intervenção de Platão:
"Assim, precisamente, os deuses conduziam e dirigiam a estirpe humana: segundo o plano deles, com a força da persuasão mantinham o ânimo, quase dirigiam o leme. Mas, enquanto isso todos os outros deuses, que num outro lugar cuidavam das terras obtidas, situavam-se Sorte, Hefesto e Atena talvez porque tinham afinidade por natureza, sendo eles filhos do mesmo pai, ou talvez porque tinham as mesmas aspirações, movidos como eram pelo amor ao saber e à arte - ambos tiveram por destino esta única região, como terra por eleição, espontaneamente fértil de virtude e de sabedoria, Deste modo, nesta terra fizeram nascer homens virtuosos, e inspiraram em suas mentes a ordem política."
Platão, Todos os escritos, Crizia, Bompiani, 2014, p. 1422
Platão mantém firme a bola sob um pé por alguns segundos até não ver Agostinho de Hipona livre, e passa-lhe a bola com um lance preciso:
"Não seremos certamente nós, por isso, os que definirão como "felizes" alguns imperadores cristãos, seja porque reinaram longamente, ou seja porque deixaram o império aos filhos depois de uma morte serena, ou por terem vencido os inimigos do Estado, ou por terem conseguido prevenir e reprimir cidadãos que a eles eram hostis e rebeldes. Este e outros dons ou consolação, por uma vida plena de fadigas, alguns Pagãos mereceram recebê-los, os quais veneram os demônios e que não pertencem ao reino de Deus, ao qual estes imperadores pertencem; e isto ocorreu segundo a sua misericórdia e porque não se fez necessário àqueles que Nele acreditavam suplicar por estas coisas como bens supremos."
Agostinho de Hipona, A cidade de Deus, Bompiani, 2015, p. 303
Agostinho de Hipona, com a bola rolando nos pés, e em dupla apoiado por Plotino, se dirige ao gol adversário.
Continua...
Marghera, 22 de maio de 2018
A tradução foi publicada 29.09.2019
Aqui você pode encontrar a versão original em italiano
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Claudio Simeoni
Mecânico
Aprendiz Stregone
Guardião do Anticristo
Membro fundador da Federação Pagã
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