Índice:
--- Apalpar o mundo é uma atividade genuinamente humana
--- Alquimia
--- Musas
--- Emoção e o principio do prazer
--- Uma Nota Religiosa ou de Demência sobre o Apalpar o Mundo
--- Ultima Nota a propósito de Apalpar o Mundo
O indivíduo age no mundo seguindo as tensões que de dentro dele tendem a emergirem, criando a necessidade de ação, e funde a sua própria energia com o mundo: subjetivar a objetividade.
Este debate se torna compreensível somente àquelas pessoas que vivem apalpando o mundo. A compreensão de apalpar o mundo é imediata apenas na atividade de apalpar o mundo. Eu posso expor uma série de considerações sobre como, porque e sobre onde conduz, mas só quem apalpa o mundo pode desenvolver a experiência de apalpar o mundo.
Apalpar o mundo é uma atividade genuinamente humana!
Ou melhor, entre os Seres Humanos, assume o nível da representação do DEUS como manifestação do vir a ser dos Seres Humanos.
Apalpar o mundo é uma atividade que se torna explícita com as mãos, como representação da percepção corpórea "pele" do corpo físico.
Das mãos e dos pés saem as linhas de energia que nos ligam ao mundo.
Se fundem com a energia dos objetos, e nos retornam com uma qualidade de energia modificada.
Nós modificamos a nossa energia fundindo-a com a energia dos objetos, com o quais entramos em contato.
Verdadeiramente, todo o indivíduo se modifica cada vez que entra em contato com um objeto.
MODIFICA:
1) a sua parte física!
2) o seu conhecimento;
3) a sua consciência;
4) o seu saber;
5) a sua experiência;
Só que hoje falamos do significado de APALPARA O MUNDO e da modificação do indivíduo no desenvolvimento desta atividade.
As modificações do indivíduo atravessaram a evolução da nossa espécie nos últimos milhões de anos.
É plausível a teoria segundo a qual nos últimos milhões de anos nós nos tornamos o que somos também porque desenvolvemos o POLEGAR OPONÍVEL.
(Isto quer dizer os Polegares das nossas mãos que se opõem aos outros dedos)
Esta variação terminou por condicionar a nossa atividade inteira, que no decorrer de milhões de anos nos levou a condicionarmos o desenvolvimento das relações entre nós e o mundo.
Apalpa-se o mundo tirando as pulgas do amigo ou da amiga: se desenvolve a sensualidade como uma relação com o mundo.
Sensualidade, que como sexualidade, assume um papel fundamental na Espécie Humana, como um método de relação emocional entre os indivíduos,
Esta tensão emotiva leva os indivíduos a modificarem o mundo para melhor responderem ao princípio do prazer. Depois do que, alguém descobre como bloquear no indivíduo o princípio do prazer substituindo-o pelo PRAZER EM POSSUIR.
A modificação introduzida na espécie leva à modificação das relações com o mundo, e do mundo para satisfazer à nova direção em que foi obrigado o princípio do prazer na espécie.
Para o Ser Humano, Apalpar o Mundo é apalpar a vida: construindo-a.
Cessar de Apalpar o Mundo faz com que o princípio do prazer se transforme em prazer de posse, depois se traduz em prazer de impedir a outros Seres da própria espécie, de Apalpar o mundo.
A manipulação de objetos é atividade humana.
Por outro lado, os objetos construíram o Ser Humano precisamente para favorecerem a sua manipulação.
As estratégias do Ser Natureza eram dirigidas à construção dos manipuladores e conseguiu, favorecendo o desenvolvimento dos Seres Humanos. Hoje em dia, sabemos que todos os Seres da Natureza são manipuladores, mas nós como espécie temos as nossas características, e nos da prazer pensar que as nossas características são aquelas que tem uma exclusividade na atividade de manipulação do mundo. Em cada caso o nosso modo de manipular o mundo é uma característica nossa que se especializou no decorrer de milênios.
Os manipuladores têm um papel de expressão divina no divino do Ser Natureza.
---Se os manipuladores do Ser Natureza são invadidos profundamente pelo princípio do prazer, as suas manipulações são atentas, respeitosas e funcionais ao desenvolvimento da satisfação do prazer deles, em relação ao desenvolvimento do prazer do mundo em que vivem. Por extensão, estão atentos ao prazer de existência do Sistema Social e do Ser Natureza.
---Se os manipuladores são invadidos pelo prazer da posse, as suas manifestações são destrutivas. Seja para o Sistema Social em que vivem, como para o Ser Natureza. Os manipuladores invadidos por esse tipo de prazer, isto é da posse, destroem o mundo em que vivem, depois de terem destruído o princípio do prazer dentro deles mesmos.
A atividade quotidiana de manipulação do indivíduo consente à matéria manipulada transformar o indivíduo que a manipula.
O princípio da posse, por se impor ao indivíduo, deve afastar o indivíduo da atividade de Apalpar o Mundo. Hoje em dia, a atividade "laborativa" que prevê atos para se Apalpar o Mundo (modificação física da matéria ou do ambiente) pertence aos níveis mais baixos da escala social. Não faz muito tempo, quem desenvolvia ofícios de Apalpar o Mundo, deveria ser prejudicado tanto na vida quotidiana (baixos ganhos em relação às exigências manifestadas pelo Sistema Social em si mesmo), como também no esforço de trabalho e as doenças "profissionais".
Quem manipula a matéria adquire essa habilidade de manipulá-la, em funções das suas necessidades subjetivas próprias. Do momento que o inteiro Sistema Social humano coloca, como fundamento de si mesmo, a sua capacidade para modificar a matéria, e satisfazer as suas necessidades próprias, resulta que quem pratica o princípio da posse deve impor o seu próprio controle e o próprio domínio sobre quem está em condições de manipular a matéria. Chegamos aos absurdos extremos na organização do nosso atual Sistema Social onde está o aparato industrial para a produção de riqueza, mas é a estrutura financeira que concentra essa riqueza, e através dessa riqueza controla e gere o aparato industrial em função do seu acúmulo de riqueza própria.
O percurso inteiro da transformação alquímica pode ser subdividido em duas diretrizes gerais:
1) Transforma o chumbo em ouro!
2) Transforma o chumbo em ouro!
Que diferença existe? (eu sei que vocês estão perguntado...)
A diferença entre as duas afirmações está no significado que nós atribuímos às palavras.
Para quem pratica o princípio da posse, tem o significado bíblico da riqueza através da qual comprar a submissão.
Para os que praticam o Princípio do Prazer, o chumbo que se transforma em ouro, são eles mesmos que constroem o seu corpo luminoso: A GRANDE OBRA!
A alquimia no decorrer dos séculos pôde se desenvolver porque, embora alimentando o princípio da posse, isto é dos que possuíam as pessoas por avidez da posse, consentiam que outras pessoas manipulassem a matéria e eles esperavam tirar vantagem dessa manipulação.
Quantas pessoas se envenenaram e prejudicaram os pulmões, tudo por avidez de alguns; venenos com fumaças de mercúrio, chumbo ou cianuretos!
Na formação da Grande Obra intervieram vários fatores subjetivos:
1) A tensão, a paixão e o Intento de quem manipulava a matéria;
2) A prática da sua estratégia na manipulação da matéria;
3) A suspensão do diálogo interno ao manipularem a matéria;
4) A simpatia que se desenvolvia entre si e a matéria manipulada;
5) A estratégia para que o seu protetor acreditasse que teria produzido meios, através dos quais desenvolver a sua capacidade para possuir os Seres Humanos.
A manipulação da matéria leva ao nascimento da Grande Obra, porquanto manipulando o mundo através das mãos, leva o mundo a manipular, por meio das suas mesmas mãos, o próprio indivíduo. O mundo apalpa o indivíduo desenvolvendo-o na direção em que, com a vontade e o intento, o indivíduo apalpa o mundo.
Não se trata de reciprocidade, se trata que o indivíduo não pode receber uma manipulação maior do que aquela que ele está em condições de exercitar manipulando o mundo. A medida de transformação subjetiva mediante a intervenção do mundo sobre a subjetividade do indivíduo, é dada pela capacidade que o individuo tem para exercitar a vontade própria sobre o mundo em que vive. Apalpa-se o mundo com as mãos, ou genericamente com a pele, porém a relação com o mundo acontece com nós mesmos, e através da manipulação o mundo intervém em nos mesmos.
As Bruxas apalpavam o mundo manipulando as ervas!
As Bruxas apalpavam o mundo manipulando pessoas!
As mulheres se tornavam Bruxas lavando, cozinhando, assistindo aos filhos e aos maridos (para voarem usavam uma vassoura...)
As transformações delas eram obtidas através do Apalpar o Mundo.
Eu me defino, a mim mesmo: MECÂNICO!
Mecânico é aquela pessoa que dado um fenômeno, volta à origem do complexo que o fenômeno produz. Um mecânico, apalpando o mundo, individualiza o mecanismo que produz um fenômeno e tenta modificar a direção agindo sobre o mecanismo que o produz. Isto vale para cada mecanismo de ordem técnica, mágica, emocional, etc. com os limites dados pela sua preparação cultural. É por isto que uma via alquímica necessita de acúmulo de saber e conhecimento, para ser trilhada e seguida.
Na arte de Apalpar o Mundo são partícipes todos os elementos da Mistura do Bruxo (Il Crogiolo dello Stregone).
Podemos dizer que a atividade de APALPAR O MUNDO se transforma de "trabalho" em Arte quando:
1) Envolve a atenção do indivíduo focalizando na ação as suas emoções, as suas tenções, e no agir, bloqueia o diálogo interno (algumas vezes também o respiro), enquanto age para obter o resultado desejado.
2) A ação de Apalpar o Mundo deve ser repetitiva, onde a repetição não deve ser monótona, mas deve ser entendida como atividade física de busca contínua das modificações dos fenômenos. A modificação do indivíduo é dada pela quantidade de ações; da qualidade (compreende-se como a intensidade) do envolvimento subjetivo e da ação no tempo.
3) A quantidade de conhecimento, que se tem condições para se acumular,é para se poder modificar a qualidade de modificação dos fenômenos.
4) A quantidade de atividade material que se consegue transferir em pensamento abstrato.
IMPORTANTE: Na construção do vir a ser subjetivo, LEMBRO, que o pensamento abstrato da razão (não as fantasiosas, mas a atividade teorizadora e idealizadora da prática constante, e da experimentação quotidiana) seja nela, razão, a manifestação da formação do corpo luminoso; exatamente como APALPAR O MUNDO é o abstrato do corpo luminoso!
Quem seguiu as transmissões da Radio Gamma lembra que falamos das Musas, como sendo os canais de paixão, que Zeus, através de Mnemósine, baixa entre os Seres Humanos afim de que, praticando-as, se transforem em DEUSES.
As MUSAS outras coisas não seriam senão as práticas divinas de algumas atividades humanas, que por meio do APALPAR O MUNDO, se transformam em Artes, transformando, assim, quem as pratica. Um fazer humano, que sendo estranho ao quotidiano, obriga a ação de modificação do indivíduo com o fim de obter um resultado. O trabalho se torna arte! Essas divindades se manifestam nas ações dos Seres Humanos, cada vez que um Ser Humano transforma um "trabalho" em uma arte cuja atividade é a de se modicar a matéria, mas que implica um tal envolvimento subjetivo ao ponto de ser também modificado quem praticou a arte.
Segundo Pausania, as mais antigas eram três Musas: Melete, Mneme e Aoide.
Mais do que três Musas, eram as forças divinas de evocação de Musa dentro do Ser Humano.
De fato, MELETE era o exercício! A REPETITIVIDADE com envolvimento emotivo: paixão!
MNEME era a memória. Memória entendida como conhecimento, saber, pensamento abstrato, etc.
AOIDE era o canto. Entendida como representação da manifestação da arte em que o indivíduo tende.
Para manifestar a Musa, era necessária a repetitividade entendida como exercício constante, e era necessário desenvolver o saber e o conhecimento afim de que o indivíduo se transformasse e manifestasse a ARTE!
Vamos recordar todos os nove canais de paixão:
CALLIOPE = poesia épica!
CLIO = história!
POLIMMIA = eloquência e mímica!
EUTERPE = poesia lírica e flautista!
TERSÍCORE = dança!
ERATO = lírica oral (canto)!
MELPÔMENE = tragédia!
TALÍA = comédia!
URÂNIA = astronomia!
Como vêem, não há a Musa do escultor, a Musa do pintor, como não há a Musa do artesão, isto porque os Antigos, as tinham como "assimiladas com profundidade".Atena era a manifestação das artes e dos ofícios. Portanto, os Antigos, enxergavam a manifestação das Musas somente na manifestação das emoções do artista, que se plasmava a si mesmo. O trabalho manual, seja nos campos como na fabricação de instrumentos de trabalho, significava as elaborações de quase toda a população, e além disso, não se praticava o controle das pessoas através da sexualidade delas, que representa o momento mais elevado de transformação subjetiva no
Duas são as diretrizes nas quais a Arte de Apalpar o Mundo age, afim de transformar o indivíduo:
1) a sexualidade a ser transformada, que no momento da relação tem o fim de posse.
2) O trabalho, entendido como esforço, para transformar em arte de transformação subjetiva.
No que se refere à sexualidade, é inútil falar a respeito, há dezenas de manuais sobre como praticá-la, inclusive como fazer enlouquecer na cama, e se isto não acontece com a frequência que as pessoas desejam, é devido à causas diversas e frequentemente banais. Além disso, a manifestação do princípio do prazer dentro da sexualidade, é de tal forma evidente, que falar dela constitui repetição evidente.
Sobre a Arte de Apalpar o Mundo devemos salientar acerca do esforço do trabalho:
O trabalho como necessidade para ter uma renda ou um salário, aos quais o Sistema Social nos obriga, é um dos elementos que nos separa do mundo do Ser Natureza. Pior era quando trabalhávamos 14-16 horas por dia.
Usar um trabalho, qualquer trabalho, para transformá-lo em um momento de transformação subjetiva através do: apalpar o mundo.
O que nos impede de transformar o trabalho em arte mágica?
Recordemos, ainda, o que está escrito sobre " O que leva a se tornar eternos na Religião da Roma Antiga", aonde cada atividade agrícola representava a manifestação de um deus, ou, se preferirem, os DEUSES se manifestavam em cada ação agrícola.
Como pode acontecer o destaque do divino em uma atividade do Ser Humano?
ATRAVÉS DA IMPOSIÇÃO DO ESFORÇO DO TRABALHO!
Quando as pessoas estão mais empenhadas em imprecar, lamentarem-se, sofrerem nas condições em que vivem, ao invés de observarem a relação que se constrói entre elas e aquilo que as suas próprias mãos apalpam.
'Vamos nos esforçar', costuma-se dizer em Nápoles !
Para os espanhóis e para os franceses é pior ainda: para eles é um Trabalho Árduo!
O esforço do trabalho (e o constrangimento das emoções através do esforço) separa aquilo, que se é obrigado a fazer, do princípio do prazer.
Quando isto acontece, a atividade "laborativa" é tolerada, somente até que sustente (fornecendo salário ou rendimento) a vida, como "busca do prazer" separada da atividade laborativa. Fala-se em alienar-se ao trabalho.
Do tipo: "Sou obrigado a remar na merda, mas desse modo mantenho a família"
Ou ainda: "Sou obrigado a fazer coisas que não gosto de fazer, mas dessa forma, pago certas atividades que me dão prazer!"
Neste caso, o indivíduo separa a sua estrutura emocional da atividade laborativa. Impede a atividade laborativa de manipular a sua estrutura emocional, seja em termos positivos (expansão) como negativos (retrair-se ou constrangimento).
O esforço para trabalhar, isto é, trabalhar por obrigação, separa o indivíduo da possibilidade de transformar o seu trabalho em magia!
A alienação ao trabalho (o dicionário demonstra precisão no conceito de alienação: angústia estranha do homem contemporâneo em frente às coisas, que mesmo sendo fruto da sua atividade, lhe parecem estranhas ou inteiramente hostis), determina a diferença entre a atividade comum de trabalhar e a arte de Apalpar o Mundo.
Temos, obviamente, toda uma série de graus, entre a alienação ao trabalho e o total envolvimento emocional, capaz de intermediar entre esse envolvimento, a atividade manual em Apalpar o Mundo, desenvolvendo a Atenção, o Conhecimento e a Informação por meio daquilo que é executado, e um encargo chamado trabalho.
Uma coisa que NÂO se deve fazer, absolutamente, é: usar a nossa vontade para nos impormos um envolvimento emocional, e obrigarmos a nossa atenção a se fixar dentro de um trabalho, ou de um encargo, que sejam alienados ao nosso princípio de prazer.
Ao invés disso, concentrar emoções e atenções sobre aspectos específicos, separados do conjunto do trabalho.
Quando obrigamos a nós mesmos a envolvermos as nossas emoções e a nossa atenção sobre coisas que não solicitam o nosso princípio do prazer, enquanto usamos as mãos, os nossos sentidos, e o nosso corpo, isso faz com que introduzamos na nossa estrutura energética os mesmos efeitos destruidores que a prece acarreta às crianças.
Só que com a diferença de que as crianças sofrem a prece, nós a impomos a nós mesmos, usando a nossa vontade que deveria nos servir para nos liberarmos dos constrangimentos. Ao contrário, usamos a nossa vontade para encontrarmos trabalhos diversos, organizando-nos, talvez através da Arte da Emboscada, com a finalidade de conseguirmos ter um relacionamento melhor entre nós e a atividade manual com a qual apalpamos o mundo.
Transcrevo dois pequenos trechos do livro de Kurt Hubner "A verdade do mito", que revelam a inter-relação entre os projetos dos Seres Humanos e os projetos dos DEUSES:
"Quase todas as atividades de ser comunitário são reconduzidas à uma divindade que a produziu, e sem a presença dela, não é possível atingi-las. Tudo o que o homem compreende dentro da comunidade, sobretudo cada profissão que exerce, começa com a reza [eu a chamarei invocação ndr] e com o sacrifício. Se o deus não colabora, isto é se a sua substância não age, não exercita o "thymos" ou as "phrenes" do homem, nada pode conseguir. *Atena Ergane, por exemplo, é a deusa do artesanato, da arte dos artesãos de vasos, dos tecidos, da construção dos carros, da produção do óleo, etc.
Os que fazem vasos invocam Atena com o canto deles, pedindo para manter a sua mãos sobre a fornalha dos vasos, e temos imagens pintadas sobre vasos que mostram a sua presença no laboratório.
Outra coisa de semelhante vale para Hefesto, o deus dos artífices, para Poseidon, o deus da pesca, para Ártemis, a deusa da caça, etc. É caso também para se recordar que os artesãos quando se retiram da profissão, dedicam a um santuário os seus instrumentos de trabalho. Deste modo restituem ao deus aquilo que era do deus, e através dos quais ele opera para eles, O inteiro espaço vital da comunidade humana, no geral em trocas e movimentos comerciais.eram governados do ápice a fundo do numinoso."
As ações que praticamos, através da mãos, envolve todo o nosso ser.
Aquilo que nos envolve emocionalmente, nos transforma.
As transformações se colhem com o tempo, na mudança.
Isto significa que o uso das nossas mãos imersas na atividade para transformar ou modificar a matéria, incide sobre a nossa emotividade, que intervém, por sua vez, sobre a parte mais antiga do cérebro, no quis respeito à qualidade do nosso sentimento e da nossa intuição. Manipular a matéria, por meio das mãos, solicita a ativação da parte interna do cérebro para que envie elementos intuitivos ao córtex cerebral; além disso, há uma solicitação da nossa capacidade sensitiva com o fim de colhermos novos aspectos daquilo que estamos fazendo.
O trabalho que obedece ao princípio do prazer, nos estimula a sermos o que somos, mas nos estimula coligando àquilo que precedeu a formação da razão. Nós usávamos as mãos para apalparmos o mundo (mesmo para tirarmos pulgas de companheiros, companheiras, ou dos nossos filhos), muito antes que a razão se fixasse no indivíduo, Com o agir das nossas mãos construíamos as verdadeiras e apropriadas relações entre nós e o objeto apalpado.
Era o princípio do prazer, ligado diretamente à nossa estrutura emocional, que registrava a transformação pela qual passávamos em determinada atividade.
Assim, se a ação que é executada por meio das mãos, obedece ao princípio do prazer, as nossas emoções, o nosso sentir e o nosso intuir (por meio da nossa atenção) se transferem nas nossas ações e levam para dentro de nós a experiência do prazer, modificando, revitalizando emoções, o sentir e o intuir.
Se a ação corresponder ao prazer de possuir, então as nossas emoções, o nosso sentir e o nosso intuir, sofrerão um curto-circuito com a busca obsessiva em controlar, e a extração do prazer será somente até o momento em que controlarmos o objeto, levando-nos ao desespero e a um vazio quando o objeto não mais estiver sob o nosso controle.
Quem, portanto, busca em suas ações o poder da posse do objeto, mantem o prazer de possuí-lo até enquanto pode manter o controle sobre o mesmo. Mas ao perder esse controle, que é efêmero, o indivíduo sente-se abandonado num vazio.
Acontece comumente à pessoas que dirigem empresas, e que são violentas e arrogantes até enquanto possuem um posto de poder, mas desesperadas quando o perdem: síndrome do cão surrado pelo dono. Quem pratica o prazer da posse renunciou ao princípio do prazer para construir uma dependência subjetiva do objeto possuído.
Quem é obrigado a renunciar o princípio do prazer por questões de sobrevivência, deve evitar envolver-se, a si mesmo, interiorizando, assim, aquilo que faz. Reconhecer o constrangimento a que é forçado, devendo procurar um envolvimento emocional diverso da atividade laborativa.
Todas as vezes que praticamos ações, elas nos transformam. Se sofrermos atividade que não gostamos, devemos separar essas ações da nossa emotividade, e o quanto menos possível não prendermos a nossa atenção aos aspectos obsessivos do trabalho, melhor será, dirigindo a atenção talvez em outros aspectos do trabalho.
Abandonar a nossa atenção enquanto usamos as mãos, faz com que aceitemos uma modificação subjetiva passiva.
Desligar a nossa atenção e as nossas emoções, possivelmente concentrando-as sobre coisas diversas daquilo que se está fazendo, impede ou obstaculiza uma modificação não desejada, e com isto uma construção de uma resistência emocional.
A atividade laboral dentro do princípio do prazer nos permite a explosão e a saída da nossa força emotiva, apura a nossa atenção, solicita-nos a nossa intuição, e ainda modifica a nossa estrutura física e a nossa psique, organizando-as para um desempenho melhor naquilo que fazemos.
Os Seres Humanos pertencem a uma espécie que se transforma e que vem se desenvolvendo, progressivamente, por centenas de milhões de anos, como todas as outras espécies do Ser Natureza.
O Ser Terra e o Ser Natureza colocaram muita atenção para que a nossa espécie sobrevivesse e se desenvolvesse. O Ser Terra e o Ser Natureza não agiram por razões morais, mas sim pela nossa capacidade de podermos manipular, usarmos as nossas mãos.
O que constitui a nossa capacidade de nos fazermos DEUSES, manipulando o mundo.
Manipular significa TRANSFORMAR.
Transformar significa: VARIAR AS CONDIÇÕES OBJETIVAS!
Recordemos que: cada Ser na Natureza se modifica, a si mesmo, para poder adaptar-se à variação objetiva, isto é adaptação subjetiva às variáveis objetivas.
As condições objetivas são as condições que obrigam os sujeitos a colocarem em ação as suas estratégias de adaptação.
As condições objetivas são aquelas que, ao variarem, requerem adaptações, desaparecimento ou germinação.
O Ser Humano, manipulando a objetividade, manipula também o material genético.
Favorece uma distribuição diversa da espécie.
Saqueia e destrói muitas espécies.
Modifica a estrutura física e psíquica da espécie.
Cruza diversas variedades.
Distribui venenos sobre o planeta.
Constrói culturas diferentes na sua mesma espécie.
Neste momento, esta gerando novas espécies dos Seres da Natureza, manipulando diretamente, o material genético dos Seres da Natureza. Talvez um dia, venha a fabricar novos Seres da Natureza.
A VIDA VENCE SEMPRE !
Qualquer coisa que o Ser Humano fizer, haverá certamente SOMENTE um vencedor: HERA ou GIUNONE !
O Ser Humano poderá vencer, se superando a razão, que lhe impede de enxergar as consequências e as adaptações que as suas manipulações produzem, souber retomar o seu lugar próprio na Natureza.
Em cada caso, somente o Ser Humano poderá levar à destruição o próprio Ser Humano.
As suas mãos que manipulam, podem transformá-lo em um DEUS, como podem, manipulando, destruir a sua própria espécie através do princípio de possuir.
Portanto, as mãos do Ser Humano, na manipulação, Apalpando o Mundo, podem transformá-lo em um DEUS, ou destruir toda a própria espécie.
Em qualquer um dos casos, Hera (a Natureza) adquire novas espécies, coloca em ação novas adaptações para construir futuros diversos.
Qual é o interesse do Ser Natureza quando nós assistimos aos saques e à destruição operada pelos Seres Humanos contra a própria Hera? Para que novas espécies nasçam são necessários tempos longos, experimentações que fracassam e situações totalmente favoráveis. O Ser Humano pode fazer bilhões de experimentos genéticos durante um período de tempo, que para Hera são frações de segundo.
Pensem apenas nas espécies vegetais que das Américas chegam à Europa e às diversas distribuições de material biológico sobre o planeta. Nos últimos 3.000 anos toda a face do planeta mudou. Se foi para melhor ou para pior não cabe a mim dizê-lo.
Certamente que Rea (a Terra) sem as mãos dos Seres Humanos, nunca estaria livre das jazidas de petróleo e de carbono, que como um cancro a infectam. Essas jazidas equivalem à Energia Vital Estagnada para o Ser Humano, que lhe impede de transformar a morte do corpo físico em nascimento do corpo luminoso.
Se alguém dissesse que o Ser Humano é um Anticorpo desenvolvido pelo Ser Terra para se liberar de uma infecção maior do que o saque que ele produz nela, isto é literalmente verdadeiro.
Só que Hera, Rea, Giunone pagam os seus tributos à espécie Humana: as ações das suas mãos podem, se cada indivíduo em particular desejar, transformar a cada um em um DEUS para ele vir a ser na eternidade das transformações.
Há uma afirmação final a ser feita.
Uma afirmação com a qual não devem se deter por muito tempo, senão quando vocês mesmos encontrarem ou em vocês não surgirá a exigência,
Tudo aquilo que na história se chama filosofia ou idealidade outra coisa não é senão uma elaboração humana na sua atividade de Apalpar o Mundo.
Na história encontramos indivíduos particulares que têm sido, com frequência, definidos como Agitadores ou Hereges. Repetidamente estavam a serviço de alguém, e como tais, são indicados pela atividade deles.
Muitos deles estavam a serviço de ideias, projetos e intentos úteis aos homens no momento em que viviam. Muitos deles são indicados como filósofos (outros são esquecidos).
Quais eram as características dessas pessoas a quem me refiro?
Apalpando o Mundo colocaram em funcionamento os mecanismos do Corpo Luminoso de cada um deles.
O corpo luminoso (e não me refiro àqueles fenômenos que são atribuídos ao corpo astral) APALPA O MUNDO através do pensamento abstrato. É através do pensamento abstrato que o corpo luminoso age sobre a razão.
E quando não existia a razão?
Era a intuição que se manifestava através de um uso diverso da descrição do mundo e dos sentidos subjetivos.
Para que o pensamento abstrato seja manifestado pela razão, é necessário que o Ser Humano apalpe o mundo : use as próprias mãos para transformar a matéria na qual vive. Seja a matéria inorgânica como a matéria orgânica. A manipulação da matéria leva-o a desenvolver o pensamento abstrato, que depois irá pescar da experiência do mundo em que vive colhendo nele os aspectos culturais. Os processos inversos são processos culturais ou imaginativos.
Usando as mãos, e mais genericamente o tato e a pele, o Ser Humano se conscientiza de que o mundo em que ele vive também o Apalpa. É exatamente a subjetivação deste elemento intuído pelo indivíduo que permite ao corpo luminoso ter espaço na razão, obrigando-a a se modificar em função das ideias e das intuições que do corpo luminoso se juntam a ela!
Marghera 2003
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Cod. ISBN 9788891170897
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Claudio Simeoni
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