As pessoas são educadas para pensar que o árbitro é um sujeito independente das partes que estão em conflito. É dito que o árbitro não participa, mas apenas julga.
Sucede que o ato de julgar, do árbitro, constitui uma participação ativa inserida no conflito.
A arbitragem do árbitro não parte da análise das condições que provocam e fazem evoluir o conflito, mas parte da ideia de que o árbitro dispõe do conflito e de como este conflito poderia se desenvolver, de acordo como se desenvolveu. O árbitro afirma que estas noções, e somente estas, eram as intenções e os objetivos do conflito.
As partes, que estão em conflito, não são julgadas pelas ações e pelas intenções que tinham no interior do conflito, mas são julgadas segundo o critério com os quais o árbitro lança a sua ideia no mundo.
Quando falamos dos árbitros da nossa partida de futebol, Yahweh, Allahu Akbar, Fanes, Beppi di Lusiana, nós pensamos em quatro personagens que aliciaram o pensamento humano a aceitar um primordial. Estes árbitros fixam os comportamentos e, portanto, não estão em condições para julgar fora desses comportamentos impostos, porque acreditam que tais regras de conduta representam o absoluto dogmático da existência humana.
Aqui não estamos falando de árbitros adestrados dentro de certas regras e que devem ser meticulosos ao observá-las. Nós estamos falando de árbitros que estabeleceram as regras da vida e que impõem o respeito a essas regras, mediante as suas decisões, que não podem dispensá-las.
Yahweh, Allahu Akbar, Fanes, Beppi da Lusiana, são aqueles que estabeleceram as regras, regras estas que aplicam tanto a eles próprios como às outras pessoas que devem, obrigatoriamente, seguir os seus ditames.
Yahweh mata todas as pessoas apenas por considerá-las malvadas, e vocês são malvados desde o momento em que não respeitam as suas regras conforme ele quer que vocês interpretem e apliquem tais regras. Yahweh ordena que sejam mortas todas as outras pessoas que adoram outros Deuses.
Allahu Akbar, o compassivo, ordena para que os incrédulos sejam mortos. E quem são os incrédulos senão aqueles que não seguem as regras que ele impôs?
E quais são as regras, os dogmas, impostos por Fanes, o poderoso vento de Eros emergido do ovo luminoso, no início do tempo e do espaço?
E quais são os dogmas nos quais se apoia Beppi da Lusiana quando a sua enxada afronta Allahu Akbar, Yahweh e Fanes? Quais são os dogmas impostos por Beppi da Lusiana, que lecionamos na sociedade, isto é, quando numa terra jovem, ele tomou consciência formando a Natureza?
Todos conhecem os "dez mandamentos", impostos por Yahweh, assim como todos conhecem os "Pilares do Islão", mas quem conhece "os sete princípios rígidos de Fanes"?
Quem conhece os "Os dez dogmas sagrados da existência" de Beppi da Lusiana?
Foi anunciada uma reunião dos árbitros, entre os quatro, para que cada árbitro fosse capaz de apresentar as suas regras dentro das quais, ou contra as mesmas, os filósofos poderiam ou deveriam jogar.
A reunião entre os árbitros prosseguiu num clima acalorado, acirrado, entre Yahweh, Allahu Akbar, Fanes e Beppi di Lusiana. Enquanto Beppi da Lusiana girava a sua enxada, Yahweh tenta fulminá-lo. Nesse meio-tempo Fanes, com as suas asas de ouro, alimentava tempestades cósmicas que sufocavam Allahu Akbar.
Nessa sequência, os árbitros apresentaram os princípios aos quais eles obedeceriam na arbitragem da partida de futebol mundial em filosofia.
O primeiro a falar foi Yahweh:
"Eu sou o teu proprietário, o teu Yahweh, que te fiz sair da região do Egito, sair da casa da escravidão! Tu não terás outro Yahweh além de mim. Não farás nenhuma escultura, nem imagens das coisas que resplandecem no céu, ou que ou estão sobre a terra. Tu não adorarás tais coisas, nem as servirás, porque eu, o teu senhor, o teu Yahweh, sou um senhor ciumento! Tu não pronunciarás em vão o nome de Yahweh, o teu senhor, pois Yahweh não inocentará aquele que proferir em vão o seu nome. Tu recordarás o dia do repouso e o santificarás. Durante seis dias trabalharás neles farás todos os teus trabalhos, mas o sétimo dia é o de repouso dedicado a Yahweh, o teu deus; nesse dia não farás trabalho algum, nem tu, nem o teu filho, nem a tua filha; nem o teu servo nem a tua serva, nem teus animais, nem os estrangeiros que residirem em tuas cidades, pois em seis dias o senhor fez o céu, a terra, o mar e tudo o que eles contém, mas no sétimo dia descansou: portanto, Yahweh abençoou o dia de sábado e o santificou. Honra teu pai e tua mãe! Não matarás! Não cometerás adultério; não copularás; não cometerás atos impuros; não te masturbarás; não provocarás a ejaculação; não tocarás o clitóris; tu não terás relações com homens; não frequentarás casas de prostitutas; não sentirás prazer com a pornografia; etc.! Não furtarás! Não dirás falso testemunho! Não cobiçarás a mulher do próximo! Não cobiçarás coisa alguma de outro!
O segundo a falar foi Fanes:
'Nasci do ovo cósmico e participei nas multiplicações das consciências num mundo silencioso. A minha voz é a que indaga. A minha vontade é a que constrói. Os meus desejos são o da expansão. A capacidade de perceber o mundo em que vivo é minha. Eu sou o hoje, eu sou o ontem, de cada consciência que surge do inconsciente e que age para um amanhã. Eu sou a ânsia da existência que é alimentada por cada consciência quando age por si e para si.'
O terceiro a falar foi Allahu Akbar:
Os seguidores de Alá devem ter fé em Alá recitando as palavras: Não existe para vós outro deus senão Alá e Maomé é o seu profeta.- Os seguidores de Alá devem orar 5 vezes por dia voltando a cabeça em direção da Meca, estendendo-se sobre um pequeno tapete. Ao meio-dia das sextas-feiras os seguidores de Alá devem reunirem-se para uma prece coletiva. Os seguidores de Alá devem dar esmolas para ajudar os mais pobres que são seguidores de Alá. Os seguidores de Alá devem jejuar durante o dia, em todo o mês do Ramadã. Os seguidores de Alá devem fazer a peregrinação à Meca, pelo menos uma vez na vida, todos os que economicamente estão em condições para isto como também em condições físicas.
O quarto a falar foi Beppi da Lusiana:
1) Chama-se trabalho a atividade mediante a qual a vida nasce e se transforma. Chama-se trabalho cada atividade que transforme o objeto para torná-lo apto às transformações da vida. O vivente é soberano de si e para si. 2) A sociedade deve reconhecer, defender e obedecer os direitos invioláveis do homem. É obrigação da sociedade favorecer as condições para que cada um disponha do próprio corpo, administre seu próprio trabalho, construa o seu próprio futuro sem que ninguém possa se apropriar dele e do seu tempo de vida. 3) Todos os Seres do Universo são iguais diante da vida, e as leis sociais devem comprovar a igualdade de todos os sujeitos sem a introdução de categorias sociais que separem os sujeitos na sociedade. Se são identificados obstáculos para a participação da vida em uma parte da sociedade, o esforço primeiro da sociedade é remover tais obstáculos. 4) Reconhecer o direito à vida, reconhecer o direito de transformar o presente em que se vive, reconhecer o direito de modificar a si mesmo. Tais direitos não são negociáveis. Cada sujeito que vem-a-ser tem o dever de modificar-se e se expandir no mundo, onde se tornou consciente, contribuindo com a construção da consciência universal. 5) A vida é um conjunto de conscientizações que agem por si e para si contribuindo para a evolução de toda a vida. 6) A consciência é manifestação de um corpo, e um corpo que manifesta consciência não pode ser forçado a comportamentos contrastantes com as suas necessidades e os seus desejos. 7) A emoção é expressão de um corpo e ninguém pode controlar os corpos impedindo as suas emoções. 8) Os corpos devem ser estimulados para construírem a sua cultura e, no caso dos seres humanos, para a sua descrição do mundo em que vivem. Um corpo que não toma conta do ambiente, onde veio-a-ser, não tem direito ao respeito. 9) A harmonia entre o homem e o mundo se ajusta com a harmonia de cada sujeito e com a do universo. Na vida ninguém é estranho. 10) A violência de aniquilação, chamada guerra, constitui manifestação dos incapazes e o último recurso dos desesperados.
Estes são os dogmas que dirigem os árbitros nos seus julgamentos.
E' como o julgamento atribuído aos tribunais. Quando o juiz é prisioneiro dos seus próprios dogmas e das suas próprias convicções, qualquer coisa que o imputado diz para amenizar a sua própria condição ou para contestar acusações desvairadas, sempre é zombado ou sofre gozações.
Os filósofos deverão jogar também contra os preconceitos e preconcepções.
Marghera, 16 de abril de 2018
A tradução foi publicada 27.04.2019
Aqui você pode encontrar a versão original em italiano
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Claudio Simeoni
Mecânico
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Membro fundador da Federação Pagã
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