O seu nome verdadeiro é Filippo Bruno e, conforme ele mesmo diz, nasceu em 1548. Com o comparecimento assíduo à paróquia conseguiu aprender a ler e a escrever por meio de um padre de Nola, um tal Giandomenico de Iannello, e posteriormente continuou a estudar numa escola mantida por um tal Bartolo di Aloia. Inscreveu-se junto à universidade de Nápoles onde continuou os seus estudos.
Estudou com Giovan Vincenzo de Colle cognominado "il Sarnese" considerado um aristotélico da escola do averroísmo.
Giordano Bruno desde jovenzinho dedicou-se à prática daquela que será considerada a sua magia: "a arte da memória".
Aos 18 anos ele entra para o convento de san Domenico Maggiore de Nápoles. Giordano Bruno declarou ter entrado para o convento entre os 14 a 15 anos de idade, mas Eugnio Garin afirma que ele se enganou. Giordano adere à ordem dos frades Domenicanos, deixa de chamar-se Filippo e deixa que o chamem Giordano.
No seu processo declarou que tornou-se frade Domenicano não tanto porque acreditava, mas por ter a proteção potente da ordem. É difícil acreditar que aos 18 anos tivesse planejado desenvolver ideias heréticas em relação à igreja católica da qual os Domenicanos eram os guardiões. Eles consideravam-se os "cães de Deus". É mais fácil pensar que ele tenha querido oferecer um osso aos seus acusadores para morderem durante o processo. Também as "ações de um rapazote praticadas sem malícias" usadas para suportar a ideia de um Giordano Bruno rebelde na igreja católica aparentam ser mais meninices ingênuas do que convicções religiosas.
Giordano inicia a sua carreira religiosa em 1570 quando foi ordenado subdiácono, em 1571 diácono, em 1573 presbítero celebrando a primeira missa no convento de san Bartolomeu perto de Salerno.
Em 1575 Bruno se forma em teologia.
Era o tempo em que se liam também as traduções de Marsilio Ficino, dos Neoplatônicos aos textos de "Hermes Trimegisto" e a visão neoplatônica sacudia a igreja cristã, enquanto os tradutores e os leitores estavam propensos a atribuírem ao neoplatonismo toda aquela magia e aquele elemento de mistério e esotérico que, segundo eles, o cristianismo estava perdendo campo.
Quando Bruno se forma, estamos num tempo em que o debate da contrarreforma estava no auge. É o período em que a igreja católica mantém estreitos laços com dogmas e, portanto, colocar em discussão um dogma era colocar em discussão a autoridade da igreja. A introdução do neoplatonismo na filosofia executada por Ficino, um século antes, havia modificado as ideias dos estudiosos no mundo. Neste período estão nascendo "ideias heréticas" estimuladas pela leitura do neoplatonismo. Deus vem a ser pensado como mais perto da matéria e começa-se a pensar que a igreja católica não dispõe de uma verdade, que não pode ser colocada em discussão. Muitos católicos que têm acesso a esses livros começam a pensar que "nem tudo está errado". Especialmente os livros de magia como o Corpus Hermeticum, os escritos de Proclo, os escritos de Jâmblico, os Hinos Órficos, etc. fazem entrever um mundo mágico, repleto de possiblidades, saturado de "percursos" que conduzem ao "todo". São trajetos que fascinam e que matam os que os percorrem porque são vazios de um escopo. Sendo "trajetos" vazios de escopo alimentam a fé e ilusão, inclusive quando temem a possibilidade de sair da fé ou da ilusão imposta pela igreja católica.
Na realidade, não são os livros que induzem às ideias heréticas, mas são as condições absolutistas de vida impostas pela igreja católica, que estimulam muitas pessoas a buscarem uma trajetória de saída deste absolutismo, dando portanto explicações diversas da realidade vivida.
Em 1576 Giordano Bruno foge de Nápoles e vai à Roma onde se hospeda no convento Dominicano na Basílica de santa Maria sobre Minerva. É instruído um processo contra Giordano Bruno, um processo por heresia e, então, ele foge de Roma refugiando-se na Ligúria. Na Ligúria Giordano Bruno deixa a batina de padre, abandona o nome de Giordano e volta a chamar-se Filippo.
De Gênova vai à Noli aonde por alguns meses ensina gramática aos rapazes. Noli, hoje na província de Savona, era um tipo de "cidade independente".
Em 1577 ele está em Savona e depois transfere-se a Turim aonde procura trabalho sem encontrá-lo. De Turim, Giordano Bruno muda-se à Veneza e encontra alojamento em Frezzeria. Em Veneza ele publica um livro com o título "Os sinais dos tempos", que foi perdido. Giordano publicou o livro para ganhar um pouco de dinheiro e poder pagar a estadia. Bruno faz com que o livro seja fiscalizado pelos frades dominicanos.
Em Veneza havia uma epidemia de peste, e assim Giordano Bruno vai à Pádua onde, a conselho dos frades dominicanos, retoma as vestimentas de padre e volta a chamar-se Giordano. De Pádua parte para Brescia onde, parece que tenha curado um frade dominicano, com indício de bruxaria ("stregoneira").
Neste ponto começam as peregrinações de Giordano Bruno pela Europa com uma busca obsessiva de um lugar onde ele possa ser reconhecido como o filósofo do momento.
As suas peregrinações pela Europa caracterizam o pensamento de Giordano Bruno. Não busca a companhia de pessoas, mas busca a companhia de rei, imperadores, embaixadores e eclesiásticos. O rei, os imperadores e os eclesiásticos pretendem usá-lo e, após tê-lo usado, arremessam-no na imundície. E ele continua a peregrinar.
De Giordano Bruno devemos observar também o oportunismo ou, se preferem, a adaptabilidade a contextos religiosos e sociais diversos, aos quais adere com a esperança de ser reconhecido.
No ano de 1578 ele decide ir à França e na viagem atravessa Milão e Turim. Depois, ainda em 1578, deixa o hábito religioso de dominicano e veste-se como civil aderindo ao calvinismo.
Em 1579 se inscreve junto à universidade genebrina como "Filippo Bruno nolano" e com a qualificação de "professor de teologia sacra". Depois, inesperadamente, ataca o professor calvinista Antoine de la Faye acusando-o de ser um professor mau. Ele é preso por difamação, é condenado e excomungado. Assim, é obrigado a deixar Genebra e se transfere primeiramente a Lione e depois a Tolosa.
Em Tolosa permanecerá por dois anos ocupando o posto de leitor na universidade. Elucidava o De Anima de Aristóteles e escreveu um livro sobre a memória, que perdeu-se.
Em 1581 estoura a guerra entre católicos e huguenotes. Giordano Bruno deixa Tolosa e vai à Paris. Em Paris ele leciona sobre Tomás de Aquino e os atributos de Deus. Torna-se famoso e é convidado por Henrique III do qual torna-se conselheiro e amigo.
Permanecerá em Paris por quase dois anos com o encargo de "lecteur royal", período em que publica "A arte da memória", "A sombra das ideias", o "Canto de Circe" e "O candelaio".
Giordano Bruno nas suas ideias retoma os conceitos neoplatônicos de um universo organizado e consciente de si mesmo, do qual cada coisa faz parte. A busca de Bruno é a busca da essência deste todo imaginado. Que o "todo" exista é, efetivamente um dado; que o todo esteja consciente de tudo é uma ilação.
Em 1583 Giordano Bruno sai da França para dirigir-se à Inglaterra. Na França haviam desordens, mas não está claro o motivo que induziu Giordano Bruno a partir. Alguém formulou a hipótese de que Giordano Bruno tivesse partido sob ordem de Henrique III, como sendo o seu agente na Inglaterra.
Em Oxford, para se fazer notar, Giordano Bruno sustenta em uma igreja uma disputa com um dos professores da universidade. Depois disto, volta para Londres, escreve "Ars reminiscendi", "Explicatio triginta sigillorum" e o "Sigillus sigillorum". Nesta última ele insere uma carta para o vice Chanceler da Universidade de Oxford, na qual solicita para ensinar na universidade. A proposta é acolhida e Giordano Bruno parte para Oxford.
Em Oxford Giordano Bruno leciona poucas lições relativas às teorias de Copérnico. As lições não agradaram. George Abbot, arcebispo de Canterbury, presente às lições rejeitou-as, e reputou de loucas as teorias de Copérnico. Giordano Bruno foi acusado de ter plagiado as obras de Marsilio Ficino e obrigado a parar com o ensinamento.
Em 1584 Giordano Bruno volta à Londres onde publica algumas obras: "Os diálogos londrinos" ou "Diálogos italianos", A "Ceia das cinzas", "A causa, o princípio e o uno", "Acerca do infinito, do universo e dos mundos", "A expulsão da besta triunfante", "Cabala do cavalo Pegasus e o asno cilênico" e "Os heroicos furores".
Giordano Bruno retoma as ideias neoplatônicas e diz que há uma alma do mundo que se identifica com a forma do universo com tudo o que ele contém, e cada objeto nele contido, carrega a alma universal.
No final de 1585 Giordano Bruno, com o embaixador francês, tenta retornar à França, mas o navio é assalto por piratas que roubam os passageiros de cada coisa que tinham.
Em 1585 Giordano Bruno em Paris mora perto do Colégio de Cambrai onde ele pega os livros e entrelaça uma relação cultural com o monge bibliotecário Guillaume Cotin. A Guillaume Cotin Giordano Bruno revela que abandonou a Itália para fugir das calúnias dos inquisidores. O monge anota, além disso, as preferências de Giordano Bruno, como a preferência por Tomás de Aquino e a sua hostilidade pelos escolásticos, como a sua aversão pelo rito da Eucaristia.
Em 1585 Giordano Bruno é acusado em Roma de ter matado um outro frade.
Em maio de 1586 Giordano Bruno usando o nome de Jean Hennequin faz imprimir um opúsculo contra Aristóteles "Centum et viginti articuli de natura et mundo adversus peripateticos ". Persistirá nessas críticas num debate no Colégio de Cambrai onde, porém, foi obrigado a retirar-se porque as teses aristotélicas, naquele momento, eram as preferidas.
Em junho de 1586 Giordano Bruno chega na Alemanha. As peregrinações de Giordano Bruno são importantes. Ele, também na Alemanha, procura inserir-se no ambiente acadêmico com alternância de possiblidades. Bruno se fixa me Mainz, em Wiesbaden para chegar a Marburg, na universidade da qual se matricula como "Theologiae doctor romanensis". Ninguém o convida para o ensino. Por este motivo se transfere à Wittenberg como "Doctor italicus", local em que pelas suas posições anti-aristotélicas são mais toleradas. Lá ele ensinará por cerca de dois anos.
Durante a estadia em Wittenberg, publicará, entre outros, "A Grande arte de Raimundo Lullo", comentários às obras de Aristóteles como "Physicorum Aristotelis Explanati", posteriormente publicado em 1591. Publica o Camoeracensis Acrotismus", reelabora o "Centum et viginti articuli de natura et Mundu adversus peripateticos", além de um curso sobre retórica "Artificium perorandi" que será publicado em 1612.
Em fevereiro de 1586 Giordano Bruno é induzido a deixar a universidade de Wittenberg, parece que por mudança de rumo do ensinamento imposto pelo novo duque, Cristiano I que privilegia as doutrinas aristotélicas.
Em 1588 Giordano Bruno chega à Praga. Em Praga publica o "De lulliano specierum scrutinio" e o "De lampade combinatoria Raymundi Lullii" em um único texto. Este livro é dedicado ao embaixador espanhol, enquanto o "Articuli centum et sexaginta adversus huius tempestatis mathematicos atque philosophos" é dedicado ao imperador Rodolfo II.
Em 1589 dirige-se a Helmstedt aonde há a academia Julia, universidade daquela cidade, e se registra aguardando ensinamento.
Em julho de 1589 morre o fundador da Academia, o duque Julius von Braunschweig. Em menos de dois meses após Giordano Bruno é excomungado pelo teólogo luterano Heinrich Boethius superintendente da igreja luterana. Giordano Bruno interpõe um recurso, mas sem êxito.
Devo recordar que Giordano Bruno colecionou excomunhões por todas as confissões cristãs da Europa luterana, evangélica e calvinista.
Em Helmstedt publica uma série de obras, entre as quais "De magia, le Theses de Magia" e "De magia mathematica".
Giordano Bruno escreve no De Magia:
*Os vínculos dos espíritos e, em primeiro lugar, aquele que resulta da tríplice consideração de agente, matéria e aplicação*.
'Além disto, para que as intervenções sobre a realidade caminhem para um bom fim, três coisas são requeridas: potência ativa no agente; e no sujeito ou paciente potência passiva ou disposição, que por assim dizer: a qual consiste em uma disponibilidade ou não relutância ou impossibilidade de resistência (todos os aspectos que se reduzem a uma expressão somente, isto é acomodação da matéria); enfim, aplicação apropriada: a qual atua em decorrência das circunstâncias de tempo, de lugar e de todos os outros aspectos concomitantes. O todo, abreviando, é reconduzido ao agente, matéria, aplicação. Na carência destes três fatores é bloqueada em cada caso, falando-se casualmente, cada operação: do momento que, seja todavia o flautista perfeito, a imperfeição da flauta coloca obstáculo e a aplicação de um fator a outro resulta em vão. Assim, a não adaptabilidade da matéria comporta não acomodação do executor e discordância na aplicação. Isto, entendemos, quando dizemos que a operação é bloqueada em cada caso de carência dos três fatores, falando-se no geral. Examinando depois a coisa, mais de perto, pode-se ainda constatar que a carência provém ou de dois fatores somente ou exclusivamente de um, não porém de um deles de maneira delimitada, mas de um tal modo que partindo de um há referência a todos, como no caso em que o flautista é perfeito e perfeita a performance, mas a flauta está com defeito, ou quando acordam flautista e flauta, mas o desempenho encontra obstáculo. Depois quando toda a questão da execução depende do desempenho, então o primeiro fator está em sintonia com o terceiro: executor de fato de vez em quando é nada mais que o atuante, e nada mais faz senão atuar. Não que toda realidade seja passiva por natureza em relação a cada outra, nem ativa em relação a cada outra, antes como se diz nos escritos físicos de Aristóteles", cada paixão depende do seu contrário, como cada ação é executada sobre um contrário; e nem sempre, mas sobre um contrário acomodado, e disto a expressão banal <<ação dos ativos num passivo bem disposto>>. O resultado claro disto é que a razão com que a água se mistura com a água e ambas as águas se confundem por semelhança, ou por conhecimento ou pelo símbolo, de maneira que uma vez que a união foi realizada não há artifício que possa discriminar uma da outra; e o vinho puro facilmente é aceito pela água e aceita a água, de modo que a mistura tem o seu lugar, mas já que as partículas do vinho têm em si misturado calor, ar e espírito, não experimentam um símbolo total, de consequência temos que a mistura não alcança os mínimos componentes, que ao invés se conservam no seu composto heterogêneo em dimensões desse modo notáveis, que podem ser separados novamente com um artifício determinado; como também acontece com a água do mar, que sublimada de um certo modo ou filtrada através de vasos de cera, goteja água doce: coisa que não aconteceria se a mistura fosse perfeita. A seguir, o óleo com água jamais se misturam, porque as partículas do óleo estão coesas e com aglutinação recíprocas, como se se amassem, de modo que nem se penetram e nem se deixam penetrar pelas partículas de água. Concluindo, quem tenta fazer a mistura de corpo a corpo deve prestar muita atenção às condições das partículas; uma vez que nem tudo é miscível com tudo. É preciso, portanto, prestar a atenção à localização, composição e diferença das partes: já que por um motivo tudo é permeável a tudo, por outro motivo não é. E isto é verdadeiro para todas as coisas, como se vê na pedra, na madeira, e na própria carne: penetrável ou mais penetrável por uma parte ou por um lado mais do que do outro lado, como resulta do afluir das secreções expelidas segundo o comprimento das fibras, para que a lenha se quebre mais facilmente no seu longo; quanto à penetração das secreções, ela acontece mais facilmente no sentido da largura do que do comprimento, porque os poros inseridos entre as fibras permitem aos condutos e às passagens naquela direção.'
Giordano Bruno, De magia, Edizione biblioteca dell'immagine, 1992, p. 75-77-79
A magia de Bruno é feita de pequenas coisas às quais ele procura dar explicações, mas sem poder demonstrar muito. A magia é ainda aquela dos gregos feita corpos pesados e corpos leves.
As teses sobre a magia de Giordano Bruno são teses neoplatônicas sobre a existência de uma única divindade que dá vida ao movimento e a cada coisa. Depois ele verifica que esta única divindade recebe vários nomes do "espírito cósmico", "Alma do mundo" ou "Sentido interior". Um outro modo de se dizer "Deus patrão". A magia, para Giordano Bruno, é o conhecimento de Deus, não da realidade na qual vive que manifesta a vontade de Deus. Seria o "Todo", este "espírito universal" a ligar cada coisa e por causa disto um corpo age sobre outro. Giordano Bruno chama estas relações de "vínculos" ou "ligações" e a sua magia consiste no estudo destes vínculos que formam um enredo impenetrável que envolve o universo. A magia de Giordano Bruno é aquela que hoje chamamos superstição, na qual Bruno se precipita numa crença em decorrência da fé. Os vínculos são aqueles que hoje nós chamamos de "manipulação mental" ou "condicionamento".
Em 1590 Giordano parte de Helmstedt e chega à Frankfut morando no convento dos Carmelitanos.
Em 1591 Giordano Bruno publica os poemas de Frankfurt: "De triplici minimo et mensura ad trium speculativarum scientiarum et multarum activarum artium principia", "De monade, numero et figura liber consequens quinque", "De innumerabilibus, immenso et infigurabili, seu De universo et mundis".
Também nesses livros Giordano Bruno insiste com as suas ideias atacando o "motor imóvel", de Aristóteles; ataca a teoria atômica de Demócrito declarando que o vazio não existe e identifica Deus com o átomo. O "espírito Ordenador" modifica continuamente a matéria que se transforma. Para Giordano Bruno, matéria e alma são indistinguíveis. Giordano Bruno, além disto, corrobora a validade da teoria de Copérnico.
Em 1591 Giordano Bruno parte para a Suíça solicitado por di Hans Heinzel von Tagernstein e pelo teólogo Raphael Egli, poderá então ensinar filosofia em Zurique.
Em 1591 Giordano Bruno volta à Frankfurt onde ele publica "De imaginum, signorum et idearum compositione". Este será o último trabalho tratado por Giordano Bruno.
Em 1590 Giovanni Francesco Mocenigo havia confiado uma carta a um editor, que fazia exposição na Feira do Livro de Frankfurt, carta que convidava Giordano Bruno a encontrá-lo em Veneza para aprender a arte da memória.
Em 1591 Giordano Bruno está em Veneza. Ele permaneceu alguns dias em Veneza. e depois transferiu-se à Pádua para dar aulas ao estudantes alemães que frequentavam a universidade de Pádua.
Em Pádua Bruno compõe algumas obras como as "Praelectiones geometricae", "Ars deformationum", "De vinculis in genere", que serão publicadas após a sua morte, outras obras foram perdidas.
Giordano Bruno escreve no "De vinculis in genere":
'Disso resulta que aquele que deseje vincular alguém no plano da conversação civil, deve espreitar atentamente a variedade específica de compostos e formular projetos, decisões, conclusões diversas para os engenhos heroicos, para os ordinários, para os que estão mais próximos dos brutos.'
*XVI. Grau dos vinculáveis*.
'As crianças estão menos sujeitas aos vínculos das paixões naturais, em razão de que neles a natureza está toda empenhada no processo de crescimento, e este é a alteração maior que a agita, e toda a nutrição está voltado ao crescimento e à estrutura do indivíduo. Mas, aproximadamente no décimo quarto ano começam a ser bem vinculáveis: esta idade é, sim, ainda estendida no crescimento, mas o crescimento não é mais de tal modo veloz e exigente como quando crianças. Homens já formados, na idade de estabilização, têm uma capacidade maior espermática e esta parece ser uma maior causa de vínculo. Mais precisamente: parece que os adolescentes e os jovens são favorecidos por um erotismo mais ávido; e porque a novidade daquele tipo de prazer os torna mais ardorosos, e porque os canais por onde passa o sêmen são mais estreitos, portanto o fluxo espermático jorra superando uma oposição mais deliciosa: de maneira que o estímulo venéreo que é gerado por tal conflito tem maior plenitude de prazer e satisfação na liberação do esperma. Nas pessoas mais velhas, nas quais as energias estão praticamente apagadas e os órgãos e os canais exaustos e o sêmen não está mais abundante, os vínculos são mais difíceis. E esta situação se reproduz no geral nas outras paixões, que admitem uma certa analogia, ou oposição ou afinidade com a paixão de amor.
*XVII. Os temperamentos do vinculáveis*.
Como consequência do temperamento deles, os melancólicos são mais ligados à indignação, tristeza, volúpia e amor: sendo na realidade mais impressionáveis, mostram uma imagem mais intensa, por exemplo, do prazer; pela mesma razão também são mais adaptáveis à contemplação e à especulação; e no geral são movidos e se agitam com mais veemência por paixões. Portanto, ao que concerne à Vênus eles têm como escopo mais o prazer, propriamente, do que a propagação da espécie. Analogamente, nestes estão os coléricos, em relação aos quais os sanguíneos são menos estimuláveis. Os fleumáticos sanguíneos são menos libidinosos em relação aos outros, mas mais dedicados à gula. Fica estabelecido, todavia, que cada um faz a sua parte em obediência à natureza: os melancólicos estão vinculados à uma força maior de imaginação, os sanguíneos ligados a uma força maior de ejaculação de esperma e ao calor do seu temperamento, os fleumáticos a uma maior riqueza humoral, os coléricos por um excitamento ou estímulo mais intenso e agudo de espírito quente.
*XVIII. Os sinais dos vinculáveis.*
'Nesta ordem de considerações tem o seu lugar também a fisionomia. Quem tem as tíbias magras e musculosas, quem é caprino e se assemelha a um sátiro com nariz achatado e largo e tem o rosto triste e melancólico, ama com mais intensidade e corre atrás de cada coisa desenfreada do tipo venéreo; mas também torna-se facilmente plácido e não tem paixão que dure muito tempo.
*XIX. Duração dos vinculáveis*.
Ao que se refere aos vínculos os velhos são mais constantes, mas menos disponíveis; os jovens mais instáveis, mas mais disponíveis. São aqueles de meia idade que se deixam ligar de modo estável, rigorosamente e com plena disponibilidade.'
Extraído de: Giordano Bruno, De vinculis in genere, Edizione biblioteca dell'Immagine, 1992 p. 161 - 163 - 165
Hoje a definiremos como descrição de técnicas de manipulação mental já em uso junto aos conventos cristãos, e frequentemente usadas pelos católicos para estuprar as crianças.
Em 1592 Giordano Bruno, aos 21 de maio, informa Mocenigo de sua intenção de ir à Frankfut para publicar as suas obras, mas em 23 de maio Mocenigo apresenta uma denúncia à Inquisição contra Giordano Bruno por desprezo à religião, blasfêmia, nenhuma crença em alguns dogmas.
Naquele mesmo dia Giordano Bruno foi preso e encerrado no cárcere da inquisição de Veneza em Castello.
Giordano Bruno defende-se do processo e declara que está disponível para pedir perdão pelos erros cometidos, e a retratar-se das afirmações contrárias à fé.
A Inquisição pede para Giordano Bruno ser transferido de Veneza para Roma, e o Senado Veneziano concorda. Aos 27 de fevereiro de 1593 Giordano Bruno é enclausurado em Roma, no Palácio do Santo Ofício, é torturado em março de 1593. Às teses filosóficas de Giordano Bruno, o inquisidor opõe as teses da bíblia.
Em 1599 impõe-se a Giordano Bruno abjurar as teses segundo as quais Giordano Bruno negava a criação de Deus, negava a imortalidade da alma individual, as concepções de que o universo é infinito e a teorias de Copérnico, a presença de uma alma na terra, e ainda condenando a mesma ideia sua de conceber as estrelas como anjos.
Giordano Bruno tenta contratar os termos da abjuração que os inquisidores, entre os quais o criminoso Bellarmino, rejeitam e querem uma rendição total de Bruno. Concomitantemente chega uma carta da Inglaterra na qual acusa-se Giordano Bruno de ter escrito "A expulsão da besta triunfante" contra o papa católico. Isto talvez fez o processo antecipar-se.
Aos 8 de fevereiro de 1600 os cardeais carrascos Benedetto Mandina, Francesco Pietrasanta e Pietro Millini obrigam Giordano Bruno a escutar de joelhos a sentença. Ele é expulso da igreja católica e entregue ao braço secular. Giordano Bruno rejeita o crucifixo e os atos católicos.
Aos 17 de fevereiro, com a língua bloqueada numa mordaça para que não fale, é levado à Praça dei Fiori (Piazza dei Fiori), desnudado e queimado vivo. As suas cinzas foram jogadas no rio Tibre (Tevere).
Marghera, 10 de outubro de 2018
A tradução foi publicada 28.05.2021
Aqui você pode encontrar a versão original em italiano
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