A biografia de Vladimir Ilyich Ulyanov dito Lenin

As biografias dos jogadores - vigésima quinta biografia

Capítulo 108

A partida de futebol mundial entre os filósofos

Claudio Simeoni
traduzido por Dante Lioi Filho

 

As biografias dos filósofos

 

A biografia de Vladimir Ilyich Ulyanov dito Lenin

 

Vladimir Lenin nasce em 1870 em Simbirsk. O pai era bacharel em matemática e ensinou matemática até 1855 tornando-se inspetor escolástico para o governo czarista. Vladimir tinha dois irmãos maiores do que ele, Anna (1864 - 1935) e Aleksandr (1866 - 1887). O pai era da religião ortodoxa enquanto a mãe descendia de uma família judia convertida tornando-se cristã ortodoxa.

Lenin aprendeu a ler e a escrever rapidamente, com a idade de cinco anos, e teve estudos particulares durante nove anos.

Em 1879 matriculou-se no primeiro ano ginasial.

Em 1883 o irmão Aleksandr frequentou a universidade de Petersburgo estudando ciências naturais. A mesma universidade era frequentada pela irmã Anna.

Em 1886 o pai de Lenin morre e a família viveu de pensão e dos rendimentos dos aluguéis das terras.

Em 1887 a polícia cristã ortodoxa do Czar prende Aleksandr e a irmã Anna em São Petersburgo acusando-os de conspiração. Aleksandr era afiliado à Narodnaja Volja (Vontade do povo) que em 1881 havia matado o czar Alexandre II. Anna foi libertada depois de alguns dias, enquanto Aleksandr, que havia fabricado as bombas para o atentado ao czar foi condenado à morte. Foi-lhe negado o perdão e foi enforcado com outras quatro pessoas.

Lenin obtém o certificado ginasial e é qualificado inteligente, pelo diretor, mas pouco sociável com os companheiros e distante também das pessoas que ele conhece. A morte do irmão o golpeou demais. A execução de Aleksandr isolou a família Ul'janov. Por isso, se transferiram à Kazan' e Lenin se matricula na universidade estudando leis.

Em 1887 os estudantes de Kazan' realizaram uma assembleia na universidade. Este ato subversivo é reprimido pela polícia cristã-ortodoxa do Czar que prendeu quarenta estudantes, entre eles estava Lenin. Lenin não sofreu nenhuma acusação, somente atos repressivos com a expulsão da universidade e o confinamento em Kokuskino. Lenin tinha 17 anos e pôde voltar para a família em Kazan' somente no outono de 1888.

Forçado a renunciar o estudo universitário, passou a frequentar os círculos estudantis de Kazan'. Círculos populistas, como o de Marija Cetvergova, ou círculos marxistas como aquele organizado pelo marxista Fedoseev. Lenin estudava O Capital e outros textos, mas não parece que naquele período tenha rompido com as ideias dos populistas.

Em 1889 a família Ul'janov entrou em férias de verão em Alakaevka na província de Samara onde a mãe tinha adquirido uma propriedade agrícola pequena, após ter vendido as suas propriedades. Foi uma fortuna para Lenin, porque em julho daquele ano o círculo de Fedoseev foi fechado pela polícia cristã-ortodoxa do Czar, e todos os membros foram presos. O inverno sucessivo transcorreu numa casa de aluguel em Samara que, além da família de Lenin, hospedou uma tropa de populistas nutrida como Nikolaj Dolgov, seguidor de Necaev, os cônjuges Livanov e Marija Golubeva.

Em 1890 Lenin pôde suportar os exames da Universidade de São Petersburgo, como estudante externo. Iniciou a estudar Engels bem como Marx lendo o Anti-Dühring", "Miséria da filosofia", "O Capital", "As nossas divergências" de Plekhanov.

Em 1891 Lenin completou os exames para bacharel, previstos em quatro anos de curso, porém ele os fez em um ano e meio bacharelando-se com distinção em jurisprudência. Depois ele fez o estágio com o advogado Chardin e obteve a inscrição na ordem dos advogados.

Em 1891 e 1892 as escolhas da igreja ortodoxa Russa e do Czar produziram uma carestia grave que alimentou a pobreza e a carência alimentar. Lenin estava com os populistas como Aleksej Skljarenko e Semenov que difundiam folhetos de propaganda da organização populista Narodnaja Volja. Naqueles anos amadureceu a convicção para romper com o populismo. A questão era bastante simples: a ideia política deveria modificar as condições em que o homem vivia ou deveria socorrer o homem nas dificuldades permitindo que continuasse a viver, naquelas condições? Uma pode não excluir a outra, mas é um fato que a segunda põe como fundamento o agir político, assim transforma o homem político que age na sociedade.

Em 1893 Lenin se transfere a São Petersburgo. Ele torna-se assistente do advogado Folkenstein e se empenha politicamente no círculo dos sociais-democráticos, que é organizado por Michail Brusnev que já tinha sofrido repressão por parte da polícia ortodoxa do Czar. O círculo encontrou um modo, isto é uma estratégia para expandir a sua própria base de acordo e de discussão seja fundindo-se com outros círculos, seja pondo em prática ações de difusão das ideias nas fábricas.

Fundamental é a ruptura de Lenin com o populismo. O populismo propõe a esperança, a espera ilusória no evento da salvação, e influencia na educação cristã-ortodoxa, que é imposta na infância mediante a ideia da providência divina. O populista não analisa a realidade na qual ele vive, se limita a alimentar as ilusões para atrair a atenção de quem espera uma mudança fundamental na sua existência. Assim, diferentemente do populista, Lenin indica na análise da realidade vivida o método para buscar as soluções dos problemas sociais. Segue-se que os problemas sociais têm as suas razões, são construídos para fins sociais. Reconhecer a fonte que gera os problemas sociais e os seus motivos permite identificar os instrumentos com os quais poder enfrentá-los e resolvê-los.

Em 1894 Lenin escreve o ensaio "O que são os "amigos do povo" e como lutam contra os sociais-democráticos?"

'A Russkole Bogatstuo iniciou uma campanha contra os sociais-democráticos. Já no n. 10 do ano passado, um dos dirigentes desta revista, o senhor N. Mikhaillovski, tinha anunciado próxima a "polêmica" contra "os nossos denominados marxistas ou sociais-democratas". Mais tarde surgiram os artigos do senhor S. Krivenko. A propósito, os intelectuais isolados (n. 12), e do senhor N. Mikhailovsk, A literatura e a vida (nn. 1 e 2 da Russkole Bogatstuo de 1894). Quanto às ideias próprias da revista sobre a nossa realidade econômica, os mesmos foram expostos do modo mais completo pelo senhor S. Iugiakov no artigo Problemas do desenvolvimento econômico da Rússia (nos números 11 e 12). Estes senhores, que na revista deles pretendem no geral apresentar as ideias e a tática dos verdadeiros "amigos do povo", são inimigos amargos da social-democracia. Vamos tentar, então, examinar mais de perto esses "amigos do povo", a crítica deles do marxismo, as suas ideias, a tática deles.'

Lenin, Obras selecionadas em 6 volumes, "O que são os "amigos do povo" e como lutam contra os sociais-democratas?", Editores Reunidos - Edição Progress, 1972, p. 47

Em 1894 Lenin conhece Nadezda Konstantinovna Krupskaja que se tornará sua esposa e será responsável pela revolução pedagógica das escolas da União Soviética tentando subtrair, pelo menos em parte, o controle das crianças pela igreja ortodoxa.

Em 1895 Lenin parte para a Suíça para ter contatos com Georgij Plechanov. Fez um acordo para publicar um jornal com os exilados russos. Após um mês Lenin partiu para Paris onde encontra Paul Lafargue, genro de Marx e dirigente do Partido Operário Francês. Regressou à Rússia passando por Berlim em setembro do mesmo ano. Lenin, desta sua viagem, levou para a Rússia toda uma série de livros marxistas.

Em dezembro de 1895 Lenin foi preso. A prisão impediu o lançamento da revista "A causa operária".

Em 1896 quando Nicola II, o Czar cristão-ortodoxo estava sendo coroado, a associação de Lenin, "União de luta", organizou greves em São Petersburgo para a redução do horário de trabalho.

Nesse ínterim Lenin foi condenado a três anos de deportação na Sibéria, e lá ele desposou Nadezda Konstantinovna Krupskaja, deportada à Sibéria por ter participado de uma greve.

1900 libertado do confinamento, Lenin solicita para sair do país. Obteve a permissão. Residiu, então, em Zurique, em Genebra e Paris, vivendo em Munique onde juntou-se com a esposa (1901), pois também ela saiu do confinamento na Sibéria. Em Munique ele fundou a revista "A centelha", junto com Plechanov e Martov, que estava sendo difundida clandestinamente na Rússia.

Em 1902 começaram as divergências entre Lenin e Plechanov sobre os princípios e as teses com que o partido deveria agir na Rússia. Lenin publicou o "Que fazer" no qual ele tende a divergir dos "revisionistas" de Bernstein e dos "economistas" que, para estes, os marxistas deveriam estar a serviço dos liberais e limitarem-se às questões econômicas dos proletariados.

Lenin escreve no "Que fazer":

'Mas, o meio mal torna-se um mal efetivo quando esta consciência começa a obscurecer (e esta estava vivíssima nos militantes dos grupos mencionados), quando há pessoas - e até mesmo os jornais sociais-democráticos - que estão prontas para apresentar as deficiências como sendo virtude e até mesmo na tentativa de justificar, teoricamente, a submissão própria servil à espontaneidade. Está em tempo de fazer o balanço desta tendência, definida muito inexatamente com o termo "economismo", que é muito limitado para que lhe seja manifestado todo o conteúdo. Antes de passar das manifestações literais desta submissão à espontaneidade, salientaremos um fato característico (frisado na fonte já citada), que lança uma certa luz sobre o modo tal como entre os companheiros ativos de Petersburgo, que havia surgido e desenvolvido a dissidência entre as duas futuras tendências da socialdemocracia russa. No início de 1897, A.A. Vaneiev e alguns dos seus companheiros, antes de serem deportados, eles participaram de uma reunião privada onde se encontraram os membros "velhos" e "jovens" da "União de luta para a emancipação da classe operária". A conversa incidiu, principalmente, sobre a organização e, em particular, sobre o "Estatuto da classe operária" que foi publicado na sua forma definitiva no n. 9 - 10 de Listok "Rabotnika" (p. 46). Entre os "velhos" (os "decabristas", como os chamavam por brincadeira os sociais-democratas peterburgueses) e alguns dos "jovens" (os quais, mais tarde, colaboraram ativamente com a Marselhesa dos Trabalhadores), de súbito manifestou-se uma dissidência nítida e foi envolvida uma discussão acirrada. Os "jovens" defendiam os pontos principais do estatuto tal como foi publicado. Os "velhos"diziam que não era necessário começar por aí, mas que se devia antes de tudo consolidar a "União de luta", torná-la uma organização de revolucionários à qual estivessem subordinadas as diversas classes operárias, os círculos de propaganda entre a juventude estudantil, etc. Os adversários estavam com certeza longe de adivinhar, neste desacordo, o germe de uma divisão; consideravam-no, ao contrário, como casual e isolado. Mas, o episódio demonstra que o nascer e o alastrar-se do "economismo", na Rússia, não foram dissociados da luta contra os "velhos" sociais-democráticos (algo que, com frequência, os "economistas" dos nossos dias esquecem). E se esta luta não tem, no geral, deixado vestígios "comprobatórios", é devido unicamente ao fato de que os membros dos círculos operários mudavam com rapidez inacreditável, que não se gerava nenhuma continuidade e que, por isso, os pontos de vista divergentes não eram marcados em nenhum documento. A publicação da Marselhesa dos Trabalhadores (Rabochaya Marsel'yeza) levou o "economismo" à luz do sol, mas não de repente. Necessário se faz apresentarem-se concretamente as condições de trabalho e a existência efêmera dos inumeráveis círculos russos (algo possível somente para aqueles que passaram), para compreender-se o quanto no sucesso houve de fortuito, ou no insucesso da nova tendência nas diversas cidades, e a absoluta impossibilidade em que se encontraram por muito tempo tanto os partidários quanto os adversários, desta "nova tendência", para se determinar se era efetivamente uma tendência definida ou simplesmente o produto da falta de preparação de alguns individualmente. Por exemplo, os primeiros polígrafos da Rabochaya Marsel' permaneceram completamente desconhecidos da imensa maioria dos sociais-democráticos, e agora temos a possibilidade de evocar a publicação do primeiro número, unicamente porque ele foi reproduzido no artigo de V.I. (Listok "Rabotnika", n. 9 - 10, p. 47 e seguintes), o qual, com um entusiasmo excessivo para ele, conduz às estrelas um novo jornal ao mesmo tempo diferente dos jornais e projetos já citados. Vale a pena deter-se um pouco neste editorial, que exprime com tanta relevância todo o espírito da Rabochaya Marsel' e do "economismo" na sua totalidade. Depois de ter dito que os uniformes azuis não deterão jamais os progressos do movimento operário, o editorial continua: "...11 movimento operário deve esta sua vitalidade ao fato de que o operário tomou, finalmente, em suas mãos a própria sorte, arrancando-a das mãos dos seus dirigentes". Esta tese fundamental depois é desenvolvida particularmente. Na realidade, os dirigentes (isto é os sociais-democratas, fundadores da "União de luta") foram retirados pelas mãos dos operários, pela polícia, enquanto deseja-se fazer acreditar-se que os operários lutavam contra estes dirigentes e se libertaram do jugo deles! Ao invés de exortá-los para irem em frente para consolidar a organização revolucionária e expandir a atividade política, exortam-se os operários a retrocederem, a retornarem `pura luta sindicalista. Proclama-se que "a base econômica do movimento é ofuscada pela aspiração de nunca esquecer o ideal político", que a palavra de ordem do movimento operário é: "Luta para as condições econômicas"(!), ou melhor ainda: "Os operários para os operários"; se declara que os casos de greve "têm para o movimento mais valor do que uma centena de outras organizações" (se confrontam tais afirmações que datam de outubro de 1897, com a disputa entre decabristas e "jovens" no início de 1897, etc. As fórmulas como aquela de que a pedra angular da situação deve ser não a "flor" dos operários, mas o operário "médio", o operário da massa, ou como: "A política segue sempre docilmente a economia. etc., etc. adquiriram grande moda e tiveram uma influência irresistível na massa dos jovens que vieram ao movimento, à vigília e que, na maior parte conheciam apenas fragmentos do marxismo através da exposição que as publicações legais lhes forneciam. Assim, a consciência era completamente sufocada pela espontaneidade, pela espontaneidade daqueles "sociais-democratas"que repetiam as "ideias" do senhor V.V. , pela espontaneidade dos operários que tinham sido seduzidos pelo argumento onde a moeda de um rublo valia muito mais do que qualquer socialismo e de qualquer política que eles deveriam "lutar sabendo que lutavam não por gerações futuras desconhecidas, mas por si mesmos e pelos próprios filhos" (editorial do n. 1 da Rabochaya Marsel'). As frases desse gênero sempre foram a arma preferida desses burgueses da Europa ocidental os quais, odiando o socialismo, trabalhavam eles mesmos (como o "sozial poli tiker" alemão Hirsch) para transplantar no país deles o sindicalismo inglês, e afirmavam aos operários que a luta exclusivamente sindical é precisamente uma luta para si mesmo e para os seus próprios filhos e não para uma geração futura qualquer, por um futuro socialismo qualquer. E agora os "V.V. da socialdemocracia russa" se colocam a repetir essas frases burguesas. É importante observar aqui três pontos que nos serão de grande auxílio na nossa análise nas dissensões atuais ... ** Em primeiro lugar, o sufocamento da consciência por parte da espontaneidade, por nós indicado, aconteceu também ele de um modo espontâneo. Parece ser um jogo de palavras, mas infelizmente é a verdade amarga. Ele não sucedeu através da luta declarada em decorrência de duas concepções diametralmente opostas e a vitória de uma sobre a outra, mas porque em um número sempre maior os "velhos"revolucionários foram "retirados" da polícia e substituídos, gradativamente, pelos "jovens"(N.V. da socialdemocracia russa". Não digo todos aqueles, que têm participado do movimento russo contemporâneo, mas os que simplesmente têm respirado o ar, sabem perfeitamente que as coisas estão assim.'

Extraído de Lenin, Que fazer

Lenin, Obras escolhidas em 6 volumes, Editori Riuniti - Edizione Progress, 1972, p. 270 - 273

O objetivo de Lenin eram os populistas que ao invés de agirem numa perspectiva de construção de um possível futuro, eles fixavam a atenção dos operários no momento presente em uma forma de "privilégio egoístico" que os separava do conjunto da sociedade civil. A condição nós a vimos também no último decênio do século XX e nos primeiros 18 anos do século XXI pelo confronto entre operários com direitos reconhecidos pela lei e a precariedade que com os trabalhadores temporários estava se tornando uma nova estrutura econômica que funcionava como um amortecedor entre operários, dependentes de contrato definitivo, e a estrutura econômica de marginalizados entre os quais move-se o submundo do tráfico de drogas e tráfico de seres humanos. Os populistas disseram aos operários, que estavam garantidos, "cuidem dos assuntos de vocês" e, deste modo, acabaram enfraquecendo os operários garantidos impelindo-os sempre para a precariedade. Se tivessem agido considerando que a estabilidade econômica dos precários consentia uma maior força para contratação dos operários garantidos, não teriam enveredado por muitas veredas da marginalização que o capital pôs em prática.

O partido de Lenin deveria ser o partido político dos operários que, garantindo os interesses dos operários, garantia os interesses de todo o sistema social e de todos os cidadãos. A centralidade do operário não era a centralidade do "novo déspota", mas era um teste decisivo que media a sociedade civil inteira. A sociedade na medida do operário era a sociedade que garantia as condições econômicas de todo o país que hoje podemos definir como "classe média".

A questão das minorias sob o czar.

Sob o czar, as os grupos minoritários do Império Russo deviam assimilar a língua e a cultura russas, renunciando a sua própria identidade étnica. Pobedonoscev, procurador do Sínodo dos cristãos-ortodoxos, que guiava as ações do czar Nicola II, violou a autonomia da Finlândia garantida do momento em que a Finlândia torna-se parte do Império Russo. Em 1899 czar Nicola II suspendeu a Constituição e impôs à Finlândia as leis do Império sem que estas pudessem ser discutidas pelo parlamento local. Houveram rebeliões à quais o cristão-ortodoxo Nicola II respondeu suspendendo a Constituição e dando o poder absoluto ao governador Brobrikov. Um ano depois Bribrikov foi assassinado.

A Armênia era usada como estado vassalo contra a Turquia. Por isso, estavam autorizadas escolas e teatros na língua armênia e a cultura armênia era tolerada. Em 1897 as escolas armênias foram fechadas para a realização da russificação da região. Em 1903 foram sequestrados os bens da igreja local e a revolta se estendeu por todo o Cáucaso.

A minoria mais perseguida era a hebreia. Era proibido aos hebreus (judeus) residirem nos povoados e para residir nas cidades era preciso uma permissão especial, como era para as prostitutas. O Czar utilizava do pogrom (perseguição deliberada com violência física ao povo judeu). O pogrom era literalmente "devastação". É o termo utilizado para os tumultos populares antissemitas, motins aqueles que era instigados pela igreja cristã-ortodoxa bem como pelos católicos, havendo massacre dos judeus e também pilhagem dos bens deles. Quando os governadores escreveram ao primeiro ministro que muitos judeus estavam se aliando com os revolucionários, o primeiro ministro em 1904 consentiu para que os judeus que tinham combatido na guerra russo-japonesa, podiam se estabelecer nos vilarejos.

A situação campesina não estava melhor. Posteriormente ao controle das terras dos nobres e da servidão imposta na gleba, contam-se uma série de revoltas, alimentadas frequentemente pelas penúrias alimentares constantes como aquela de 1897 e de 1899. Calcula-se que foram 48 vilarejos em revolta no ano de 1900, 50 em 1901, 340 em 1902, 141 em 1903 e 91 em 1904.

A estas revoltas o czar Nicola II falando com Kursk, advertiu os camponeses para "obedecerem os representantes da nobreza" e a dedicarem-se a uma vida parcimoniosa e subserviente aos mandamentos divinos".

Em 1901-1902 na tentativa de parar as dinâmicas sociais, a polícia cristã-ortodoxa czarista constrói os "Protocolos de Sião" uma "fake news", como se diz hoje, ou uma falsidade que servia para desacreditar os judeus desde o momento em que a polícia cristã-ortodoxa pensava que marginalizando e criminalizando os judeus poderia impedir ou, pelo menos, controlar o descontentamento popular pela situação de servidão da gleba imposta à população dos cristãos-ortodoxos.

Em 1903 foi realizado em Bruxelas o II Congresso do Partido Operário Social-democrático Russo (POSDR), quando iniciaram-se os conflitos entre os seguidores de Lenin e os de Martov e Aksel'rod. O objeto da disputa era que Lenin queria que somente indivíduos que tinham uma capacidade crítica em relação à existência, se inscrevessem no partido. Martov queria que fosse inscrito no partido qualquer um. Lenin tinha em mente um partido de vanguardas políticas e conscientes. Martov tinha em mente um movimento populista.

O próprio Trótski apoiou Martov.

No congresso a redação do jornal Iskra, Lenin, Plekhanov e Martov foram eleitos para o Comitê central junto com Krzizanovskij e Lengnik, próximos às posições de Lenin e Noskov. Desde então, se destacaram aqueles que aderiram às posições de Lenin chamando-o de bolchevista e os que aderiram às posições de Julius Martov eram os mencheviques. Martov se recusou em fazer parte da redação do Iskra. Martov se refez em Genebra durante o II Congresso da Liga estrangeira da socialdemocracia revolucionária russa. Trata-se de uma organização fundada por Plekhanov que impôs à redação do Iskra para que outros três membros fossem acolhidos, todos com a inspiração menchevique. Lenin, nessa altura, abandonou a revista Iskra, também permanecendo no Comitê central do partido.

Sobre o oportunismo, Lenin escreve em "Um passo adiante e dois atrás":

'Quando se fala da luta contra o oportunismo não é necessário nunca esquecer o traço característico de todo o oportunismo contemporâneo nos mais diversos campos: a sua indefinição, o seu caráter amorfo, a sua intangibilidade. Pela sua própria natureza, o oportunista sempre evita levantar as questões de maneira clara e precisa, busca uma resultante, escorrega como uma enguia entre posições que se excluem mutuamente, tentando "estar de acordo"com uma e outra posição, reduzindo as próprias divergências, com pequenas propostas de alteração, em dúvidas, com desejos devotos e inocentes, etc. etc. O companheiro Ed. Bernstein, oportunista nas questões políticas, "está de acordo" com o programa revolucionário do partido, e embora deseje, provavelmente, uma "reforma radical", considera todavia que isto é intempestivo , inoportuno, que não seja igualmente importante quanto à explicação dos "princípios gerais" da "crítica" (que consistem principalmente no adotar acriticamente os princípios e as fórmulas da democracia burguesa). O companheiro von Vollmar, oportunista nos problemas táticos, está do mesmo modo de acordo com a velha tática da socialdemocracia revolucionária, e se limita mais do que outro à declamação às pequenas emendas, aos gracejos, sem formular de algum modo uma tática "ministerial" precisa. Os companheiros Martov e Axelrod, oportunistas nas questões organizativas, até agora nem sequer apresentaram, embora os convites estão em aberto, uma tese teórica concreta que possa ser "estabelecida estatutariamente", também eles desejariam incondicionalmente, uma "reforma radical" do nosso estatuto organizativo (Iskra, n. 58, p. 2, coluna 3), mas prefeririam ocupar-se preventivamente das "questões gerais da organização" (porque uma reforma verdadeiramente radical do nosso estatuto, apesar do 1, é contudo sempre centralista, conduziria inevitavelmente, se aplicada com o espírito da nova Iskra, à autonomia, enquanto o companheiro Martov não quer admitir, nem sequer diante dele mesmo. a sua tendência de base em direção à autonomia. A posição "de base" destes companheiros na questão organizativa brilha por isso com todas as cores do arco-íris: predominam as inocentes declamações patéticas sobre a autocracia e sobre burocratismo, sobre a obediência cega, sobre parafusos e rodas, declamações tão inocentes que continuam sendo muito, mas muito difícil distinguir-lhes o sentido verdadeiro do princípio daquele que é verdadeiramente incorporado. Mas, quanto mais se vai em frente no bosque, mais lenha é encontrada: as tentativas para analisar e definir com precisão o odioso "burocratismo" conduzem, inevitavelmente à autonomia, as tentativas para "aprofundar" e motivar levam inelutavelmente à justificação do atraso, ao seguimento, à fraseologia girondina. Enfim, como princípio único, como princípio verdadeiramente preciso e que por isso se manifesta na prática com particular evidência (a prática precede sempre a teoria) afigura-se o princípio da anarquia. Escárnio da disciplina - autonomia - anarquia: eis a escada sobre a qual, ora descendo, ora subindo, se move o nosso oportunismo organizativo, saltando de um degrau ao outro e fugindo deliberadamente de cada formulação precisa dos próprios princípios.*

Lenin, Obras escolhidas em 6 volumes. "Um passo adiante e dois atrás", Editori Riuniti - Edizione Progress, 1972, p. 536 - 537

Martov comentou, na nova Iskra, revista que agora ele tinha o controle, o que Lenin escreveu, afirmando que Lenin estava acabado.

Em 1904 em Genebra o partido decidiu rejeitar o pedido de um novo congresso, e os bolcheviques dentro do Comitê Central se mobilizaram com os mencheviques, exceto Lengnik. Lenin, em resposta, deixa cada função sua no Partido e vai em férias, na montanha, em Lausanne. Depois de dois meses Lenin retoma os contatos com os companheiros que trabalham na Rússia e que fazem parte do "Gabinete dos encargos bolcheviques".

Em 1905 sai o jornal bolchevista "Em Frente" com o intento de retomar a linha da velha revista Iskra e de apoiar a luta dos bolcheviques contra os mencheviques.

Em 1900 Sergej Zubatov da polícia secreta cristã-ortodoxa czarista expôs aos seus superiores de Ochrana a ideia de constituir um sindicato com membros fiéis ao regime czarista, que apresentassem as exigências dos operários para alimentar reivindicações inofensivas ao regime. A proposta foi aceita pela polícia secreta czarista, e sociedades dos sindicatos dos operários, controlados pela polícia czarista, foram organizadas em todas as cidades russas. Em São Petersburgo, Zubatov encontrou o padre ortodoxo Georgij Gapon convencendo-o para participar deste sindicato czarista. Georgij Gapon fundou a Assembleia dos Operários Russos e no estatuto eram reivindicados direitos culturais para consumo em tempo livre. Georgij Gapon trabalhava em contatos íntimos com a polícia czarista. A Ochrana e o governo financiavam Georgij Gapon, e a seguir houve uma greve geral para a demissão de alguns trabalhadores, no mês de dezembro de 1904, os trabalhadores se reuniram numa assembleia, Geiorgij Gapon sugeriu elaborar uma petição para ser entregue ao czar Nicola II.

Aos 22 de janeiro de 1905 Georgij Gapon e outros dirigentes da organização sindical, vinculada à polícia secreta czarista, encaminharam-se rumo ao palácio de inverno. Georgij Gapon foi precedido por comissários de polícia e por operários que seguravam retratos do Czar e da Czarina, e carregavam um cruz grande.

Dos manifestantes erguiam-se cantos religiosos e louvores ao Czar.

O Czar deu ordem para matá-los.

Houve um genocídio. Quantos foram mortos? A polícia secreta czarista preparou para que valas comuns fossem cavadas dentro das quais esconder centenas de cadáveres. Alguém falou que foram dez mil mortos. Mas, a informação mais confiável foi entre 800 a 1200 mortos. Homens, mulheres e algumas crianças que não conheceremos, nem sequer, os nomes. O gado humano pertencia ao Czar e, uma vez que sendo gado, era direito do Czar conduzi-los ao matadouro da vida.

Lenin estimulou os bolcheviques para intervirem, incitando-os à insurreição armada, contra o despotismo czarista. Os mencheviques acusaram os bolcheviques de terem se desviado do marxismo e Lenin, como resposta, impulsionou os bolcheviques para romperem definitivamente as relações políticas e organizativas com os mencheviques.

O apelo não foi acolhido.

O III Congresso do POSDR foi realizado em Londres e naquela ocasião Lenin apresentou as suas ideias num opúsculo com o título "Duas táticas da socialdemocracia na revolução democrática".

Lenin escreve:

'Em poucas palavras, para que o proletariado não se encontre com as mãos atadas na luta contra a democracia burguesa inconsequente, deve estar bastante consciente e forte para elevar os agricultores à consciência revolucionária, para dirigirem o seu ataque e levarem a cabo desta forma, com iniciativa própria, uma democracia proletária consequente. Aqui está como se coloca a questão, solucionada de forma tão infeliz dos neoiskristi, do perigo de encontrar-se com as mãos atadas na luta contra a burguesia inconsequente. A burguesia sempre será inconsequente. Nada de mais ingênuo e de mais estéril de querer apresentar as condições ou as cláusulas que, uma vez cumpridas, permitiriam considerar a democracia burguesa como uma amiga sincera do povo. Somente o proletariado pode combater de um modo correspondente à democracia. Mas poderá vencer somente se as massas dos agricultores se unirem na sua luta revolucionária. Se o proletariado não tiver forças suficientes, a burguesia se encontrará à frente da revolução democrática e lhe dará uma característica inconsequente e afetada. Para que se impedir isto não há outro a não ser a ditadura democrática revolucionária do proletariado e dos camponeses.'

Lenin, Obras escolhidas em 6 volumes, "Duas táticas da socialdemocracia na revolução democrática", Editori Riuniti - Edizioni Progress, 1972, p. 593

Em 1905 o czar Nicola II aceitou alguma reforma liberal tímida após o desastre da guerra russo-nipônica. O Japão atacou a Rússia com a ajuda da Inglaterra. O Japão e o czar disputavam o controle da Manchúria e da Coreia. O Czar não quis negociar, pois pensava em esmagar o Japão. O desastre econômico na Rússia provocado pela guerra resultou primeiramente no assassinato do ministro Pleve, e depois obrigou o czar a ceder em direção a um parlamentarismo moderado.

Em 1905 Lenin retornou a Petersburgo com o nome falso de Karpov. Lenin incentivou os bolcheviques a conservarem ações sempre mais incisivas no cenário violento, no qual a sociedade russa se afundava.

Em 1906 no IV congresso do partido que se realizou em Estocolmo, os mencheviques condenaram Lenin por ter praticado furtos no banco, com os quais os bolcheviques financiavam a atividade política deles.

Pouco depois o governo czarista voltou atrás com as reformas parlamentares e restaurou o absolutismo, ordenando à polícia secreta czarista, a Okhrana, para prender os revolucionários. Lenin fugiu primeiramente para a Finlândia e depois passou para a Suíça.

Em 1908 Aleksandr Bogdanov e os outros bolcheviques decidiram mudar a sua sede à Paris e Lenin juntou-se a eles em Paris. Rapidamente Lenin rompeu a relação inclusive com Bogdanov. A causa da discórdia era o significado da liderança política no partido. Bogdanov tinha posições operárias conforme as quais "o operário tinha de ser politizado, mas continuava como operário", enquanto Lenin considerava como liderança política o intelecto que se tornava proletário, operário. A questão abria-se a duas estratégias políticas diferentes e inconciliáveis.

Tanto em relação a Martov quanto em relação a Bogdanov, Lenin antepôs o ideal, as ideias políticas e filosóficas no tocante ao compromisso que lhe havia rendido um sucesso imediato. Não cedeu a compromissos a não ser em campo de batalha. Este seu comportamento, que no campo cristão é definido como "intransigente", foi aproveitado pela polícia secreta czarista, Okhrana, para ela enviar um agente que. fingindo-se concordante. apoiasse Lenin defendendo-o na intransigência e concomitantemente espiando-o. O agente da Okhrana era Roman Malinovsky, mas parece que Lenin havia percebido e o utilizou para enviar informações falsas à polícia cristã-ortodoxa do czar.

Em 1910 Lenin está em Copenhague no VIII Congresso da Segunda Internacional para o POSDR. Depois do congresso tirou umas féria em Estocolmo para depois desembarcar em Paris com a mãe, irmãs e esposa. Em Paris estreitou amizade com Inessa Armand. Há rumores de que pôde ter havido uma relação extraconjugal com ela, mas os boatos deixam o tempo em que se encontram e parecem mais como uma tentativa de desprestígio e não como fatos biográficos. A convivência continuou até 1912.

Em 1911 a Comissão central do POSDR decidiu retornar à Rússia e encerrou a sede em Paris.

Em 1912 Lenin organizou uma conferência em Praga. Mesmo se os participantes eram quase todos bolcheviques, Lenin foi atacado fortemente e acusado de extremismo. No mesmo ano Lenin se transferiu para a Cracóvia. Lá frequentou a biblioteca da Universidade Jaguelônica para as suas pesquisas. Em contato com o partido, Lenin convenceu os bolcheviques da Duma a romperem com os mencheviques.

Em 1913 Lenin encontra Iosif Stalin com quem discute acerca do papel das minorias étnicas. No mesmo ano Lenin dirige-se à Berna onde a esposa é operada da tiroide.

Em 1914 Lenin designa Inessa Armand como representante dos bolcheviques em Bruxelas para a reunião do partido, em julho. Mandou-a enfrentar Kautsky, Vandervelde, Huysmans, Luxemburg, Plekhanov, Trotsky e Martov. Confiava na sua força ideal e na sua transparência com a qual sabia expor as suas ideias.

Em 1915 Inessa Armand organizou na Suíça a Conferência internacional contra a guerra das mulheres socialistas.

Em 1915 e 1916 foram realizadas as conferências de Zimmerwald e de Kienthal. O raciocínio de Lenin era bastante simples: "Se Alemanha, França, Inglaterra, Rússia, Japão e Itália querem guerrear entre eles e roubarem uns aos outros, guerreiem sem envolver os operários, os agricultores e os setores sociais explorados. Operários, agricultores e setores sociais explorados ou marginalizados devem sair da exploração e da marginalização, e não se tornarem carne de matadouro de imperialistas como Alemanha, França, Inglaterra, Rússia, Japão e Itália".

Basicamente Lenin propunha uma separação entre "nós", entendidos como sujeitos explorados e marginalizados na sociedade, e o entendimento "deles" como sujeitos que viviam sobre os marginalizados e sobre os explorados. O absolutismo não é uma nação, um povo ou os cidadãos. O absolutismo é uma sociedade subserviente a quem detém o poder absoluto, e a quem alimenta os símbolos que esse poder absoluto autentica. Enquanto a burguesia dividia os homens horizontalmente limitando-os em recintos chamados "nações". Lenin pensava nos homens de uma maneira vertical. Os operários, os camponeses, os comerciantes, os burgueses, são tais à margem do recinto-nação onde são subdivididos.

Ao contrário de Lenin, os partidos socialistas franceses e alemães votaram a favor do próprio absolutismo para favorecer a guerra deles contra um outro absolutismo. A traição não consiste em terem votado a favor do próprio absolutismo, mas de não terem ao menos negociado a diminuição (ou algum direito social) do absolutismo, em troca do voto a favor.

O conceito de guerra justa e de guerra injusta está claro. A guerra justa é quando aumenta a liberdade na sociedade civil, é injusta quando diminui ou restringe a liberdade dos cidadãos na sociedade. Uma guerra é sempre constituída por um complexo de delitos e de atrocidades. Isto é peculiar à guerra. A guerra, justa ou injusta, é definida pelos seus fins que são perseguidos em relação aos sujeitos que estão envolvidos na guerra. Depois, ocupa lugar o discurso da "propaganda", mas este é outro assunto.

Em 1917 com os trabalhadores das indústrias, em greve, o Parlamento Russo tomou o controle do Estado. O czar Nicola II abdica, é instituído um governo provisório e o Império Russo se transforma em República Russa.

O retorno de Lenin à Rússia foi favorecido pelo governo Alemão, que esperava atenuar a frente do leste. Aos bolcheviques, que eram contra a guerra, era preciso uma orientação ideológica, à Alemanha era necessária a facilitação da frente oriental. Num vagão blindado os alemães fizeram com que Lenin chegasse à Rússia.

O trem partiu de Zurique em 09 de abril de 1917, chegou à estação de Gottmadigen e continuou até Sassnitz. De lá o barco "Queen Victória" levou-o à Trellebotg na Suécia de onde prosseguiu para Melmoe e Estocolmo. O trem passou pela fronteira e chegou à Helsinki antes de chegar em Petrogrado.

Em 1917, como líder do governo Russo, estava Aleksandr Kerenskij que era aliado à França, à Inglaterra e à Itália e, então, decidiu partir para uma guerra de conquista ordenando um ataque conduzido pelo general Brosilov contra a Alemanha. Na Galiza os russos atacam o exército austríaco-húngaro e alemão. A operação militar não levou em consideração o desejo dos soldados russos para pôr um fim à guerra, e para Aleksandr Kerenskij resultou num fracasso.

Em julho de 1917 em Viburgo, em Petrogrado, há uma manifestação espontânea de operários e de soldados. Houve tiroteios entre cossacos fiéis ao governo e os soldados que aderem a manifestação. Contam-se dezenas de mortos. Os manifestantes dispersaram-se; os bolcheviques foram presos e foram fechados os seus jornais e a sede do partido deles. Os bolcheviques são considerados fora-da-lei. Lenin é acusado de ter organizado a manifestação é procurado pela polícia, mas consegue fugir escondendo-se primeiramente em Petersburgo e depois na Finlândia. Lenin é acusado de ser um espião alemão.

Aleksandr Kerenskij tem o poder nas suas mãos fortemente e em julho assinou um decreto no qual reintroduzia a pena de morte no exército, em tempo de guerra. Uma pena que havia sido abolida apenas poucos meses antes.

Em setembro de 1917, Aleksandr Kerenskij tentou chegar a um acordo com o general Lavr Kornilov para construir uma ditadura militar em operação anti-bolchevista.

Aleksandr Kerenskij tentou de todos os modos parar os bolcheviques. Depois de outubro de 1917 Aleksandr Kerenskij escapou para Pskov e organizou um exército com o qual ele conquistou Carskoe Selo, mas foi derrotado um dia após em Pulkovo. Depois disso fugiu para o exterior e não voltou mais para a Rússia, morrendo em 1970.

A tentativa de golpe de Estado do general cristão-ortodoxo Lavr Kornilov contra o governo de Aleksandr Kerenskij levou também os socialistas mencheviques a se aliar aos bolcheviques.

Aos 25 de outubro de 1917 os operários organizados em milícia, e com regimentos na capital, ocupam o Palácio de inverno e os pontos estratégicos da cidade. Os ministros são presos enquanto Aleksandr Kerenskij foge para Pskov.

Em outubro de 1917 o governo bolchevista aprova o decreto para a paz e o decreto de confisco, em prol dos agricultores e da nação, das terras dos proprietários latifundiários e das igrejas ortodoxas e católica. Nomeia o governo liderado por Lenin e são suprimidos os jornais da direita ortodoxa, os nobres e proprietários de terras. Trata-se dos diários Birzevye Vedomosti (informações da bolsa). Den (O Diário), jornal menchevista financiado pelos bancos. Novoe Vremja (O tempo novo) e Russkaja Volja (A vontade russa), da extrema direita, Russkie vedomosti (informações russas) e Rec (O discurso), órgãos dos cadetes.

Somente uma minoria de russos são bolcheviques que têm uma visão de Estado e sociedade. A Rússia é formada por cidadãos educados por papas ortodoxos, com a ideia de que o Czar era o "pequeno pai", e atrás desta ideia se movimentavam os pastores que se identificavam com o "pequeno pai" e, assim, viam a ocasião de serem o "pequeno pai", quando chegasse vez deles. A revolução não é a conquista do poder, mas é a transformação dos homens, que de súditos podem se transformar em cidadãos.

Pode-se conquistar a liberdade da imprensa, mas quando a imprensa constitui um instrumento de guerra não funcionará para os cidadãos, porém se torna um órgão de difamação, discriminação e incitação ao ódio: "os comunistas comem as crianças" ou "os comunistas impedem a religião" ou ainda "se vêm os comunistas, ele te tiram a casa".

O general Duchonin destituído do cargo e substituído por Krylenko, não apenas não havia aceitado endossar o cessar-fogo com os alemães, mas liberou os generais ortodoxos e da aristocracia Kornilov, Denikin, Lukomskij e Romanovskij. Duchonin é preso e fuzilado pelos seus próprios soldados. Entretanto, as tropas de Krasnov foram batidas e se desviam: Kerenskij foge, enquanto o general Krasnov, capturado e liberado, vai para a zona de Don onde ele reorganiza um novo exército de nobres, ortodoxos e católicos.

Em 10 de novembro é decretado pelo governo russo, com a condução de Lenin, a eliminação de cada forma de distinção jurídica entre as classes sociais, a abolição de qualquer privilégio de nobres e aristocratas, a abolição de níveis hierárquicos entre os civis, abolição de distinções honoríficas e estabeleceu-se (pela primeira vez na história humana dos últimos 2000 anos) a igualdade entre homens e mulheres.

Além disso, foram abolidos os tribunais czaristas e substituídos por tribunais populares locais. Foram abolidas todas as leis que garantiam direitos e privilégios aos nobres e às igrejas cristãs ou que discriminavam os cidadãos; foram requisitadas as grandes propriedades imobiliárias dos nobres e os proprietários alijados, e então iniciou-se uma organização em milícias dos operários, que se armavam.

Iniciou-se a modelar o novo exército sendo constituída a Ceka (Comissão extraordinária) chefiada por Dzerzinskij, e todos os bancos foram nacionalizados.

Aos 20 de janeiro de 1918 o governo de Lenin promulgou um decreto no qual era reconhecida a liberdade de consciência de cada cidadão, com o direito de não ver violada a própria consciência das igrejas e dos nobres, pelo que diz respeito à religião. Precisamente para garantir a liberdade de consciência, dos cidadãos, o governo de Lenin prosseguiu a eliminar os privilégios residuais dos quais ainda as igrejas desfrutavam (subsídios estatais), e aboliu o ensinamento da religião cristã-ortodoxa que ainda estava em vigor nas escolas estatais.

Em 3 de março de 1918 a Rússia firma o tratado de paz com a Alemanha, aceitando condições asfixiantes. A Rússia entrega a Polônia, a Lituânia, a Estónia, a Letônia, a Finlândia, parte da Bielorrússia, alguns territórios deveria ceder à Turquia e reconhecer o poder da Rada na Ucrânia. Além disso, a Rússia aceita pagar seis bilhões de marcos e a dispersar a marinha e o exército.

O Comitê Executivo Central Russo (VCIK) expulsou os mencheviques e os socialistas de direita, quando o embaixador alemão é morto a mando de Marija Spiridonova do partido Socialista Revolucionário que não aceitava as condições de rendição. Ela foi presa juntamente com muitos membros da sua formação política, foi liberada porque foi reconhecida como "enferma de mente".

Aos 11 de novembro de 1918 termina a primeira guerra mundial. A Alemanha foi o último império que depôs as armas. Desapareceram os impérios austríaco-húngaro, o império otomano e o império russo. Nada mais passou a ser como era antes.

A primeira guerra mundial fez vinte e cinco milhões de mortos, sem contar os mortos desconhecidos e, portanto, não considerados; eram muito pobres ou muito isolados para entrarem no rol das pessoas contadas como mortas. Este massacre imenso mudou o ponto de vista sobre a vida e sobre as relações entre o homem, o governo e o mundo, de modo tão profundo que as escolhas serão definidas e influenciadas em todo o século XX e seguintes.

Em 1918 entrou em vigor a Constituição Russa. Vale a pena reproduzir alguns artigos com os quais a sociedade soviética se ajusta:

Artigo 3

'Tendo em vista o escopo fundamental de suprimir qualquer exploração do homem pelo homem, abolindo para sempre a divisão da sociedade em classes, para reprimir sem piedade os exploradores e para estabelecer a organização socialista da sociedade, bem como para garantir a vitória do socialismo em todos os países, o III Congresso pan-russo dos Soviéticos, decreta-se além disso o quanto segue:
a) Tendo em vista a realização da socialização da terra, a propriedade privada da terra é abolida, e todas as terras são declaradas como propriedade nacional e entregue em consignação aos trabalhadores, sem indenização, tendo por base uma fruição equivalente do terreno.
b) Todas as florestas, as riquezas do subsolo e as águas de importância nacional, todas as parcerias pecuárias e todos os equipamentos, bem como todas as fazendas modelo e os atuais rebanhos são declarados propriedades públicas.
c) Como primeira etapa, em direção à transmissão total das fábricas, oficinas, minas, ferrovias e outros meios de produção e de transporte nas mãos da República socialista operária e agricultora, a lei soviética está ratificada sob o controle operário e pelo Conselho superior da economia nacional, para efeitos de garantir o poder dos trabalhadores sobre os seus exploradores.
d) O III congresso pan-russo dos Soviéticos considera a lei que repudia os débitos contraídos pelo governo do czar, pelos feudatários e pela burguesia como um golpe desferido ao capital financeiro internacional, e proclama a certeza de que o poder soviético marchará resolutamente nesta direção até a vitória completa do proletariado internacional contra o jogo do capital.

Artigo 5

Pelo mesmo propósito, o II Congresso pan-russo dos Soviéticos insiste na necessidade de uma ruptura completa com a política bárbara da civilidade burguesa, que construiu o bem-estar dos exploradores de um número pequeno de nações mediante a escravidão, de centenas de milhões de trabalhadores na Ásia, nas colônias e de um modo geral pequenos países.

Artigo 6

O III Congresso pan-russo dos Soviéticos aprova vivamente a política do conselho dos Comissários do Povo, que proclamou a Independência total da Finlândia, deu início à retirada das tropas Russas colocadas na Pérsia e concedido À Armênia o direito de autodeterminação.

Artigo 13

Com a finalidade de garantir aos trabalhadores a verdadeira liberdade de consciência, a Igreja está separada do Estado e a escola da Igreja, e a liberdade de propaganda religiosa e antirreligiosa é reconhecida a todos os cidadãos.

Artigo 14

A fim de garantir aos trabalhadores a verdadeira liberdade para manifestar as opiniões próprias, a RSFSR elimina a dependência da impressão do capital, põe nas mãos da classe operária e dos agricultores pobres todos os recursos técnicos e materiais necessários para a publicação dos jornais, livros e outros produtos de impressão, e lhes garante a difusão livre em todo o país.

Artigo 15

Tendo a finalidade de garantir a verdadeira liberdade de reunião, a RSFSR garante aos cidadãos da República Soviética o direito de organizar livremente reuniões, encontros, passeatas, etc., e coloca à disposição da classe operária dos agricultores pobres todos os locais adequados para a organização das reuniões populares com mobílias, iluminação e aquecimento.

Artigo 16

Com a finalidade de garantir a verdadeira liberdade de associação dos trabalhadores, a RSFSR, que quebrou o poder econômico e político das classes possuidoras de terras e portanto, removidos todos os obstáculos vindos da sociedade burguesa, que até o momento impediu os trabalhadores e os agricultores de gozarem da liberdade de organização, e de ação, estão preparados para os operários e agricultores pobres, todo o material deles, e outras formas de assistência para que se unam e se organizem.

Artigo 17

Com o escopo de garantir aos trabalhadores um acesso real à cultura, a RSFSR tenciona fornecer a instrução completa, universal e gratuita aos operários e aos camponeses pobres.

Artigo 18

A RSFSR declara que o trabalho é obrigatório para todos os cidadãos da República, e lança o lema "quem não trabalha não come".

Artigo 19

A fim de proteger com todos os meios as conquistas da grande revolução da classe operária e de camponeses, a RSFSR declara obrigatória para todos os cidadãos da República, a defesa da pátria socialista, e institui o serviço militar universal. O direito honroso de defender a revolução com armas nas mãos pertence somente aos trabalhadores, as partes não laboriosas da população estão sujeitas a outras obrigações militares.

Artigo 20

Por força da solidariedade entre trabalhadores de todas as nações, a RSFSR concede todos os direitos políticos dos cidadãos russos aos estrangeiros, sobre o território da República russa, para trabalharem, e que pertençam à classe operária, ou aos agricultores que não vivem do trabalho dos outros, e reconhece aos Soviéticos locais o direito de conceder a tais estrangeiros o direito de cidadania russa sem formalidades ulteriores.

Artigo 21

A RSFSR concede asilo aos estrangeiros perseguidos devido a delitos políticos ou religiosos.

Artigo 22

A RSFSR reconhecendo a igualdade dos direitos dos cidadãos, independentemente da raça deles e da sua nacionalidade, declara incompatível com as leis fundamentais da República, a tolerância dos privilégios e de qualquer preferência fundada sobre estas bases, assim como qualquer tipo de opressão de minorias nacionais ou a limitação da sua igualdade jurídica.

Artigo 23

No diz respeito aos interesses da classe operária no seu conjunto, a RSFSR priva indivíduos e grupos específicos dos direitos que exerceriam em detrimento dos interesses da revolução socialista.'

Constituição Russa de 1918 - restaurada na internet

No verão de 1918 as tropas cristãs ortodoxas "tchecoslovacas", armadas pelos USA e por ordem da Inglaterra, para combater os bolcheviques, dirigiram-se velozmente em direção à Ecaterimburgo onde estava sendo mantido como prisioneiros o Czar Nicola II e a sua família com o seu séquito. O plano era preciso, liberar o czar para colocá-lo à frente dos exércitos ortodoxos antibolcheviques. Para isto Lenin deu ordens para fuzilar o czar e toda a sua família com o seu séquito. Não é por acaso que em 2000, para reiterar o seu direito de transformar os russos em escravos, a igreja ortodoxa elevou aos altares Nicola II e a sua família. Ainda há controvérsia se a execução da família foi ou não por ordem de Lenin, mas não há dúvida de que com esta ação Lenin privou as armadas ortodoxas (chamadas brancas) do símbolo deles.

Em agosto de1918, Franja Kaplan, um ex-anárquico feriu Lenin, gravemente, e em Petersburgo foi morto o dirigente da Ceka Uritskij, naqueles mesmos dias de agosto os embaixadores da Inglaterra, da França e dos Estados Unidos deixavam a Rússia, os quais com outros países decidiram apoiar diretamente a contrarrevolução: em 15 de agosto de 1918 tropas inglesas e estadunidenses desembarcaram em Arcangelo e em Murmansque e acompanharam a armada tchecoslovaca.

A guerra civil organizada pelos cristãos-ortodoxos contra o governo de Lenin começou em 1918 e terminou aproximadamente em 25 de outubro de 1922 com a libertação de Vladivostok ocupada pelos japoneses, mas em algumas zonas os combatentes se prolongaram mais além de 1923.

A legião tcheca que estava entrando em direção à Vladivostok para embarcar pela França foi armada com 50.000 fuzis fabricados nos USA e enviados a Vladivostok. A Legião Tcheca era o maior exército organizado na Rússia naquele momento, e França, Inglaterra e USA decidiram utilizá-lo contra os bolcheviques. Ordenaram à legião para conquistar Ecaterimburgo e, assim, libertar o Czar, mas os bolcheviques se preveniram executando o czar e a sua família.

As armadas brancas dos cristãos ortodoxos iniciaram a se organizarem na região do Dom em novembro de 1917 com o cossaco Aleksej Kaledin, próximo a Novocherkassk. O general ortodoxo Mikhail Alekseev, que estava a serviço do czar, formou um exército de "ortodoxos voluntários" conjuntamente com Lavr Kornilov e Denikin. Aos 9 de janeiro de 1918 formou-se a "Armada dos Voluntários com Alekseev na liderança apoiado pelo general Kornilov. Com os cossacos comandados por Kaledin, a Armada dos Voluntários tomou Rostóvia do Dom às margens do rio Dom. Lenin enviou a Armada Vermelha, na ocasião ainda mal organizada e mal armada, que todavia derrotou a Armada dos Voluntários. Kaledin se suicidou. Korlinov foi morto e Denikin se refugiou na foz do Dom para construir novamente o exército.

Enquanto isso, com o escopo de destruir os bolcheviques, a França e a Inglaterra iniciaram uma intervenção armada ocupando a parte oriental da Rússia e usando a Armada tchecoslovaca. A invasão tinha o escopo de abater o governo Russo e, como disse Churchill, "os bolcheviques estavam sendo estrangulados no berço". França e Inglaterra pediram ajuda dos Estados Unidos para reforçar a invasão, e os USA enviaram uma força de 5000 homens Também a Itália enviou uma força armada de alpinos. Em setembro de 1918 o corpo de invasão estrangeiro, na Rússia, era formado por 70.000 japoneses, 1.400 italianos, 5.002 americanos, 829 ingleses e 107 franceses.

Dos italianos invasores é dito que combateram junto com a Legião tchecoslovaca e outras forças aliadas. Usaram trens com armas e armamentos pesados para controlar grandes seções da ferrovia siberiana. Tudo para restabelecer do direito do czar de reduzir os homens a escravos.

Omsk foi ocupada pela Legião tchecoslovaca que nela instalou um "Governo provisório em região autônoma" formado por mencheviques que proclamaram a "República da Sibéria". Sempre com a intervenção das forças de ocupação, em Samara se constitui o governo "Komuc".

Na Ucrânia Petliura, social-democrático, derrotou o filo-alemão Skoropad'skyj instalando-se em Kiev.

Na Sibéria, em 3 de novembro, o general cristão Aleksandr Kolcak terminou com o governo provisório da Sibéria autônoma de Omsk e instaurou a sua ditadura bendita das forças de ocupação.

O cristão Kolcak comandava um exército de cem mil homens e conduziu as suas tropas rumo a oeste. Ele dividiu o seu exército em três tropas lideradas por três generais. Gajda se conduzia a Arcangelo, Chanzin na direção de Ufa e Aleksandr Dutov, com os seus cossacos, em direção de Samara.

Os campos estavam devastados, as colheitas abandonadas e os camponeses ou haviam optado pelo exército, ou eram forçados a negligenciar com os campos e com as colheitas.

Depois da derrota da Alemanha os bolcheviques tentaram reconquistar os territórios entregues pelo tratado de paz, mas não conseguiram retomar os territórios do báltico, enquanto o cristão Denikin, na tentativa de impor novamente a condição de servos aos camponeses na gleba, com um exército de cem mil homens retomou a ofensiva contra os russos que reagiram inclusive com o auxílio dos chechenos. Denikin para enfraquecer os bolcheviques decidiu praticar o pogrom (ataque violento massivo), o massacre e a violência sobre os judeus, 200.000 foram feridos ou mutilados, milhares de mulheres foram violentadas, 50.000 mulheres ficaram viúvas e 300.000 crianças ficaram órfãs. No conflito também Nestor Macno interveio com uma armada de camponeses anárquicos anti-bolcheviques.

Nesse meio tempo, o exército cristão polaco guiado por Pilsudski estava avançando velozmente na tentativa de formar a "grande Polônia", contra os Russos.

Em 1919 havia, por conseguinte, estourado o conflito da Polônia contra a Rússia.

A Rússia foi compelida a reconhecer a Rada Ucrânia, em decorrência do tratado de paz com a Alemanha, e com a destruição da economia da Ucrânia e as armadas cristãs de Denikin que queriam restaurar os direitos feudais dos nobres, atacavam os bolcheviques, a Rússia então decidiu intervir e restabelecer a integridade do território Russo.

Depois da derrota em Oriol dirigiu-se em banimento na França, e após a II Guerra Mundial dirigiu-se aos USA onde morreu pouco depois. Ele foi sepultado com todas as honras porque havia tentado recuperar a escravidão czarista na Rússia soviética.

Lenin, Trockij, Stalin, Kamenev e Krestinskij compunham o gabinete político. Trockij estava na liderança das operações militares e ao intervir na Ucrânia enfrentou primeiramente Nestor Ivanovic Machno, um anárquico que se opôs à invasão alemã na Ucrânia depois do tratado de paz com a Rússia, e que havia organizado um exército de camponeses pobres que combatia os bolcheviques. Não eram financiados pela França e USA mesmo se, após a derrota Nestor Ivanovic Machno tenha se refugiado em Paris. Os bolcheviques liberaram Kiev que foi ocupada rapidamente, depois do exército de Petljura fomentado pelos invasores cristãos Polacos, que tentavam construir a "grande Polônia". Depois Kiev foi ocupada por Denikin com um exército de duzentos e cinquenta mil homens. Anton Ivanovic, Denikin cristão czarista que foi financiado pela França e pelos USA para destruir a Rússia. Com a sua armada devastou a Ucrânia provocando anos de carestia, ocupou Kiev, mas foi derrotado em 1919 em Oriol.

Sobre o Báltico o general cristão czarista Nikolaj Nikolaevic Judenic se organizava. Cristão praticante, considerava que os operários e os camponeses deveriam se colocar de joelhos diante dos nobres, pois eram nobres por vontade de Deus. Nikolaj Nikolaevic Judenic era financiado pela Inglaterra, França e USA que viam, na constituição bolchevista, o perigo de os operários e os camponeses dos seus países pretenderem também ter os mesmos direitos constitucionais, por isso organizou uma armada de mercenários na zona do Báltico. Nikolaj Nikolaevic Judenic tornou-se membro do "Governo do noroeste" com a ajuda das forças de invasão inglesas, que alinharam-se à frota deles e dando suporte ao terrorismo em todo o Báltico.

Desfrutando do fato de que os bolcheviques estavam ocupados com mais linhas de frente contra Kolcak e os cossacos, e na Ucrânia, estando Petrogrado desguarnecida de tropas, Nikolaj Nikolaevic Judenic decidiu conquistar Petrogrado. No mês de outubro de 1919, Nikolaj Nikolaevic Judenic com o seu exército de mercenários alcançou a periferia de Petrogrado. O Comitê Político Russo pensou que Petrogrado tivesse caído nas mãos de Nikolaj Nikolaevic Judenic. Muito pequenas eram as tropas em sua defesa. Lev Trockij decidiu partir para organizar pessoalmente a defesa da cidade. Lev Trockij armou os operários das oficinas os quais se posicionaram ao lado das tropas da Rússia. Nikolaj Nikolaevic Judenic é derrotado e ele, com o que restou do seu exército de mercenários, foge para a Estônia e da Estônia depois de ter sido desarmado, veio a retirar-se pela frota Britânica. Nikolaj Nikolaevic Judenic irá ao exílio na França.

Em novembro de 1919 partiu o ataque para libertar Omsk controlada pelas tropas do almirante cristão Aleksandr Vasilevic Kolcak associado ao Império Inglês e aos Japoneses. Com um golpe de Estado tornou-se ditador da Sibéria ajudado pela Inglaterra e pelas tropas cristãs cossacas de Krasilnikov.

Quando Omsk revoltou-se em 22 de dezembro de 1918 a Legião Tchecoslovaca e as tropas cossacas massacraram os habitantes de Omsk e assassinaram mais de quinhentos mil rebeldes. Os sobreviventes se incorporaram às tropas bolcheviques. Aleksandr Vasilevic Kolcak será, então, fuzilado aos 7 de fevereiro de 1920, quando os russos liberaram Irkutsk. Com o ataque dos russos, a Legião Tchecoslovaca não apoiou mais Aleksandr Vasilevic Kolcak e assim fizeram os Japoneses que constituíram um Estado fantoche com os cossacos, enquanto as tropas estadunidenses se retiraram dos combates.

Entretanto, no sul, depois da libertação de Oriol em outubro de 1919, os russos perseguiram as tropas de Denikin. Uma parte dos seguidores de Denikin fugiram para a Crimeia e se integraram nas tropas do aristocrata cristão Petr Vrangel já general do czar, cognominado "o barão negro". Enquanto os russos estavam empenhados em parar o avanço do exército polaco invasor. Petr Vrangel com o seu exército de 100.000, financiado pelos ingleses e pelos franceses, atravessou o Dnieper e ocupou Ekaterinoslav. Derrotado pelos russos, ele refugiou-se novamente na Crimeia para onde ele embarcou, protegido pelos navios de guerra Franceses, dirigindo-se rumo à Iugoslávia. Ele morrerá em 1928 em Bruxelas.

No final de abril de 1920 o governo russo enviou o exército a para liberar a Transcaucásia (Azerbaijão, Geórgia e Armênia) ocupadas pelo exército inglês e pelo exército Turco.

Um dos maiores problemas que a Rússia teve de enfrentar foi o do nacional-socialista católico Josef Pilsudski que jogava com o combater com czar contra os alemães, e concomitantemente com os alemães contra a Rússia. Na liderança da divisões Polacas e tendo obtido um tipo de independência da Rússia com o tratado de paz com a Alemanha, decidiu atacar a Rússia para construir a "Grande Polônia". Quando os Russos aparentavam fraqueza, com as divisões polacas desferiu um ataque em abril de 1920 levando-a a ocupar Kiev. Trockij e Kamenev reuniram o exército russo disponível, cerca de 200.000 homens e se dirigiu à Ucrânia. O ataque aos católicos Polacos teve início em 26 de maio de 1920, e os ocupantes polacos foram forçados a recuar em 400 quilômetros voltando ao território polaco. Quando os russos estavam prestes a entrar em Varsóvia, uma resistência desesperada dos polacos, com o apoio dos franceses, para afastarem os russos até à futura fronteira entre a Polônia e a União Soviética.

Vasile Balabanov era o ditador de Alash, o atual Cazaquistão. A região foi libertada pelos russos em agosto de 1920 e, os Russos, conseguiram se juntar aos bolchevistas do Turquestão. O emirado (muçulmano) de Bakura em a ser libertado em 2 de setembro de 1920.

No ocidente, a Estônia e a Letônia firmaram paz com a Rússia, garantindo-se a independência.

Um discurso à parte deve ser feito no que se refere à invasão japonesa na Rússia oriental. A invasão japonesa começou em 3 de agosto. Os japoneses ocuparam Vladivostok com a infantaria. Inicialmente, uma divisão que foi acompanhada por uma segunda divisão. O general japonês Otani dispunha de um exército para a ocupação do território russo de 70.000 homens. Os japoneses não chegaram jamais além do lago Bajkal, controlaram as ferrovias e as vias de comunicação. Os japoneses armaram e financiaram os cossacos que atuavam contra os Russos. Tanto o general Gregorij Semenov líder "atamano", dos cossacos do Transbajkal, quanto o general Ivan Kalmykov dos cossacos do rio Ussuri. Ivan Kalmykov foi premiado pelos seus serviços no combate contra os bolchevistas e agraciado pela Ordem de São Jorge 4^classe. Fez velozmente carreira e aos 30 de janeiro de 1920 era líder das forças dos Hussardos. Ivan Kalmykov torna-se afamado pela quantidade de assaltos, estupros, homicídios e saques sistemáticos que colocava em prática. Terminou os seus dias no ano de 1920 como prisioneiro dos chineses, porque fugiu para a China ao se ver diante das armadas russas.

Grigorij Michajlovic Semenov, no comando de quadrilhas de cossacos, aliou-se aos ocupantes japoneses e combateu na Mongólia com um outro aliado dos japoneses, Roman von Ungern-Sternberg. Com o apoio do Japão formou um Estado fantoche de Transbaikalia. Quando ele foi derrotado pelos russos então se refugiou no Japão, e durante a segunda guerra mundial atuou como espião japonês na China. No final da segunda Guerra Mundial quando os russos invadiram a Manchúria, ele foi preso, levado a Moscou e enforcado.

O invasor Japonês provou ser economicamente desvantajoso e aos 20 de outubro de 1922, antes que as armadas russas chegassem, os japoneses se retiraram.

Em 23 de outubro de 1921 o exército russo conseguiu vencer os turcos e as resistências étnicas na zona caucásica. Assim assinou-se a paz com a Turquia.

Em 1920, na região central de Tambov, Aleksandr Antonove e Petr Tokmakov tencionavam tirar proveito dos problemas russos, então juntaram um exército de 40.000 homens, formando um exército que foi chamado de "armada verde". Não se sabe exatamente o que eles queriam, além de melhorar as suas condições econômicas com o desastre da guerra. Como os marinheiros da base naval de Kronstadt que, desesperados com a guerra, se amotinaram pedindo melhoramentos nas suas condições de vida. Os russos com Michail Tuchacevskij venceram a armada verde. Sempre com o general Tuchacevskij, os russos atacaram a ilha-fortaleza de Kronstadt onde 10.000 marinheiros amotinados eram confinados por ordens de Stepan Petricenko. Sabe-se que dois mil revoltosos morreram e outros tantos foram fuzilados como desertores, mas não se sabe quantos russos morreram para reprimir a revolta. Stepan Petricenko fugiu para a Finlândia que o devolveu aos russos em 1940. Aprisionado, ele morreu na prisão em 1947.

As guerras dos cristãos trouxeram entre 4 e 11 milhões de mortos. Foram os cristãos os responsáveis pelo genocídio porque eram os cristãos que queriam restabelecer os privilégios dos nobres, a discriminação entre os homens, a servidão e a escravidão elevada à lei. Se aos bolcheviques pode-se imputar o fato de terem combatido para a igualdade entre os homens, para a paridade de homem e mulher, pelo direito ao estudo, pelo direito de expressão, temos que aos cristãos czaristas se deve imputar a vontade de submeter o homem e de desejar vê-lo reduzido à escravidão. Uma vontade expressa também pelas potências ocupantes, que temiam que os princípios de igualdade social e do direito do homem fossem reivindicados inclusive pelos seus operários e agricultores.

A Rússia estava claramente destruída. As crises econômicas que se apresentavam com o czarismo em cada ano ou dois anos, com a economia de guerra que os bolchevistas foram forçados a impor para enfrentar as agressões imperialistas e cristãs, combinadas com as devastações provocadas pelos cristãos czaristas, a situação econômica na Rússia passou a ser dramática. Uma guerra foi superada, mas o país ficou semidestruído.

Em 1921 Lenin lança a Nova Política Econômica para sair da economia de guerra.

A NEP (Nova Política Econômica) conseguiu levantar a economia soviética depois da guerra, com os cristãos czaristas, e com as forças ocupantes. Aumentou enormemente a produção agrícola e diminuiu a crise econômica. Deu início a uma concorrência entre as indústrias e impôs às indústrias o conceito de autossuficiência. Os agricultores puderam vender os seus produtos no mercado livre. Nasceu uma nova classe de pessoas que se enriqueceram ditas "os homens da Nep".

Enriqueceram, mas não tinham nenhum direito político porque, segundo a constituição, não eram considerados trabalhadores.

Lenin considerava esta solução um passo atrás no que diz respeito ao socialismo, mas um passo necessário dadas as condições econômicas e tendo em conta as pessoas que, segundo ele, ainda não estavam maduras para o socialismo. A NEP resolveu os problemas econômicos da União Soviética e permaneceu em vigor até 1928.

Procedeu-se, em 1922, à apreensão dos objetos preciosos que pertenciam ao clero, e os episódios de violência continuaram por parte dos padres ortodoxos e os tribunais socialistas decretaram o fuzilamento para vinte e oito bispos e 1215 padres. À pena de detenção foram condenados cerca de 100 bispos dez mil padres que se alinharam com as armadas brancas, responsáveis de terem deixado com fome a população. Em 25 de maio de 1922 Lenin é afetado por um ictus que lhe paralisará todo o lado direito do corpo. Em dezembro o Partido Comunista da União Soviética é constituído e Stalin é nomeado secretário.

A partir de março de 1923 Lenin não estava mais em condições de falar e morreu em 21 de janeiro de 1924.

Marghera, 02 de novembro de 2018

 

 

A tradução foi publicada 16.11.2021

Aqui você pode encontrar a versão original em italiano

 

 

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