Marco Ezechia Lombroso, dito Cesare, nasce em Verona aos 6 de novembro de 1835 e morrerá aos 19 de outubro de 1909.
O pai era Aronne e a mãe Zefora Levi, eram de origem hebraica e de tradição sefardita rigorosamente devotos, e Cesare Lombroso cresceu num clima de fanatismo religioso integralista convencido de que o mundo fosse criado por Deus, e que Deus fosse o criador do destino do homem. Do momento que tentou rebelar-se contra o fanatismo familiar, organizou a sua vida para transmitir o mesmo fanatismo num tipo de "ateísmo" que transferia o determinismo do Deus patrão dos hebreus, ao "Deus patrão natureza" capaz de determinar o homem criminoso e, assim, ele estava convencido de que tal determinação pudesse ser verificada na estrutura anatômica dos indivíduos.
Cesare Lombroso passou toda a sua vida difamando e criminalizando os indivíduos partindo da fisionomia deles.
Este seu modo de pensar, outra coisa não é senão o conceito cristão pelo qual o homem é malvado por si mesmo, manteve-se em todo o sistema jurídico ocidental e italiano. Uma parte da ciência busca, de todos os modos, legitimar este modo de abordar as contradições sociais. Transformam os problemas sociais em crimes e torturam os cidadãos. Se antes era o formato do crânio, depois foi o DNA e o "genes criminoso", ou o demônio, ou a maldade intrínseca.
Para Lombroso a única aproximação ao crime, útil, era o manicômio, a cadeia e o fuzilamento. Só que por crimes ele tencionava explanar somente o que lhe era cômodo, desde que ele se elevasse ao posto do Deus patrão hebreu, juiz dos homens e com o direito de matá-los (interná-los, puni-los, etc. vocês que fazem).
A família judia por parte do seu pai era proveniente da Espanha, havia se fixado na Tunísia, e depois da Tunísia chegou à Toscana primeiramente, e posteriormente à Veneza para residir, enfim, em Verona. A sua mãe era proveniente da comunidade hebraica do Piemonte. Isto determina o ambiente cultural no qual Cesare Lombroso cresceu. os modelos com os quais se identificava e a qualidade da divulgação das suas emoções.
Cesare Lombroso escreve em "O homem delinquente":
"É-lhe, para dizê-lo com Sergi, que a moral verdadeira é instintiva; sentimento moral é como o sentimento de piedade, que não forma nenhuma educação, embora haja insensibilidade nativa."
p. 1636
Basicamente, não tem importância com qual nome tu chamas a educação hebraica sofrida e, tampouco é importante, a forma e a substância que atribuis à `ideia de submissão a um absoluto; muda também o nome, não chamas a ti de hebreu, chama-te ateu, mas sempre haverá um absoluto ao qual pedes deferência.
Em 1850 Cesare Lombroso abandona as escolas públicas e começa a frequentar as escolas particulares.
Em 1853 Lombroso se inscreve perante a faculdade de medicina da universidade de Pavia.
Em 1858 Cesare Lombroso alcança o doutorado em Pavia. A tese é um estudo acerca do cretinismo, na Lombardia.
Em 1859, com a explosão da segunda guerra da independência, Cesare Lombroso vai a Piemonte e se alista como médico militar.
Terminados os estudos universitários, em 1862 ele participou como médico psiquiatra na repressão piemontesa às rebeliões populares no sul da Itália, sem jamais analisar as causas sociais, mas dando ênfase à malvadeza racial que induzia àqueles comportamentos de rebelião.
Em 1862 em Pavia ele desenvolveu pesquisas sobre o cretinismo e a pelagra mantendo um curso gratuito, a partir de 6 de dezembro desse ano.
Em 1866 Cesare Lombroso se alista na guerra contra a Áustria que levará à incorporação do Vêneto à Itália.
Aos 10 de abril de 1870, após ter peregrinado entre cassinos e bordéis (depois veremos como ele considera as prostitutas que saíam com criminosos), Lombroso se casa com Nina de Benedetti de religião hebraica e filha de comerciantes de tecidos de Alexandria. A cerimônia é realizada em Alexandria, com rito hebraico, acompanhado pela formalidade civil.
Em 1870 Lombroso inicia a elaborar a sua teoria sobre "atavismo criminoso".
O que é a "teoria lombrosiana do atavismo"? É a "teoria" através da qual Lombroso pode criminalizar os pobres, por serem pobres, e ainda justificando cada ação criminosa Institucional contra eles.
Experimentemos ler essa teoria do "O homem delinquente - quinta edição 1897.
Lombroso escreve:
Atavismo no delito - É a detenção do desenvolvimento, ao
mesmo tempo que a doença se concilia com esse atavismo que vimos ser
tão predominante. O atavismo, por conseguinte, permanece, não
obstante, juntamente quero dizer, com a doença, uma das mais
constantes características dos delinquentes-natos. Quem seguiu o
primeiro volume desta obra pôde se convencer de como muitas das
características, que os homens selvagens apresentam, e inclusive essas
pessoas as utilizam. Tais características seriam, por exemplos, a
escassez dos pelos, a testa estreita, recuada, os seios paranasais frontais
muito desenvolvidos, o aumento das suturas (nota deste tradutor:
articulações dos ossos do crânio durante o crescimento)
médio-frontais, da fossa occipital mediana, os ossos wormianos, o tipo
dos ossos parietais, as cranioestenoses prematuras (nota deste tradutor:
deformidades do crânio prematuras), especialmente frontais, a
saliência da linha temporal acentuada, a simplicidade das suturas, a
ocorrência de maiores apófises temporais do frontal, o volume
maior do cerebelo, o vermis cerebelar de modo especial, a superficialidade
do gyrus cuneus, como nos primatas, a independência perpendicular do
sulco calcarino, o opérculo do lobo occipital (V. p. 192 e seguintes),
as projeções ósseas anteriores maiores e a espessura maior
dos ossos cranianos que, tem enorme desenvolvimento das mandíbulas e
dos ossos zigomáticos, a incisão nasal de conformação
em ducha. a ocorrência do orifício oleocrânio, do vermis
cerebelar, as vértebras e nervuras a mais, o prognatismo (nota deste
tradutor: é o crescimento para a frente do maxilar inferior em
relação ao maxilar superior), a obliquidade e a maior capacidade
das órbitas, a área maior do orifício occipital, o
predomínio da face em relação ao crânio,
simultaneamente o predomínio dos sentidos sobre a inteligência; o
mais numeroso, cabeleiras negras e encaracoladas, as orelhas em abano, ou
volumosas, cabelos brancos precoces escassos (menor que for a
canície), a falta de barba nos homens, os pelos na fronte, crescentes
risadas acentuadas, a sensibilidade muito menor (o que explica um peso
maior e a longevidade maior), a reação vascular escassa, a
precocidade que se encontra entre as características essenciais do
selvagem, a analogia maior dos dois sexos, e a maior uniformidade
fisionômica, o canhoto, a correção menor da mulher, a pouca
sensibilidade à dor, a insensibilidade moral e afetiva completa, a
preguiça, a ausência de qualquer remorso, a imprevidência,
que às vezes aparenta ser coragem, e a coragem que se alterna com a
covardia, a vaidade grande, a paixão do sangue, pelos jogos, os
alcoólicos, ou os seus sucedâneos, tanto as paixões fugazes
como violentas, a facilidade para a superstição, a
suscetibilidade exagerada ao próprio Eu e até o conceito
referente à divindade e à moral. As analogias chegam até aos
mínimos detalhes, que mal seriam previstos, como, por exemplo, o uso
dos hieróglifos da pictografia, o abuso nos gestos, a abundância
das metáforas e das onomatopeias, os automatismos falta de vontade
própria), as alusões obscenas, os desvios etimológicos, as
personificações de coisas inanimadas que são notadas na
linguagem, as leis improvisadas no interior das associações, a
influência toda pessoal dos chefes (Tacito, Germ., VII), o hábito
pela tatuagem, a literatura especial idêntica, que lembra aquela dos
tempos heroicos, como as denominava Vico, na qual se cantava louvores ao
delito, e o pensamento se inclinava a se vestir, preferivelmente, da forma
rítmica e rimada (Consulte Homem de Gênio, VI ed.) (continua)
Argumenta-se também daquele que não entendeu bem o nosso
conceito, como a loucura moral, que seja um sintoma que sobrevém quase
em toda alienação e que, portanto, não é uma
doença em si, uma entidade clínica; mas além desta
objeção é removida de muitas características novas
encontradas por nós, que fixam o quadro clínico na bem conhecida
estrutura da epilepsia, não é raro o caso, inclusive em
psiquiatria, que fenômenos que constituem um sintoma ou um resultado
de algumas formas constituam, por sua vez, em uma dada condição,
uma espécie à parte de doenças mentais, por ex., a
demência aguda, a paralisia geral. E também as
variações contraditórias individuais desaparecem nos poucos
casos em que se consegue estudar a loucura em vários ramos de um mesmo
tronco, como em dois ou três irmãos; em que a ausência
completa de um fenômeno, em um, é incorporada no outro pelo seu
excesso. Assim, em dois loucos morais, filhos de uma sifilítica
restabelecida e de um bêbado, não encontrou uma
contradição singular, que um tenha tido vertigens, não teve
grande precocidade sexual e apresentou uma tendência estranha à
vagabundagem tal, ao ponto de não poder estar parado em um local;
religiosidade de garoto para que se encontrasse sempre na igreja, e
meningite quando criança; o outro teve verdadeira vertigem em grandes
intervalos, paixão estranha pelos animais até o ponto do coito,
exagero na atividade muscular, amedrontamento até chegar ao medo de
pinturas nos quadros, antítese à vagabundagem, terror em
mover-se; irritabilidade estranha; homicídio então,
completando-se, os dois tiveram danos do tipo epilepsia psíquica. A
multiplicidade e diversidade das formas, deste modo no gênio como no
delito, se justifica e se esclarece com a grande multiplicidade e relativa
independência dos centros corticais. No restante, a identidade de
origem e de natureza não exclui a diversidade de forma: caso
contrário não haveria razão de problemática.
Ninguém pretende que o gelo seja água e o diamante carbono,
apesar disso estes, enfim, não variam na composição.
Aplicações do atavismo - Este atavismo explica a índole e a
difusão enorme de alguns delitos. Assim, jamais seriam explicados a
pederastia, o infanticídio, que pega associações inteiras
senão recordemos as épocas do Romanos, dos Gregos, dos Chineses,
dos taizanes, nos quais não somente não eram considerados
delitos, mas antes às vezes considerados um costume nacional; e eis
talvez vista uma explicação de se associarem, com
frequência, pelas preferências estéticas (Vide p. 517) dos
pederastas exatamente como era nos Gregos antigos, principalmente se for
recordado com o Sergi (1) que vos deixou uma estratificação na
hereditariedade, especialmente criminosa, que é propensa a se
reproduzir não somente nos instintos do homem pré-histórico,
mas também do medieval: e deste modo, se entenderia, por exemplo, os
delitos recentes dos antissemitas e as contendas na torre do sino, por
hereditariedade dos ódios nascidos na idade média e, assim, as
tendências ao duelo irrefreáveis. Impulsionando as analogias no
atavismo em direção mais remota, além da raça humana,
podemos esclarecer qualquer outra semelhança no mundo criminoso, que
lembraria, isoladamente, ser inexplicável também ao psiquiatra,
por ex., a frequência da soldadura do atlante com o occipital, a
saliência do canino, achatamento do palato, a concavidade da
apófise basilar, a frequência da fossa occipital mediana e o seu
desenvolvimento extraordinário, precisamente como nos lêmures e
nos rosicchianti (?)! A persistência da penugem sobre o rosto, as
detenções do desenvolvimento cerebral, como a formação
de um opérculo do lobo occipital, a abertura da fosseta do Silvio, a
separação da fissura calcarina do occipital, a hipertrofia do
uermis, ou de todo o cerebelo, ou a forma do lobo mediano, igual
àquela dos mamíferos inferiores, a tendência ao canibalismo
também sem paixão de vingança, e mais ainda aquela tipo de
ferocidade sanguinária misturada à libido, que se manifestaram o
Gille, o Verzeni, o Garayo, o Legier, o Bertrand. o Artusio, o marquês
de Sade, nos quais o atavismo era (rumores) quase sempre o favorito da
epilepsia, da idiotice ou da paralisia geral, mas que sempre recordam o
tempo, no qual o acoplamento do homem igual ao dos brutos era precedido e
associado às lutas ferozes e sanguinárias. tanto para domar a
recusa da fêmea, quanto para vencer os rivais no amor. Em muitas
tribos da Austrália é hábito o amante esperar, em emboscada,
a esposa atrás dos arbustos, até fazê-la cair com um golpe
de clava, e assim deixada inconsciente transportava-a à casa conjugal.
Destes costumes ficou um vestígio nos ritos nupciais em muitos dos
nossos vales e na festa horrível do Jagraate e nos bacanais romanos,
onde quem, inclusive macho, resistia ao estupro, era cortado em
pedaços tão pequenos de não poder reanimar o cadáver
(Tito Lívio, XXXIX, cap. VIII - E restou um vestígio, todavia,
latente entre nós. O primeiro e grande narrador da natureza, Lucrezio,
havia observado que também nos casos ordinários de cópula
pode-se ficar surpreso com um germe de ferocidade contra a mulher, que
impulsiona a ferir tudo o que se opõe à nossa
satisfação. (continua)
Conheço um poeta distinto que apenas vê um bezerro ser alvejado
ou somente penduradas as carnes ensanguentadas, é tomado pela libido;
e um outro que consegue a ejaculação somente estrangulando um
frango ou um pombinho - Mantegazza ouviu um amigo confessar-se,
encontrando-se a matar vários frangos, e que após o primeiro
abate ele experimentava uma alegria bárbara, tocando avidamente as
vísceras quentes e fumegantes, e que no meio desse furor havia sido
tomado por um excesso de libido (Fisiologia do prazer, Milão 1870).
Estes fatos nos provam claramente, que os crimes mais horrendos, mais
desumanos, também têm um ponto de partida fisiológico, de
atavismo nestes instintos animalescos, que mantidos, por um certo tempo no
homem de educação, no seu ambiente, pelo terror da
punição, estão repletos, de repente, sob o influxo de dadas
circunstâncias, como a doença, os meteoros, a imitação,
a embriaguez espermática, produto da excessiva continência, assim
que sempre se notam na mera idade da puberdade, na paralisia, ou em
indivíduos selvagens ou forçados a uma vida de celibato ou
solitária, padres, pastores, soldados. Sabendo-se que em algumas
condições mórbidas, como os traumas na cabeça, as
meningites, o alcoolismo e outras intoxicações crônicas, ou
certas condições fisiológicas, como puerpério,
senilidade, podem provocar a parada do desenvolvimento dos centros nervosos
e, portanto, as regressões de atavismo, de modo que compreendemos como
devem facilitar a tendência aos delitos.
Sabendo-se como é pouca a distância entre os delinquentes e o
vulgar não educado e o selvagem, e que às vezes desaparece
totalmente essa distância, compreendemos porque homens, entre as
pessoas comuns, mesmo que não sejam imorais, têm pelo réu
como a si próprios, com frequência, uma verdadeira
predileção para ser uma espécie de herói e chegam
até a adorá-lo depois de morto, e para que os presidiários,
por sua vez, se misturem facilmente com os selvagens, adotando todos os
seus costumes, não excluo o canibalismo (Bouvier, Voyage à
Guyane, 1866), como acontece na Austrália e na Guiana. Observando como
as nossas crianças, antes da educação, ignoram a
distinção entre o vício e a virtude, roubam, lutam, mentem
sem a menor consideração, esclarecemos como grande parte dos
filhos abandonados, órfãos e vulneráveis, se entregam ao
mal, explicamos a grande precocidade do delito; compreendemos como o
caráter mais odioso do réu e do louco moral, a malvadeza sem uma
causa, a desonestidade, o brutal, malevolência, é uma
continuação da época da infância, um estado de
infância prolongada: e como a loucura moral, assim como a
delinquência, podem ainda manifestar-se pelo só fato de uma
educação desonesta não colocar freio, mas ainda se conectar
com as tendências maldosas congênitas. "(Vide Parte I,
páginas 133 e seguintes).
Da pag. 742 a pág. 747
Se do ponto de vista do homem a teoria do atavismo de Lombroso é um insulto às pessoas, na sua tentativa desesperada para criminalizar a qualquer custo, do ponto de vista ideológico não é muito diferente da teoria dos arquétipos de Jung.
Tratam-se de teorias criacionistas justificadas pelas teorias evolucionistas darwinianas mal digeridas ou, se desejarmos, inclinadas às ideias que estes personagens formaram durante as horas de catecismo cristão ou catecismo hebraico.
Não há o que comentar sobre a "teoria do atavismo de Lombroso". Ela constitui um ato de terrorismo social, um ato de violência criminosa destinado a coagir os homens a serem infelizes porque, são portadores de taras atávicas, e podem somente morrer, e primeiramente o fazem e primeiramente removem o embaraço da existência deles na sociedade humana.
É indubitável que qualquer um, ocasionalmente, fornece explicações funcionais no momento, retira-as fora da naftalina estas "teorias", porque representam uma forma ideológica que justifica a ideologia nazista, pequenas fórmulas elementares com as quais possa "esclarecer" os problemas da realidade, que inevitavelmente é proposta novamente, ciclicamente, como instrumento de controle e de violência sobres os Seres Humanos.
Aos 14 de março de 1871 nasce a sua filha Paola Mazzola Lombroso e, em seguida, nascem os outros filhos de Cesare Lombroso; Gina em 1872, Arnaldo em 1874, Leo em 1876 e Ugo em 1877.
Em 1871 Lombroso é chamado ao hospital psiquiátrico San Benedetto em Pésaro. O manicômio de Pésaro torna-se o brinquedo de Cesare Lombroso.
As pessoas encarceradas tornaram-se o seu gado privado.
A filha Gina escreve:
"Em Pésaro, Lombroso encontrou um caso único na sua vida científica, disponíveis e ao seu alcance os materiais e os homens que podiam ajudá-lo; imediatamente foi-lhe concedido visitar à vontade os encarcerados fechados na casa de banho penal local, de avaliá-los, interrogá-los, fotografá-los, o Manicômio de Pésaro foi num instante transformado em um laboratório maravilhoso de psiquiatria e de antropologia criminal".
(citação encontrada na web)
Em Pésaro, usando os homens reduzidos a gado, Lombroso começa a buscar provas para validar as suas teorias acerca do "criminoso por nascimento". Ele passa como um rolo compressor sobre a psique e sobre os desejos das pessoas, avalia os crânios, os ossos, o tipo dos cabelos, para identificar a "raça dos delinquentes".
Uma raça de delinquentes que são identificáveis desde a infância porque, segundo Cesare Lombroso, já nascem delinquentes.
Cesare Lombroso escreve a respeito dos rapazes:
"Uma vez que a moral louca e as tendências criminosas são
fundidas indissoluvelmente, então explica-se porque quase todos os
grandes delinquentes começaram a manifestar as suas tendências
perversas, desde a primeira infância.
A Lafarge estrangulava os frangos desde pequenos com um prazer enorme; e
Feuerbach narra sobre um parricida, que desfrutava em fazer girar os
frangos ao seu redor após tê-los cegados.
Dumbey aos 7 anos e meio era ladrão.
O bandido B aos 9 anos de idade era ladrão e estuprador. Cartouche aos
11 anos era ladrão. Crocco aos 3 anos depenava os pássaros vivos.
Lasagna aos 11 anos pregava as línguas dos bois em bancos. O Locatelli
havia observado que a tendência ao furto se manifestava na mais tenra
idade, começa com pequenas subtrações domésticas e
progride aos poucos. Ao contrário, os assassinos tornam-se tais de
repente e também numa idade muito jovem.
Igualmente Roussel observou na sua grandiosa investigação sobre
os menores de idade, em 1883. no que diz respeito à França, que a
prostituição contém uma grande cota de menores de idade: em
1500, p. ex., cerca de 2582 prostitutas foram presas em 1877. Em Bordeaux
notava-se, ele continua, que se 461 prostituíram-se em
decorrência da miséria, ou por uma corrupção direta
(32) dos familiares, claramente 44 tão-somente pela perversão dos
seus instintos - entre outras a filha de um engenheiro bem como a de um
proprietário rico.
p. 148
Este conceito de ter a ver não com as pessoas, mas com as "bestas", está mesmo para a ideologia hebraica, assumida pelo cristianismo, onde as pessoas são apenas as coparticipantes, as outras pessoas são as "escórias sociais" que devem ser mortas para colocá-las diante do único deus, da única moral, da única verdade de ciência deduzida pelo formato do crânio destas pessoas.
De modo que haviam os loucos, haviam os criminosos e, conforme Lombroso, haviam os homens primitivos. Aqueles que foram expulsos do paraíso terrestre e que não tinham sido elevados à civilidade que reconhecia o único e verdadeiro deus: não é importante se o nome deste deus é o deus dos hebreus ou o deus ciência. O conteúdo ideológico é o mesmo independentemente do nome com o qual é denominado. E é a ideia a guia que está na base das pesquisas de Lombroso, que aprovará cada disparate também para confirmar as suas ideias supersticiosas. Como quando encontrou a "fossa mediana" nos homens estando presente nos primatas e nos gorilas, deu-lhe a ideia de um tipo de primitivismo evolucionista uma vez que Lombroso, como os positivistas, os hebreus e os cristãos, pensava que o homem fosse o sujeito mais evoluído. Portanto, a presença em alguns homens de formas comuns aos primatas demonstravam que estes homens eram primitivos como os macacos. Não pensou, nem ao menos, na antecâmara do cérebro, no seu delírio de onipotência, na medida em que estavam presentes, homens e gorilas, ao mesmo tempo, tratava-se de uma evolução paralela embora com um ancestral comum.
Em 1876, Cesare Lombroso inicia a publicação de "O homem delinquente" que vai ser publicado até a quinta edição em 1897. Lombroso se torna professor de medicina legal e de saneamento público junto à universidade de Turim.
Na tentativa de justificar a sua "teoria do atavismo" sobre as características "selvagens" que se manifestam "no homem delinquente", a obra de Lombroso começa com a difamação de grande parte dos povos que são submetidos à agressão colonialista. Cesare Lombroso, como bom hebreu que age no âmbito cristão, retoma a difamação de cada povo e de cada nação que ele considera "selvagem" em relação a ele que, como um homem civil, se eleva a "Deus".
As afirmações de Cesare Lombroso são afirmações de um covarde, de um fraco, que faz do genocídio o método colonialista numa identificação pessoal e paranoica com o deus patrão hebreu, com o qual ele se identifica. Tal como o Deus patrão hebreu justifica o genocídio da humanidade por meio do dilúvio universal, expondo o fato de que os homens são malvados, do mesmo modo o colonialismo cristão justifica a destruição e a submissão dos povos com a afirmação de que os povos são perversos.
Lombroso escreve:
'O aumento desmesurado da população, em comparação com
os meios naturais de nutrição, constitui um perigo maior e
contínuo da vida selvagem. Disso se explica a moral dos povos
primitivos e a maior parte dos homicídios, que são cometidos
entre eles, não apenas impunemente, mas frequentemente por
obrigação moral e religiosa e também para a glória.
O aborto, que é desconhecido pelos animais na sua forma
voluntária, é comum entre os selvagens, e precisa chegar até
Zend-Avesta para encontrar as primeiras proibições a tal
propósito.
Entre os tasmanianos, as mulheres não querem se tornar mães
senão após muitos anos de matrimônio, para conservar o
frescor das carnes, e portanto tentam ou provocam o aborto com golpes
reproduzidos sobre o ventre.
O aborto é utilizado também na América na baía de
Hudson e na bacia do Orinoco, na Plata, os Paiaguás fazem com que suas
mulheres abortem, depois que elas tiveram dois filhos, e assim também
fazem os Embaiás, seus vizinhos. Entre os Papuas de Andai, as mulheres
morrem jovens por "geralmente fazerem uso do aborto após o primeiro ou
segundo filho".
Mas, é sobretudo nas ilhas, onde as subsistências são mais
escassas, que o homicídio e o aborto são permitidos. Aliás,
na ilha de Formosa, apesar da barbarie dos habitantes ser menor, o aborto
é controlado pela utilidade pública e, portanto, pela moral
pública; de modo que nela as mulheres não podem ter filhos antes
dos 36 anos de idade, e há sacerdotisas específicas, que fazem
abortar, qualquer uma que engravidar antes dessa idade.
Infanticídio - E pelas mesmas causas está entre os selvagens,
de modo altamente mais frequente, o infanticídio; as vítimas
são os filhos nascidos depois do primogênito, o
segundogênito e significativamente em maior número as
fêmeas, em vezes dos machos (Letoumeau, p. 134).
Assim sucede em toda a Melanésia, na Índia, do Ceilão ao
Himalaia, o infanticídio é santificado pela religião,
não somente próximo aos aborígines mais bárbaros, mas
também entre os Rajaputes, classes nobres, que creem ser desonradas se
elas têm uma filha não casada. Os habitantes da ilha Tikopia,
pelo contrário, matam mais os machos do que as fêmeas tendo-se em
vista a poligamia deles.
No Japão e na China, conforme Marco Polo já narrava, o
infanticídio era e é um meio violento de malthusianismo, e
então entre os habitantes das ilhas Sandwich, os Boschimani, os
Ottentotti, os Fidjani, os indígenas da América, tanto que na
ilha de Tahiti não menos de dois terços dos rapazotes, digamos os
missionários, eram assassinados pelos seus genitores; em muitas tribos
do Paraguai as mulheres não alimentam, cada uma, mais que um filho, e
visto que poupavam aquele que elas supunham que deveria ser o último,
acontecia frequentemente que permaneciam sem filhos. (Continua)
Algumas tribos da África com frequência usam seus filhos como
iscas nas armadilhas para os leões, e em certas regiões da
Austrália os matam para deles usar a banha nos anzóis.
As mães Guaranis (narra D'Azara) matam muitas vezes as filhas, as
fêmeas, para tornar mais desejadas as que restam (Viagens na
América, 1935).
Uma outra causa do infanticídio também é a morte da
mãe, porque então muitos selvagens costumam sepultar com ela
também os meninos como, por exemplo, os Tasmanianos,, os Pele-vermelha
e os Esquimós, em decorrência da crença religiosa de que a
mãe do Khillo, isto é a residência dos mortos, solicita seu
filho, e pela impossibilidade de amamentar o menor órfão.
Eles têm também como causa os preconceitos, a aversão por
gêmeos, pela crença de que indicam a prova da infidelidade da
esposa, porque considera-se que um homem não possa ter senão um
filho de cada vez. Isto sucede entre os Tasmanianos, entre os Moxos, os
indígenas Peruanos, entre os Pele-Vermelha. Entre os da tribo Ibo da
África-oriental, os gêmeos são expostos às feras e a
mãe é expulsa da sociedade. Entre os Hotentotes o de pior
conformação é, quase sempre, enterrado vivo com o
consentimento de todo o kraal (pequena aldeia sul-africana). Junto aos
Hindus, a mulher que permanece sem filhos por longo tempo, sacrifica o seu
primogênito à deusa Dourga; e na ilha de Madagascar são
deixados para morrer de inanição ou para que as feras os devorem,
aqueles filhos nascidos nos dias nefastos.
A necessidade às vezes leva ao infanticídio, e Stanley contou que
junto aos Bari, na África, nas carestias frequentes as mães jogam
os filhos no rio, quando não mais podem amamentá-los.
Finalmente, perante os antigos mexicanos, a sociedade dos Ixquimani e a
Tahiti a dos Arreoi, composta pela flor da população, tinham por
preceito o infanticídio; a mulher que tivesse amamentado um filho era
expulsa com o título desonroso de <<transmissora de
filhos>>.
Na Austrália, Grant ouviu dizer que uma selvagem grávida havia
destruído o filho para evitar nutri-lo.
O infanticídio na nova Holanda, constitui regra, quando nascem uma
segunda ou terceira filhas gêmeas, quando a mãe morre. Neste
caso, dizem quem poderia nutri-las? (Hovelaque, Les débris de
l'humanité, 1881)
Nos Assini cada mãe que tem nove filhos vivos, é obrigada a matar
o 10°, pelo que se entende haver uma impossibilidade de mantê-los
(o.c.)
Matança de velhos, mulheres e doentes O abandono e o assassinato
dos impotentes para o trabalho, que víamos entre os animais
também, como consequência do excesso da população,
depois foi conservado por transmissão hereditária, como
obrigação dos filhos ou de pessoas conhecidas, mesmo quando a
necessidade não exigia, e com o consentimento dos próprios
sacrificados.
Fitzroy cita os Tabitianos, que "eles não tinham nenhum escrúpulo
de deixar morrer entre eles aqueles que estavam velhos ou doentes, até
mesmo os seus genitores". Este costume é seguido em toda a
Melanésia: e na Polinésia são expulsos de casa, e por vezes
enterrando-os vivos, também na Nova Caledônia, onde então
são mais frequentemente deixados para morrer por abandono. Assim fazem
os Cafri Maticapi e os Americanos, da baía de Hudson à Terra do
Fogo. (Continua)
No passado os Sioux, os Assiniboini e outras tribos do vale do Missouri,
tinham o costume de abandonar aqueles que, por velhice ou por enfermidade,
não podiam acompanhá-las às caças no campo; da mesma
maneira agiam as tribos setentrionais. Igualmente sucede com muitas tribos
da África e da Oceania. Deste modo entre os Ottentotti, pois assim que
um indivíduo se encontra impossibilitado, pela velhice de trabalhar e
não pode mais, conforme Kolben diz, prestar algum serviço, é
abandonado numa tenda solitária, longe da kraal, com uma pequena
provisão de mantimentos, até que morra de fome ou sob as garras
das feras.
Na Nova Caledônia as próprias vítimas encaram a coisa como
natural e elas mesmas pedem a morte, dirigem-se ao fosso, onde são
arremessadas, após receberem na cabeça um golpe com um
bastão, Nas ilhas Fidji esse hábito era muito mais generalizado,
e consagrado, em decorrência da crença religiosa de que
chegava-se à vida futura no estado idêntico em que fora
abandonado neste mundo.
O missionário Hunt, havia sido solicitado por um jovem para assistir
aos funerais da sua mãe, o missionário aceitou o convite, mas,
quando compareceu ao cortejo fúnebre ficou espantado por não ver
o cadáver: ao perguntar ao jovem qual era o motivo de não ver o
cadáver, o jovem selvagem mostrou-lhe a sua mãe que caminhava
junto às outras pessoas, ela estava alegre como qualquer outra pessoa
presente. Ele acrescentou <<que agia de tal modo pelo seu amor, e que
pelo mesmo amor a teria em breve soterrada, portanto cabia a eles o dever
muito sagrado... A mãe deles estava com eles, filhos dela: deviam,
portanto, levá-la à morte>>. O capitão Wilkes não
viu em uma cidade, com centenas de habitantes variados, um só homem
que ultrapassasse a idade de quarenta anos; ele então perguntou onde
estavam os velhos, responderam-lhe que estavam soterrados depois de terem
sido mortos. Assim fazem os Esquimós, os koriak, os Tshuthski e
Kamtschadali.
Os Kamtschadali matam os genitores velhos fazendo com que os cães os
devorem, com a crença de que, deste modo, serão arrastados pelos
cães a uma outra vida excelente.
A matança dos velhos juntou-se também dentro de algumas tribos ao
canibalismo, do qual falaremos mais adiante.
Os Itonamos da América meridional estrangulam os seus doentes. Os
Tibetanos, embora respeitam os genitores, deixam os seus doentes morrerem
no abandono, especialmente se infectados por doença contagiosa. Os
selvagens da Terra do Fogo, impelidos pela carestia, matam não só
os seus genitores velhos indistintamente, mas também as mulheres
velhas, que eles consideram menos úteis dos animais domésticos.
Devem manter a cabeça sobre a fumaça de um fogo ateado em lenha
verde, depois as estrangulam e as devoram. Interrogados sobre o por
quê não comiam pelo contrário os seus cães, responderam
"o cão pega iappo", ou seja a lontra. Entre os índios da
Califórnia setentrional não é considerado justo dar pancada
nas mulheres, mas os homens "reservam-se o direito de matá-las quando
estão cansados delas". Assim fazem os Australianos , entre os quais,
conforme nos diz Olfield, poucas mulheres são muito afortunadas em
morrerem de morte natural: " são mortas, geralmente, antes que fiquem
velhas e magras, para não se desperdiçar muito alimentos bons".
Além disso, o uso de matar os velhos e os enfermos não é
exclusivo somente aos selvagens, mas foi praticado também na Europa,
antes que as ideias morais e jurídicas tivessem atingido o grau de
evolução dos últimos séculos. Assim, Heródoto
conta que o povo nômade Massageti matavam os seus velhos. Eliano
afirma-o dos hiperbóreos; Platão afirma-o de um povo da Sardenha:
Strabone dos habitantes da antiga Bactriana, que criavam cães com o
escopo de devorarem os velhos e os enfermos; Svetonio fala dos Romanos que
expunham os seus escravos doentes numa ilha do Rio Tibre (Tevere, em
italiano); os Espartanos expunham os seus filhos deformados; uma
tradição antiga escandinava conta sobre guerreiros doentes que se
precipitavam do Atternis-stapi ou rocha da família, e na Suécia
foram conservadas até 1600 as grandes clavas, denominadas Atta-klubbor
(clavas de família), com as quais os velhos e os incuráveis eram
antigamente mortos com solenidade pelos seus parentes (Letourneau, 143).
p. 81 - 86
É a técnica dos missionários cristãos na concepção de Agostinho de Hipona e de Orósio: difamar os indefesos para trucidá-los mais facilmente.
Esta difamação era rotineira. Geralmente construída pelos cristãos para justificar à pátria os genocídios colonialistas. E é com a difamação transformada em "característica atávica" existente nas populações, ainda em vigor, que tem início a "teoria do atavismo" de Cesare Lombroso. Como para a espiritualista Eusápia Palladino, Cesare Lombroso não somente dispunha de qualquer coisa, mas também a usava de maneira maldosa e perversa para fazer mal às pessoas.
Em 1888 Cesare Lombroso publica "Troppo presto" (Demasiado cedo) e ocupa-se com o novo código penal publicando "Os palimpsestos do cárcere".
Em 1893 Cesare Lombroso publica "A mulher delinquente, a prostituta e a mulher normal. Cesare Lombroso se inscreve junto à secção de Turim do Partido socialista. E, o socialista Crispi, aliando-se aos proprietários rurais sicilianos, sufoca as rebeliões dos agricultores, os Fasci Sicilianos. para favorecerem os latifundiários. Mata os camponeses em Giardinello, 11 mortos, mata também 11 em Monreale, em Lecara Friddi; 8 mortos em Pietraperzia, 20 mortos em Gibellina, 18 mortos em Marineo, havendo outros mortos em Belmonte Mezzagno; em santa Caterina Villermosa foram 13 os mortos. Prisões em massa foram efetuadas, 1000 pessoas foram enviadas para confinamento e todas as liberdades individuais foram suspensas. Crispi matará o futuro da Sicília condenando-a à vida de colônia. Mas, isto dá prazer a Lombroso. Massacrar os camponeses não é um comportamento de delinquente. Os delinquentes são os camponeses que solicitam melhores condições de vida.
Ao que se refere à "mulher delinquente", as ideias de Cesare Lombroso estão suficientemente cristalinas conforme manifestadas no "Homem delinquente".
Vale a pena ler algumas páginas.
A participação mínima da mulher em "assaltos", no
assassinato, homicídio e ferimentos, é devida à própria
natureza da constituição feminina: o imaginar um assassinato, a
sua preparação, a atuação requerem, ao menos em um
grande número de casos, não apenas a força física, mas
uma certa força e complicação das funções
intelectuais, antes mais estas do que aquela. E um tal nível de
desenvolvimento físico-mental é, via de regra, deficiente - em
comparação com o homem - na mulher. Parece-nos que ao invés
os delitos em relação ao homem, mais frequentes na mulher,
são aqueles que requerem força física e intelectual menores,
e isto vale sobretudo para as receptações, para os
envenenamentos, para os abortos e infanticídios, E, digo força
intelectual e não cultura, enquanto que é notório que os
envenenamentos são cometidos com frequência também por
pessoas cultas.
Quetelet já tinha observado que estas diferenças dependem
consideravelmente não de uma amplitude menor de ânimo, da vida
mais reservada, a qual apresenta ocasiões menores às
agressões, à falta de pudor; da menor força, por isso menos
assassinos; de instrução menor menos delitos de imprensa.
De fato, nos delitos domésticos elas se igualam e às vezes
superam os machos. Nos envenenamentos chegam a uma cifra de 91%, e nos
furtos domésticos de 60%, sem mencionar que nos abortos e nos
infanticídios estão para 1250 enquanto 260 para os machos.
Se acrescentarmos que a maior abundância dos delitos dos machos, por
falta de pudor, é mais do que igualada, é superada pelo
meretrício, ao menos diante do psicólogo, e que nos países e
nas épocas de maior civilidade a criminalidade na mulher aumenta, e
por conseguinte, tende a se aproximar do viril, verificamos que as
analogias são muito maiores daquilo que se podia esperar.
Prostituição A escassez das condenações por
ócio, vagabundagem e contravenções deriva de muitas
circunstâncias, entre as quais podemos enumerar a muito menor
tendência ao alcoolismo por parte da mulher, e consequentemente à
serie de males que se seguem; a participação em grau menor ao
comércio; pelo fato de que na idade juvenil as prostitutas aqui
substituem, completa e absolutamente, a criminalidade, praticando a
vadiagem e a ociosidade parte, pode-se dizer, da profissão
ignóbil (1).
Uma vez que, senão diante do jurista, certamente diante da
opinião pública, as prostitutas deveriam incluir-se entre as
pessoas criminosas, e então os jogos entre os dois sexos estariam
empatados, e talvez o sexo fraco teria uma prevalência. Segundo Ryan e
Talbot, em cada 7 mulheres de Londres, e em Hamburgo em cada 9 moças,
se incluiria uma prostituta. - Nós, na Itália, temos 9000
reconhecidas; e 18 nos grandes centros e cerca de 33000 habitantes
(Castiglioni, Sobre a prostituição, Roma, 1871).
E a triste cota se duplicou, se deslocou para alguns países. Em
Berlim, de 600 que haviam em 1845, cresceram para 9653 em 1863. Du Camp
calcula em 120.000 somente as clandestinas de Paris nos últimos anos
(Paris, 1876)
Um egrégio estadista escreveu: "A prostituição é para
as mulheres aquilo que o delito é para os homens". (Corné, Journ,
des économistes, 1868, p. 89). Igualmente vimos reiterar-se aquilo que
foi melhor provar-se, desde Dugdale adere genealogia dos Juke (v.s.).
Também ela é causada pela miséria e péla preguiça;
mas sobretudo a partir do alcoolismo, pela hereditariedade e pela
tendência especial do organismo. E temos visto e veremos sempre mais
como as mesmas características físicas e morais do delinquente
podem ser aplicadas às prostitutas, e quão são
recíprocas e simpáticas entre elas. "Confrontando-se os dados
recolhidos nas obras (Locatelli escreve, p. 178) resultados da minha
experiência, pude convencer-me de que todos os anunciantes
caíram, do maior ao menor, no mesmo erro, atribuindo a causa mais
principal do meretrício o abandono e a miséria em que se
encontram muitas jovenzinhas do proletariado.
"A prostituição, segundo eu, repete a sua origem, de modo
principal, nas tendências viciadas naturais de algumas
individualidades do sexo amável, como a tendência ao furto, etc.,
no sexo masculino; e isto que torna impossível a cura radical. O
defeito da educação, o abandono, a miséria, os exemplos maus
podem ser considerados tudo como causas secundárias como os cuidados
da família e o ístmico podem servir de freio salutar às
tendências ruins.
A tendência ao meretrício - é a falta instintiva do
sentimento do pudor, que com muita frequência se manifesta
contemporaneamente com a falta toda a sensibilidade sexual, desde que
muitas destas infelizes têm um temperamento apático.
"Esta espécie de autômatos em nada se restabelecem, e muito menos
se comovem: nos seus relacionamentos fugazes e múltiplos elas não
demonstram qualquer preferência. Se depois concedem os seus favores a
um amante, assim o fazem não por simpatia, mas por pura
ostentação e para seguirem os seus costumes tradicionais
correspondentes, mostrando-se muitíssimo indiferentes tanto às
homenagens como aos atos do mais brutal desprezo".
Nós vimos, é verdade, que esta apatia é interrompida por
tratos violentos, mas muitíssimo fugazes, mas também nisto muita
semelhança com o delinquente de quem a apatia, a insensibilidade e as
violências, bem como paixões efêmeras e a indolência
são as características predominantes (V. pág. 89. etc.).
Embora também a rigor de leis e de cifras, uma parte das prostitutas
está compreendida entre os delinquentes. Guerry observou que em
Londres as prostitutas até os 30 anos apresentavam um contingente
criminoso de 80%, e após 30 anos de idade cerca de 7%. E exatamente
como a prostituição, assim também a delinquência vai
crescendo na mulher em razão de maior civilidade, e portanto vai
tendendo a equiparar-se ao varão. - Davam as porcentagens de 18,8 em
1834 em Londres para cada 100 machos; 25,7 em 1853; e enquanto na Espanha
diminuem para 11 na França aumentam para 20, na Prússia atingem
os 22; na Inglaterra aos 23. Na Áustria enquanto o total da
criminalidade das mulheres é de 14%, na capital chega a 25, e na
Silésia a 26 (2). Mas, além destes últimos muitos outros e
graves argumentos nos levam a suspeitar que sejam maiores
Mas, além destes últimos, muitos outros e graves argumentos nos
levam a suspeitar de que seja maior, e não aparece nas
estatísticas, a criminalidade das mulheres.
De fato, os delitos aos quais a mulher se entrega mais facilmente, tal como
o auxílio a atos criminosos, aborto, envenenamento, furto
doméstico, estão entre aqueles que com menor facilidade são
revelados ou denunciados. Acrescente-se o fato de que, atualmente, é
notória a intensidade e tenacidade delas para delinquir.
P. 1476 - 1479
As mulheres (nas ideias de Lombroso) não são obrigadas a viver. são perversas, impudicas, desprovidas de moral. Ainda hoje, a prostituição na Itália não é considerada crime; sucede que estas mulheres são perseguidas, arbitrariamente, pela Polícia de Estado, que ao invés de perseguir aqueles que usufruem delas, prefere agredir as mulheres, como se fossem mercadorias, que podem ser colocadas à disposição somente para o prazer, e não pessoas com direitos sociais para serem tutelados.
As ideias de Lombroso constituem um cancro social. Um cancro que mata o progresso da sociedade italiana tendo por base a obediência ao absolutismo. Um absolutismo que Cesare Lombroso favorece, justificando assim, a perseguição aos miseráveis.
Em 1896 Cesare Lombroso deixa o magistério de medicina legal e ingressa no de psiquiatria e clínica psiquiátrica. Ele publica os dois primeiros volumes da quinta edição de "O homem delinquente".
Em 1898 em Turim abre um tipo de museu de psiquiatria, que logo vem a ser denominado de "Antropologia criminal". Neste museu Cesare Lombroso exibe os seus troféus. com frequência subtraídos pela sua violência, pelo furto, e sempre com absoluto desprezo às pessoas. Eu, pessoalmente, fui visitar esse museu. Nele era proibido fotografar porque ninguém deveria documentar o racismo e a delinquência de Cesare Lombroso.
Em 1904 Cesar Lombroso se demite do cargo de vereador em Turim., e se demite do Partido socialista provavelmente posteriormente à primeira greve geral em que os pobres, os doentes mentais foram afetados pelo atavismo e solicitavam por melhores condições de vida. Por quê Lombroso se demite do Partido socialista? Porque o Partido socialista, após centenas de mortos pelas mãos dos assassinos institucionais, decidiu proclamar a greve geral e Cesare Lombroso não suportava que os pobres, definidos por ele como delinquentes, pretendessem obter direitos sociais diante do rei, porquanto ele considerava que o rei era rei por vontade de Deus.
Como os italianos pensavam Lombroso?
Eis uma pergunta que vale a pena ser respondida buscando-a em "O homem delinquente".
Capítulo III
Influência da raça.
Selvagens honestos - Centros criminosos - Raças semíticas*,
*gregas
Na Itália e na França - Índice cefálico, Cor dos
cabelos.
Hebreus - Ciganos
Na Itália tristemente célebres por bandidagem são as
colônias albanesas.
*Centros criminosos*. - Em todas as regiões da Itália, e quase em
cada província, apontam-se alguns vilarejos em que tem-se
administrado, sem interrupção, uma série de delinquentes
especiais; assim na Ligúria, Lerici é notório pelos
embustes, Campofreddo e Masson pelos homicídios; e em Novese, Pozzolo
pelas agressões a mão armada; em Lucchese, Capannori por
assassinatos; em Piemonte, Cardè (naquela de Saluzzo) pelos seus
ladrões campestres e San Giorgio Canavese, Vische, Candia; no
Lodigiano, Sant'Angelo pelos furtos, como outrora Guzzola em Cremonese,
Ponteterra sobre Mantovano, Este, Cavarzere, S. Giovanni Ilarione e
Montagnana no Veneto; o mesmo em Pergola no Pistoiese, de forma que
Pergolino tornou-se sinônimo de ladrão; no Pesarese, San Pietro
em Calibano é famigerado pelos furtos campestres, Sant' Andrea em
Villis e Ferreto por assassínios pelos homens, e em pequenos furtos
pelas mulheres. Na Itália do sul, Sora, Melfi, S. Fele deram sempre
bandidos desde 1660, como Partinico e Monreale na Sicília.
Este predomínio do delito em alguns países certamente depende da
raça, como nos é revelado na história por alguns. De modo
que, Pergola no Pistoiese foi povoada por ciganos, Masson povoada por
assassinos portugueses e Campofreddo por corsários corsos, assim
é que ainda o dialeto é um misto de corso e de lígure.
Mais famigerado de todos é o vilarejo d'Artena na província de
Roma, então pesquisado por Sighele (Arch. de Psich., XI, 1890):
"Situado encima de uma colina, entre um campo verde e risonha com clima
dulcíssimo, esta aldeia onde a miséria é desconhecida,
deveria ser um vilarejo dos mais honestos e dos mais felizes. Ao
contrário, ele tem uma celebridade infame e os seus habitantes
são considerados ladrões nos arredores, os bandidos, os
assassinos.
Esta alcunha não data de ontem: nas crônicas italianas da Idade
Média com frequência é encontrada a citação
d'Artena, e a sua história pode ser revestida por uma série longa
de delitos." Pode-se julgar a gravidade do mal pela tabela estatística
seguinte:
[...tabela extraída...]
"Da qual afigura-se que se distingue por intermédio de um número
de ferimentos, homicídios, e assassinos seis vezes maior da média
na Itália e por um número de assaltos à mão armada
trinta vezes maior da média na Itália. E ainda estas cifras
não fornecem uma ideia da ferocidade e da audácia dos
delinquentes Arteneses.
Para nos apercebermos, seria necessário descrever todos os delitos,
seria necessário ver como se assassina em pleno dia em praça
pública, como se estrangulam as testemunhas que ousam dizer a verdade
aos juízes!... "As causas, segundo o Sighele, seriam o caráter
dos habitantes e a influência exercida pelos Governos interrompidos,
que produziram em outro lugar bandidagem e camorra: a impotência da
autoridade golpeando os culpados com o silêncio das testemunhas,
compre-as ou intimide-as:
mas sobretudo a hereditariedade. Estudando, de fato, os processos
intentados contra os Arteneses desde 1852. Sighele encontrou sempre os
mesmos nomes: o pai, o filho, o neto seguir-se-ão, ficam à
distância como impelidos por uma lei fatal. Montefortino, que é o
nome precedente d'Artena, era celebrado com delitos até 1155. Paolo LV
em 1557 foi levado a banir da vida todos os habitantes, e dar possibilidade
a qualquer um de matá-los e destruir o castelo "a fim de que não
haja mais ser num covil recepcionado por tristes ladrões".
Evidentemente, o predomínio de certos tipos de crimes decorre da
influência da raça em algumas regiões; assim é que no
Mantuano predomina o delito de furtos de frangos, e de incêndio. Em
Údine correr-se-ia o risco de ferimentos decorrentes de assaltos a
mão armada, por um centavo, e é notória também por
espancamentos e ferimentos praticados pelos genitores (28 em um ano) - e,
assim, em Cilento, província de Nápoles, assassinatos com arma de
fogo, em cerca de cada 200 habitantes, a porcentagem de 30% em um ano.
Que a raça entre como fator da maioria da criminalidade dessas
regiões eu suspeitara de tê-lo visto, inclusive em muitos dos
seus habitantes, como em Sant'Angelo, Pozzolo, S. Pietro, numa
dimensão mais alta, que não é vista em regiões
circunvizinhas.
E útil notar, a este propósito, como nessas regiões há,
também, alguns costumes particulares, supersticiosos de modo especial.
Ao mesmo tempo, em Sant'Angelo, o padre é o patrão da região
e há encrenca com quem não tira o chapéu diante dele ou,
aliás, não lhe beija as mãos, e ainda não se ajoelhe
com o toque do sino: primeiramente antes de qualquer mau negócio, os
Santoangelinos vão à missa e as mulheres rogam à Nossa
Senhora para que o assassínio e o furto deveriam ficar impunes. Estas
falam em altas vozes, entre elas, dos seus maridos, os criminosos: mas se
eles são aprisionados elas ficam maravilhadas em acompanhá-los
por quilômetros e quilômetros, com as crianças nos
braços, descabeladas, gritando pela injustiça praticada; e
também elas, por pequenos motivos fazem uso das facas; mas pior fazem
os homens, propensos à vingança por causas pequeníssimas;
por exemplo, dois caminhantes tendo passado, por acaso, no vilarejo, se
recusaram a dar um mossicone (?) a um deles, e esses de repente concordaram
em encerrá-los num cômodo, e assim, tentando fazê-los morrer
de fome.
Quando se pensa que a malandragem na Sicília se concentra quase que
completamente naquele famoso vale Conca d'Oro, onde os predadores da tribo
Berbere e Semi te haviam fornecido as primeiras e mais resistentes moradas,
e onde o tipo anatômico, os costumes, a política e a moral
conservam uma impressão árabe (e são suficientes para provar
isso as descrições de Tommasi crudeli), quando se pensa que nela,
como nas tribos Árabes o furto é o delito mais predileto, fica
fácil persuadir-se que o sangue daquele povo conquistador e predador,
hospitaleiro e cruel, inteligente, mas supersticioso, sempre ambulante e
inquieto, e desdenhoso para a frenagem, deve haver a sua parte para
fomentar as súbitas e implacáveis rebeliões, e para
perpetuar a malandragem, que exatamente como nos primeiros Árabes,
confunde-se não em raras vezes, com a política, e também
fora disto, não suscita a repulsa nem a aversão que só em
povos extremamente menos inteligentes, mas mais ricos de sangue ariano,
também na própria Sicília, por ex., de Catania, Messina.
Vice-versa, deve-se notar a região de Larderello di Volterra, que por
60 anos não registrou um homicídio, nem um furto e nem mesmo uma
contravenção.
Também na França numa série de bairros dispostos nas divisas
das florestas da Thierache, prolongamento daquelas de Ardenne, Fauvell e
(Bulletin de la Société d'anthropologie, 1891) indicou existir
uma raça delinquente. Onde quer que predomina esta raça não
há evidência de rixas violentas senão de todas as
espécies sobre as quais a autoridade judiciária é, na
maioria das vezes, obrigada a fechar os olhos para não congestionar as
prisões. O forasteiro que se arrisca no meio desta população
se expõe aos insultos tanto das mulheres como dos homens. Também
na classe abastada, esta brutalidade frequentemente revela-se debaixo de um
certo verniz civil.
O alcoolismo frequente aumenta esta espécie de barbarie; nota-se
repugnância pelos trabalhos de campo; explora as florestas ou trabalha
na indústria do ferro, mas prefere o contrabando. A dimensão
está um pouco acima da média, tem músculos fortes, maxilares
largos e robustos; nariz reto e as sobrancelhas arqueadas e acentuadas; a
forma pilosa é abundante e muito pigmentada, o que o distingue
imediatamente de uma outra raça de cabelos loiros amarelados,
raça que engloba muitos vilarejos próximos, à qual não
se associa senão raramente.
Estas influências nem sempre podem ser esclarecidas com cifras à
disposição, inclusive pela razão de que quando nos apoiamos
nas estatísticas criminais, nos deparamos com uma série de causas
complexas, que nos impedem extrair uma conclusão segura. Por exemplo,
a mulher na Espanha, Lombardia, Dalmazia, Voivodia, Gorizia, forneceriam o
mínimo de criminalidade, e o máximo na Silésia
austríaca, e nas províncias Bálticas da Rússia
(Messedaglia, ob. cit).
Mas aqui, mais do que a influência da raça, pode mais a dos
costumes; onde as mulheres são treinadas tal como os homens, como na
Silésia, no Báltico, e tomam parte nas lutas viris, nomeadamente
nos dão uma cifra de criminalidade que mais se aproxima do viris.
Pode-se dizer o mesmo da criminalidade maior que se observou nos
adolescentes (e portanto, nos solteiros) nos países germânicos do
império austríaco, especialmente Salzburgo, Áustria, em
comparação com os eslavos e italianos, Gorizia, Tirol, Oarinzia
(Messedaglia, ob. cit).
No império da Áustria, observava o Messedaglia, prevalecer os
crimes por cupidez em Bukovina, Oroazia, Boemia, Hungria (68 a 76%) em
comparação com a Dalmácia, Tirol e Lombardia (32 a 45%).
As grandes lesões corporais atingiram um máximo na Carniola e
Tirol (28 a 21%), um mínimo na Silésia e Moravia (1,36%).
Na Baviera, em conformidade com Oettingen, ter-se-ia um máximo de
furtos (42%) na Baviera Alta, um máximo de lesões corporais na
Baixa (41%), enquanto na Suábia predominam as fraudes e na Pfalz as
rebeliões.
Na França, entre os habitantes de raça pelágica
(Córsega, Marselha) predominaria aqueles contra as pessoas, entre
aqueles da população germânica (Alsácia), delitos de
toda espécie, que escasseariam na zona céltica (Quételet).
Do homicídio de Ferri está nitidamente demonstrada, nas suas
grandes linhas, a influência étnica acerca da
distribuição do homicídio na Europa: víamos que os
Alemães e os Latinos se encontram nos extremos também da
tendência ao homicídio de modo geral, prevalentemente os
homicídios qualificados, com frequência o infanticídio,
como, em sentido inverso se encontram nos extremos da tendência ao
suicídio e também à loucura, mais frequentes junto aos
Alemães do que junto aos Latinos.
Na Itália, salientando, em 1880 - 83, os homicídios não
qualificados [Lombroso denomina-os de simples - nota deste tradutor] (
juntos com os de ferimentos seguidos de morte) e os homicídios
qualificados ( juntos dos assaltos a mão armada seguido do
homicídio ), denunciados nas várias províncias, segundo os
dados colhidos no Movimento da delinquência de 1873 a 1883, Roma,
1886, nós encontramos
[...tabela extraída...]
com predomínio evidente, entre as populações, a raça
semítica (Sicília, Sardenha, Calábria) e Latina (Lácio,
Abruzzi) em comparação com as de raças Germânicas,
Ligúrios, Celtas (Lombardia, Ligúria, Piemonte) e Eslavas
(Veneto).
Além disso, efetivamente, aos elementos étnicos principais
primitivos dos Ligúrios ao Norte, os Úmbrios e Etruscos ao
centro, e os Osci no Sul, além dos Siculi, de origem ligúria, na
Sicília, as estirpes que, mais concorreram para determinar as
características das várias regiões italianas, são
germânicas, celtas e eslavos ao Norte e fenícias, árabe,
albaneses e gregos ao Sul e nas ilhas (Ferri, ob. citada).
É aos elementos africanos e orientais (menos os Gregos), que a
Itália deve, fundamentalmente, a maior frequência de
homicídios na Calábria, Sicília e Sardenha, enquanto a
mínima está onde predominaram estirpes nórdicas (Lombardia):
o que recebe a mais evidente tentativa de um tal refúgio com maior ou
com menor frequência, que são de uma demasiada e singular
coincidência com a especialidade étnica dessas regiões (Id).
Outra evidência: na Toscana com frequência mínima em Siena
(3.9 sobre 100.000 hab) Florença (4.3) e Pisa (6.0) faz contraste a
intensidade próxima de menos do dobro em Massa-Carrara (8.3), Grosseto
(10.2), Lucca (11.9) e tripla em Arezzo (13.4) e sobretudo em Livorno
(14.0).
Agora, além das especiais condições de vida, que existem em
Massa-Carrara para os mineiros e em Grosseto para os da região
costeira tirrena, é inegável (Ferri escreve, ob. cit.) a
influência étnica (1) na Lucchesia, onde a estatura alta e a
dolicocefalia (predominante também em Massa-Carrara) e a maior
tendência à emigração diferenciam o restante do
Toscana: e eu acrescento a influência dos rebeldes Ligúrios
antigos que muitas vezes se ergueram contra o império de Roma, mas
sobretudo é evidente a influência étnica em Livorno, de onde
a origem é notória. Vilarejo pantanoso no século XVI, com
749 habitantes em 1551, foi povoado primeiramente pelos Liburni "povos da
Ilíria, inventores das Prisões liburnas, e insignes piratas, aos
quais se uniram sarracenos, hebreus, marselheses", posteriormente
aventureiros e piratas, inclusive chamados por Medici.
E Livorno, que em 1879-83 forneceu a proporção mais alta em toda
a Itália do total dos crimes denunciados, oferece inclusive, em
comparação com a Toscana, compreendido Arezzo, cifras mais altas
de homicídios qualificados, e de rebeliões bem como de furtos
qualificados. O que não pode ser determinado na sua maioria, pela
grande intensidade visto que esta densidade (355 moradias a cada
quilômetro quadrado) seja igual a Milão (355) e muito maior que
Nápoles (11 49); e não é determinado nem mesmo um maior
aglomerado da população urbana, porque esta em Nápoles
corresponde a 94% da população comunitária, em Milão
é de 92% e em Livorno é somente 1'80%. E todavia as
rebeliões e os furtos qualificados são muito menos frequentes em
Milão e em Nápoles, malgrado os climas diversíssimos, do que
em Livorno (Ferri, o. c.). Um outro contraste acentuado há na parte
meridional da península (Atlante) onde a distribuição, dos
homicídios simples, marca os refúgios de intensidade maior nas
províncias de Campobasso, Avellino, Cosenza e Catanzaro, e os
refúgios de menor frequência nas de Benevento, Salerno, Bari e
Lecce. em comparação às províncias circunvizinhas de
Aquila, Caserta, Potenza, Reggio e sobretudo de Nápoles, onde por
acaso, a potência criminosa do ambiente social deveria ser muito mais
forte (Ferri, o. c.).
Agora é difícil não constatar uma ligação de
causalidade entre a presença das colônias albanesas, como fator
étnico da maior criminalidade de sangue nas províncias de
Cosenza, Catanzaro, Campobasso. Vice-versa a menor intensidade dos
homicídios simples em Reggio e sobretudo nas da Apúlia (Bari e
Lecce) dependem, em grande parte, do elemento grego, se for pensada a
antiga Magna Grécia (que concorre também para explicar a menor
intensidade em Nápoles) e depois àquelas colônias durante a
dominação bizantina e depois às precedentes
imigrações de Japigi-Messapi e "também hoje naquelas
províncias as fisionomias, da maior parte dos nativos, fazem lembrar
deste tipo, do qual transparece a calma mansidão de caráter "
(Nicolucci): à qual é necessário acrescentar a
influência nórdica pela ocupação Normanda.
Depois, conforme a acentuada intensidade menor de homicídios simples
em Benevento e Salerno, não é possível não recordar o
elemento langobardo (nota deste tradutor: povo germânico que colonizou
a Itália no século VI), que então teve um domínio longo
(ducado de Benevento e Salerno), ao ponto de <<poder contrastar em
alguns lugares com capacidade equivalente a dos italianos, e conservar
até hoje alguns dos seus vestígios - estatura alta, cabelos
loiros, etc. - que lhes revelam ainda a potência no meio dos tipos
indígenas da Península>> (Ferri). E a diversa
influência do sangue albanês, helênico e longobardo nestes
oasis da criminalidade, confirma-se com a distribuição do
homicídios, os qualificados, e nos assaltos à mão armada
seguidos pelo homicídio. De fato, menos em Salerno e em Reggio, que
fornecem cifras relativamente mais altas, temos Nápoles, que devido ao
sangue grego, embora o grande amontoado na população e a
miséria, fornece cifras muito baixas, equivalente as de Bari e de
Lecce; permanece a de menor intensidade em Benevento, assim como a maior em
Campobasso e Avellino.
A Sicília também oferece um exemplo evidente da influência
étnica sobre o homicídio.
As províncias orientais de Messina, Catania e Siracusa possuem uma
intensidade de homicídios simples e qualificados (Atlante) muito
inferior às das províncias de Catalnissetta, Girgenti, Trapani e
Palermo.
Atualmente é notório que a Sicília, tão diferente pelas
características da sua população, próxima à
península meridional, em grande parte inclusive pelos muitos elementos
nórdicos (Vândalos, Normandos, Franceses, Flamengos) que a
invadiram e dominaram-na, apresenta nas suas costas orientais uma
predominância de elementos helênicos, dos Magno-gregos em diante,
que é impossível não colocar em relação com a
menor intensidade de homicídios dos que mencionamos a respeito (como
os da Apúlia), e uma prevalência na parte meridional e
setentrional, em vez disso, por elementos sarracenos e albaneses, que
certamente concorrem para determinarem maior intensidade de homicídios
naquelas províncias.
O Reclus escreve: "O assédio em Palermo pelos Normandos (1071) era
comentado em cinco línguas na Sicília; árabe, hebraico,
grego, latim, siciliano vulgar. O árabe prevaleceu como a língua
dominante mesmo sob os normandos. Mais tarde Franceses, Alemães,
Espanhóis, Aragoneses contribuíram para fazer dos Sicilianos um
povo diverso dos vizinhos da Itália para a organização,
costumes, os hábitos, o sentimento nacional. A diferença entre as
populações sicilianas é grandíssima, segundo a
predominância desta ou daquela raça decorrente do cruzamento.
Assim, os habitantes das províncias etnee, que são talvez de
origem helênica mais pura que os próprios gregos, porque não
são mistura com os Eslavos, eles têm uma excelente
reputação de boa graça e de mansidão. Os Palermitanos,
ao contrário, junto a eles o elemento árabe teve maior
influência do que em qualquer outra parte, eles têm no geral
traços graves e costumes diversos. (Ferri, o. c.).
Valeria dizer que estas contradições poderiam depender da
influência das grandes cidades, porque vemos a província de
Palermo inferior nos furtos qualificados (150 para 100.00 hab.) em
relação a de Trapani (168) e Catania (173), e nos outros delitos
em geral contra a propriedade a província de Palermo (243) inferior a
de Catania (248) e Caltanisetta (272).
É-lhe, ao invés, que o sangue sarraceno e albanês como
têm mais tendência aos delitos de sangue, menos propende ao
contrário ao delitos contra a propriedade.
A criminalidade na Sardenha também é característica, seja em
relação com a do continente, e sobretudo na Sicília, seja em
contraste, quase constante, entre o Norte (província de Sassari) e o
Sul (província de Cagliari) na própria ilha.
Etnicamente, a Sardenha se diferencia da Sicília, porque desde a
antiguidade remotíssima e depois nos tempos de Cartago, "os
Fenícios mantiveram na Sardenha o mais vasto império e mais longa
dominação do que na Sicília", marcas "também o
crânio dos hodiernos sardos conserva em parte o antigo tipo do
crânio fenício (dolicocéfalo): e na Sardenha mantiveram
prevalência muito menor os elementos sarracenos, dos quais existem as
duas colônias de Barbaricinos na Barbagia (prov. de Sassari) e dos
Maureddi junto a Iglesias (prov. de Cagliari) (1).
Esta diferença étnica, certamente, concorre para determinar em
média a criminalidade mais insana contra as pessoas na Sicília
(embora a inferioridade das províncias orientais) e vice-versa a maior
delinquência em média contra a propriedade na Sardenha.
Confrontando, por ex., a Sardenha com a Sicília, na Atlante,
vê-se um acentuado contraste das duas ilhas com intensidade dos
homicídios simples que confirma-se, também mais, por ferimentos
voluntários. E se pelos homicídios qualificados a Sicília no
total fornece uma cota assaz menor, para as cifras baixas das
províncias orientais, a cota total, todavia, de todos os delitos
contra as pessoas, compreendidos os homicídios simples e qualificados,
e os assaltos seguidos de homicídios, a cota é muito superior na
Sicília (vide pág. 29).
Vice-versa, nos delitos contra a propriedade, a Sardenha (pela
prevalência do sangue semita) é muito superior à
Sicília, especialmente pelos furtos qualificados, como para os delitos
contra a fé pública, enquanto nos crimes violentos contra a
propriedade, como os assaltos à mão armada, extorsõese
chantagens sem homicídios, a Sicília ocupa uma certa
predominância.
Na Sardenha, em seguimento, a criminalidade está em duas
províncias, a de Sassari e a de Cagliare, num contraste que já se
nota no tipo dos habitantes, como também nas manifestações
da vida econômica-social deles. O norte tem a agricultura e a
indústria mais desenvolvidas, o sul tem as minas próximas a
Cagliare, Iglesias, etc.
Etnicamente, sabe-se que a província de Cagliari é mais
decididamente fenícia, e inclusive que na província de Sassari
também é notável o elemento espanhol (colônia
d'Alghero) e isto, talvez, concorre com as condições
econômicas para determinar a maior frequência dos furtos
qualificados e delitos contra a fé pública na província de
Cagliari e a maior intensidade de homicídios simples e qualificados e
de assaltos com homicídios na província de Sassari (Ferri, o.c.).
Vice-versa o infanticídio totalmente ocasional fornece cifras
inferiores pouco diversas, da média do Reino (11 crimes denunciados
para 1 milhão de habitantes) nas Cortes de apelação de
Palermo (8,9) e de Nápoles (12), que nos assassinatos ao
contrário dão cifras (147 e 61) muito superior à média
italiana (36) nas Cortes de Aquila (19) e Turim (15) o infanticídio
é relativamente muito mais frequente do que assassinato (36 e 7).
Assim o parricídio fornece, em contradição ao assassinato e
ao relacionamento étnico, uma frequência mais alta nas
Côrtes de Aquila, Casale, Veneza e uma menor frequência na de
Palermo e Cagliare. Um outro exemplo acentuado da influência
étnica é oferecido em decorrência da criminalidade na
Córsega, que, como é notório, marca o máximo na
França os delitos de sangue (excetuados o envenenamento e o
infanticídio), enquanto nos furtos, por exemplo, fornece cifras muito
mais baixas'.
p. 1274 - 1284
A legitimidade do racismo para Cesare Lombroso passa por uma sequência de fatos históricos, uma crônica. Estes pedintes que não querem ficar nos seus lugares e que, em vez de obedecer, são corpos desejosos projetados em um espaço e num tempo (em perspectivas) limitado e doloroso. É a raça. Deus os criou. E, assim os criou pobres e desgraçados.. Ou são reduzidos à obediência ou são mortos.
Indivíduos discriminados por Lombroso que ele atesta como sendo "bons" todo delito em relação às pessoas pobres e frágeis, como o estupro de crianças. Basta que não seja levado aos tribunais, que esteja escondido entre as paredes e, então, aquela violência não existe.
É o caso de Dom Bosco, um traficante de carne humana que se satisfazia estuprando meninos. Um escravista ao serviço da indústria e do rei desde que o rei fosse obediente à igreja católica. Não modificava as condições de vida das pessoas, mas usava as pessoas para os seus escopos, separando-as da sociedade.
Que os Institutos Salesianos foram (até hoje, 2018), ou seja centros para o estupro dos rapazes, hoje é algo conhecido por mais que a polícia e a magistratura tenham acobertado a prática dos delitos em nome do crucifixo, com que ainda hoje ameaçam de morte os cidadãos. O estupro dos rapazes é uma prática conhecida e era conhecida por Lombroso, que não considerava os rapazes como cidadãos portadores de direito, de alguma forma e, portanto, reconhecia em dom Bosco o direito de estuprá-los, exatamente como Hitler que, não reconhecendo os hebreus como sujeitos de direito, se arrogava o direito de colocá-los nos campos de concentração para o extermínio.
O assunto em correspondência entre Cesare Lombroso e Usapia Palladino nos permite esclarecer a verdadeira natureza das ideias supersticiosas que estavam na base das "pesquisas" de Cesare Lombroso.
Em 1892 em Milão foi formada uma comissão de "cientistas" que deviam examinar Usapia Palladino, uma mulher analfabeta ou semianalfabeta que declarava falar com os espíritos, de mover mesinhas e de fazer sessões espíritas. Lombroso passava por ateu e por cético, não obstante ele certificou a autenticidade da comunicação de Usapia Palladino com os espíritos e com o mundo do além. Cesare Lombroso queria crer, como sempre quis, acreditar no mundo dominado pelo deus patrão dos hebreus e, por mais que tivesse fingido na sua vida que não era assim, diante de Usapia Palladino ele disse: "Sim! Deus existe!" E, na realidade, era isso que ele procurava. Medindo os crânios das pessoas nos quais queria encontrar a "marca do crime" na fisiologia daquelas pessoas. O sinal de Deus!
Usapia Palladino tornou-se muito famosa também graças a Cesare Lombrosoe aos delírios.
Edward Clodd escreveu "Lombroso bebeu tudo da mesa espírita, a materialização de defuntos, a fotografia espírita, as vozes dos próprios espíritos; cada história, velha ou nova, indiferentemente do fato de que viesse de fonte confiável ou não, desde que confirmasse o seu querer crer"
Usapia Palladino, descoberta várias vezes pelos seus truques, continuava a ser famosa. Nos USA foi desmascarada definitivamente como embusteira. Primeiramente em Harvard pelo psicólogo Hugo Mursenberg, e depois em Columbia University. No seu último livro, Lombroso escreveu sobre o paranormal citando Usapia Palladino. O livro de Lombroso saiu em italiano e em inglês. Não era somente Usapia Palladino que viria a ser desmascarada, mas viria a ser desmascarado também Cesare Lombroso: aquilo que ele fazia não era ciência, mas um jogo de prestígio em que as vítimas eram aquelas que não podiam se defender. A Palladino viria a morrer sozinha, na miséria, apesar dos seus ganhos enormes, em 1918. Cesare Lombroso já estava morto há 9 anos.
Lombroso adoece com angina pectoris e o agravar-se da doença foi o que caracterizou os últimos anos de vida de Cesare Lombroso. A angina pectoris é uma enfermidade que ataca o ocidente e escassamente difundida na África. É uma doença que golpeiaas pessoas "abastadas" e seguramente com a sua doença Cesare Lombroso não constatou as características atávicas que distinguem os "imundos selvagens". Aqueles "imundos selvagens" que destruíram o exército colonial italiano em Adua em 1896.
NOTA. As citações de Lombroso são extraídas: Cesare Lombroso, o homem delinquente, V edição 1897, reimpressa por Bompiani, 2013, as páginas indicadas sob a citação se referem a esta edição
Marghera, 28 de novembro de 2018
A tradução foi publicada 17.03.2022
Aqui você pode encontrar a versão original em italiano
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