Ludwig Feuerbach nasce em 1804 em Landau na Baviera. O seu pai é um jurista, Paul Jojann Anselm. O pai de Ludwig é da religião protestante e, na ocasião, está tentando fazer carreira na Baviera católica. Assim, para facilitar a sua carreira, faz com que Ludwig seja batizado pelo ritual católico.
Entre 1814 e 1822 Ludwig frequenta as escolas em Bamberga e o ginásio em Ansbach.
O pai e a mãe de Ludwig atravessam um período de litígios familiares e estão ao ponto de se divorciarem. Este episódio afetará profundamente Ludwig, porque ele sentia-se muito ligado à sua mãe.
Entre 1824 e 1825 ele frequenta a faculdade de teologia da universidade de Heidelberg. Ele estuda nessa universidade durante dois semestres.
Em 1824 se inscreve na universidade de Berlim onde acompanhando, inclusive, um curso de teologia, prefere concentrar-se nas aulas de Hegel até que, em 1825, ele consegue transferir-se da faculdade de teologia para a faculdade de filosofia.
Em 1827 Ludwig obtém a docência livre junto à universidade de Erlangen graças ao que escreveu por primeiro "De ratione, uma universalidade, infinita", no ano 1828.
Em 1828 Feuerbach escreve a Hegel enviando-lhe a sua tese em doutorado juntamente com uma carta em que manifestava os seus entendimentos: a construção de uma religião da razão. Feuerbach queria substituir filosofia em religião e transformar, portanto, a filosofia em uma religião. Hegel, que utilizava a filosofia para justificar a revelação religiosa cristã, não respondeu-lhe. Segundo Feuerbach a razão deveria ocupar o lugar de Deus. Esta tentativa foi feita por Robespierre durante a revolução francesa e, precisamente por isto, foi morto. Esta ideia fixava-se na cabeça de Feuerbach e em 1930 começou a elaborar o conceito de "morte" no livro "Pensamentos sobre morte e a imortalidade", publicado anonimamente. No ano de 1830 estávamos ainda na época da restauração do absolutismo, após a derrota definitiva de Napoleão Bonaparte. A religião cristã era o elemento central da restauração da monarquia na nova ordem social. Uma nova religião, para o poder civil e religioso, era intolerável.
Como consequência do livro ""Pensamentos sobre morte e a imortalidade", publicado de forma anônima, entre 1829 e 1832, enquanto ele ensina como docente livre na universidade de Erlangen, a sua carreira é interrompida por ordem do governo.
O autor do livro é identificado rapidamente e, por ter publicado o livro anonimamente, havia manifestado uma vontade subversiva em relação àquela atualidade. Por este motivo, Feuerbach foi visto como um perigo social. O livro foi apreendido e Feuerbach foi forçado a interromper o curso universitário.
Vale a pena deter-nos neste livro. O livro foi apontado como "juvenil", mas este livro nos revela as verdadeiras intenções pelas quais Feuerbach estuda filosofia. Substituir a religião, a teologia, pela filosofia, com a finalidade de construir um homem diferente na sociedade.
Feuerbach escreve:
'Quem de uma divindade qualquer, de alguma nação, retirasse as suas particularidades que a distinguem, outrossim retirar-lhe-ia o seu organismo, a sua individualidade, retirar-lhe-ia não a Divindade no geral a essência como um todo: mas o seu atributo, a sua qualidade especial. Neste momento, uma Divindade, um Deus assim genericamente é uma nulidade para os homens. Se poderá dizer o mesmo da Imortalidade. Se vocês viessem a alterar as condições, as qualidades da outra vida, daquela outra vida exatamente como um homem nela acredita, vocês a retirariam de plano: já que ele não pode, nem quer saber de outra vida diversa daquela, que ele imaginou, e que se harmoniza com o seu caráter, com seus hábitos, com a sua nacionalidade.'
Feuerbach, "A morte e a imortalidade", editor LibriItalia, 1997, p. 106
Obviamente, a hipótese de Feuerbach está incorreta mesmo aparentando ser racional. Podemos dizer que o erro está precisamente na racionalidade com que é formulado.
Não é a divindade que constrói a ideia no homem, mas é o homem que vivendo projeta a sua ideia, que se torna substância da divindade seja ela como for descrita.
A substância da divindade está no homem, que é construída com a sua atividade no cotidiano. O percurso na construção da divindade vai da vida do homem à transformação das suas ideias acerca do mundo, em símbolos. As divindades, que têm como escopo objetivar a experiência da vivência do indivíduo ou dos indivíduos que manifestaram a ideia, são a síntese numa "descrição simbólica" da vivência que é necessária para ser proposta novamente, como um elemento objetivo, para a sociedade inteira.
A qualidade da divindade concebida depende da qualidade da vivência dos homens que a concebem. O deus patrão cristão é o produto de uma vivência, que necessitava de um símbolo para dominar o homem. O deus patrão cristão nasce da necessidade de domínio do homem sobre o próprio homem. O restante, a sua definição e a lógica que a segue, constituem pura retórica teológica que amplifica ideologicamente a necessidade e as razões para tornar o domínio legítimo.
"Pensar na vida além da morte" é o mínimo denominador comum de cada estrutura psicológica desejosa, gerada pelo próprio fracasso da existência, que procura consolar a si mesma confiando numa segunda possibilidade existencial, ou numa outra vida. Nisto reside o conceito de "Pensar na vida além da morte", que tem como base o fracasso existencial que leva o indivíduo a buscar uma providência, que repare o seu fracasso. Segue-se que, quem quer que queira agir com as suas ideias religiosas deve agir na vida do homem, onde a qualidade gera as diversas qualidades dos Deuses que ele descreve.
Feuerbach escreve:
'Assim; enquanto para uma alma cristã horrorizaria o Walhalla (Valhala, templo que teve como modelo o Paternon, em Atenas) alemão, para um muçulmano repugna o Paraíso dos cristãos; e para os Alemães antigos não seria agradável o olimpo dos Gregos. Os Alemães da antiguidade convencidos, como estavam, em reencontrarem em Valhala as esposas, e suas amantes, e de nelas encontrarem as suas relações conjugais; certamente não viam nisto nada de inconveniente; da mesma forma como nas caças, nas batalhas que lá inclusive devem manter constante, a renovação. Contudo, em Valhala as mulheres eram mais belas, mais sedutoras, sobre a terra, mais esplêndidos os banquetes, os lobos maiores e ferozes, e os javalis nas caças mais gigantescos, e as batalhas estrondosas; enfim, o Alemão antigo lá tinha a sua imaginação engrandecida e embelezado tais prazeres, aqueles cementos beligerantes, e também aqui era pois uma idealização, que certamente aplica-se do mesmo modo, e ainda melhor, uma existência desconhecida depois da morte, como afirma-se, e sobre a qual propagam-se em palavras, o aborrecido, e o desvanecido Teísmo hodierno. Agora aqui, não é difícil conhecer em qual parte parece estar a sinceridade sensual, e em qual a idealidade hipócrita. De parte nossa, fizemos bem ao rejeitarmos o sensualismo alemão de Valhala; mas sob pena de fazer mal à nossa saúde física-psicológica individual, e social, devemos evitar tropeçar na hipocrisia idealista irmã, e aparentada com o Cinismo metafísico, e teológico. Mal se incluiria quem na hodierna Crítica-dialética outra coisa não soubesse ver senão um simples ataque contra o Teologismo; desde que tal Crítica constitui a Metafísica não de modo menos severo, esta é novela Escolástica dos tempos atuais. Entre a imaginação, e a memória, a intuição objetiva sai a correr com grandes saltos. A imaginação é poética, e concebeu-se que ela tenha um mundo ideal dentro do homem, serve-se desta idealidade para fazer uma espécie de compensação pelo dano e pelas perdas que o homem sofre no mundo da realidade. Mas, a intuição banal e limitada no tempo e no espaço pode-se dizer, de certo modo, material, porque ela não se afasta jamais da matéria presente e prossegue passo a passo na esfera do mundo externo e sensível do qual o homem faz parte. Inversamente, a imaginação é quantitativamente ilimitada, toda poderosa, onisciente, está presente a tudo e pode-se dizer é a própria Bondade personificada, enquanto se presta a satisfazer a todos, por extravagantes que sejam os desejos dos seres humanos. É verdade que ela não cumpre com as suas promessas, com fantasmas, e alucinações: mas o coração do homem se aloja melhor neste leito fantasmagórico, do que na sinceridade: mas na realidade severa das coisas; nesta realidade onde não lhe é dado despertar os objetos estimados, que fatalmente a morte os reclama.'
Feuerbach, "A morte e a imortalidade", editor LibriItalia, 1997, p. 106 - 108
Feuerbach se insere na esteira do romantismo alemão que está para nascer, mas ao fazê-lo conduz à Alemanha alguns fantasmas da Revolução Francesa, que a Alemanha decidiu por não tolerar. Coloca em discussão o cristianismo e os seus dogmas, o que significa colocar em discussão a Alemanha. Para o governo alemão isto é subversão e Feuerbach é afastado do ensino.
Esta lição severa vai marcar todo o pensamento filosófico de Feuerbach que, afastado do ensino, encontrará refúgio nos movimentos da nascente social-democracia, embora tendo bem pouco com que partilhar com tal movimento político.
Em 1833 o pai de Ludwig morre e no mesmo ano Feuerbach publica "História da filosofia moderna de Bacon a Spínoza".
Entre 1835 e 1836 ele retorna ao ensino na universidade Erlangen mantendo cursos acerca da história da filosofia moderna "de Bruno a Hegel". Depois, em 1836, abandona definitivamente o ensino.
Em 1837 Feuerbach casa com Berta Low que tem uma conspícua participação acionária na fábrica de porcelanas, do seu pai, o que lhe assegurará um teor de vida discreto. Feuerbach se transfere para Bruckberg, distante das cidades.
Em 1838 colabora com a revista "Os anais de Halle". Nessa revista ele publica "Pela crítica da filosofia positiva", em 1839. A revista é dirigida por Arnold Ruge e Theodore Echtermeyer. A revista tem tendência em se opor tanto ao imperador quanto ao cristianismo, que apoia o imperador para dominar a Alemanha. A revista foi fechada pela censura. Reabriu a redação em Dresda no ano de 1840. Outra vez encerrada pela censura, imigrou para a Suíça em 1843 surgindo como "Anais alemães" e, posteriormente em 1844, mudou a sede para Paris aparecendo com o título de "Anais franco-alemães". Em 1843, na ocasião em que a revista imigrou para a Suíça, Feuerbach parou de escrever na mesma.
Em 1839 Feuerbach publica "Boyle", "Sobre filosofia e cristianismo", "O milagre" e " Pela crítica à filosofia hegeliana". Nesse mesmo ano nasce a sua primeira filha, Leonore.
Em 1841 Feuerbach publica "A essência do cristianismo". Nesse mesmo ano nasce a sua segunda filha, Mathilde, que viverá somente três anos.
Em 1842, e em 1843, Feuerbach publica "Teses preliminares para a reforma da filosofia". Ele republica "A essência do cristianismo", que teve um notável sucesso, e "Os princípios da filosofia do decorrer".
Na "Essência do cristianismo" Feuerbach expõe o próprio ser no mundo e nos permite entender como ele se posiciona na vida, e a ideias que nascem deste seu posicionar-se na vida. "A essência do cristianismo" é iniciada por Feuerbach descrevendo a si mesmo, o homem, ao que se refere ao mundo da natureza, os animais, e definindo as peculiaridades do ser "religioso" do homem, além da qualidade da "consciência do homem" conforme pensada por ele.
Feuerbach escreve:
"A religião se funda sobre a diferença essencial entre o homem e o animal - os animais não têm religião. Os zoologistas antigos, privados do senso crítico, atribuíram sim ao elefante, entre outras propriedades louváveis, também a virtude da religiosidade; no entanto, a religião dos elefantes se enquadra no reino das fábulas. Cuvier, um dos conhecedores máximos do mundo animal, baseando-se sobre as suas próprias observações, não classifica o elefante dentro de um nível espiritual mais elevado do que o cão. Qual é portanto esta diferença essencial entre o homem e o animal? A resposta mais simples e universal, mas também a mais popular nesta interrogação é: a consciência, todavia a consciência em sentido restrito, de fato, uma consciência na medida em que é sentimento de si mesma, isto é a faculdade sensível para poder distinguir, de percepção das coisas exteriores, segundo determinadas características acessíveis aos sentidos, uma consciência tal como esta não pode ser contestada ao animal. Pode ele ter consciência, em sentido restrito, somente quando um ente tem por objeto o seu gênero, a sua essencialidade. O animal tem sim por objeto ele mesmo como indivíduo - por conseguinte tem sentimento de si mesmo - mas não como gênero - por isso falta-lhe aquela consciência que provém da ciência o seu nome. Onde há consciência, há faculdade de conhecimento. O discernimento é a consciência dos gêneros. Na vida lidamos com indivíduos, na ciência com gêneros. Mas um ente que tem por objeto o seu próprio gênero, a sua essencialidade, pode tornar seu objeto as outras coisas ou entes segundo a própria natureza essencial. De conseguinte, o animal tem somente uma vida simples, o homem uma vida dúplice, no animal a vida interior coincide com a exterior; o homem tem uma vida interior e uma vida exterior. A vida interior do homem é a vida em relacionamento com o seu gênero, com a sua essência universal. O homem pensa, isto é conversa, fala consigo mesmo. O animal não pode levar a cabo alguma função do próprio gênero sem um outro indivíduo fora dele; o homem ao contrário, pode realizar a função genérica de pensar sem um outro, de falar - efetivamente pensar, falar, são funções verdadeiras do seu gênero. O homem, ao se refere a si mesmo, é ao mesmo tempo Eu e Tu; perante si mesmo pode desempenhar a vez do outro, mas exatamente por isso, uma vez que tem por objeto o seu gênero, a sua essência, não somente a sua individualidade. A religião, em geral, enquanto se identifica com a essência do homem, se identifica com a autoconsciência, com a consciência que o homem tem da sua própria essência. Contudo, a religião, em termos universais, é a consciência do infinito; pois é e não pode ser outro senão a consciência que o homem tem da sua essência, e esta não finita, limitada, mas infinita. Uma essência verdadeiramente finita não tem nem ao menos o mais remoto pressentimento, para não dizer consciência, de uma essência infinita, de fato, o limite da essência é também o limite da consciência. A consciência da larva, cuja vida e essência são limitadas a uma determinada espécie de planta, não se estende nem mesmo além desta região limitada. Ela distingue determinada planta de outra, nada mais sabe. Uma consciência de tal forma limitada, que porém, precisamente por esse limite, é infalível, segura, não é portanto nem ao menos chamada consciência, mas instinto. A consciência em sentido restrito ou próprio e a consciência do infinito se identificam. Uma consciência limitada não é consciência; a consciência é essencialmente de natureza infinita. A consciência do infinito não é senão a ciência de que a consciência é infinita. Em outros termos: na consciência do infinito o ente consciente tem como objeto só a infinidade da sua essência própria. Mas, o que é então a essência do homem da qual ele tem autoconsciência ou o que constitui o gênero, a humanidade verdadeira e própria do homem? A razão, a vontade, o coração. A um homem completo compete a faculdade do pensamento, a faculdade da vontade, a faculdade do coração. A faculdade do pensamento é a luz do conhecimento, a faculdade da vontade, a energia do caráter, a faculdade do coração, o amor. Razão, amor, faculdade do querer, são perfeições, as perfeições da essência humana, ao invés, são absolutamente perfeições essenciais. Querer, amar, pensar, são as faculdades supremas, são a essência absoluta do homem tal como aqui, enquanto homem, e é o fundamento do seu existir. O homem existe para pensar, para amar, para querer. Contudo isto que é o fim último, é também o fundamento verdadeiro e a verdadeira origem de uma essência. Qual é, porém, a finalidade da razão? A razão. E do amor? O amor. E da vontade? A sua liberdade. Pensamos para pensar, amamos para amar, queremos para querer, isto é para sermos livres. Verdadeira essência é uma essência que pensa, ama, quer. Verdadeiro, perfeito, divino é só isto que é para si mesmo. Agora, exatamente assim é o amor, a razão, a vontade. A Trindade divina no homem e acima do homem individual está a unidade da razão, amor, vontade. A razão (na suas formas sensíveis: faculdade de imaginação, fantasia, representação, opinião)", a vontade, o amor ou o coração não são faculdades que o homem possui - de fato sem eles seria nada, ele é isto que é somente por meio deles..."
Feuerbach, A essência do cristianismo, Laterza, 2003, p. 25 - 27
A separação entre o homem e os animais outra coisa não é senão a reprodução, de uma forma diferente, a separação entre o homem e os animais é estabelecida pela bíblia por meio do ato da criação do deus bíblico. Mas não é isto que afeta, o que afeta em Feuerbach é a ligeireza com a qual ele reconhece para si mesmo uma consciência, de modo a expandi-la às formas iguais a ele mesmo, negando-a em toda a natureza. De fato,, esta ideia de separação é a mesma ideia que fixou-se em Feuerbach enquanto ele era educado durante o catecismo cristão.
Apesar de que esta ideia era comum, pois era imposta pelo cristianismo desde a infância dos rapazes, mas a visão do homem conforme Feuerbach é a mesma visão fornecida pela Bíblia e, assim, Feuerbach nos propõe tal visão, equivalentemente. O homem é criado porque "tem tais características". É uma ideia criacionista à qual o materialismo dialético irá se opor afirmando que "o homem é produto do seu trabalho".
O materialismo mecanicista tem necessidade de um homem criado por Deus; o materialismo dialético fala de um homem que constrói a si mesmo na sua atividade cotidiana. Sendo que, para construir a si mesmo entende-se construir-se pela sua estrutura consciente, bem como pela sua estrutura emotiva, ou seja, pela sua estrutura de ação no mundo. O homem, no seu todo, é modificado e diversificado conforme as suas atividades com as quais se esforça.
Naqueles tempos não se podia pensar de maneira diferente da bíblia, e toda a educação que Feuerbach recebeu estava totalmente no interior das ideias da bíblia, das quais não estava em condições de se emancipar. Todavia, o seu modo de pensar no homem era o modo para reconduzi-lo às categorias de pensamento da bíblia hebraica e cristã, mesmo dentro de uma crítica acirrada tanto na difusão social do cristianismo quanto no uso da esperança, por meio da qual poder impor a espera da salvação após o aparecimento cristão. Feuerbach não removia os tipos bíblicos que formavam a coerção do homem, mas reproduzia o homem nos tipos bíblicos após ter-lhes dado um outro nome e uma outra aparência.
Marx responde a Feuerbach, afirmando acerca de Feuerbach:
"Feuerbach não vê, portanto, que o "sentimento religioso" é em si mesmo um produto social que o indivíduo analisa em abstrato, e que pertence a uma forma social determinada."
E ainda Marx:
'Feuerbach soluciona a essência religiosa na essência humana. Mas, a essência humana não é alguma coisa de abstrato, que seja imanente ao indivíduo singular. Na sua realidade ela é o conjunto dos relacionamentos sociais. Feuerbach que não penetra na crítica dessa essência real`, é por conseguinte compelido a: 1) abstrai-lo do processo histórico, tornando o sentimento religioso fixo em si mesmo, e a pressupor um indivíduo humano abstrato - isolado. 2) A essência pode ser {por ele] concebida apenas como "gênero", isto é como universalidade interna, muda, que ligue muitos indivíduos "naturalmente".
Engels, Ludwig Feuerbach, anexo de Marx, 1844, Editores Reunidos (Editori Riuniti), 1972, p. 84 - 85
A crítica de Marx diz respeito à relação entre o homem e o mundo, entre o homem e a história, o homem e o que ele veio a ser conforme é concebido por Feuerbach. Extrair o homem dos relacionamentos significa alienar o homem da natureza, das relações sociais, dos laços de trabalho, da sua ação que é, em primeira e última instância, a atividade que constrói o seu sentimento religioso, alimenta-o, modificando a sua qualidade e transmitindo-o no mundo representando-o em símbolos e ritos.
Em 1844 Feuerbach publica "A essência da fé segundo Lutero".
Em 1845 se defronta com Stirner que o acusa de tornar real e objetiva a "teologia do humanismo".
Em 1846 Feuerbach publica "A essência da religião".
Em 1847 Feuerbach publicará, no interior da obra omnia, "A questão da imortalidade do ponto de vista da Antropologia"
Em 1848 ele participa, como observador externo, do congresso democrático de Frankfurt. É convidado a dar palestras em Heidelberg, sendo-lhe negado debate na universidade, deste modo, obtém um ciclo de lições no auditório do município de Heidelberg. Essas conferências recebem o título de "Palestras sobre a essência da religião", que serão publicadas em 1851. Um dos ouvintes de tais palestras Moleschott que é expoente do positivismo.
Em 1857 publica "Teogonia". Um trabalho que durou seis anos e abrange uma análise de textos clássicos e do hebraísmo. A obra ficará praticamente ignorada.
Em 1860 Feuerbach vive um problema duplo. No plano pessoal por ter uma relação extraconjugal Johanna Kapp, filha do seu amigo filósofo Christian, e no plano econômico pela falência da fábrica da esposa, que o fez perder casa e benefícios e se reduz ao ponto de viver na miséria. Em seu socorro chegam amigos, a fundação Schiller e o Partido social democrata.
Em 1866 publica "Espiritualismo e materialismo, especialmente em relação à liberdade do querer" (além de outros manuscritos inéditos sobre ética).
Em 1867 Feuerbach sofre um ictus. Em 1870 um segundo ictus que o paralisará e depois de dois anos de sofrimento Feuerbach morre em setembro de 1872.
No seu funeral participaram milhares de operários. A sua crítica ao cristianismo e à "religião", conforme concebida no seu tempo, contribuiu não pouco para modificar a submissão à religião conforme imposta aos governos centrais que usavam a religião para dominar os cidadãos.
Marghera, 22 de novembro de 2018
A tradução foi publicada 16.01.2022
Aqui você pode encontrar a versão original em italiano
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