Tomás de Aquino nasce em Roccasecca em 1225 (data aproximada) e morre em Fossanova aos 7 de março de 1274.
A data do seu nascimento é incerta como diversas e imprecisas são as notícias acerca do lugar e da região onde ele nasceu. A alegação mais reconhecida é a de que Tomás de Aquino seja filho de um dos condes de Aquino. O pai seria Landolfo de Aquino e a mãe Teodora Galluccio de Teano da família napolitana dos Caracciolo. Ele é o Terceiro filho homem da linhagem.
Comenta-se que Tomás de Aquino tenha nascido em Roccasecca, no reino da Sicília, enquanto outros dizem que foi em Belcastro. Digamos que a alegação mais plausível seja a de que ele tenha nascido no castelo paterno em Roccasecca.
Com a idade de cinco anos Tomás de Aquino é vendido pela sua família ao mosteiro de Montecassino, como oblato, onde segundo os costumes católicos, os meninos serviam para satisfazer as exigências sexuais dos monges. O costume era doar o menino ao mosteiro em troca de uma forma de instrução qualquer. Os monges exigiam as relações sexuais como sendo um tipo de pagamento, pelos meninos. Os oblatos eram os laicos que serviam os monges seguindo, portanto, a mesma regra religiosa dos monges.
Toda a vida de Tomás de Aquino é a vida do estuprado que se identifica, emotivamente, com a onipotência do seu estuprador, e nesta direção movimentam-se os seus escritos.
Os escritos de Tomás de Aquino não libertam o espírito. O seu espírito é aprisionado em uma dimensão reprimida, que busca em Deus a razão dos males sofridos. Nesta obsessão ele interpreta os homens como pecadores para serem punidos.
Aos cinco anos de idade ele entrou para o convento de Montecassino onde "recebeu os primeiros ensinos rudimentares das letras, e foi iniciado à vida religiosa beneditina". Isto ele odiará por toda a sua vida preferindo, portanto, quando lhe foi possível, tornar-se frei dominicano (cão de Deus).
Tomás de Aquino escreve:
'Embora a verdade da fé cristã supere a capacidade da razão, não obstante os princípios naturais da razão não podem estar em contraste com tamanha verdade. De fato: 1. Os princípios, deste modo, inatos na razão, demonstram-se muitíssimo verdadeiros: ao ponto de que é impossível pensar que são falsos. E nem mesmo é lícito considerar que possa ser falso tudo o que se acredita por meio da fé, sendo confirmado por Deus de maneira tão evidente. Por isso, sendo contrário ao verdadeiro somente o falso, como é evidente pelas suas respectivas definições, é impossível que uma verdade de fé possa ser contrária àqueles princípios que a razão conhece por natureza. 2. Além disso, as ideias que o educador desperta na alma do discípulo contêm a doutrina do mestre, se essa pessoa não recorre ao fingimento, o que seria delituoso atribuir a Deus. Agora, a compreensão dos princípios percebidos por nós por natureza, nos foi infundida por Deus, sendo ele o autor da nossa natureza. Portanto, também a sabedoria divina possui estes princípios. Por isso, o que é contrário a estes princípios é contrário à sapiência divina; e por conseguinte não pode derivar de Deus. As coisas, consequentemente, que são mantidas pela fé derivam da revelação divina, não podem nunca estar em contradição com as noções obtidas pela compreensão natural. 3. Em acréscimo, razões contrárias ligam o nosso intelecto ao ponto de não poder prosseguir à compreensão da verdade. Por isso, se Deus nos infundisse conhecimentos contrastantes, impediria o nosso intelecto em conhecer a verdade. Diante disso, não se poderia pensar em Deus. 4. Além do mais, o que é natural não pode ser mudado desde que continua a ser a natureza. Agora, opiniões contrastantes não são compatíveis no mesmo sujeito. Portanto, não é possível que Deus infunda no homem uma opinião, ou uma fé, incompatível com a sua compreensão natural. Por aqui temos as palavras do Apóstolo: "A mensagem está perto de ti, na tua boca e no teu coração, isto é a mensagem da fé que pregamos" (Rom. X, 8. Mas uma vez que as verdades da fé superam a razão, alguns são levados a considerar como sendo contrárias a ela; o que é impossível. Isto é confirmado por aquelas palavras de S. Agostinho: "Aquilo que é manifestado pela verdade de nenhum modo pode estar em contraste seja com o Velho seja com Novo Testamento" (2 Super Ceno ad litt., C, 18). Disto se pode observar, com clareza, que todos os argumentos invocados contra os ensinamentos da fé, logicamente não derivam dos primeiros princípios naturais conhecidos em si mesmos. E consequentemente estes não têm valor para demonstrações; mas, ou são argumentos apenas dialéticos, ou efetivamente sofismas, e então sempre podem ser resolvidos. Deve-se notar que as coisas sensíveis, das quais a razão humana infere pela compreensão, conservam em si um certo vestígio `da causa divina, todavia deste modo imperfeita sendo totalmente insuficiente para manifestar a natureza de Deus em si mesma. Já que os efeitos conservam, numa certa medida, a semelhança com a causa deles, porque cada agente produz alguma coisa a si próprio semelhante; mas o efeito nem sempre alcança uma semelhança perfeita. Por isso a razão humana ao conhecer as verdades da fé, que podem ser evidentes somente àqueles que contemplam a essência de Deus, estão em condições de reunir certas analogias, que contudo não são suficientes para demonstrar esta verdade ou compreendê-la pela intuição intelectiva. Todavia, é profícuo à mente humana se exercitar com tais raciocínios embora inadequados, contanto que não se tenha a presunção de compreender ou de demonstrar, uma vez que poder entender mesmo que pouco e fracamente as coisas e as realidades mais sublimes proporciona a maior alegria, como já percebemos acima [c 5]- Tal consideração é confirmada pela autoridade de S. Hilário, o qual afirma no segundo livro de A Trindade [cc IO,II] a propósito das verdades da fé : "Na tua fé que se inicia, progride, insiste: embora, pelo que eu saiba, não chegarás ao final, me animarei pelo teu progresso. Quem, de fato, se movimenta com fervor em direção ao infinito, mesmo que nunca chegue sempre vai adiante. Porém, não presumas que penetras o mistério, e não o mergulhar no arcano de uma natureza infinita, imaginando compreender o todo do inteligível: mas procura entender que se trata de uma realidade incompreensível".
Tomás de Aquino, Súmula contra os gentios, Mondadori, 2009. pág. 72 - 74
Trata-se do pranto desesperado da pessoa violentada, que encontra a razão pela violência sofrida, na aceitação de uma autoridade da fé manifestada pelo adulto, que considera o "pai", e que se comporta como sendo o absoluto de Deus. Nada deve poder contrastar com as convicções próprias da fé às quais a razão deve se curvar, e que somente com isto se confirmam as verdades da fé. Isto porque a estrutura psíquica desejosa de Tomás de Aquino não pode encontrar obstáculo na razão quando ele transmite o seu desejo ao mundo.
É Deus que o violentou pela mão do seu... (sabe-se lá quem é no convento beneditino), e esta violência é a sua iniciação sexual que ele levará como uma marca por toda a vida, e que será manifestada no seu pensamento como amor eterno por Deus. Um amor tão grande que ele quer matar os homens para que também eles aprendam a amar Deus como ele o ama.
Quando Tomás de Aquino entrou para o convento beneditino no comando estava um tio seu que servia de abade, o novo abade. Stefano di Corbario, em 1236, que aconselhou o pai de Tomás de Aquino, Landolfo, para levá-lo ao convento. Tomás de Aquino chegou à Nápoles em 1239 e se matriculou junto à universidade fundada em 1224 por Federico II. Em Nápoles poderia ter começado a ler os textos aristotélicos, enquanto em Paris eles eram proibidos. No entanto não esqueçamos que Tomás de Aquino não conhecia a língua grega e duvido que os textos aristotélicos já tivessem sido traduzidos.
Em Nápoles Tomás de Aquino encontrou os dominicanos e em 1244 recebe os votos e se torna frei dominicano. Federico havia expulso de Nápoles as ordens de mendicantes, mas havia autorizado dois dominicanos, Giovanni di san Giuliano e Tommaso da Lentini (mais próximo do poder político do que às ordens mendicantes). Tomás de Aquino entendeu que a nova ordem dava-lhe a possibilidade para exercer um poder incondicionado. A ordem dos dominicanos foi fundada em dezembro de 1216. Era um movimento jovem e tinha necessidade de pessoas para desenvolver-se.
Neste ponto parece que a família de Tomás de Aquino desaprovou a sua escolha e, por ordem de sua mãe, fez com que os seus irmãos o sequestrassem sendo obrigado a residir em um dos castelos da família em Castello di Monte San Giovanni Campano. De modo que, aparentou que a mãe de Tomás de Aquino quis que esse seu filho viesse a ser o prior da abadia beneditina e, ao invés, Tomás de Aquino teria traído os seus planos preferindo tornar-se dominicano. A mãe mandou, então, os seus irmãos sequestrá-lo. Ele ficou na obrigação de permanecer na morada por dois anos até que a família, em 1245, decidiu devolver Tomás de Aquino deixando-o à disponibilidade dos monges dominicanos.
Escreve em "O martelo das bruxas", sobre Tomás de Aquino:
"Enfim, lemos que o beato Tomás, Doutor da nossa ordem, recebera um não menor benefício: ele, de fato, aprisionado pelos seus parentes para entrar na dita ordem, foi tentado para a vida laica por intermédio de uma meretriz que deveria seduzi-lo. Quando o Doutor vira a responsável, que o deixara entrar por meio dos parentes, vestida e adornada suntuosamente, correu em direção ao fogo material, agarrou um tição ardente e pôs em fuga da cela aquela que lhe sugeriu a luxúria ardente. E, rapidamente prostrando-se para rezar, em decorrência da dádiva da castidade, adormeceu. Então, apareceram-lhe dois anjos, que lhe disseram: "Eis por parte de Deus que te envolvemos com um cinturão da castidade, que não pode ser despedaçado pelo ataque de ninguém, e que a virtude humana não seja adquirida por méritos mas que seja dada como presente de Deus". Então ele percebeu o cinturão tocando-o e, assim, acordou com um grito. Desde então, e posteriormente, sentiu-se dotado de um grande esforço para a castidade que não podia falar com uma mulher senão por necessidade e foi capaz de conservar uma castidade perfeita. Isto resulta do Formicarium di Nider."
Heinrich Insitor (Kramer) e Jakob Sprenger, Martelo das Bruxas, Marsilio, 1995, p. 175
Os dominicanos enviam Tomás de Aquino de Nápoles à Roma onde parece que, pois as fontes são incertas, no outono de 1245 com Giovanni Teutonico, mestre da ordem dos Dominicanos e, sempre segundo fontes incertas, teriam permanecido em Paris até a primeira metade do ano de 1248.
O que Tomás de Aquino fez em Paris? A lenda pretende passar que ele tenha estudado tanto nos conventos como nas primeiras escolas públicas, mas tudo, pelo que parece, se perde nos "diz que diz" e nas "hipóteses".
Mais certa é a presença de Tomás de Aquino em Colônia onde ele estuda com Alberto Magno desde 1248 até 1252 quando a eles é proposto o título de "bacelliere" (era um título acadêmico medieval que era anterior ao título de "doutor" e é usado pela igreja católica, também hoje permanece em uso tanto nos USA como na Inglaterra). Foi-lhe concedido o título de "bacelliere" aos 27 anos de idade indo contra o regulamento que previa acesso a esse titulo somente aos 29 anos de idade. Em todo caso, de Colônia ele partiu para Paris e iniciou o ensino em 1252.
Ele permanece em Paris em Paris até 1259. Depois é enviado a Orvieto para ensinar teologia ficando em Orvieto até 1265. Aqui ele termina a redação do livro Suma contra os Gentios que havia iniciado em Paris em 1258, assim terminará o livro entre os anos de 1262-1263. Em 1265 ele publicará Expositio super Iob ad litteram, no qual tomando Aristóteles e o seu "motore immoto", buscará justificar a imutabilidade de Deus.
Tomás de Aquino, como frei dominicano, torna-se uma das referências ideológicas do genocídio de hereges e bruxas, que atravessou a Europa.
"Na [filosofia] Escolástica as opiniões [sobre demônio] ficaram divididas até que Tomás de Aquino reconhece no diabo, e nos demônios deste, uma influência perniciosa sobre os homens, reelaborando então numa nova teoria o relacionamento sexual com demônios, isto é um acontecimento demoníaco baseado na bíblia (Gen. 6,1 - 14). Segundo esta teoria o demônio teria recrutado como "succubus" (submetido) o sêmen de um homem e que ele, posteriormente, assumido como "incubus"(que está por cima) teria usado em concubinato com uma mulher para procriar filhos. Ele vislumbrou a presença terrestre de Satã, da mesma forma como consta no antigo testamento, nas figuras de Behemo e Leviatan (Go. 14, 15 e 25: Is, 27, 1). Tendo-se em conta a extraordinária importância de Tomás de Aquino, este seu ensinamento alcança um efeito desastroso em relação às mulheres."
Gertrud Heinzelmann, Mulher na igreja, Xenia, 1990, p. 74
Da mesma forma Christoph Daxelmuller sustenta no "Léxico Medieval".
"Tomás de Aquino, acolhendo o modelo agostiniano da tese assertiva, do pacto com o diabo (Suma th. II q. 92 a 1), sistematizou os elementos díspares da superstição no conceito das bruxas e da bruxaria herege. A sistemática tomística, sobre a superstição, pôs os fundamentos teoréticos para a teoria da aliança com o diabo e o culto a Satã, contribuindo por isso, de modo essencial ao desenvolvimento na crenças às bruxas na idade média e na nascente modernidade, pressupostos à perseguição às bruxas e a instituição da Inquisição".
Karlheinz Deschner, História criminosa do cristianismo, Tomo VIII, 2007, ed. Ariele, p. 233
O mesmo vale para a incitação ao ódio aos hebreus que reputam Tomás de Aquino um dos mais ferozes paladinos.
Tomás de Aquino escreve:
"Por culpa deles, os hebreus, vivem em servidão perpétua. Por isso os patrões podem tirar tudo deles, e deixá-los apenas com o mínimo necessário para viver".
Karlheinz Deschner, História criminosa do cristianismo, Tomo VIII, 2007, ed. Ariele, p. 169
Para conseguir usar Aristóteles, Tomás de Aquino serve-se de um estudioso do grego, um tal de Guglielmo di Moerbeke que favoreceu-o, como suporte "técnico", traduzindo os textos aristotélicos e os textos neoplatônicos como aqueles de Amônio e Proclo.
Em 1265 ele foi enviado à Roma para adestrar os noviços dominicanos e com essa atividade iniciou a escrever a "Suma theologiae". Neste período começou a trabalhar diretamente com o ambiente pontifício. Permaneceu em Roma até 1268.
Em 1268 ele foi novamente enviado à Paris onde ele escreve comentários ao novo testamento e comentários às obras de Aristóteles. Continuou a ensinar teologia em Paris até 1272.
Em 1272 Tomás de Aquino deixa Paris e volta à Itália com a ordem de fundar um "Estudo geral de teologia", e como sede ele escolhe Nápoles onde D'Angiò queria pôr em ordem a universidade napolitana.
Em setembro de 1273 Tomás de Aquino participa junto ao Capitólio (na legislação dos Freis dominicanos o Capitólio geral é o órgão supremo do governo) em Roma. E é nesta ocasião que a estrutura emotiva de Tomás de Aquino não será mais detida pelos devaneios que ele chama de "razão", sendo atravessado por um momento de loucura alucinatória. Na alucinação Tomás de Aquino revela-se a si mesmo e a estrutura desejosa, detida a tanto tempo realiza a forma do seu desejo de onipotência.
A insanidade o subjugou. Não está mais em condições de escrever. Não está mais em condições para formular um pensamento lógico, se alguma tivesse tido uma lógica fora da afirmação do poder absoluto ao qual almejava.
John Edwards faz lembrar em História da Inquisição:
"...e Tomás de Aquino (no Xlll): acreditavam que um dos prazeres que aguardavam os eleitos ao paraíso seria o de olhar do alto as torturas dos danados."
John Edwards, História da Inquisição, Mondadori, 2006, p. 107
A loucura revelou-se no final de setembro de 1273. No final de janeiro de 1274 ele parte para Lione onde foi convocado a um concílio. Depois de alguns dias de viagem se deteve no castelo de Maenza, onde morava uma sobrinha sua, e caiu num estado apático.
Os fundamentos ideológicos de Tomás de Aquino foram a justificação filosófica e teológica do genocídio de hereges e bruxas. Os dominicanos Kramer e Sprenger utilizaram outros dominicanos, como Alberto Magno e Tomás de Aquino, para justificar por meio do "Martelo das bruxas" o genocídio das mulheres.
A ideologia imposta por Tomás de Aquino é ainda a ideologia demoníaca usada, ainda hoje, pelos criminosos cristãos, que a utilizam para perseguir quem não pertence à religião deles, apesar das leis do Estado. Deste modo, os cristãos escondem os delitos que eles cometem, em nome do próprio deus, com a cumplicidade da Polícia do Estado, do Armamento dos Carabineiros e de uma magistratura que faz do ódio à nossa Constituição um momento de autoexaltação ideológica.
Tomás de Aquino morreu no referido castelo aos 7 de março de 1274.
O "Martelo das Bruxas", de Heinrich Insitor (Kramer) e Jakob Sprenger Dominicanos (Domini canes) é prático aos interesses da classe social dominante e veio a ser usado para a "caça aos endemoninhados" como técnica para proteger os ricos e os poderosos, tanto como técnica para impor à sociedade a visão do mundo que é própria da igreja católica, como dos cristãos em geral.
Desta ferocidade Reginald Scot escreverá:
"Consideram enfeitiçados aqueles que de repente ficam pobres, não aqueles que rapidamente ficam ricos"
(p. 9 introdução ao Martelo das bruxas na edição citada)
Toda a atividade de Tomás de Aquino se resume na atividade de guerra manobrada pela igreja católica contra os hereges, primeiramente, e contra aqueles que a igreja católica chama de "bruxas" e "bruxos".
Sobre Tomás de Aquino foi escrito em o Martelo das Bruxas:
"São Tomás diz que a primeira corrupção do pecado por causa da qual o homem tornou-se servo do diabo ocorreu em nós por causa do ato gerador, e por isso Deus permite que o diabo exercer sobre esse ato um poder de bruxaria mais forte do que outros atos. Além disso, a capacidade das bruxas se mostra mais evidente sobre as serpentes do que sobre os outros animais, porque precisamente usando a serpente como instrumento o diabo tentou a mulher. E Tomás acrescenta: "Embora o matrimônio seja obra de Deus, porquanto foi instituído por Ele, todavia o matrimônio é destruído algumas vezes por obra do diabo, não pela violência, de outro modo dever-se-ia pensar que o diabo seria mais potente do que Deus, mas com a permissão divina, mediante impedimento temporário ou perpétuo pelo ato conjugal". Consequentemente, digamos que a experiência ensina que para a satisfação desta espécie de imundície, tanto sobre ele mesmo quanto sobre as pessoas potentes no mundo, de quaisquer estado e condições, agem inúmeras bruxarias arrastando os animais de um amor em direção à perdição, da qual é inútil tentar se desviar pela vergonha ou pela persuasão."
Heinrich Insitor (Kramer) e Jakob Sprenger Martelo das Bruxas, Marsilio, 1995, p. 96
Tomás de Aquino justifica a matança dos homens porque os homens têm "pecado" pelo fato de terem nascido. Precisamente, porque os homens nasceram é que foram dados por Deus ao Diabo como alimento. Assim, é a ação de Deus, que condenou os homens, pelo fato de terem nascido, constitui a justificação através da qual a igreja católica considera todos os homens criminosos, isto é os pecadores.
O fanatismo bíblico está na base do Martelo das Bruxas. Insitor e Sprenger afirmam que as Bruxas teriam um poder particular sobre as serpentes. Esta afirmação não nasce de nenhuma pesquisa, mas da interpretação da bíblia segundo a qual a serpente, que se relaciona com Eva, a induz ao pecado. Vejamos como o fanatismo e a superstição tanto em Tomás de Aquino quanto nos torturadores Insitor e Sprenger, estão na base da ideologia deles mediante a qual semearam o terror no mundo todo.
As bruxarias seriam as atividades, por meio das quais, as "pessoas potentes", isto é aquelas que Deus quis inserir no comando da hierarquia social, que são as agredidas por essas atividades praticadas pelas pessoas pobres e sem poder social.
Esta premissa, elaborada por Tomás de Aquino e, logicamente, desenvolvida por Insitor e Sprenger serve para dar início ao genocídio que ensanguentou as sociedades civis da Europa. As ideias de possessão diabólica, inventadas por Platão e assumidas pelos cristãos, tornam-se a ideologia do genocídio em nome e a mando de Deus.
No Martelo das Bruxas escreve:
"O leitor prudente, que tem muitos livros, certamente encontrará tanto nos teólogos como nos canonistas uma concordância entre eles, em matéria de frigidez e bruxaria, sobretudo, à margem do casamento e perceberá que uns e outros contestam dois erros, especialmente ao que se refere àquele que partilhou um casamento, ao passo que aparentemente acredita-se que tal bruxaria pode atingir aos que se uniram em matrimônio, e se ergue em prática à razão o fato de que o diabo não poderia destruir as obras de Deus.
O primeiro erro deles contestado é o daqueles que diziam que a bruxaria não está no mundo mas somente na opinião dos homens, que por ignorância das causas ocultas que, aliás, nenhum homem pode conhecer, atribuiriam à bruxaria alguns efeitos naturais, como se estes efeitos fossem produtos não de causas ocultas, mas dos diabos ou dos bruxos. Este erro, que todos os outros doutores simplesmente contestam porquanto falso. por são Tomás é, ao invés, contestado mais asperamente e condenado como sendo heresia; de fato ele diz que este erro deriva de uma raiz de infidelidade. E visto que sendo infidelidade do cristão, é chamada de heresia, essas pessoas são acertadamente suspeitas de heresia. Isto havia sido mencionado na primeira questão, mas não explicado de tal modo. E se alguém considera outras afirmações do santo Doutor, encontrará em outras passagens, por quais razões um tal erro deriva de uma raiz de infidelidade."
Heinrich Insitor (Kramer) e Jakob Sprenger, Martelo das Bruxas, Marsilio, 1995, p. 111
O erro, o erro que é condenado com a morte porque é um delito de heresia, que consiste em afirmar que a bruxaria, pela intervenção do demônio nas ações humanas, não existe. O delito de heresia, segundo Tomás de Aquino, tem a sua raiz na infidelidade do homem em relação aos dogmas e aos princípios que são próprios da igreja católica e de Jesus;
Basicamente, Tomás de Aquino, com Insitor e Sprenger afirmam que dizer que o demônio não existe comete-se o mesmo delito que Judas teria cometido em relação a Jesus. Tal delito, delito de infidelidade, é punido com a morte. Quem quer que seja, que afirme que os demônios não existem, deve ser punido com a morte.
É necessário compreender muito bem este mecanismo, que produzido pelos evangelhos cristãos, gerou a ideologia do "delito de opinião" que na história se apresenta como delito representado pelo ter ideias diferentes daquelas que o patrão manifesta. A afirmação deste delito leva inevitavelmente à afirmação de que, se tu dizes uma coisa diversa em relação à opinião do teu patrão, então deves ser torturado até que tu não reconheças o teu erro, e dizes aquilo que o teu patrão quer que tu digas.
Neste contexto não é possível discutir filosofia ou teologia, porque se é colocada em discussão a verdade da "fé" termina-se na fogueira. E a fogueira não é usada para todas as pessoas que discordam, mas somente para aquelas pessoas cujo discordar põe em discussão o direito da igreja católica controlar os homens para as finalidades próprias. Os outros são aterrorizados , convivem com o medo, de terminarem também no fogo.
O assassínio é a única condição que Tomás de Aquino conhece para afirmar a sua verdade da fé.
No Martelo das Bruxas escreve:
"Quanto aos bruxos, se também conservam a fé no coração e com boca a renegam, são julgados como apóstatas porque têm uma aliança íntima com a morte e estipularam um pacto com o inferno. Por conseguinte, são Tomás, falando de obras símiles de magia e daqueles que de qualquer modo pedem socorro aos diabos, diz: Em todos há apostasia da fé para o pacto íntimo com o diabo, seja com as palavras, se há uma invocação, seja com qualquer fato, mesmo se não houver sacrifício. O homem, de fato, não pode servir a dois senhores."
Heinrich Insitor (Kramer) e Jakob Sprenger, Martelo das Bruxas, Marsilio. 1995, p. 144
A imaginação de pessoas "ideologicamente vil" elabora uma justificação -de uma possível reação à própria ideia religiosa delas, que reconhecem como vil. Uma ideia religiosa, aquela cristã, que vive somente para a violência e em função da violência, como única possibilidade de afirmar a si mesma. Esta conscientização tanto em Tomás de Aquino quanto em Insitor e Sprenger, induz os cristãos a viverem num tipo de paranoia ideológica num mundo que eles percebem como sendo hostil, porque eles são hostis ao mundo.
Não há diferença entre o pensamento de Tomás de Aquino e o de Paulo de Tarso: ambos surgem do ódio pelas pessoas que não os reconhece imediatamente como porta-vozes de Deus e que, portanto, são apontados como apóstatas, hereges, que são condenados à anátema, à tortura e à fogueira.
Como pode ocorrer a prática da Bruxaria? Do modo como é indicado por Tomás de Aquino: com a invocação dos diabos ou do demônio. Teria, talvez, Tomás de Aquino demonstrado a existência dos diabos ou do demônio? Não! Ele acredita pela fé. E a fé cega a sua análise do mundo, porque Tomás de Aquino quer que o mundo seja aquilo que ele deseja que seja, pois somente deste modo está em condições de pensar o mundo e as relações entre si mesmo e o mundo.
Com Tomás de Aquino não estamos na negação da liberdade de pensamento, mas estamos na negação da vida em si mesma, quando a própria vida não tem por base Tomás de Aquino e a hierarquia da qual Tomás de Aquino faz referência.
No Martelo das Bruxas está escrito:
"Efetivamente, Tomás, na questão em que se pergunta se cada ação do infiel é pecado, responde, inclusive, que se as obras dos infiéis são parecidas com as coisas boas, como os jejuns e as esmolas, e outras coisas similares, não são louváveis por causa da infidelidade, que é o pecado mais grave que temos, porque não corrompe totalmente aquilo que é bom por natureza, mas fica neles a luz natural. Por isso, nem todo ato deles é um pecado mortal, mas só o ato que procede da igual infidelidade ou relacionado a esta, também se é do gênero das coisas boas, como no caso de um Sarraceno se jejuasse para observar a lei de Maomé acerca do jejum, ou de um Hebreu se observasse as respectivas festividades, e assim por diante: para eles tudo isto é pecado mortal."
Heinrich Insitor (Kramer) e Jakob Sprenger, Martelo das Bruxas, Marsilio, 1995, p. 145
A ideologia do terror, que Tomás de Aquino manifestou, é uma ideologia que tenciona criminalizar as pessoas independentemente das ações que as pessoas praticam. Assim, para Tomás de Aquino, as pessoas são consideradas criminosas porque são pessoas, não de acordo com aquilo que elas fazem.
A criminalização das pessoas, enquanto são pessoas, é imposta pelos evangelhos, com o "Como podeis falar do bem sendo malvados como sois?" Onde a maldade é uma característica da pessoa em si mesma, e não deriva do fato de que a pessoa possa ou não possa ter cometido as ações que possam ser consideradas "malvadezas". Este modo de pensar é um modo de pensar que a nossa sociedade civil, hoje em dia, condena como racismo e ódio social. Um ódio social próprio de Tomás de Aquino, que tem como escopo submeter as pessoas à ideologia criminosa imposta pela igreja católica. Uma submissão que é imposta somente pela tortura, o homicídio e o terror.
Ser fiel à igreja católica ou ao Deus dos cristãos, significa ser criminosos. Os assassinos que agridem e prejudicam a sociedade civil como os atuais Padre Pio ou a sanguinária Teresa de Calcutá, que se agradava ao ver as pessoas sofrerem em nome do criminoso Jesus, ou do açougueiro de Sodoma e Gomorra.
A submissão à ideologia religiosa da igreja católica é levada a cabo por Tomás de Aquino com toda a violência criminosa, que lhe é possível. Ao contrário dos cristãos, nós não podemos considerar legítima a violência do açougueiro de Sodoma e Gomorra porque é "patrão dos homens". Nós podemos considerar legítima somente a violência do escravo contra o patrão, contra aquele que pela violência impõe submissão, obediência e deferência. Nós podemos considerar legítima somente a violência imposta pela Constituição Democrática que impões aos cidadãos defender a qualquer custo, também e sobretudo com a violência, os princípios da democracia como constitucionalmente definidos por cada agressão interna ou externa.
Nós só podemos considerar criminosa a violência de Tomás de Aquino, que estupra as pessoas para que aceitem ser servas de um patrão. Nós somente podemos atribuir a Tomás de Aquino a responsabilidade criminosa por cada ato de violência, com o que as pessoas são constrangidas à submissão e à obediência à igreja católica que se considerava "dona dos homens" por ser representante do seu Deus patrão.
Este conceito de fidelidade, propagandeado por Tomás de Aquino infestou a história do homem porque pretendeu que os homens fossem fiéis a um patrão, e não às ideias que pudessem ser úteis à sociedade no seu conjunto. Pretendeu-se a "fidelidade ao rei" e não a fidelidade aos ideais sociais capazes de enriquecer toda a sociedade.
No Martelo das Bruxas escreveu:
"A propósito da quarta argumentação, em que Deus não quer que o mal seja feito, no entanto o permite, além daquilo que já foi exposto, o pregador pode dar uma explicação partindo dos cinco sinais da vontade divina que, segundo Tomás, são o preceito, a proibição, o conselho, a operação e a permissão".
Heinrich Insitor (Kramer) e Jakob Sprenger, Martelo das Bruxas, Marsilio, 1995, p. 161
Isto nos demonstra, como Tomás de Aquino, do ponto de vista filosófico e humano era somente um covarde miserável que usava a filosofia para justificar a sua covardia. Um mendigo do pensamento que tinha como escopo único exercer violência sobre os homens. O que o Deus dos cristãos quer? O mesmo que Tomás de Aquino quer. Do momento que Tomás de Aquino não está em condições para manifestar o seu próprio ódio pelos homens. atribui o que ele odeia como sendo a vontade do seu Deus que, inclusive por isso, torna-se um Deus miserável responsável pela pilhagem social e por homicídio.
Quais são os cinco sinais da vontade do Deus de Tomás de Aquino? 1) o preceito, a ordem para se colocar de joelhos/ 2) a proibição, de se subtrair da posição de joelhos diante de Deus ou de quem o representa; 3) o conselho, o de permanecer de joelhos para não sofrer a tortura e a fogueira; 4) a operação, mediante a qual a hierarquia da igreja católica violenta as pessoas para que estejam de joelhos diante de Deus e diante da própria hierarquia; 5) a permissão para a hierarquia violentar as pessoas para a glória de Deus.
Escreveu-se no Martelo das Bruxas:
"Mas antes, para não deixar em suspenso o ânimo do leitor ao redor da razão pela qual os diabos não possam induzir à nenhuma transformação nos corpos celestes, diremos que as razões são três: a primeira é que os corpos celestes estão acima dos diabos, também no que diz respeito ao lugar aonde sofrem a pena, que é ar nebuloso, e isto por causa da tarefa à qual estão destinados. Seja revista esta questão no segundo assunto da primeira parte, onde se fala dos diabos íncubos e súcubos. A segunda razão é que os corpos celestes são movidos pelos anjos bons, como se pode ver além disso, nos demais passos, nos quais fala-se do mecanismo das esferas e, sobretudo, de são Tomás. Acerca deste argumento, os filósofos concordam com os teólogos. "
Heinrich Insitor (Kramer) e Jakob Sprenger, Martelo das Bruxas, Marsilio, 199, p. 209
Indagação: quem move os corpos celestes?
Os corpos celestes, diz Tomás de Aquino, são movidos pelos "anjos bons". Os corpos celestes, diziam alguns antigos , especialmente os filósofos, eram os Deuses visíveis. Quem move os corpos celestes? Um objeto diferente do corpo celeste (especificamente um anjo), ou os corpos celestes se movem por si enquanto são objetos em si mesmos? O mundo não se move porque os objetos do mundo se movem instados pelas forças que no mundo se expressam, mas são movidos pelos objetos externos exatamente como os corpos são movidos pelas almas. O homem, portanto, não é proprietário do seu próprio corpo, porque o proprietário do homem é a sua alma que é uma manifestação de Deus em um corpo que, Tomás de Aquino, considera um cadáver que pode ser queimado. Entre Deus que governa os corpos por meio da alma, e os "anjos bons" que são os que movem as esferas celestes, o homem desaparece com a sua vontade e desaparece o movimento das esferas celestes cujo movimento testemunha os anjos de Deus.
No Martelo das Bruxas escreve:
"São Tomás na sua nota de rodapé, no Livro de Jó, diz o seguinte: É necessário admitir que, com a permissão de Deus, os diabos possam causar perturbações atmosféricas, estimular e canalizar os ventos e deixar cair fogo do céu. Embora, de fato, a natureza do corpo não obedece como um aceno aos anjos, sejam bons sejam maus, mas somente ao Deus criador no que diz respeito à transformação das formas, no entanto é precisamente da natureza corpórea nascida somente para o movimento local em obedecer a espiritual, cujo juízo aparece no homem: os membros efetivamente se movimentam só pelo comando da vontade, que subjetivamente está na alma, para que prossigam nos seus movimentos, pelo modo estabelecido pela vontade. Portanto, tudo o que pode acontecer é apenas pelo movimento local, que pode ser realizado pela capacidade natural, não somente por um anjo bom, mas também de um malvado, a não ser que isto seja divinamente proibido. Os ventos, as chuvas e as outras perturbações atmosféricas podem suceder somente com o movimento dos vapores que são liberados da terra e da água; pelos quais para causar fenômenos desta natureza, é suficiente a capacidade natural do Diabo. Assim diz Tomás."
Heinrich Insitor (Kramer) e Jakob Sprenger, Martelo das Bruxas, Marsilio, 1995, p. 260
O homem nada move, mas o homem é movido. O homem não escolhe, mas é o instrumento através do qual a sua alma escolhe. Do momento que é a sua alma que escolhe porque, segundo Tomás de Aquino, a vontade do homem tem sede na sua alma, não é preciso dizer que o corpo pode ser queimado porque queimar o corpo não compromete a integridade da alma, que é manifestação de Deus.
Deste mecanismo nasce o mecanismo da igreja católica segundo o qual os meninos podem, e devem, ser estuprados para serem submissos, porque o estupro das crianças não compromete a alma, que os move e é comandada por Deus.
O sujeito, o indivíduo, a pessoa desaparece e se torna um mero instrumento do qual a alma se serve para os "seus" escopos. Nisto também está o conceito da possessão de um corpo por parte de um demônio, ou de um anjo desde o momento que o corpo, para Tomás de Aquino, é somente um instrumento vazio sem nenhum escopo na sua existência senão o de constituir um invólucro da alma.
Isto comporta muitas implicações práticas sobre a relação entre o homem e o mundo em que ele vive. Não se trata somente do "desprezo" ao corpo, mas do desprezo pelos corpos viventes, que devem ser pensados como objetos possuídos por cada representante de Deus, como Tomás de Aquino. À ideia tal de Tomás de Aquino irá se contrapor a ideia sobre corpos das sociedades comerciais que iniciarão a adquirir poder social entre os anos de 1200 e 1400. Os corpos não serão mais pensados como "o gado de Deus", que deve obedecer a moral imposta por Deus, mas se tornarão "consumidores de produtos" aos quais as sociedades comerciais venderão os seus produtos que os corpos consomem. O passo sucessivo será a sociedade industrial que transformará os corpos em "trabalhadores" que, além das relações impostas por meio do trabalho, será uma sociedade de produtores que transformam mercadorias em produtos que devem ser consumidos por eles mesmos. Os três modos de considerar os corpos se transferirão, completando o ciclo na sociedade financeira que medirá os corpos dos homens conforme o capital de que dispõem. O homem como gado de Deus, o homem como consumidor e o homem como trabalhador se completarão, tornando-se uma vez um e outra vez o outro, ou um pouco de todos e três se amalgamando num todo funcional ao controle da vida do homem. O homem não deve ser ele mesmo, mas deve ser controlado por condições existenciais que, de fato, constroem correntes chamadas deveres".
No Martelo das Bruxas escreve:
"Além do mais, aqueles que foram impelidos a afirmar que nenhuma bruxaria é perpétua, viviam com estas razões: porque acreditavam que toda bruxaria pode ser removida ou por um outro bruxo ou pelos exorcismos da Igreja, que são preparados, ou para reprimir a força dos diabos, ou para uma penitência verdadeira, uma vez que o diabo não tem poder a não ser sobre os pecadores. Por conseguinte, estão de acordo, ao que se refere ao primeiro aspecto da opinião, daqueles que acreditam que as bruxarias podem ser retiradas pelo menos com os rituais supersticiosos. Com a opinião contrária, no entanto, está são Tomás na sua referida quarta distinção. E diz que "se a bruxaria pudesse ser cancelada apenas através de alguma coisa ilícita, como pela ajuda do diabo, ou através deste, inclusive se as pessoas soubessem que pode ser cancelada, isto não obstante seria para ser julgada perpétua, visto que o remédio não é legítimo"."
Heinrich Insitor (Kramer) e Jakob Sprenger, Martelo das Bruxas, 1995, p. 276
Afirmar que um indivíduo sofreu uma operação de bruxaria e afirmar que uma ação de bruxaria pode remover a ação precedente de bruxaria, implica no conhecimento do que seja ou não seja um ato de Bruxaria. Tomás de Aquino não somente não conhece a Bruxaria, mas faz passar por bruxaria tudo o que se opõe ao mal e à carnificina dos homens posta em prática pela igreja católica. A carnificina é justificada por Tomás de Aquino pela possessão diabólica dos indivíduos, e pelos pactos que tais indivíduos têm como se fosse um contrato com o demônio. Mas esta justificação, de Tomás de Aquino, não é fruto de análise da sua vivência presente, mas é fruto de especulação arrogante, que pressupõe não somente o conhecer uma realidade, à qual lhe é estranha, mas sobretudo para definir uma "realidade desejada". A tortura, à qual o carrasco Tomás de Aquino sujeita as pessoas, não tem o escopo de "reunir informações", mas sim o de forçar as pessoas a fazerem exatamente a mesma coisa, isto é, aderirem as ilações dele que, censurando qualquer ação tida por ele como ilícita, considera-se no direito de queimar as pessoas pelo consolo de ser um "homem pio".
Está escrito no Martelo das Bruxas:
"E na verdade, se alguém perguntasse sobre a diferença entre a aspersão com água benta e os exorcismos, depois que uma e o outro são ordenados para que tenham efeito contra a doença do diabo, pode-se responder conforme são Tomás: "O Diabo nos ataca interna e externamente. A água benta é usada contra o ataque do Diabo que está externo, enquanto o exorcismo contra o ataque do Diabo que surge internamente". Por esta razão aqueles contra os quais deste modo se procede são ditos Energumeni (de EV que significa dentro e Epyoy trabalho) como se estes trabalhassem por dentro. Ao exorcizar um enfeitiçado, devem ser utilizados ambos os remédios, uma vez que ele é molestado pelas duas partes"."
Heinrich Insitor (Kramer) e Jakob Sprenger, Martelo das Bruxas, Marsilio, 1995, p. 316 - 317
As obsessões de Tomás de Aquino pelo demônio vão bem além da doença mental paranoia. A afirmação do demônio por parte de Tomás de Aquino é uma afirmação de poder e de domínio sobre os homens. Segundo Tomás de Aquino, Deus criou o homem e a criação de Deus deve ser, necessariamente, perfeita. Uma perfeição que é avariada com a presença do demônio e, portanto, todos aqueles que não correspondem à perfeição de Deus são necessariamente os endemoninhados.
Todas as pessoas devem ser perfeitos servos submissos da igreja católica que é, segundo Tomás de Aquino, a representante de Deus na terra. Os homens devem ser felizes por serem escravos obedientes da igreja e caso se rebelem, se não se submetem à sua moral, se não estiverem de acordo com os seus dogmas ou com as suas afirmações, a responsabilidade não está na malvadeza intrínseca da igreja católica, mas na ação do demônio que, como fez com Eva, o está afastando das absurdas ordens de Deus.
Quando refletimos sobre o crescimento do pensamento filosófico e nas suas transformações, no decorrer dos séculos, não podemos ignorar a violência criminosa com a qual Tomás de Aquino queria estuprar a sociedade civil. Se nós não considerarmos a violência da tortura, do homicídio, as fogueiras conforme exaltadas por Tomás de Aquino, não podemos entender os esforços empreendidos por alguns filósofos para poderem construir a liberdade de pensamento e da palavra.
Foi escrito no Martelo das Bruxas:
"Deste modo, primeiramente. é dito que se as coisas naturais são simplesmente utilizadas para produzirem certos efeitos, por meio dos quais acredita-se que estes tenham uma capacidade natural, isto não é ilícito. Mas sendo acrescentadas inscrições, fórmulas ou observações vãs e desconhecidas, que manifestamente não têm sobre esta situação alguma eficácia natural, é supersticioso e ilícito. Pelos quais são Tomás ao pé da pergunta, ao falar desta matéria, expõe: "Naquelas coisas que sucedem para que algum efeito corpóreo seja manifestado, como por exemplo a saúde ou qualquer outra coisa, é necessário considerar se podem parecer causar, naturalmente, um determinado efeito e, uma vez que é lícito usar as coisas naturais para os seus efeitos, isto não é ilícito". Mas, se aparentam não poderem causar tais efeitos de modo natural, daí decorre que não destinadas para causar estes efeitos com capacidade das causas, mas somente como sinais; deste modo tais coisas são pertinentes a pactos íntimos com os diabos.""
Heinrich Insitor (Kramer) e Jakob Sprenger, Martelo das Bruxas, Marsilio, 1995, p. 321
É exclusivo de Tomás de Aquino fazer guerra à medicina. O raciocínio empregado por Insitor e Sprenger, apoiado em Tomás de Aquino, é simples. Dizem "as coisas naturais são simplesmente empregadas para produzirem certos efeitos". Tais efeitos sempre devem ser iguais porque os todos os homens foram criados por Deus. Servos, igualmente servos entre eles. Consequentemente, um remédio natural deve necessariamente funcionar sobre todos, mas se funciona sobre alguns, não funciona sobre outros, "Mas se aparenta não poder causar tais efeitos, de modo natural, segue-se que não está destinado a causar estes efeitos com a sua capacidade de causas, mas somente como sinais; mas assim tais coisas pertencem a pactos simbólicos íntimos com os diabos".
Isto porque Tomás de Aquino, como todo o cristianismo, devem interromper o crescimento da medicina para permitirem a Deus realizar o "bem" a quem ele quer e quando quer.
Está escrito no Martelo das Bruxas:
"Além disso, provas são encontradas nos teólogos, e em primeiro lugar em são Tomás no comentário às Sentenças, quando é feita a pergunta se seria pecado recorrer à ajuda do diabo e, entre outras coisas, então ele expõe estas palavras a respeito de uma passagem de Isaías: "Um povo não poderia obter uma visão do seu Deus? Em todas as ações pelas quais espera-se um subsídio, no âmbito do diabo, existe apostasia da fé, em decorrência de um pacto íntimo com o diabo, seja somente com palavras se houver invocação, seja com determinado fato, mesmo não havendo sacrifícios".
Heinrich Insitor (Kramer) e Jakob Sprenger, Marsilio, 1995, p. 340 - 341
Qualquer pessoa poderia objetar que sujeito não está recorrendo à ajuda do diabo, mas à ajuda de Deus.
A coisa não é engraçada porque equivaleria em dizer que Deus fala com as pessoas e não com os teólogos ou com o papa católico. Reivindicar um pacto com Deus, desde o instante em que a teologia cristã não admite um pacto entre o homem e Deus que, porque sendo o Senhor, pode agir ao bel prazer, equivale a ser queimado na fogueira.
No Martelo das Bruxas escreve:
"Assim também, a solução das dúvidas em matéria de fé compete principalmente à Igreja e de modo particular ao Sumo Pontífice, vigário de Cristo, e sucessor de Pedro, como se diz explicitamente. Neste momento nenhum Doutor ou santo defende suas próprias opiniões contra as decisões da Igreja, como diz Tomás, nem Jerônimo, nem Agostinho, nem outro qualquer. Como portanto é herético que sustenta, obstinadamente, qualquer coisa contra a fé, do mesmo modo é herético quem alega obstinadamente argumentações contrárias às decisões da Igreja que dizem respeito à fé, e que são necessárias à salvação. De fato, não pode ser provado de algum modo que a Igreja tenha errado em matéria de fé, como diz Graziano. Ao contrário se diz explicitamente que quem se ergue contra as decisões da Igreja, não no geral, mas apenas contra as decisões que se referem à fé e à salvação, é herege. Nos outros campos, quem pensa diferentemente dela, não é herege".
Heinrich Insitor (Kramer) e Jakob Sprenger, Martelo das Bruxas, Marsilio, 1995, p. 347
A igreja católica é patroa dos homens reduzidos à categoria de escravos, que devem obedecê-la: disto as torturas e as fogueiras para diminuir os homens e, assim, para que aceitem a obediência.
Nestas condições, o homem tenta fazer filosofia ou teologia, e acaba na fogueira.
Tomás de Aquino encontra na sua posição de Domini cão de guarda, o cão de guarda de Deus, o seu poder. Um poder absoluto de vida e de morte em relação àqueles que não se curvam a esse seu absoluto.
Tal como Agostinho de Hipona que usou Platão, do mesmo modo Tomás de Aquino usará Aristóteles para dar uma aparência de dignidade às suas elucubrações que serão chamadas de "filosofia".
Em Tomás de Aquino não há o homem, há somente o menino violentado, que vive na sua dimensão perene da violência sofrida e desta violência ele elaborou o mecanismo da sua existência. Não é o homem que se rebela contra a violência e que considera que a violência sofrida deve encontrar uma justiça sua, mas é o violentado que, além de que possa ou não possa, de que faça ou não faça, para renovar a violência, de qualquer modo ele a justifica ideologicamente e esta justificação torna-se a justificação dos cães de guarda de Deus, Insitor e Sprenger, para levar a devastação à Europa, e posteriormente para justificar os genocídios em nome de Deus, que foram perpetrados durante o colonialismo.
È necessário reconhecer a arrogância, com finalidade criminosa, dos filósofos cristãos, que falam nome do Deus deles. Na realidade, são esses que se sentem como Deus e colocam na boca do seu Deus todos os devaneios que eles chamam de "filosofia", mas que com frequência são incluídos entre os devaneios dos delírios psiquiátricos.
Quando Tomás de Aquino fala "dele próprio" ele diz:
"Analogamente, embora Deus seja unicamente ser, não é necessário que lhe faltem as outras perfeições ou nobreza: antes Deus possui todas as perfeições que estão em todos os gêneros, tanto que é chamado perfeito no sentido absoluto, como dizem o Filósofo e o Comentarista do V livro da "Metafísica", mas as possui no modo mais excelente em relação a todas as outras coisas, porque Nele as perfeições formam uma unidade, enquanto nas outras coisas elas permanecem separadas entre elas. E isto porque todas aquelas perfeições são convenientes a Deus, conforme o seu ser simples; é como se alguém estivesse em condições de realizar, através de uma única qualidade, as operações de cada outra qualidade, abrangeria, naquela única qualidade, todas as outras qualidades, assim Deus abrange no seu mesmo ser todas as perfeições".
Tomás de Aquino, Ente e essência, Rusconi, 1995, p. 121
Está possivelmente falando de Deus? Não! Tomás de Aquino está falando dele mesmo, que na sua imaginação, ele se eleva a Deus absoluto. E como argumentar contra quem se considera o Deus absoluto? Ao proclamar-se Deus absoluto. Ao proclamar-se Deus absoluto ele quer te colocar na fogueira para que tu reconheças a realidade objetiva do seu delírio. E, assim, para que acabe acreditando que Deus existe para que não acabes na fogueira, e quando Tomás de Aquino coloca-te na fogueira tu suplicarás a Deus clamando contra a maldade de Tomás de Aquino, enquanto os delírios dele encontrarão a confirmação da realidade de Deus.
Com este mecanismo as pessoas são mortas e as suas condições de vida são agravadas para a diversão de Tomás de Aquino.
Marghera, 03 de dezembro de 2018
A tradução foi publicada 14.05.2022
Aqui você pode encontrar a versão original em italiano
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