O Juízo de Necessidade

A vida no mundo social humano - Debate número 13

A filosofia do tornando-se da Religião Pagã

Claudio Simeoni
traduzido por Dante Lioi Filho

Filosofia Pagã

Índice:

--- O Juízo de Necessidade

--- Mentira

--- Sobre emoções no Sistema Social

--- Aquilo que quero! Aquilo que não quero!

--- O que aceito! O que não aceito!

--- O que me encoleriza! O que me tranquiliza!

--- Aquilo que me atemoriza! Aquilo que me dá segurança!

--- Aquilo que me dá confiança! Aquilo que me dá desconfiança!

--- Aquilo que me dá felicidade! Aquilo que me dá tristeza!

--- Aquilo que me envolve! Aquilo que me aborrece!

--- Aquilo que me interessa! Aquilo que não me interessa!

--- Aquilo que me interessa! Aquilo que não me interessa

 

 

O Juízo de Necessidade

O indivíduo consciente adapta-se a uma vida social no mundo, e mesmo na presença das incertezas e incongruências, formula o seu parecer funcional à sua vida.

No antigo grego Necessidade é Ananke.

Necessidade é uma força da qual não se pode dispensar.

O que se entende por JUÍZO DE NECESSIDADE, mas antes, porém, o que é um JUÍZO?

Chama-se JUÍZO tudo aquilo que nós dizemos. Dizer: "Esta coisa é boa!", qualquer que seja o significado entendido: significa dar um JUÍZO! Dizer: "O Sol é amarelo", significa dar um juízo.

Cada vez que falamos, damos um juízo. Não somente pelo fato de julgar, mas pelo fato de dizer, transmitir, tentar entender, falar. Trata-se sempre de juízos que nós emitimos. E quando falamos com as outras pessoas, aquilo que chega a nós, através das palavras delas, são os juízos. As relações entre os Seres Humanos são relações de juízos que vêm a serem trocados, confrontados, modificados, etc.

Falar em Juízo de Necessidade significa falar de um juízo do qual não é possível se subtrair de emitir um juízo que se torna justificação do nosso agir dentro do Sistema Social.

Dizer à sua amada ou ao seu amado: "Te amo!" é um juízo. E é um juízo emitido da necessidade daquele momento ou daquela situação que estamos vivendo.

O nosso problema, é que depois de ter tratado do Ceticismo, passamos a conhecer a escassez e a superficialidade, a falta de adequação, a contingência, a utilidade, e com frequência a esterilidade e inutilidade dos nossos juízos.

No entanto, nós os representamos com força, sustentamos as nossas razões e as justificamos como se fossem uma questão de vida ou de morte.

Com frequência é!

É a diferença que há no nosso Sistema Social, entre o infligir por ter-se tomado decisões (ter emitido um juízo em estado de necessidade), colocando em ação sequência de acontecimentos danosos, ou subtrair-se de suas responsabilidades próprias, evitando, assim, a emitir juízos; ou evitando de tomar para si a responsabilidade das decisões (que de qualquer modo são decisões capazes de acionarem outras sequências de transformações).

Se uma pessoa justifica adequadamente as decisões tomadas, a imputação do dano (seja qual for o modo como essas decisões serão tratadas pelo juiz, em juízo), refere-se a um imponderável. Quando nos encontramos em uma situação de dever enfrentar os "juízos" pelas decisões que tivemos de tomar, o importante é que estejamos em condições de justificar ou motivar, adequadamente, o juízo emitido. Não é importante que outras pessoas participem ou não daquilo que decidimos, é importante que nós saibamos justificar, isto é suportar logicamente a nossa escolha.

No Sistema Social em que vivemos, não podemos evitar de emitir juízos que fazem com que todos os reputem oportunos, sábios, adequados e glorificantes.

NESTE DEBATE TRATAMOS DO JUÍZO DE NECESSIDADE.

O juízo em si e a relação entre nós e o objeto do juízo.

Não falamos de Loucura Controlada como manipulação subjetiva do juízo.

À Necessidade de se emitir um juízo não se pode evitar. De maneira que nesta sociedade, a pessoa é classificada com base nos juízos que emitem a favor ou contra alguém.

Mesmo se às vezes dizemos:

"Não quero saber de nada!"

"Não me faça falar!"

"Cala-te boca!"

Na realidade estamos emitindo juízos, estamos tomando posição em relação à qualquer coisa, que o sistema social nos solicita.

Necessidade, Ananke, é entendida, em muitas interpretações, como "destino".

Isto para se poder dizer que o juízo que manifestamos tem um fim. Um objetivo que deve atingir. Esse objetivo ou fim pelos quais manifestamos o juízo pode ser fora de nós como pretensão subjetiva da objetividade, ou dentro de nós como nossa manifestação por meio do juízo na objetividade.

O meu juízo é vazio, superficial, inadequado, contingente: SEMPRE!!!

Porque não é a necessidade de responder às solicitações do Sistema Social, mas deve responder à minha necessidade de eu mesmo me representar no Sistema Social.

Do momento que eu mesmo sou um sujeito em contínua mutação, necessariamente o juízo que emito refere-se ao que me tornei, e referente a como EU QUERO REPRESENTAR A MIM MESMO A QUEM ME SOLICITA O MEU JUÍZO.

Nunca esperem que quem pratica Stregoneria lhes fale a verdade em relação às suas escolhas, e aos seus gestos. Eu pratico as ações porque reputo que devo praticá-las, porque alguém me perguntaria: por quê você faz isto ou aquilo? Quando alguém me pergunta sobre isso, significa que o que faço está submetido ao juízo emitido por ele. Não acha que lhe é útil aquilo que faço, mas necessita encontrar para ele as explicações. E as solicita de mim! É claro que lhe dê as explicações funcionais naquele momento. Explicações que satisfaçam à sua necessidade e que contentem o seu desejo de justificar na sua razão as minhas ações, mas não terá a verdade. De fato, se em uma situação diversa me solicitar para motivar ou justificar as mesmas ações, terá explicações diversas ou terá explicações diferentes também se me solicitar para lhe dar explicações pelas ações precedentes.

As explicações que dou não constituem o motivo pelo qual pratico uma ação, mas são elementos que justificam a ação que pratico, elementos que eu mudo quando vejo que o interlocutor acha que os motivos precedentes são insatisfatórios.

É o juízo de necessidade, é um juízo que impede o meu interlocutor de pretender elevar-se a "juiz" em relação a mim.

Sei, perfeitamente, que eu estou me transformando e assim se transformará a minha capacidade para emitir juízos, como sei perfeitamente que mudando a relação entre mim e o Sistema Social, muda também o juízo que manifesto.

Tentem se identificar com um magistrado ou com o imputado, e pensem se os juízos subjetivamente emitidos, referentes ao chefe da imputação, possam ter alguma afinidade com um juízo objetivo.

Ambos são juízos de necessidade.

Portanto: vazios, superficiais, inadequados, contingentes, e frequentemente inúteis e estéreis.

Nós, mesmo não fugindo de emitir um juízo, não pretendemos emitir um juízo objetivo: não somos fiéis a uma verdade!

Somos conscientes para emitirmos um juízo relativo. Relativo àquilo que somos, e àquilo que desejamos obter com o nosso juízo. Estamos conscientes de que em qualquer instante nós não seremos aquilo que agora somos, nem que aquele juízo nos liga ou nos vincula. Quando se emite um juízo, significa que se deseja obter qualquer coisa. Um juízo não é emitido sem um escopo. Não se faz uma afirmação sem um escopo. Um cumprimento, não é feito sem um escopo. Emitir um juízo é um ato de representação que fazemos no Sistema Social em que vivemos. E, assim, cada ato de representação vem a ser feito para um escopo, para se obter um determinado resultado. Não digo a uma pessoa: "Você é bela!" se não tiver estímulos que me induzem a contentar tal pessoa. Represento-me àquela pessoa dizendo: "Você é bela!" , mas o escopo é a satisfação, como resposta aos estímulos que me incitam dentro de mim. Quem pratica Stregoneria procura compreender esses estímulos, procura compreender o escopo das afirmações. Não fica estático só na afirmação, projetando sobre a mesma aquilo que ele imagina que aquele juízo quer significar.

Representamos no juízo a NOSSA NECESSIDADE. Mesmo que além de, tal necessidade, seja ela manifestada ou ocultada do juízo que emitimos.

Estarmos conscientes de que ao emitirmos um juízo apresentamos (ou preservamos) a nossa necessidade, isto significa emitir um JUÍZO DE NECESSIDADE.

Exatamente por haver conhecimento do tipo, da qualidade, e dos fins do juízo, NÃO HÁ VINCULAÇÃO DE QUEM O EMITE, DEIXANDO LIVRE O INTERLOCUTOR PARA INTERPRETÁ-LO ATRAVÉS DO INTENTO DELE.

NOTA:

Através do juízo de necessidade, nós podemos jogar com a imaginação do nosso interlocutor. Podemos, isto é, emitir um juízo limitado a um objeto e deixar que o nosso interlocutor procure fantasia-lo, buscando dentro dele as explicações do nosso juízo. As explicações que ele encontrar não serão aquelas referentes ao nosso juízo, mas serão aquelas relativas a um conjunto que existe dentro dele, se ele tivesse emitido aquele mesmo juízo.

Com frequência existe um engano que surge, como uma burocracia, em relação às pessoas. Um engano que nasce entre aquilo que está escrito e naquilo que as pessoas, do que está escrito, entendem. Os políticos fazem afirmações sem substanciar de conteúdo e de significado essas afirmações, e deixam os seus eleitores imaginarem o que eles quiseram dizer com aquelas afirmações.

O indivíduo se retira do centro do mundo (conforme vimos anteriormente), e então compreende a necessidade da prática e da subjetivação do comportamento CÉTICO.

Porém, nós devemos viver no Sistema Social, na sociedade que encontramos no momento do nosso nascimento.

Saídos do centro do mundo (como se imaginam os maiorais, sobrepondo-se à própria Mãe Natureza, Hera, reputando-se à imagem e semelhança de um deus criador de tudo - Observação:esta nota é minha apenas para tentar relembrar o que foi visto sobre *retirar-se do centro do mundo*) e assimilando a atitude cética, devemos emitir juízos através dos quais poder viver.

A Mistura do Stregone (Crogiolo dello Stregone) é um complexo único, e como tal deve ser visto.

A mulher, o homem, desenvolveram o que se sublinhou nos debates referentes ao mundo do Ser Natureza, e se representam, eles próprios, no mundo social partindo das condições que encontraram no momento do nascimento. O Juízo de Necessidade é o juízo, por meio do qual, quem pratica Stregoneria, emite e considera os seus juízos no mundo social.

Façamos quatro considerações pelas quais torna-se necessário emitir um juízo de necessidade:

1) Eu não sei se conheço tudo, do que eu deveria conhecer, mas com base no que eu conheço, é o quanto estou em condições para decidir!

2) Eu emito determinado juízo, porque esse juízo, mesmo se eu conheço poucos elementos do objeto do qual emito o juízo, tende aos intentos e aos escopos que eu me predeterminei!

3) Não me interessa o quanto eu conheço ou não conheço, interessa-me apresentar ao meu interlocutor aquele determinado juízo, porque o meu interlocutor é a minha presa da armadilha, que obrigo a concentrar a sua atenção sobre o juízo que emito: o juízo emitido é um modo para obrigar o meu interlocutor a concentrar ou finalizar a sua atenção.

4) Um juízo voluntariamente enganador que uso quando quero me subtrair do meu interlocutor, ou quero obrigar o meu interlocutor a distrair a sua atenção.

Lembrem-se que a emissão dos juízos responde à todas as regras que discutimos durante os debates referentes à Arte da Armadilha. Emitir juízos, na sociedade em que vivemos, é uma verdadeira e exata atividade de guerra; como também é uma atividade de guerra responder ou colocar-se em relação aos juízos dos outros membros do Sistema Social que chegam até nós.

Como se pode notar, o juízo se manifesta no Sistema Social com base nas exigências subjetivas. Isto porque, o juízo é uma arma de representação subjetiva no Sistema Social. O viver por desafio implica também numa valorização subjetiva, ao se manipular o juízo próprio com a finalidade de representar, no Sistema Social, o aspecto que nós queremos. Não se trata de enganar, se trata de expor ou não expor nós mesmos com base nos nossos intentos, e aos nossos desejos, na conscientização de que vivemos em um Sistema Social de predadores. Haverá sempre alguém, que intuindo o comportamento de vocês, lhes dirá: "Mas não é assim, é você que é paranoico!" Que estranho, estava convencido de viver em uma sociedade que baseia as suas relações acerca do acúmulo de riqueza, com prejuízo a outras pessoas: e serei eu o paranoico?

O juízo é representado no Sistema Social como sabedoria!

A sabedoria é a manifestação de um juízo, que partindo da leitura do presente, considerando, pelo quanto é possível, as variáveis que se apresentam, vem a ser emitido em função de mudar a situação na qual se vive, ao longo de um caminho de liberdade: soltando as ligações ou rompendo os membros.

Remoção dos obstáculos na objetividade que impedem a dilatação das pessoas.

O juízo de necessidade é também o método com o qual o Ser Humano, que pratica Stregoneria, não engana a ele mesmo!

Emito um juízo, mas sei que o juízo que emito refere-se à minha consciência e ao intento que predetermino. Como muda a minha Consciência e o meu Intento, muda também o meu juízo.

Em Stregoneria chama-se "Fazer-se Proteu!" Proteu é o "ser sem forma". Se quiserem manifestar uma estrutura mental fixa, quem puder enganar-lhes apresentando-lhes as categorias mentais afins ou opostas, àquilo que é a forma mental de vocês. Mas se o juízo de vocês é sem forma no que tende a observar os objetos do mundo através daquilo que constituem as paixões e intentos de vocês, para entrar em relação com vocês é necessário que o interlocutor esteja em condições de emocionar as paixões e intentos de vocês. O seu juízo DEVE se tornar como Proteu. DEVE, isto é transformar-se, na ocorrência, em leão, serpente, javali, água, fogo ou vento, segundo à necessidade de vocês. Na Stregoneria de Castañeda se chama: perder a forma. Não estar dependente de um juízo fixo. Quem depende de um juízo fixo tenderá submeter a realidade (e quando não conseguir fazê-lo, imaginará a realidade) ao seu juízo.

Ser ou não ser um homem ou uma mulher, com "princípios e juízos" inarredáveis, é uma estupidez: podem haver princípios inflexíveis, mas estes são perseguidos com a máxima ductilidade e com a máxima adaptabilidade pelos juízos próprios, dentro do mundo em que vivemos.

No mundo social vive-se por meio da razão. Ela emite os juízos que deveriam ser a fonte da qual se geram as ações. Na realidade, é bom recordar, as ações dos Seres da Natureza, quase sempre precedem as análises da razão, e esta se limita a acompanhá-las para justificá-las e descrevê-las.

Mao Tse Tung escreveu um tratado com o título de : "Análises das situações dos camponeses na China." Não se tratava de uma análise que precedia as suas escolhas, mas era um trabalho analítico com o qual garantia aquilo que já tinha escolhido. O trabalho servia-lhe para racionalizar a sua escolha e tornar outras pessoas partícipes das suas escolhas.

No entanto, já tinha decidido!

Já tinha feito as escolhas.

Aquilo foi um juízo de necessidade. Um juízo de que necessitava o sujeito que o exprimia, para justificar e confirmar as suas escolhas subjetivas: o seu intuito, as suas predileções, o seu sentir! Aquele juízo, daquele modo e somente daquele modo, poderia ser aceito, condividido por outros e acordar em outros o seu intuir e o seu sentir.

O juízo de necessidade, neste caso, justifica o sentir e o intuir do indivíduo permitindo-lhe de tornar as pessoas partícipes do mesmo modo como ele sente.

Eu sei que o juízo com frequência é fruto do condicionamento do indivíduo e de adaptações subjetivas às quais ele é constrangido, mas isto não é o objeto deste debate. Nós estamos falando do juízo em si e do seu uso.

Quando eu recebo o juízo de uma pessoa, devo partir do pressuposto que aquilo que a pessoa me exprime é um juízo como uma justificação da sua ação ( da suas escolhas, da sua atitude, das suas predileções), e portanto é um juízo que exprime a sua necessidade de externar, procurando com essa externação prender a minha atenção.

Eu sou um sujeito da armadilha e quando as pessoas me expõem o juízo delas, estão, de qualquer forma, sempre tentando uma ação em relação a mim. Portanto, quando uma pessoa manifesta a mim o juízo de necessidade dela, devo me comportar conforme esse juízo, como se fosse a pessoa em si, o seu ser, mas ao mesmo tempo, devo sempre ter presente que o juízo é aquele que aquela pessoa, naquele momento, deseja me apresentar selecionado através das suas intenções, e o seu conhecimento da imensidão que está fora e dentro dela.

Lembro, ao que corresponde o Juízo de Necessidade, como manifestação subjetiva no Sistema Social, quando nos referimos aos outros Mundos tratados em Stregoneria. No mundo do Ser Natureza, é sempre a ação que precede o pensamento (entendido como pensamento pensado). O sujeito se representa no Ser Natureza através das suas ações próprias (e não somente no mundo do Ser Natureza). Portanto, no mundo do Ser Natureza não existe um juízo enquanto o nosso juízo aparece nas nossas ações. É o resultado da interação entre ações e a solução das contradições que determina a qualidade do "juízo", que naquele mundo demos mediante as nossas ações e as nossas escolhas.

Nos mundos da percepção o elemento fundamental é a Suspensão do Juízo, isto porque, nos mundos da percepção, não temos instrumentos "racionais" suficientes ou adequados para descrevê-los.

Juízo de Necessidade, ação e suspensão do juízo convivem sempre e são usados ao mesmo tempo. Por exemplo, diante de quem manifesta um juízo de necessidade, suspende-se o juízo. Quando o juízo de necessidade manifestado pelo nosso interlocutor não é mais apenas um exercício verbal, então mais do que ouvir o juízo que ele pronuncia (cujo escopo é de prender a nossa atenção), observam-se as ações que ele coloca em movimento, e assim age-se em relação a essas (chamar as coisas com o seu verdadeiro nome!).

 

Mentira

No discurso referente ao Juízo de Necessidade entramos no mundo social com a averiguação daquele comportamento que, comumente, é definido como Mentira.

Mentira, embromação, juízos enganadores, ou simplesmente embuste.

O juízo que conferimos à mentira, outro não é senão o de uma imposição educacional, com referência aos desejos expressos pelo Comando Social. O Comando Social qualquer que seja o seu papel, não tolera o mentir das pessoas submissas, porque mentir lhe impede de governar de uma melhor forma, com o seu poder; mas por outro lado, o Comando Social faz da mentira e do engano um dos instrumentos através dos quais administra o Sistema Social. Muitos destes aspectos da mentira são passados sob no nome de "diplomacia"!

O mentir é normal para a razão, onde, a primeira mentira dela consiste na afirmação de uma verdade. Um modelo imaginado ao qual todos os indivíduos devem se referir. Depois esse mecanismo se espalha. A razão do indivíduo socialmente mais forte, impõe a verdade, imaginada por ela, à todas as razões do indivíduos do Sistema Social. À todas as razões submetidas.

Até o momento que a razão de Wojtyla, no seu tempo, não declarou que as mulheres, chamadas de Streghe, existiam naquela forma e eram queimadas, ninguém ousava queimá-las.

*Sem o conceito de uma verdade declarada, não existe o conceito de mentira*. É necessário conhecer a violação da dignidade humana, para serem reivindicados direitos sociais para a proteção dessa dignidade. Se não se conhece e não se denuncia o que é destrutivo para a vida, não se pode nem ao menos individuar os obstáculos que são removidos e em qual direção são removidos, para se favorecer o desenvolvimento da própria vida.

Do momento que a verdade não existe, seja como objeto em si, seja como juízo de um indivíduo, não existe nem ao menos um conceito objetivo ou imparcial da mentira.

No Sistema Social, também por outros meios, se transfere o jogo do inquisidor católico.

O inquisidor diz à Strega: "Eu sei qual é a verdade do que você pratica, e lhe torturo enquanto você não me confirmar aquilo que eu digo que você faz!" A verdade é aquilo que o inquisidor afirma e a Strega deve somente confirmá-la! Depois disso será queimada. Este jogo, seja quais são os meios diversos, se transfere na modalidade das relações sociais: "Diga-me a verdade!" Diz ao seu filho a mãe ameaçadora. Uma verdade que já foi imaginada por ela, e olha o filho com desprezo, quando tudo o que ele lhe diz não confirma o que ela imaginou,

O conceito de mentira, ou invenção falsa, existe somente na relação de um indivíduo que se faz de juiz. Um indivíduo que se eleva à imagem e semelhança de um deus dono de tudo, fiador de uma verdade objetiva e socialmente aceita.

O conceito de mentira, em Stregoneria, não existe, porque não existe o conceito de verdade.

A mentira é definida como: "ocultamento ou uma falsa reprodução de fatos com o escopo de criar situações vantajosas, de evitar situações difíceis, de não causar danos a si mesmo ou a outros."

Parece evidente que, nesta definição, a mentira assume uma conotação negativa em relação a quem a manifesta, como se a sua prática não fosse uma condição natural.

Como defender-se de quem usa sistematicamente a mentira?

A mentira é formulada através das palavras. As palavras, expressadas pelo indivíduo, abrem e fecham a mentira. *Quando escutamos, manifestamos sempre um comportamento cético; quando observamos: observemos as mãos!*

Isto nos subtrai do engano da mentira.

Mas o que é a mentira? Outra coisa não é senão uma forma do Juízo de Necessidade.

Numa criança que inventa histórias: o que criou-lhe essa necessidade?

Por quê ela manifesta a necessidade de dizer isto ou aquilo, que um adulto chama de mentiras?

Porque é a manifestação da criança, a sua resposta, ao que se refere a uma verdade imposta, à qual não consegue adaptar-se com ela no quotidiano!

*Tentemos ler as etapas do desenvolvimento da mente dos neonatos. É necessário conhecer os graus de desenvolvimento da mente na idade dos recém-nascidos para se poder compreender os mecanismos que nos induziram a assumirmos alguns tipos de comportamentos, e assim podermos mudá-los.

Extraí do jornal 'La Repubblica' do dia 08 de agosto de 2005 as etapas sobre o desenvolvimento da mente infantil:

"AS TÉCNICAS - A mente dos recém-nascidos é examinada usando-se o eletroencefalograma e o laser que acompanha o movimento dos olhos. No futuro se usará também a ressonância magnética.

10 semanas - AUSÊNCIA. Não é verdade que para os recém-nascidos vale o clichê "longe dos olhos, longe do coração"; já entendem na décima semana de vida, por exemplo, que quando a mãe se afasta da visão deles, continua a estar com eles.

CÉLULAS - O cérebro de um recém-nascido é de cerca de um terço do cérebro de um adulto, e é redundante, ou seja, possui milhares de células em um número superior.

4 Meses - EXPRESSÕES. Distinguem as emoções pelas expressões do rosto. O neonatos se deliciam com um sorriso, desviam o olhar se vêem alguém triste, e estão vigilantes e em alerta diante de um rosto enraivecido.

VISÃO - Aumentam as conexões entre neurônios e áreas cerebrais. Cresce a capacidade das áreas predispostas à visão.

6 Meses - ROSTOS. Têm um espectro visível com uma nuança repleta, que permite a eles notarem diferenças mesmo que mínimas, em especial nos rostos, que as crianças maiores e adultos não estão mais em condições de enxergarem.

CÓRTEX - O córtex cerebral permanece ativo inclusive no sono. O cérebro continua a crescer de modo surpreendente.

7 Meses - EMPATIA. É uma das primeiras emoções que experimentam os recém-nascidos: por isso quando escutam os outros chorarem, choram, ou fazem caretas de tristeza. Entre os 13 aos 15 meses, procuram até consolar um companheiro no jogo das lágrimas

ÁREAS CEREBRAIS - Crescem as áreas predispostas à compreensão da linguagem. As crianças começam a imitar os primeiros sons.

8 Meses - LINGUAGEM. As crianças experimentam combinações vocais em condições de chamar a atenção, e aos 9 meses são capazes de distinguir os fonemas de uma língua estrangeira, mas somente interagindo com adultos da língua pátria.

HIPOCAMPO - O hipocampo é a área do cérebro que implica nos processos de memorização, se desenvolve até atingido os 12 meses, as crianças estão em condições de ter na mente episódios acontecidos quaisquer minutos antes.

Após os 10 meses - OLHAR. As crianças são capazes de seguir com o olhar. Compreendendo o olhar, os neonatos começam a compreender o outro. Segundo os pesquisadores, isto não é somente um sinal de crescimento emotivo e social, mas também a base do futuro desenvolvimento da linguagem.

CAPACIDADE CEREBRAL - Após 12 meses, durante o sono, o córtex permanece inativo. Aos 18 meses, sob o controle do córtex pre-frontal, os pequenos podem programar. Aos 24 meses, com a capacidade cerebral aumentada, exploram o ambiente.

Toda a adaptação subjetiva da criança nada mais é do que um processo de adaptação subjetiva à "mentira", ou se preferirem, adaptação ao real que a sociedade dos adultos lhe apresenta. Com urgências e com a necessidade de se representar, é o que a sociedade adulta requer da criança.

Tudo isso: Para que eu emita um juízo necessário à minha necessidade de me representar, através do juízo, é de qualquer modo uma mentira.

Na natureza existe uma luta para se sobreviver (o afeto que a criança demonstra pela mãe, faz parte da sua luta para a sua sobrevivência, que ela coloca em ação!). Só que, na Natureza, não se chama mentir ( o Ser Natureza não tem uma verdade à qual se adaptar). Chama-se combater com os seus próprios meios!

O juízo de necessidade passa da minha necessidade para manifestar um juízo, ao juízo que manifesto para alcançar o meu intento, que representa a minha necessidade!

Eu observo calado os fenômenos que não compreendo, e emito o juízo necessário para dar prosseguimento à minha vida, e às minhas escolhas, mesmo estando consciente da sua limitação: aos meus filhos o que transmito? O conhecimento da minha limitação ou o juízo de necessidade elevado à verdade? Está em mim escolher, e segundo as minhas escolhas, favorecer ou cortar as asas do futuro deles.

Eu compreendo os fenômenos e emito um juízo, apto à funcionalidade do meu intento, ao objetivo que estou perseguindo.

Quando observo, calado, os fenômenos que não compreendo, emitindo um juízo necessário para prosseguir na minha existência, estou praticando o juízo de necessidade; quando emito um juízo funcional, que tem utilidade ao meu intento, estou praticando a loucura controlada.

Mentir conscientemente acontece somente no Sistema Social: tentem mentir falando com uma árvore! Fora do Sistema Social, mentir danifica a si mesmo.

O não mentir dentro do Sistema Social, é um ato de submissão ao mesmo.

Há a submissão só quando se presume estar no centro do mundo.

Quando se usa a atitude cética subtrai-se. Quando se usa conscientemente o Juízo de Necessidade significa que o indivíduo tornou-se consciente de estar vivendo no engano e na mentira, e está consciente de que há confronto nela e com ela.

Se o mundo real é uma ilusão organizada pelos nossos sentidos dada a qualidade da nossa existência, o mundo da política é um mundo de mentira no qual tudo o que se exprime não corresponde à manifestação do objeto ( a proposta política ou social), mas se finaliza para se obter adesões (votos) para fins diversos daqueles manifestados.

"ABOLIREI AS TAXAS!"

Uma frase clássica, ouvida com frequência nos últimos anos, para procurar um consentimento, que se não fosse uma mentira, pressuporia que o adversário ou seria estúpido, ou incapaz.

"Ele não está em condições de criar um acordo ao seu redor abaixando as taxas!"

Ou também:

Quem faz uma afirmação desse tipo joga com as ilusões ou expectativas das pessoas, que não conhecem as implicações do que é afirmado para se poder chegar a um acordo.

PORTANTO, UM JUÍZO DE NECESSIDADE!

Ao qual:

1) Pode-se aderir participando com ele!

2) Pode-se defender dele mediante o comportamento cético!

Destas emoções e do contrário delas, podemos individuar a origem do juízo de necessidade de quem o emite:

os seus INTENTOS!

Nós, pela nossa vez, devemos nos tornar conscientes de quais são as tensões emocionais que nos impelem na emissão do juízo de necessidade.

NÓS, seja quem formos NÓS!

O que nos impele a agir?

O que nos impele a agir naquilo que nós sofremos?

O que nos impulsiona a agir com ele que emite um juízo de Necessidade?

 

Sobre emoções no Sistema Social

O juízo de Necessidade, manifestado no Sistema Social, obedece à representação de expressões emocionais do indivíduo. Diversas pela intensidade e pela importância expressa nos vários momentos da nossa vida, no NOSSO Sistema social. Cada emoção, tomada particularmente, é uma representação de nós mesmos, e no momento em que a manifestamos, a exigência é como se todo o nosso ser (o sentir e a necessidade de intuição) está representado naquele momento e naquela emoção. Às vezes, a expressão daquela emoção, no Sistema Social em que vivemos, representa toda a nossa vida. Seja pela intensidade com a qual exprimimos aquela emoção, como pelas necessidades que emergem de dentro de nós impelindo-nos com urgência para aquela representação. Às vezes pode se tornar uma questão de vida ou de morte.

E no Sistema Social as emoções se manifestam (ou são solicitadas pelo mundo social) mediante um JUÍZO DE NECESSIDADE!

Vamos considerar algumas destas emoções:

1) Querer;

2) Agradar;

3) Encolerizar;

4) Dar medo;

5) Dar confiança;

6) Dar felicidade;

7) Dar divertimento;

8) O que interessa.

Ao contrário:

1) Não querer;

2) Não agradar;

3) Acalmar;

4) Incutir segurança;

5) Perder a confiança;

6) Tornar triste;

7) Dar aborrecimento;

8) Criar desinteresse.

 

Aquilo que quero! Aquilo que não quero!

É a sensação que determina o meu juízo de necessidade com base nos meus anseios e com base nos meus desejos.

Quem ouve esse juízo, para compreendê-lo, de fato, deve conhecer aquilo que quero ou aquilo que não quero, além da formulação do meu juízo. O meu interlocutor não deve se deslumbrar pelo modo como eu manifesto o juízo de necessidade.

Isto vale para cada um de nós.

Não devemos nos fascinar pelos juízos expressados pelas pessoas, especialmente se esses juízos satisfazem as nossas expectativas. Precisamente quando sentimos o que desejamos sentir (ou aquilo que sentimos alinha-se com as nossas expectativas), é quando estamos prontos para sermos enganados por um juízo de necessidade manifestado, para que ele possa, em relação a nós, ter aquilo que ele quer.

Aquilo que eu quero ou não quero, é manifestação do meu intento transferido no sistema social, através de uma série de juízos funcionais para atingir aquilo que eu quero, QUE ESTÃO, PORÉM, TOMANDO CONHECIMENTO DAS SITUAÇÕES OBJETIVAS QUE PODERIAM OBSTACULIZAR O ALCANCE DAQUILO QUE EU QUERO!

O juízo emitido em função daquilo que "eu quero ou não quero", é um juízo de Necessidade que responde às regras da Arte da Armadilha: finaliza-se na obtenção do objeto desejado ou não desejado.

Se o juízo de Necessidade, neste caso é enganador, a sua realidade está no objeto desejado ou na recusa do objeto não desejado. De Crescenzo um dia disse: "Quando eu sou convidado para ir à casa de alguém, a primeira coisa que faço é dirigir-me para olhar a sua biblioteca, pela qual entendo os seus interesses! E se na casa não existe uma biblioteca, começo logo a me alarmar. O que será que ele quer?"

 

O que aceito! O que não aceito!

O aceitar é um "degrau", o mais baixo dos envolvimentos das emoções, que não é o querer.

No que se refere àquilo que eu quero ou não quero, não admito intermediações, no aceitar ou não aceitar o juízo de Necessidade, leva-se em consideração a intermediação. "Você é aquilo que é!" O meu juízo intermedeia, é condescendente (original: "chiude un occhio"), para dividir o principal do secundário. Separa aquilo que se aceita daquilo que não se aceita, manifestando um certo grau de tolerância. Não aceito, poderia renunciar, mas não me perturba muito. Aceito-o, me agradaria, mas não estou totalmente disposto a tê-lo por inteiro.

Qual é o grau de envolvimento das minhas emoções naquilo que aceito? E naquilo que não aceito? Qual a sua aceitação? Ou a sua não aceitação?

O que aceito ou não aceito é manifestação do meu Intento, que intermedeia entre o principal e o secundário dentro daquilo que se apresenta vindo do Sistema Social.

*Eu sei que alguns me toleram distinguindo entre o principal e o secundário!*

O juízo de Necessidade manifestado dentro do que se é aceito, ou não aceito, sempre tem o escopo de estimular no interlocutor um estado de ânimo favorável, uma predisposição para ouvir e para ser condescendente.

Esse tipo de juízo de necessidade é expressado, dentro da arte da armadilha social, com a finalidade de não alarmar o interlocutor. Dar-lhe a sensação que nesta situação se pode discutir e entrar em um acordo. Deste modo se predispõe o interlocutor a ser tolerante, ou seja. quando emito um juízo acerca do que quero ou acerca do que não quero.

 

O que me encoleriza! O que me tranquiliza

Esta situação psíquica-emocional é relativa a dois tipos de pessoas: o Construtor e o Submisso.

Essas tipologias de indivíduos podem emitir juízos de necessidade que manifestam a cólera em oposição a quem danifica um processo de construção, ou a cólera em oposição ao patrão que humilha o servo não levando em conta a sua fidelidade!

Os "raivosos" são somente os servos ofendidos ou os construtores do futuro.

Quando presenciamos um juízo de necessidade que consideramos "raivoso", devemos estar em condições para distinguirmos se o juízo de necessidade "raivoso", "calmo", "inteligente", "avaliado", "considerado", etc., é emitido pelo servo subestimado pelo patrão ou pelo construtor.

O juízo de necessidade "raivoso" com frequência é portador de mensagens importantes. O indivíduo que o manifesta faz coincidir as palavras com as emoções e com os seus intentos. A capacidade da indignação e de indignar-se, ainda é uma capacidade rara neste Sistema Social.

Estejam em alerta e prevenidos em relação a quem manifesta juízos de necessidade calmos e confortadores.

São manifestações de juízos de necessidade acerca daquilo que agrada ou não agrada; servem para parar um interlocutor que não pode ser parado de outro modo, ou então para construir uma vibração de temor, e predispor o interlocutor a aceitar ou predispor-se a aceitar outros tipos de juízo. O que me encoleriza constitui uma explosão de energia, uma verdadeira e exata bomba em mão emocional atirada ao rosto do outro, e isso me deixa tranquilo somente se for uma "abertura aos meus juízos" ou faz com que o outro recue em emitir os seus juízos de Necessidade.

Os juízos de necessidade que são frutos da minha cólera, ou que me encolerizam, são manifestados por "traficantes de escravos" (qualquer que seja o grau de posse dos indivíduos que se deseja obter), quando o submetido não está disposto a aceitar as suas razões de superioridade ou propriedade. O juízo de necessidade portador de cólera vem, com frequência, reforçado pela ameaça. Está nele, a quem esse juízo se endereça, saber se a ameça pode ser realizada ou não realizada.

Estes tipos de juízos manifestam a necessidade de intimidar, amedrontar, com a finalidade de reafirmar a submissão do indivíduo a quem se dirige. Obrigar a aceitar sem nenhuma crítica, significa submeter!

Se vocês desejam ver como se manifestam este tipo de juízo coloquem um monoteísta com as costas contra o muro junto do seu deus e do seu profeta louco, e o descobrirão a blasfemar e a ameaçar: talvez somente com as chamas do inferno, visto que não pode hoje levantar fogueiras como na inquisição.

Nesse tipo de juízo de necessidade é importante aprender a distinguir o que encoleriza, por que e qual a maneira de desafogar aquela cólera ou calma, e a oportunidade de intervenção mediante os nossos juízos.

Em cada caso se trata sempre de juízos ligados à situações de posse ou de dependência mal correspondida e mal administrada, um clássico no nosso Sistema Social onde com frequência se manifesta:

 

Aquilo que me atemoriza! Aquilo que me dá segurança!

Juízos de necessidade ditados pelo medo e pela insegurança, atravessaram e com frequência têm determinado a história da humanidade.

Aprendam, e ninguém lhes ensinará a distinguir os juízos de necessidade ditados pelo medo e pela insegurança, do juízo de necessidade finalizado ao alcance de um intento.

Aprendam a entender o juízo de necessidade dos Seres Humanos vazios, ocos. Aprendam a observar e compreender aqueles que agem por medo em uma obsessiva busca de segurança da sua própria imaginação, como expressão da impotência deles e falta de coragem diante do mundo.

No que se refere ao juízo de necessidade, eles escondem a impotência deles (os Seres Humanos vazios que agem por medo) com:

1) Acusações em oposição aos juízos de necessidade de outros indivíduos, com o fim de defender o que experimentam e as manifestações dos juízos de necessidade, aos quais exigem deferência e aceitação apriorística; isto é, sem demonstrarem motivos suficientes pelos quais esses juízos deveriam ser aceitos pelas outras pessoas.

2) Essas pessoas manifestam os seus intentos com a finalidade de infundir segurança pelos seus temores, tentando encontrar nas aceitações dos outros, que aceitaram aprioristicamente esses seus juízos, uma pacificação ao seu estado ansioso próprio: segurança!

Deve-se sempre individuar a emoção que está por detrás do juízo de necessidade; devemos sempre nos perguntar: "O que leva a emitir-se esse juízo ou o que leva àquela sentença?"

Lembro que em jurisprudência, as sentenças devem ser sempre motivadas.Por quê, então, não serem procurados os motivos dos juízos de necessidade que comumente são emitidos pelas pessoas?

Devemos saber o que leva, a quem emite esses juízos, a fazer com que suportemos os mesmos.

Quem emite juízos de necessidade ditados pelo medo, para uma busca de segurança, é um paranoico, que obedece às emoções próprias da pulsão de morte. Juízos de necessidade que para obter segurança ou para que o mundo lhes confirme, podem chegar a destruir o próprio indivíduo que os emitiu.

Portanto, quem emite juízos de necessidade guiados pelo medo, para uma busca de segurança, pode se autodestruir.

Autodestruição através do juízo de necessidade.

No debate acerca da Loucura Controlada demonstro como todo o vir a ser das pessoas, na sociedade, são caracterizados pelas patologias psíquicas. Que, não é a patologia como doença, mas é o resultado da adaptação das emoções do indivíduo no ambiente familiar e social, que o forjou. As pessoas revelam a sua condição psico-patológica como se fosse uma condição normal, emitindo os juízos que para elas são totalmente naturais e óbvios. Tais juízos de Necessidade não têm o objetivo de atingir um escopo fora do sujeito, no mundo. Trata-se de juízos de necessidade cujo escopo é o de defender quem os emite pela ansiedade que envolve o indivíduo, quando o mundo coloca em discussão os fundamentos das crenças das quais a sua patologia é uma expressão. Vocês poderão se encontrar a emitirem juízos políticos baseados nas análises racionais em contraste com as pessoas, que vêem nos juízos de vocês ameaças contras a segurança psicológica delas: qual discussão terão para fazer?

Disto tem-se:

 

Aquilo que me dá confiança! Aquilo que me dá desconfiança!

Os juízos de necessidade que dão segurança a quem os emite! Juízos de necessidade sem emoções. Juízos de necessidade que dão segurança ao interlocutor. Adequação às regras impostas. Juízos que convidam a se adaptar. Juízos que convidam a aceitar, a não modificarem a racionalidade.

Desconfiança que manifesta juízos ditados pelo pânico e pela insegurança diante do dever de enfrentar a vida. É importante conseguirmos reconhecer um juízo de necessidade, como manifestação de um comportamento semelhante a esse. A compreensão, por um lado nos consente compreender o que gera o juízo, e a direção na qual conduzem os convites que de tal juízo nos alcançam e a reagirmos adequadamente; por outro lado, quando somos capazes, devemos nos perguntar (no caso de ser possível) : o que me torna incapaz e desconfiado a tal ponto de procurar a confiança na segurança emocional estática (na normalidade social?)

O juízo de necessidade que assegura a insegurança pode ser modificado somente inflamando os motores dentro de nós: mas devemos nos tornar conscientes acerca de onde chega tal juízo!

E inflamar os motores obtém-se individuando:

 

Aquilo que me dá felicidade! Aquilo que me dá tristeza!

Os juízos de necessidade ditados pela felicidade ou pela tristeza, são efêmeros. Pertencem ao um momento casual e estão circunscritos à manifestação do nosso estado de ânimo, ou endereçados diretamente à pessoa que está diante de nós, em relação à qual manifestamos o juízo de necessidade.

Quantas vezes não mandamos para "aquele lugar" um amigo ou uma pessoa que nos é cara? Não era a pessoa que se mandava para "aquele lugar", mas a situação que era vivida naquele momento, expondo-se o nosso estado de ânimo esporádico.

Também nos momentos de felicidade os juízos de necessidade eram amplos e generosos. Às vezes até muito amplos e generosos. Juízos de necessidade que deixam o tempo que encontram, e sobre os quais nós não podemos construir as estratégias ou os juízos diversos do momento eventual.

Porém, devemos reconhecer a origem daquele juízo de necessidade. Seja em relação a quem emite esse juízo, ou seja quando nós, naquele estado psíquico, emitimos tal juízo de necessidade.

Não se solicita do indivíduo um juízo fixo e definitivo. É um juízo relativo ao nosso estado de ânimo, estado de ânimo esse que varia segundo os momentos em que estamos vivendo, e as condições em que nos encontramos.

Os momentos de felicidade e de tristeza nos levam a emitir os juízos necessários. No entanto, é necessário que quando os emitimos ou quando o presenciamos porque alguém os apresenta a nós, saibamos reconhecê-los como juízos eventuais. Como dissemos, são juízos de necessidade ditados pelo estado de ânimo, e nesses momentos não construímos a nossa estratégia de vida (mesmo se esses momentos nos concedem amplos estados de prazer e de felicidade; ou mesmo ao contrário, no se refere à tristeza.

Frequentemente, o juízo de necessidade, manifestado numa situação esporádica, segura o interlocutor que tende a trocá-lo por um juízo definitivo.

Esses tipos de juízos encontram-se em todos os campos sociais, seja no campo amoroso como no político (Com exceção dos impostos para todos!), no campo econômico, ou nas relações de trabalho. O ator que apresenta o último filme afirma: "O melhor filme da minha vida!" O industrial que estipulou um contrato vantajoso, será pródigo em elogios às outras partes do contrato. Pannella é um especialista nesse tipo de juízo.

Existe uma predisposição neuronal que faz com que o indivíduo aceite o que lhe afirmam, com uma narração enfática e insistente (desfrutada pela publicidade).

Essa predisposição pode ser reforçada ( abandonando-se emocionalmente a mensagem), ou enfraquecida através do reconhecimento da qualidade da qual esses juízos são causadores. Quando nos encontramos diante desses juízos, deve-se apenas fingir de não tê-los escutado.

Quando se abandona essas mensagens, tem-se momentos de euforia, quando são analisadas as suas finalidades, tem-se uma situação psíquica conflitual. Essa situação psíquica conflitual é a representação do nosso esforço para alterarmos a nossa estrutura neuronal para impedir-lhe de obter prazer da aceitação subjetiva de um juízo eventual.

E aqui entra na dança o discurso:

 

Aquilo que me envolve! Aquilo que me aborrece!

É o juízo de necessidade ligado ao meu envolvimento nas minhas atividades. Quando se está em presença de uma pessoa que emite juízos que a deixam apaixonada, esses juízos são repletos de emoções. Estão carregados de pathos (alto grau de emoção). Muito argumentados. Diferentemente dos juízos de necessidade emitidos por pessoas cansadas, sem paixão e sem interesses. Pessoas aborrecidas.

Trata-se, sempre, de juízos de necessidade que são emitidos por pessoas que manifestam estados de ânimo, propósitos, intenções, paixões e necessidade em geral. Devemos estar em condições de superarmos o juízo manifestado para captarmos quem e porque tal juízo foi apresentado. Uma pessoa que se aborrece na vida, emite juízos para que quem a escuta possa tirá-la do aborrecimento. Quem se diverte emite juízos para não sair dessa condição.

O valor que daremos àqueles juízos será relativo à nossa capacidade para individuarmos o estado de ânimo, que está por detrás deles.

O juízo de necessidade: por qual coisa é conduzido?

Pela necessidade da diversão de vocês ou pela necessidade do aborrecimento de vocês? E o Intento aonde está?

Emito juízos para aborrecimento ou para divertimento.

Quanto, do que faço, relaciona-se a essas duas emoções?

Estou em condições para individuar o efêmero nelas?

O juízo envolvente distingue-se do que aborrece, pela energia de quem os emite, e investe vocês.

E é a quantidade de energia, colocada na qualidade manifestada pelo juízo, que torna envolvente ou aborrecido o mesmo. O juízo que envolve é o juízo com o qual nós fundamos a nossa energia: com o qual compartilhamos, do qual nos fascinamos, etc. O juízo que aborrece é um juízo que nos afasta, um juízo com o qual não desejamos e não queremos ter contato, porque manifesta uma energia diferente da nossa.

São os juízos de necessidade que aproximam ou afastam, às vezes além dos escopos que manifestamos.

Só que o escopo, em determinado tipo de juízo, é o que mantém o envolvimento ou o aborrecimento. O escopo, pelo qual tal juízo foi formulado, é o fator que age para modificar a realidade no relacionamento.

Se o que aborrece em um juízo afasta as pessoas, o que envolve pode convencer, mas somente nós mesmos podemos aceitar de sermos convencidos.

Não façam com que a ênfase eventual lhes envolva, mas aprendam a captar os escopos da transformação pela qual o juízo de necessidade é portador. Não se ponham a seguir bandeiras pelo entusiasmo da ênfase de determinado momento, mas escolham juízos que manifestem escopos para a necessidade de vocês:

 

Aquilo que me interessa! Aquilo que não me interessa!

É o juízo de necessidade que eu emito com base nos meus interesses. O juízo de necessidade não é manifestado em obediência àquilo que eu percebo no mundo, mas com base àquilo que eu quero obter ou provocar no mundo em que vivo. Ao mesmo tempo, posso emitir um juízo de necessidade para bloquear aquilo que não me interessa. Neste caso, o juízo não obedece à minha ideia, ou à minha leitura do mundo, mas àquilo que quero obter por intermédio da minha ação no mundo. A emoção que manifesto, através do juízo de necessidade, refere-se às minhas expectativas, que manifestam tal juízo, e que tenciono obtê-las.

Esse tipo de juízo pode exprimir, com frequência, mentira, mas não deve, necessariamente, ser julgado de maneira negativa. A funcionalidade ao que se refere ao uso positivo ou negativo, deste tipo de juízo, é dada pelo intento manifestado pelo indivíduo que exprime o juízo de necessidade relativo ao quanto me interessa.

.A pessoa que manifesta este tipo de juízo será positiva pelas suas intenções, pelo seu agir, pelo Intento que manifesta.

ATENÇÃO:

O Intento não manifesta cada juízo.

*O juízo não é manifestado pelo Intento, mas o juízo de necessidade, relativo ao Intento do indivíduo, é que qualifica o Intento do indivíduo em si.*

O juízo de necessidade daquilo que me interessa, ou não me interessa, me constrói; somente se o Intento ao qual obedece constrói o indivíduo. Compreender isto nos permite remontar às ações que o indivíduo executa, e que se justificam por meio do juízo de necessidade. E é através das ações que deduzimos o verdadeiro nome das coisas!

*Emoções que são manifestadas no juízo e juízos que escondem ou manifestam emoções!*

Quem pratica um caminho para a Stregoneria DEVE individuar as emoções e os intentos escondidos por detrás do juízo de necessidade que os indivíduos manifestam; e DEVE construir, nessa individuação, as suas próprias estratégias de existência.

 

Aquilo que me interessa! Aquilo que não me interessa

Reiterando: Quem pratica um caminho para a Stregoneria, DEVE individuar as emoções e os intentos escondidos atrás do juízo de necessidade que os indivíduos manifestam, e construir sobre essa individualização as suas estratégias próprias de existência.

Por outro lado, quem usa da prática da via da Stregoneria, deve usar o juízo de necessidade para esconder ou manifestar as suas emoções próprias. O juízo de necessidade é parte integrante do nosso modo de agir no Sistema Social. Quem pratica a Stregoneria é um sujeito sofre facilmente o engano social, pelo menos à primeira vista. Vem a ser enganado através do uso do juízo, pelas declarações e sentenças.

Diante da afirmação, o indivíduo está desarmado.

A afirmação requer uma resposta imediata. Tentem levarem em consideração a afirmação: "Deus criou o mundo!" Uma afirmação feita em poucos segundos que necessitou de 2000 anos para ser desmentida. Se nós tivéssemos individuado imediatamente a fonte emocional, que está na origem do juízo de necessidade, poderíamos agir bem antes, como consequência.

LEMBREM-SE:

*ELE NÃO MENTE, ELE TEM NECESSIDADES!*

Individualizem a origem das necessidades e conhecerão o porque de tal juízo.

A ruindade ou a malvadeza não estão no juízo de necessidade, mas na estrutura emocional e nas necessidades de expressão emotiva, que lhe estão na origem.

E é nessa origem que devemos saber captar e considerar para organizarmos as nossas estratégias.

Nós devemos aprender a usar os instrumentos funcionais para o nosso viver social, para que nos tornemos hábeis na nossa atividade, dentro dela, e possamos praticar o nosso: VIVER POR DESAFIO!

Construirmos a nós mesmos no Sistema Social, e enfrentá-lo mesmo se somos pequenos fracos e indefesos, vivendo por desafio.

FIM (do Debate)

Marghera 27 de janeiro de 2006

 

 

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Claudio Simeoni

Mecânico

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