Índice:
--- Objeto e escopo da Meditação, vista do ponto de vista do Paganismo e da Bruxaria, é a RAZÃO
--- A Razão se impõe sobre o individuo, gradativamente, ao crescer
A Meditação é a técnica mediante a qual o Ser Humano coloca ordem na sua própria razão!
O Ser Humano age na Razão; portanto: deve colocar ordem na Razão!
OBJETO E ESCOPO DOS TRÊS DEBATES RELATIVOS À MEDITAÇÃO, À CONTEMPLAÇÃO E ÀS CORRENTES VEGETATIVAS além da especificidade do âmbito em que agem, é o de predispor a pessoa a um melhor e mais rápido acesso à sua PARTE INTERNA DO CÉREBRO, e por extensão aos sinais profundos que do seu corpo chega à sua razão. Um exemplo é o papel que representas a amígdala .
A amígdala alojada na parte mais profunda do cérebro (cérebro antigo, primordial), tem a função de proteger o individuo de perigos verdadeiros ou presumidos. A amígdala está coligada com o Tálamo do qual lhe chegam informações, e está diretamente coligada com o sistema nervoso simpático. Em caso de perigo, está em condições de aumentar o batimento cardíaco, a pressão do sangue, e a glicose nos músculos. Do momento que este mecanismo age diretamente sobre a estrutura emocional do indivíduo. é o único mecanismo capaz de MODIFICAR-NOS em função dos intentos que preestabelecemos.
Na prática, com estes três elementos da Mistura do Bruxo (Crogiolo dello Stregone) nós nos forjamos em função do nosso agir no Sistema Social (por extensão nos mundos) em que vivemos.
Se quando éramos crianças a nossa estrutura emocional se adaptou ao condicionamento educacional que sofreu, agora de adultos nos nos assenhoreamos do mecanismo variando-o para os nossos escopos e os nossos fins, ao menos experimentamos obter qualquer resultado !
Do momento em que o homem não é criado à imagem e semelhança de um deus louco, mas é um ser em transformação contínua, tentamos de tomarmos as rédeas pelo menos de uma parte dessa transformação.
O fim da Meditação é a transferência funcional dos impulsos, das tensões e dos desejos que incitam o individuo a exprimir-se de maneira funcional também no âmbito da RAZÃO. Recordemos que a RAZÃO regula os relacionamentos sociais, os relacionamentos entre os Seres Humanos, sendo que a transferência "convulsiva" para a RAZÃO das tensões, impulsos e necessidades do individuo, levam-no a ser um indivíduo ANTISSOCIAL.
Por outro lado, o bloqueio das tensões, dos impulsos, e dos desejos (ou necessidades) mediante a ação coercitiva da moral, produz uma série de doenças no indivíduo que bloqueiam-no a vida no mundo social. A Razão intervém entre o mundo social e manifestação impulsiva subjetiva, e devemos agir afim de que a Razão não sufoque a manifestação impulsiva mediante os seus fantasmas (educacionalmente impostos) e a sua ditadura em relação ao indivíduo.
Meditar significa: tomar um elemento da razão; extrai-se o mesmo do conjunto da razão; considerando-o como um fenômeno isolado em si; colocando-o precisamente no mundo; transferir tudo dele sobre as nossas emoções (vive-se o elemento pensado com paixão psíquica); verifica-se o que consta dele; e recolocamos esse elemento de volta na razão, mas MODIFICADO.
Um exemplo pode ser aquele que usamos no Mobbing. Frequentemente sofremos os fenômenos do mundo, e não sabemos de onde vêm e nem qual é a finalidade deles (nem muito menos os efeitos que terão). A Meditação nos permite "parar" por um instante, e de analisarmos elemento por elemento segundo a situação em que nos encontramos, nos permite selecionar cada fenômeno que nos sucede no local de trabalho, isolando-o do todo, e da projeção que nós fazemos sobre ele. Isto NÃO nos permite conhecer aquilo que não se exprime, mas nos permite construir o quadro RACIONAL do todo que se exprime: quanto foi dito, quanto foi feito, como reagimos, como agimos, etc. no local de trabalho. Com esta ação bloqueamos o projetar da nossa imaginação, RACIONALIZANDO os fenômenos manifestados. No final da atividade da Meditação sobre a situação, estamos prontos para INTUIRMOS o que ESTÁ POR TRÁS daquilo que enfrentamos !
Nasce-se como Vontade!
Constrói-se a Razão!
Pratica-se no mundo, justificando-se tal prática através da razão!
O meio através do qual vivemos, a Razão, se apodera do indivíduo!
A Razão se impõe ao indivíduo !
A Razão constrói na expressão psíquica do que é pensado, um labirinto.
Um labirinto de palavras no qual faz girar no vazio emoções, necessidades, desejos e tensões!
No labirinto da Razão, Emoções, Desejos, Necessidades e Tensões se exprimem somente depois de serem descritos por meio de palavras.
Somente depois que se revestiram de FORMA, DESCRIÇÃO e JUSTIFICAÇÃO.
A Razão constrange o indivíduo a JUSTIFICAR OS SEUS PRÓPRIOS ATOS!
A justificar as suas EMOÇÕES (Amo porque...)
A justificar as suas TENSÕES (estou cansado porque...)
A justificar as suas NECESSIDADES ( necessito de, porque...)
A justificar os seus DESEJOS ( tenho vontade de, porque...)
Desse impor o seu domínio sobre o indivíduo, se impõe o domínio da razão através do: CONHEÇA-TE A TI MESMO!
Em contraposição ao: ENFRENTE A VIDA ATRAVÉS DE TI MESMO!
O Conheça-te a ti mesmo, como um fim imposto pela razão ao sujeito, tem o objetivo de construir uma gaiola psíquica ao redor do indivíduo dentro da qual constrange-lo às forças da vida.
As forças da vida submetidas à ditadura da descrição.
O labirinto construído pela razão, constrói no individuo um verdadeiro e exato caos (que com frequência leva a pessoa ao desespero e à incongruência ou loucura) entre necessidade de expressão das forças que estão dentro de nós, e que são exprimidas mediante as Emoções, Tensões, Necessidades e Desejos, e a consequente urgência da razão de submeter todas essas forças sob o controle da sua descrição, forma e manifestação moralmente admitidas racionalmente.
É nesse caos (da razão) de loucura que o indivíduo deve colocar ordem.
Deve mediar, de um lado, entre expressões de necessidades, tensões e desejos; e por outro lado, as necessidades de controle da razão que coloca no sujeito limites e a forma dele se expressar.
O indivíduo de que estamos falando é um individuo adulto. Um individuo no qual a razão assumiu um controle coercitivo e limitativo em confronto com as suas tensões internas, impondo uma moral, uma forma e uma descrição como manifestação social do individuo nele mesmo.
Não é possível, por um lado, destruir a razão, sob pena de impossibilitar o individuo de efetuar o seu desempenho social, e portanto colocaria em perigo, diante de um externo, a sua manifestação própria; e por outro lado, deve consentir a manifestação das suas tensões , e das suas necessidades, superando os limites impostos pela razão através da sua forma, da sua descrição e da sua moral imposta.
*Entre os limites impostos pelo Sistema Social em que vivemos à expressão das nossas tensões, desejos e necessidades e o limites impostos pela nossa razão através da sua descrição, forma e moral, existe um terreno de ação no qual nós podemos agir manipulando a nossa razão e ampliando os espaços de ação das nossas necessidades, das nossas tensões e dos nossos desejos.*
Dois são os modos de intervir na nossa razão e são importantes: o reconhecimento das nossas necessidades, desejos e tensões, além de como a nossa razão quer apresentá-los na forma, descrição e na estrutura moral da representação do individuo. Na prática, a necessidade de liberar, progressivamente, o nosso desejo, a nossa tensão e a nossa emoção dos limites impostos pela nossa razão, no qual exprime-se. O outro é a qualidade real da nossa necessidade, desejo, tensão e emoção, que a ditadura da razão tende a desviar, seja na nossa percepção subjetiva que exprimimos na razão (portanto na sociedade), tanto que com frequência não conhecemos nem a qualidade da nossa necessidade e perseguimos satisfações efêmeras e ilusórias, seja na expressão da necessidade como no modo de exprimir as nossas tensões no mundo.
A Meditação põe ordem no caos do labirinto da razão.
Alguém afirma que medita mais ou menos desse modo (especialmente nas práticas do yoga):
Depois de terem escolhido a posição apropriada (qualquer que seja ela) "Imaginem-se que se encontram em um jardim florido e exuberante. Imaginem-se sentados em um prado, no meio de flores de todos os tipos e cores, respirando o perfume para absorverem as vibrações. Escolham uma flor e concentrem-se sobre a mesma. Afirma-se que aquele tipo de flor escolhido que atrairá a atenção, será o portador dos simbolismos de que somos expressão.
Quem pratica este tipo de experiência, torna-se estranho à sua própria vida quotidiana. Separa o seu meditar do seu quotidiano. Quem faz isto, não tem a prática do Viver Por Desafio, mas procura uma separação sua e do mundo. O mundo em que medita é o mundo da sua imaginação, daquele mundo quer desejaria, e não o mundo em que está vivendo. O mundo em que o individuo vive e se transforma, é feito de contradições, de alegrias e de desafios, de sucessos, desilusões e derrotas. O indivíduo que medita num mundo imaginário, está meditando para fugir do mundo quotidiano. O seu meditar constitui um modo através do qual descarrega as tensões subjetivas, separando o seu próprio sentir do mundo quotidiano da razão, em que as tensões foram carregadas. Essa descarga das tensões funciona muito melhor na prática do Sonhar, e ainda melhor ao escutar as correntes vegetativas.
A Meditação, na prática do Paganismo Politeísta, é um instrumento com o qual a pessoa se afina com ela mesma, em seu Viver Por Desafio. Um modo por meio do qual pode-se afinar a razão afim de que as palavras com as quais a razão descreve e define o mundo, sejam da forma mais precisa possível, impedindo o caos racional e os seus fantasmas que condicionam o pensamento do indivíduo.
Recordemos:
Emoções, Necessidades, Tensões e Desejos são forças próprias da vida e para elas a razão é uma prisão. Uma prisão caótica, rumorosa, sufocante, absurda, ilógica.
A Meditação, obriga a quem a pratica, a apanhar uma sua tensão, uma necessidade, um desejo e isolá-los no próprio pensamento, separando-os do caos do complexo da razão. A Meditação separa o que sucede na razão (o evento descrito e definido) das tensões subjetivas e dos desejos subjetivos interpretativos. Por exemplo: ESTOU ANSIOSO POR UMA CAUSA JUDICIÁRIA. Uma causa judiciária é baseada sobre palavras ditas e escritas. Sobre as palavras que descrevem o fato. Através da meditação nós separamos as ansiedades, as apreensões e as expectativas ( do quanto intimamente nos envolve) e nos concentramos sobre as palavras escritas e ditas. Separar as coisas ditas do desejo subjetivo, permite à pessoa administrar melhor o evento!
Diminuindo o fluxo das palavras, descrever o evento por si mesmo, do jeito como nós o representamos naquele momento tentando colocar dentro dele todas as nossas emoções, entendidas como imaginação de expectativas, de prazer e de satisfação no desenvolvimento desse acontecimento e no seu manifestar-se.
Diminui-se o fluxo das palavras por meio das quais se descreve a tensão, a necessidade, o desejo considerado, deve-se carregá-lo com as emoções próprias e vive-se na imaginação toda a fórmula Reichiana de tensão-carga-descarga-relaxamento.
Depois disso, passa-se a colocar essa mesma tensão, essa mesma necessidade e desejo na relação entre nós e o mundo em que vivemos e no qual aquela tensão, aquela necessidade e aquele desejo se exprimiriam. Dentro da nossa imaginação, enquanto diminuímos o fluxo das palavras, não existe mais somente a expressão da nossa tensão, necessidade e desejo, mas também as reações do mundo em que vivemos, reações à nossa manifestação daquela necessidade, desejo ou tensão.
Imaginemos um interrogatório escolástico (ou o encontro para um trabalho). O individuo, antes de enfrentá-lo começa a se perguntar o que será solicitado, aquilo que ele gostaria que fosse solicitado, aquilo que nós desejamos responder e como pensamos em responder. O individuo evoca o estado ansioso que o leva a enfrentar o evento. Com a meditação, administramos, controlamos este estado ansioso, porque impedimos a ansiedade de nos vencer e, assim, colocamos o evento nos limites da descrição da razão, enquanto o evento fica circunscrito aos limites racionais, a ansiedade que é a expressão da nossa razão, e que não sabe como será forçada a se modificar e a se adaptar depois daquele encontro, ou aquela interrogatório, que teremos no dia de amanhã.
É nessa situação que surge o estado ansioso do individuo. Cada vez que conseguir superar uma situação desconhecida que se lhe apresenta na vida, a razão se adapta e se remodela. Quanto mais forem os momentos desconhecidos que nós enfrentamos, menor será o estado de ansiedade que se nos apresentam. A sua razão será ágil ao remodelar-se e não temerá as mudanças.
Quando a razão for ágil para se remodelar e não temer as mudanças, nesse momento o indivíduo não medita mais naquilo que dele surge e se transfere ao mundo, mas medita sobre as tensões que lhe chegam do mundo como consequência do seu manifestar desejo, tensões e necessidade de uma forma NÃO coercitiva da razão, ou de algum modo expressa em uma forma diversa de como a razão sempre lhe impôs (talvez violando a forma da moral subjetivamente imposta).
Nesse momento, o indivíduo vê colocar-se em movimento a forma pela qual surge a sua ânsia. Ansiedade que é resultado dos temores das respostas que do mundo em que vive, se manifestam em confronto por ter expressado as suas próprias necessidades, as tensões próprias, e o seus desejos próprios, sem a segurança da gaiola descritiva ou moral da razão. O medo das pessoas de dizer, em muitas situações, aquilo que pensam por temerem as reações do mundo, que de qualquer modo providenciam em ameaçá-las: qual é a qualidade das ameaças? A Meditação revela o verdadeiro valor delas!
O surgimento do estado ansioso cessa quando o indivíduo começa a Meditar sobre as necessidades, sobre tensões e sobre desejos, pelos quais imagina que o mundo venha a reagir de uma tal maneira quando ele venha a exprimir as tensões, necessidades desejos seus.
O individuo, mediante a Meditação, se identifica com o objeto meditado, em relação às suas próprias ações que têm como fim manifestar necessidades, tensões e desejos imaginados, imaginando neles reações e adaptações.
Esse imaginar o outro através de um pensamento, que diminui o fluxo das palavras, e que leva a um estado emotivo ligado à expressões ansiosas, leva a estrutura psíquica do indivíduo a subjetivar o mundo em que vive, e a fundir-se em relação a si mesmo.
Esse mecanismo, se não é sustentado pela autodisciplina do individuo, leva a se agigantarem as reações do mundo levando até à ataques de pânico! Os ataques de pânico constituem prevenção, uma expressão de defesa (defesa convulsa, amígdala) de um perigo real ou imaginado. A Meditação separa o perigo real do perigo imaginado, garantindo, assim, o funcionamento do mecanismo de reação subjetiva no caso da presença de um perigo real. Ao mesmo tempo a Meditação inibe o funcionamento do mecanismo quando o perigo é imaginado pela razão, e por esta transferido para a parte interna do cérebro para se obter uma reação de pânico.
Uma vez que leva isso à sua Meditação, o indivíduo passa a ordenar as "estratégias" que o mundo, considerado por ele, poderia adotar em relação às suas expressões de tensões, desejos e necessidades. Medita-se sobre sobre o outro, mas recordemos que a razão é o instrumento do Ser Humano ao se relacionar dentro do Sistema Social.
Esse tipo de meditação reporta-se à expressão da tensão, necessidade e desejo expressos pelo sujeitos e na sua "estratégia de se exprimir" , desde que esteja ciente das suas estratégias de reação do mundo no qual vive a sua ação.
A Meditação destaca, para exame, um elemento da tensão, da necessidade, ou do desejo do sujeito, e o desenvolve tentando liberá-lo da forma expressiva (ou da moral coercitiva) imposta pela razão; um elemento que vem a ser vivido emocionalmente, pelo sujeito, na sua expressão no mundo que ele considera (Ser Natureza, Sistema Social - em todos os aspectos que lhe interessam), o avalia nas estratégias de reação do mundo, com base nas suas próprias estratégias expressivas, mantendo uma emoção alta na busca do princípio do prazer ao se exprimir tal necessidade e tal tensão, até penetrar o mundo em que vive e a descobrir estratégias expressivas capazes de superarem estados de ansiedade na procura do princípio do prazer.
A Meditação, obriga o indivíduo a viver uma situação como ele o imagina de um modo emotivamente intenso, redefine o lugar e o papel das forças da vida, emoções desejos, tensões e necessidades dentro da razão, que os manifesta.
De fato, o resultado obtido pela atuação da Meditação é o de redefinir o papel da razão dentro de nós, a sua estrutura descritiva, a sua forma, a sua moral, e em geral a estrutura, que assume quando nos representamos diante do mundo.
Esta ação da Meditação vem a ser utilizada ao se praticar o Viver por Desafio, que a pessoa executa no quotidiano. Desse modo, a Meditação elabora os elementos do quotidiano do Viver por Desafio sob forma não somente de situações (enfrentadas ou a serem enfrentadas), mas sobretudo das tensões, desejos e necessidades.
A qualidade do Viver por Desafio vai determinar a qualidade da meditação. Determina a quantidade da energia psíquica envolvida, e a quantidade de transformação emocional que o individuo faz atuar nele mesmo por meio dela, Meditação.
A Meditação é, portanto, um instrumento de modificação subjetiva para melhorar as nossas possibilidades ao vivermos por desafio.
Enxerta-se um processo de transformação da razão subjetiva que se estrutura para manifestar as forças da vida, que brotam de nós sob formas de tensões, necessidades, desejos e emoções, removendo, pelo menos naquilo que nos serve naquele momento, a atividade coercitiva da razão voltada para a finalidade de sufocar as forças da vida, encerrando-as dentro dela em uma descrição cada vez mais miserável e restrita em um caos psicológico sempre mais destrutível, que é imposto ao indivíduo por meio do Condicionamento Educacional. Cada vez que Meditamos apresentamos à nossa razão as nossas tensões e as nossas necessidades, e dizemos a ela: "Como a colocaremos nesta tensão ou nesta necessidade? Como o iremos exprimir na situação social em que vivemos?" (pág. 47)
O caos da razão é construído no individuo ( e se impõe a ele) por meio do condicionamento educacional que a pessoa faz como próprio, para evitar os ataques de ansiedade que as reações do mundo a comportamentos diversos do condicionamento educacional, que a pessoa sofreu, provocariam nela.
O condicionamento educacional imposto ao sujeito procura se defender das tentativas que a pessoa faz para modificá-lo ou para submete-lo às forças da vida, e se defende por meio do MEDO! Isto é, mediante o temor de não estar mais em situação de fazer frente às ações que vêm do mundo em nossa direção por termos violado as regras, que moralmente nos foram impostas. E por regras, entendo também o acreditar, o imaginar e o conceber diverso de tudo o que foi educacionalmente imposto. A imaginação da razão agiganta as reações do mundo às nossas perseveranças. Por outro lado, sempre a razão subestima os perigos dela NÃO a nossa ação, subestima com uma falsa segurança subjetiva.
A imaginação, o ilusório do individuo, é uma das chaves, seja para sair da coerção da razão, seja para impor os ataques de pânico. Aonde reside a diferença entre sair da coerção e impor os ataques de pânico? Está na capacidade da pessoa em usar a imaginação na sua meditação não sob abstrações com fins nela mesma, mas ligadas às suas necessidades do quotidiano. A última defesa da razão contra qualquer modificação está em traçar um sulco profundo entre o imaginário da pessoa (os asnos que voam, Papai Noel ou a providência divina) e o uso da imaginação em relação ao dia-a-dia, isto é: as suas necessidades próprias, as suas tensões e desejos próprios, ao se exprimir no quotidiano.
Para se remover o medo é necessário colocar ordem no caos da razão, por meio da Meditação.
Enfrentar e vencer o medo constitui uma atividade por meio da qual a pessoa continua a se expandir (significa evoluir transformando-se em todos os sentidos possíveis).
Entende-se por medo todas as ansiedades, dúvidas, incertezas, tremores, sudações, que sobressaltam o indivíduo quando enfrenta qualquer coisa, qualquer problema, no qual a solução poderia ampliar a sua percepção do mundo e a descrição da sua razão.
Na espécie humana existe uma forma psíquica que chamamos comumente, e impropriamente de: MEDO!
Segundo uma leitura aproximativa de Schopenhauer sobre a vontade, temos:
"O homem de algum modo está submetido à Vontade, que procura satisfazer-se a si mesma.
A vida não tem outro interesse senão perpetuar a si mesma!
As consciências próprias são manifestações conscientes de Vontade que perseguem a satisfação das necessidades, sem nunca se satisfazerem plenamente, porque nasce outra de súbito e da qual as tensões e infelicidade- " Schopenhauer.
*O não perpetuar a vida, expandindo-se a si mesmo, constitui função de um mecanismo que em nós gera o medo, que depois se exprime em formas diversas (por efeito dos bloqueios emocionais e de expansão do individuo) da sua função original !*
Disto o temor de não perpetuar a vida !
'Se eu faço ou digo isto, o mundo reage e me queima sobre a fogueira! Logo, não posso fazer ou dizer isto, porque morro!' O medo suspende a sua ameaça como a espada de Dâmocles sobre a sua cabeça, mesmo se as ameaças não são mais da atualidade, mesmo assim a pessoa se impõe uma forma de autocensura como forma de resposta ao seu medo.
Essa forma psíquica se transfere à razão sob a forma de:
- medo que a pessoa tem de perder o controle próprio
- medo de novos fenômenos que coloquem em discussão o equilíbrio alcançado pela razão sobre o controle do individuo!
O medo gerado pela razão e imposto com o condicionamento educacional (familiar antes e social depois) é uma forma obsessiva, que nos casos mais graves produz manifestações que conduzem as patologias psíquicas.
*Não estamos falando absolutamente* do medo do vazio ou daquele provado por animaizinhos "repugnantes", ou o medo por animais (mesmo se esse mecanismo também está compreendido).
Com frequência esse tipo de medo é gerado ou por efeitos fisiológicos levados à estrutura emocional, como as vertigens produzidas pelo líquido nos ouvidos, ou pela incapacidade de enfrentar os objetos do mundo, a objetividade em si, transmitida à criança pelos adultos (sejam estes pessoas anciãs ou pessoas incapazes de enfrentarem o mundo!). Falta de conhecimento interior ou a ser interiorizado.
Para superar esses medos (se se acreditar ser necessário fazê-lo) enfrenta-se o objeto aprendendo-se antes a conhecê-lo, depois analisando as nossas sensações, e depois verificando-se as sensações em relação ao objeto.
'A prática supera a repugnância' - frequentemente é uma prática que não serve!
Por que não serve?
Porque não é um medo verdadeiro, é sim, a interiorização de um comportamento imposto.
O medo é o que se exprime bloqueando a nós mesmos no trajeto da persecução para a satisfação das necessidades, e os esforços que colocamos em ação para satisfazê-las! Devo praticar sexo de acordo como a moral impõe! Obedecer à moral imposta dá segurança, violar a moral imposta cria insegurança; cria crise subjetiva (remorso na consciência) mesmo quando não há razão objetiva para a insegurança.
*O medo é tudo o quanto nos impede de transferirmos o nosso 'somos indivíduos da Natureza' para as necessidades e nas satisfações de seres sociais!*
O medo da atividade da moral social contra nós, e a incapacidade de organizarmos estratégias para removê-la.
Com a Meditação.
Isto é, isolando-se o fenômeno do caos, do todo que se manifesta, fazendo-se afluir pensamento lento (escarceando com as palavras), dando-se espaço, abertura, às sensações que tal fenômeno provoca.
E, enfrentando-se tal fenômeno na vida quotidiana com o: Viver por Desafio!
"Quem sabe o que lhe acontece se você manifestar um pensamento, com essa linguagem, dando o seu nome, cognome e endereço?
Depois de sete anos não sucedeu absolutamente nada.
Na realidade, as pessoas se impõem uma forma de autocensura (e uma forma de controle recíproco) para se protegerem da ansiedade de tudo o que pode acontecer a elas, ao fazerem alguma coisa que esteja violando as normas impostas pelo condicionamento educacional que sofreram. As pessoas são controladas socialmente mediante os "medos", que lhes foram impostos por condicionamentos. Se ao Viver por Desafio, essas pessoas são lançadas às fraquezas e aos temores, ou os manifesta, a estrutura educacional não perderá a ocasião para revigorar ou revitalizar os medos e ansiedades no indivíduo.
Meditação, ponderação, avaliar os elementos componentes da nossa ação dentro da meditação, mas quando se passa à ação esta deve ser decidida com convicção e envolver o indivíduo inteiro (os Bruxos meditam para compreender como e porque agiram de tal modo, mas isto pertence a um outro discurso, e pertence à ação que precede a descrição). É, precisamente, o seu Viver por Desafio.
Os medos dos fantásticos não são levados em consideração!
Os medos do tipo "inferno" não são levados em consideração! - frequentemente são subprodutos da nossa negação para as necessidades serem satisfeitas (especialmente a de natureza sexual) !
É importante que transfiramos aquilo que meditamos para as ações da vida quotidiana, do dia-a-dia.
É importante que o meditar enfrente questões pragmáticas.
Somente com questões pragmáticas o meditar fixa os fenômenos dentro de nós, e nos modifica.
É importante que estejamos conscientes de que: o que foi feito, foi feito!
O que fizemos, fizemos! Tudo o que construímos como adaptação ao mundo, já o fizemos e está dentro de nós. Aquilo que veio como resultado, não podemos mais negá-lo ou cancelá-lo, mas podemos sedimentar outras coisas sobre o ocorrido. Podemos dar àquela estrutura psíquico-emocional um significado diverso (fazendo com que se tornem principais os elementos secundários, por exemplo a nossa adaptação que desejamos variar) ou uma colocação diversa (o elemento psíquico que foi exaltado em uma situação triste, podemos fazê-lo funcionar em uma situação alegre: fui atacado, tenho de aprender a cerrar os dentes e punhos para sobreviver; agora que não sou mais atacado, estou em condições de cerrar, de qualquer maneira os dentes e punhos em uma situação que tem como finalidade a obtenção de escopos que pretendo atingir!)
Uma experiência negativa pode nos induzir às adaptações que se tornam funcionais e positivos em um projeto ou em uma situação diferente: está em nós transformarmos isto. Porém, não podemos cancelar aquela experiência: este é o único significado funcional da expressão: "conheça a ti mesmo". Para um Pagão Politeísta se transforma nisto: "modifica-te, a ti mesmo". Somente com o esforço de se modificar pode-se conceber um conhecer-se a si mesmo (ou de qualquer modo aqueles aspectos que concorrem para serem modificados), porque conhece-se a direção e os intentos nos quais pretende-se a modificação.
O medo e os temores não serão removidos, mas o pragmatismo da existência coloca-os na dimensão aonde o individuo não sofre danos, e ao mesmo tempo fazendo com que ele se recorde de que a tensão da vida e tudo o quanto a sua escolha deve satisfazer.
O medo é um sinal de alarme emotivo de um perigo, tido como real.
No mundo da Vontade e da Ação, esse sinal faz com que se salte a reação subjetiva antes da concretização do fenômeno perigoso!
1) A razão faz com a reação tenha seguimento somente depois da descrição feita por ela, e neste caso causa danos ao individuo!
2) A razão reveste o medo com elementos da sua descrição própria, impedindo, deste modo, que o individuo enfrente o medo.
A) O primeiro caso, vem a ser impedido, suspendendo-se o diálogo interno, isto é impedindo a razão de fazer a descrição preceder a ação.
B) O segundo caso, é impedido se o individuo através da meditação, que neste caso leva-se o medo a se despir da descrição da razão, tipo: "as aranhas me incutem temor!"
Análise: "as aranhas não têm instrumentos para me incutirem temor!"
Dedução: "O medo da aranha esconde o medo de alguma outra coisa!"
Meditação: "Procurar a coisa que a razão esconde!"
Final do texto, em 2001 - ajustadas em Outubro de 2003
Aqui você pode encontrar a versão original em italiano
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Oppure, fra gli altri anche su:
Cod. ISBN 9788891170897
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Claudio Simeoni
Mecânico
Aprendiz a Bruxo (Apprendista Stregone)
Guardião do Anticristo (Guardiano dell'Anticristo)
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