Continuação do precedente...
Gentile, das traves, demora para arremessar a bola ao centro do campo a procura de Lombroso.
"Compreende-se isto em razão do quanto foi visto na primeira parte acerca das tendências criminosas dos meninos que apresentam fisiologicamente um estado semelhante à loucura moral, de maneira que, quando no ambiente não encontram circunstâncias favoráveis para a transformação normal de um homem honesto, então assim permanecem como do mesmo modo permanecem os tritões-alpinos no estado de girinos num ambiente frio. Este estado patológico prossegue num tempo rotineiro, em suma, também quando o indivíduo não teria tido as tendências especiais para o delito, isto é, quando não teria demonstrado igual estado, dos outros homens, porém facilmente, mais tarde, as tendências hereditárias latentes o impulsionam ao delito, como o agora citado T... E isto explica os casos dos criminosos nascidos assim, aparentemente, todavia sem anomalias cranianas ou faciais."
De posse da bola, Lombroso tenta movimentar-se entre os adversários decididos a tirar-lhe a bola, só que não consegue se livrar de Platão:
"De fato, sem terem cuidado com o demônio que os possuía, fazendo-se de pastor, de forma que eles, por sua vez, regridem selvagemente, na maioria das vezes, em bestas que por natureza eram dóceis, enquanto os homens - eles - ficaram fracos e indefesos, eram dilacerados por elas, e naqueles primeiros tempos estavam ainda privados dos meios e de artes: a alimentação que era oferecida espontaneamente veio a faltar, e por outra parte, ainda não tinham a ciência para obtê-la, pois nenhuma necessidade os tinha obrigado anteriormente. Por todos estes motivos, se encontram em grande dificuldade. E por isso, portanto, que foram doados aqueles que, desde a antiguidade, são chamados "presentes dos Deuses", juntamente com o ensinamento e adestramento indispensáveis: o fogo de Prometeu, as artes de Hefesto e da sua colaboradora, e ainda pelas sementes e plantas. E todas estas coisas que concorrem para manter a vida humana, surgiram destes presentes, depois que os homens foram abandonados dos cuidados dos Deuses, como acabamos de dizer, e em seguida torna-se necessário que eles tentassem viver por si mesmos e que cuidassem de si próprios, tal como o universo na sua complexidade, imitando-o e seguindo-o em cada tempo, consequentemente deste modo, ou de outro, vivemos e nascemos."
Platão, Todos os escritos, Político, Bompiani, 2014, p. 334
Platão, depois de dar alguns passos, envia a bola aos pés de Jesus chamado "filho de Yahweh":
"Mas naqueles dias, depois daquela aflição, o sol se escurecerá, a Lua não dará mais a sua luz, as estrelas cairão do céu e as forças que estão no céu serão abaladas. Então, será visto o Filho do homem vir sobre as nuvens com grande potência e glória."
Evangelho de Marcos 13, 24 -26
Jesus, chamado "filho de Yahweh", com a posse da bola, passa-a para Filão de Alexandria que pára a bola no peito e inicia a sua corrida:
"Efetivamente o primeiro e melhor elemento em nós é a razão, e é justo que os antepassados de inteligência, de perspicácia, de sabedoria e de todas as outras faculdades inerentes à razão, sejam consagradas a Deus que nos deu a fertilidade do pensamento. Movido por tal convicção, o asceta fez este voto: "Por tudo aquilo que tu me concederes, dar-te-ei a decima" (Gen. 28.22), e é sobre isto que se baseia o oráculo que segue na escritura as bênçãos para a vitória, formuladas por Melchisedech, o homem que foi investido de sacerdócio, no qual não tinha mestres, formando-se por si,"
Filão de Alexandria, O Homem e Deus, Rusconi, 1986, p. 139
Eis Schopenhauer, enfrentando Filão, a tirar-lhe a bola:
"Os homens se assemelham aos relógios, aos quais são dados corda e portanto caminham, sem saberem o por quê; e cada vez que um homem é gerado e parido, constitui o relógio da vida humana novamente com corda, ainda uma vez repete, frase por frase, batida por batida, com variações insignificantes, a mesma música tocada infinitas vezes."
Schopenhauer, o mundo como vontade e representação, Laterza, 1986, p. 424
É fácil, neste contexto, a intervenção de Nietzsche que, com o seu "eterno retorno", pode facilmente tirar a bola dos pés de Schopenhauer.
"O Peso maior. Que sucederia se, um dia ou uma noite, um demônio escondido se arrastasse na maior solidão da tua solidão e te dissesse: "Esta vida, como tu a vives agora e já viveu-a, deverás vivê-la ainda uma vez mais ainda inúmeras vezes, e não haverá nunca mais uma outra vez, mas cada dor e cada prazer e cada pensamento e suspiro, e cada coisa espantosamente pequena e grande da tua vida retornasse a ti, e tudo na mesma sequência e sucessão - e assim também este raio e este brilho de lua entre os ramos e assim também este instante e eu mesmo. A eterna ampulheta da existência é sempre virada de cabeça para baixo e tu com ela, grão de pó!"."
Nietzsche, A gaia ciência, Adelphi, 1984, p. 201
Uma vez que passou a ter a posse da bola, Nietzsche, chuta-a para Heidegger.
"A possibilidade mais conveniente e incondicionada é insuperável. O ser em decorrência desta possibilidade integra-se com o Ser (ele mesmo) que incumbe a ele próprio, porquanto atribui-se a possibilidade extrema da sua existência, a renúncia de si mesmo. A antecipação não evita, porém, o intransponível como sucede com o ser levado à morte tornando-o falso, mas ao contrário, torna-se livre para ele. O antecipado torna-se livre para a própria morte, isenta-se da dispersão das possibilidades que casualmente se apresentam, de maneira que as possibilidades efetivas, isto é, as situadas neste lugar, no tocante à possibilidade insuperável, podem ser integradas e escolhidas autenticamente."
Heidegger, O ser e o tempo, Longanesi, 2011, p. 315
Com a bola nos pés, Heidegger se encaminha às traves do gol do adversário....
Continua...
Marghera, 26 de maio de 2018
A tradução foi publicada 14.10.2019
Aqui você pode encontrar a versão original em italiano
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Claudio Simeoni
Mecânico
Aprendiz Stregone
Guardião do Anticristo
Membro fundador da Federação Pagã
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