Continuação do precedente...
Heidegger com toda força, e com o pé direito, chuta a bola em direção à rede dos Fundamentalistas, mas prontamente Bernardo Gui defende, parando-a.
"Então descobriu-se, mediante uma formal investigação judiciária e depoimentos, bem como de confissões de muitos deles produzidas em juízo, e inclusive por meio de afirmações explícitas de vários deles, com as quais e pelas quais preferiram morrer e serem queimados a renunciarem acerca dessas exortações canônicas, de modo que por eles foram mantidos os próprios erros e as opiniões desastrosas, de sorte que com elas demonstraram, em parte, precisamente, as anotações escritas e contidas nos livros ou outros escritos de Pietro di Giovanni Olivi, que era originário de Sérignan próxima a Béziers, de modo que havia o melhor do seu comentário sobre o Apocalipse que eles possuíam tanto em latim como também em tradução vulgar; igualmente alguns tratados que os Beghini afirmam e acreditam que ele ainda tenha escrito, vale dizer que um trata da pobreza e o outro da mendicância e um outro escrito, ainda, sobre dispensas, e também outros mal redigidos que lhe são atribuídos e todos numa tradução vulgar, e eles os lêem e acreditam de forma a considerá-los como Escritas autênticas."
Bernard Gui, Manual do inquisidor, Claudio Gallone editor, 1998, p. 99
Enquanto Heidegger corre, recuando em direção à metade da área do campo que é a sua, Bernard Gui passa a bola para Tomás de Aquino.
"No entanto, uma vez que todas as criaturas, compreendidas aquelas que são desprovidas do intelecto, estão dispostas diante de Deus como um fim nelas mesmas, e já que todas o atingem porque participam de uma certa semelhança, as criaturas inteligentes atingem tal fim de um modo especial, ou seja, de acordo como operam conhecendo-o intelectualmente. Por isso, é necessário que o conhecimento intelectivo de Deus seja o fim das criaturas inteligentes. De fato, 1, Deus, como acima vimos, é o fim de todas as coisas. Por isso, cada ser tende a unir-se a Deus como sendo o seu fim último na medida das suas possibilidades. Mas a união com Deus é mais íntima pelo fato de que um ser pode alcançá-lo de qualquer modo, em sua substância, isto acontece quando se conhece alguma coisa da substância divina, do que pelo fato de se adquirir dele uma certa semelhança. Consequentemente, as substâncias com intelecto tendem ao seu fim único, que é o conhecimento de Deus."
Tomás de Aquino, Suma contra os gentios, Mondadori, 2009, p. 603
Tomás de Aquino, logo após, ajuda a Agostinho de Hipona.
"Assim como vêm a ser chamados corpos animais aqueles que, sem serem almas, têm uma alma vivente e, ainda assim, não têm um espírito que os vivifica, do mesmo modo aqueles ressuscitados são chamados corpos espirituais; que não se acredite, todavia, que estes se tornarão espírito, certamente serão corpos que terão a substância da carne, sem que ela, graças à presença vivificante do espírito, sofra o cansaço e a dissolução da carne. Consequentemente, o homem não será mais terrestre, certamente celeste, e não porque o corpo, que foi extraído da terra, não será tal como ele é, mas porque por dádiva de Deus, será de tal forma que possa habitar também no céu, sem perder a sua natureza, mas transfigurando-a na qualidade."
Agostinho de Hipona, A cidade de Deus, Bompiani, 2015, p. 631 - 632
Agostinho, convicto da sua pureza, agora passa a bola para Paulo de Tarso.
"O que podemos dizer, então? Que existe injustiça em Deus? Não com certeza. Ele, efetivamente, disse a Moisés: "Concedo misericórdia a quem desejo conceder misericórdia, e terei piedade com quem desejo ter piedade." Portanto, não depende daquele que quer, nem daquele que existe, mas de Deus que utiliza a misericórdia. De fato, a escritura diz ao Faraó: "Com este escopo eu te dei origem, para mostrar a ti a minha potência, e para que o meu nome seja celebrado por toda a terra." De modo que, ele usa a misericórdia com quem ele quer e torna-se também austero com quem ele desejar. Mas, tu dirás: "E então, por quê ele repreende? Quem pode resistir à vontade dele?" Ó homem, quem és tu para discutir com Deus? O Vaso de barro, por acaso, perguntará a quem o fez: "Por quê me fizeste assim?" O oleiro, por acaso, não tem disponibilidade plena sobre a argila, de modo que da mesma massa de argila pode fazer um vaso útil e um outro vaso desprezível? Se Deus, desejando mostrar a sua cólera e deixar conhecer a sua potência, suportou com grande paciência vasos de ira, já prontos para serem expedidos, e para fazer conhecer a riqueza da sua glória, entre os quais chamou também a nós não apenas entre os Judeus, mas também dentre os Gentios...(do que podemos objetar?)"
Paulo de Tarso, Romanos, 9, 14-24
Paulo de Tarso, em uma posição que aparenta ser-lhe favorável, chuta com força a bola que encontra as mãos firmes do goleiro Bergson que, com uma oposição decidida, impede o gol.
"A nossa personalidade, é de um modo tal, que supera, cresce, amadurece sem descanso, e em cada momento seu um novo elemento junta-se àquilo que ela era antes; elemento ainda melhor, não somente novo, mas também imprevisível. É verdade que o meu estado atual se explica em decorrência daquilo que era e que agia em mim há pouco tempo, e analisando não encontrarei outros elementos; mas um intelecto, que poderia ser inclusive sobre-humano, que não conseguiria prever sua forma simples e indivisível concedidas a esses elementos, tirando-lhes da abstração, colocando-os num modo de organizar-se concreto. De fato, prever é projetar no futuro o que foi constatado no passado, ou a reprodução, num momento sucessivo, de um conjunto novo, numa ordem diversa, de elementos que já foram percebidos, e portanto perceber o que nunca foi percebido e que, além disso, é simples, resulta necessariamente da imprevisibilidade."
Henri Bergson, A evolução criadora, Editora La Scuola, 1993, p. 10
O goleiro Bergson retém a bola por alguns segundos e, então, lança-a com as mãos em direção de Gadamer que a recebe no peito parando-a.
"O princípio do idealismo "radical", com o qual é necessário sempre mencionar o que já aconteceu em virtude dos atos constitutivos da subjetividade transcendental, deve impreterivelmente esclarecer o horizonte universal do "mundo" e antes de mais nada esclarecer o caráter intersubjetivo deste mundo; se bem que, por outro lado, ele é isto com o que é constituído, o mundo comum constituído pelos demais indivíduos, incluída por sua vez a objetividade. A reflexão transcendental deve abarcar tudo o que é válido no mundo e a cada objeto cognoscível de tudo que tenciona se impor como já constituído antecipadamente, reflexão que deve pela sua vez ser pensada como inclusa dentro do mundo da vida. O eu refletido está consciente de que ele mesmo está vivo dentro de um quadro de propósitos, onde o mundano é constituído do mundo da vida. De modo que, o encargo proveniente das constituições do mundo da vida (e assim da intersubjetividade) é um paradoxo. Mas Husserl considera tratar-se de um paradoxo aparente."
Hans-Georg Gadamer, Verdade e método, Bompiani, 2014, p. 515
Gadamer, fruindo da bola, passa-a para Nietzsche.
"Como? Um Deus que ama os homens sob as condições de que tenhamos fé nele, e que fulmina com olhares terríveis, bem como ameaça a quem não acredita nesse amor! Como? Um amor elaborado com cláusulas é, isto sim, o sentimento de um Deus onipotente! Um amor que nem mesmo conseguiu dominar o significado de honra e que se anima com a sede de vingança! Como é orientador tudo isto! "Se eu te amo, o que isto interessa a ti?" Já constitui uma crítica suficiente a todo o cristianismo."
Friedrich Nietzsche, A gaia ciência, editor Adelphi, 1977, p. 157
E eis Nietzsche que se movimenta, com a bola nos pés, em direção ao seu próprio "destino"...
Continua...
Marghera, 20 de agosto de 2018
A tradução foi publicada 10.03. 2020
Aqui você pode encontrar a versão original em italiano
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Claudio Simeoni
Mecânico
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