Índice:
--- O indivíduo adulto e a criança recém-nascida
--- Obsessão
--- Abstração
--- Indiferença
--- Os neurônios espelho e percepção
O indivíduo inicia a sua ASTÚCIA TITÂNICA (original: TITANOMACHIA) para constranger a razão a ficar sob o seu domínio.
O mundo da razão é regido por palavras.
Quando se nasce, emergindo-se da vontade, inicia-se um recorte no espaço (digamos, como se fosse um recorte de uma figura), por meio da descrição primeiramente da forma, e depois com as palavras e os números.
A mãe, o pai e o mundo social no geral, solicitam ao neonato para repetir sons e concomitantemente indicam objetos.
Com o passar dos anos, aquela descrição, acaba por se apropriar do indivíduo.
Do instrumento, pois, através do qual enfrenta-se o mundo, surge uma prisão dentro da qual circunscreve-se a expressão da emotividade, dos sentimentos, e das intuições do indivíduo.
Da passagem da vontade de nascer à fixação da razão (reitero que a razão não tolera ser modificada), é reassumido o senso da transformação da criança em Ser Humano adulto.
Essa fixação é alimentada continuamente pelo indivíduo mediante as palavras: O SER HUMANO É O ÚNICO SER DA NATUREZA QUE FALA TAMBÉM QUANDO PENSA.
Enquanto a criança está na barriga da mãe, esta se comunica com ela através das suas próprias emoções. Por sua vez, a criança se comunica com a mãe por meio das suas emoções próprias, a tal ponto que a estrutura emocional da mãe vem a ser alterada exatamente pela atividade da estrutura emocional da criança que tenta exprimir-se. A comunicação mãe e criança é imediata também no que se refere ao mundo externo que chega à criança, no ventre, "descrito" pelas emoções da mãe que vive as relações com o mundo externo.
Quando a criança nasce a comunicação emocional inicia uma transformação. A mãe comunica tudo, sempre, ao recém-nascido, por meio das suas emoções próprias, mas estas são por intermédio de palavras. O menino ou a menina percebe o fenômeno através da comunicação emocional da mãe, mas esta não está em condições de transmitir informações via às emoções da criança, porém deve transmitir informações mediante palavras, que o recém-nascido compreende percebendo as emoções da mãe, que estão atrás das palavras!
As palavras pronunciadas pela mãe não são compreendidas pelo recém-nascido, mas o que vem a ser entendido é o fluxo emocional da mãe, que vem expresso mediante as palavras.
A incompreensão do bebê resulta do fato de que a mãe exprime os conceitos com palavras, mas a criança capta as emoções que as palavras exprimem possivelmente numa direção completamente diferente, daquela que as palavras da mãe indicam.
Vimos, anteriormente, que a mãe exprime-se com palavras ao recém-nascido, e que este capta as emoções da mãe por meio das palavras, não compreendendo o significado destas. Disto resulta que o bebê muitas vezes entende as emoções da mãe por trás dessas palavras, com um sentido absolutamente diferente.
Para compreender isto, é suficiente observar o comportamento de crianças com menos de um ano de vida, como evitam as pessoas adultas, que embora consideramos simpáticas, elas se jogam ao colo de outras pessoas adultas, rejeitando as outras. É um modo de julgamento emocional da criança: o bebê percebe as emoções da pessoa e a comunicação emocional da qual emite o seu juízo.
Isto vale também com relação aos Seres Animais, cães e gatos que estão perto. Os cães e os gatos se comunicam, mas usam os sons, em ocasiões particulares, mas quase que exclusivamente para se comunicarem com o homem. Eles compreendem que o homem, crescendo, tornou-se cego e surdo às emoções e não compreende as mensagens que eles mandam. Ao contrário, cães e gatos entendem o sentido das palavras que as emoções dos Seres Humanos, que estão atrás das palavras, e ainda mais, eles percebem as emoções através de outros sentidos, como o olfato.
Quanto mais nós descrevemos o mundo com palavras, mais nos afastamos da percepção emocional do mundo. As palavras, que fundam a razão, se fixam dentro de nós e, por isso temos a tendência de exprimirmos conceitos somente com palavras. Somente quando conseguimos interpretar o outro, a prole, por aquilo que o outro deseja dizer, conseguimos exprimir palavras em sintonia com aquilo que queremos dizer, mas nem sempre as palavras aos nossos ouvidos soam exatamente como desejaria que soasse aquele que está falando. O contexto cultural tende a se homogeneizar na linguagem e no entendimento, mas nem sempre na linguagem se consegue exprimir-se o valor emocional que o nosso entendimento desejaria.
Frequentemente, conseguimos compreender mais profundamente uma pessoa que não fala a nossa língua, ou que pronuncia as palavras de maneira dificultosa. Se estamos atentos, acionam-se em nós os mecanismos com os quais procuramos entender o que a pessoa deseja transmitir com tal palavra; o seu estado de ânimo como ela a pronuncia, a expressão que usa ao dizê-la, e através de um conjunto de sinais procuramos compreender o que ela quer dizer. Nesse momento nós bloqueamos o diálogo interno, e escutamos outro. No bloqueio do diálogo interno pode emergir a intuição da compreensão através da individualização de sinais emocionais, que nós normalmente no diálogo ignoramos enquanto estamos certos de que as palavras dizem tudo.
Do ponto de vista da Bruxaria a razão é o momento final e conclusivo do crescimento do indivíduo.
O tanto que nos ilude de acrescentarmos a mais, significa uma reelaboração ou um recálculo daquilo está presente nela, razão.
Existem razões ricas e existem razões pobres; isto depende das condições encontradas pelo indivíduo na relação com o mundo, dos estímulos recebidos, da necessidade que o conduziram.
A razão se fixa no indivíduo solicitando-lhe explicação e renovação, através de palavras, através da sua descrição. Portanto, que ele reconheça o domínio dela sobre ele e renove a força dos limites que ela, razão, lhe impôs.
O indivíduo para continuar a crescer, deve remover o controle que a razão exerce sobre ele.
Esse processo de remoção do controle da razão é manifestado em dois momentos distintos. O primeiro momento consiste em remover e forçar os limites impostos ao indivíduo pela razão. Forçar os limites significa remover "os guardiões" que a razão colocou em seus confins. Esses "guardiões" produzem medo e ansiedade no indivíduo. Ou seja, diante desses "guardiões" a pessoa tende a "retroceder" e fechar-se em si mesma. A confinar a sua estrutura emocional dentro dos limites impostos pela razão. Desse modo a razão domina a capacidade de expansão do indivíduo, garantindo-se o domínio sobre ele. Remover esses "guardiões" ou estruturá-los de modo a não danificarem o impulso de expansão, é o primeiro passo a ser dado para sair da ditadura da razão.
Uma vez removidos esses "guardiões", se inicia uma luta contínua em que o indivíduo satisfaz o seu impulso de expandir-se, penetrando no desconhecido que rodeia a sua razão e esta deve reelaborar a seguir a sua descrição própria para assimilar o novo e adaptá-lo à sua descrição. Só que nessa luta, o novo que se apresenta, por sua vez, modifica a descrição naquele processo de transformação universal, onde há um número sempre maior de novos fenômenos que se apresentam, em princípio induzem a razão a se submeter ao seu próprio descrito, mas depois, acumulando-a com uma quantidade excessiva de fenômenos, obrigam-na a saltos qualitativos em que a descrição subjetiva sofre as verdadeiras e próprias interpretações, de maneira a modificar-lhe radicalmente a estrutura.
O reconhecimento da necessidade de expansão, e a ação que o indivíduo pratica para responder é uma das ações fundamentais e fundadoras de cada percurso de Bruxaria.
Essa necessidade se manifesta em: SUSPENDER O DIÁLOGO INTERNO !
Bloquear o Diálogo Interno permite ao indivíduo continuar crescendo.
A qualidade do crescimento é manifestada na passagem da puberdade. No Antigo Paganismo era representada por rituais de passagem à idade adulta quando a pessoa se tornou Mulher ou Homem, e se apresentava à comunidade como um sujeito construtivo e ativo na comunidade.
No nascimento, o processo de crescimento na pessoa era vivido em um momento passivo (não é verdade que se manifestava uma situação conflitual contínua entre a necessidade subjetiva percebida pelo indivíduo, e a capacidade do mundo de satisfazê-la impondo as próprias exigências; portanto, é conflitual como de resto todas as modificações da estrutura emocional manifestada em cada presente. A não conflitualidade "é a verdade da estrutura emocional manifestada naquele momento", a sua modificação é o resultado de um conflito superado. Uma contradição superada: o fazer-se MARTE pelo indivíduo!). Uma passividade que surge aos olhos do espectador quando indivíduo adulto. Um movimento de transformação no qual a criança passa da VONTADE na qual fundou o próprio nascimento da RAZÃO, como manifestada pelo Sistema Social em que vive. Uma vez que se tornou um indivíduo adulto DEVERIA enxertar um movimento ativo de transformação subjetiva que vai da RAZÃO (sobre a qual apoia os pés da sua existência) à VONTADE. Um movimento ativo através do qual o indivíduo modifica a sua razão em função dos seus desejos e dos seus intentos nos desafios da sua vida no quotidiano. Um processo que vai da RAZÃO à VONTADE através do MODO com que o indivíduo afronta a sua realidade de existência. Através dos desafios que fez no mundo da RAZÃO!
Esse movimento de passagem que vai da RAZÃO à VONTADE, reativa no Ser Humano o processo de crescimento psíquico e emocional, bloqueado pela razão, e o novo que a alcança, e em Bruxaria, vem com o nome de : O PODER DO SILÊNCIO.
Esse movimento do Conhecimento para a construção da consciência subjetiva é atividade própria (e quase exclusiva) dos Seres Humanos. Por este motivo, este movimento e somente ele, qualifica o Ser Humano como Ser da Natureza, que reconhece o seu ser vindo da natureza, e que, reconhecendo a objetividade da Natureza como a sua existência própria, age internamente a ela, subjetivando-a com as suas tensões (seus impulsos naturais).
Outros movimentos qualificam a ilusão do Ser Humano de ser dono da Natureza, ou representar um papel como vítima a ser submetida ao sacrifício dentro dela.
O que traz (como benefício) ao indivíduo quando ele exerce a atividade de Suspender o Diálogo Interno?
Comporta com essa atividade, a suspensão das pretensões da sua própria razão de ser dona absoluta dele. Comporta a reformulação da razão subjetiva e do seu papel dentro do indivíduo mediante o sacrifício que o indivíduo impõe à sua razão, com a finalidade de mostrar-lhe a existência de novos e diversos fenômenos.
O indivíduo suspendendo o diálogo interno, recomeça a crescer.
O termo crescer está a indicar o processo de dilatação de um sujeito, no mundo em que ele vive. Um processo, que através do mecanismo de acúmulo de quantidade que gera um salto qualitativo, coloca as bases para um sucessivo processo de acúmulo de novas e diversas quantidades aptas a produzirem um novo e diverso salto qualitativo.
Dada uma qualidade da quantidade acumulada na situação atual, a qualidade que surgirá comporta um objeto diverso a ser acumulado ou sobre o qual focalizarmos a nossa atenção. Se é simples para o espectador adulto constatar o acúmulo quantitativo fisiológico (crescimento) do Ser Feto, é mais difícil observar o acúmulo da qualidade psíquica no Ser Feto, dada a objetividade em que ele cresce. Por outro lado, no menino é possível seja observar o processo de acumulação da sua parte física, seja no seu processo de acúmulo do Saber relativo à sua razão. Isto é, a sua aprendizagem. Mais difícil é observar no Ser Humano adulto a qualidade do objeto que cresce, como resultado das suas próprias ações. Podemos observar o quanto cresce dentro dele a quantidade de pensamento abstrato com o qual lê as suas relações com o mundo em que vive, e a capacidade de usar o pensamento abstrato para descrever as suas ações e o seu intento. O objeto que cresce dentro de um Ser Humano adulto pode ser percebido somente do sujeito que o "faz crescer" através da sua modificação. Uma modificação subjetiva, que permite ao indivíduo perceber novos e diferentes fenômenos, e de individuar ou intuir o complexo dos fenômenos que surgem. No Ser Humano adulto, crescer significa ampliar a sua capacidade subjetiva própria para perceber, intuir, e penetrar o mundo aonde vive.
Suspender o dialogo interno, comporta um ulterior crescimento do indivíduo no qual os fenômenos que não se encaixam na descrição da sua razão, não são mais sentidos passivamente (ignorados, ou interpretados por meio do já conhecido ou imaginado pela razão), mas são filtrados pela experiência construída pelo indivíduo. Suspender o dialogo interno é um ato de vontade subjetiva, com o qual o indivíduo suspende a razão consentindo a chegada do novo. O novo pode ser constituído do se tornar consciente da presença de fenômenos que antes se ignorava, do considerar sob novos pontos de vistas fenômenos já descritos racionalmente, formulações de novos juízos, ou então da intuição da existência ou da qualidade de aglomerados dos quais os fenômenos brotam.
Suspendendo-se o dialogo interno, permite-se ao mundo da ação fluir na descrição, e obriga-se esta a renovar-se.
Com a suspensão do diálogo interno, nós bloqueamos a ditadura da razão.
Uma ditadura que age sobre o indivíduo em diversos modos. Um deles (que pode reassumir muitos outros) se chama OBSESSÃO! A razão pede ao indivíduo para ser renovada continuamente. Solicita-lhe para descrever continuadamente os objetos, descrevê-los ainda mais após tê-los descrito. A razão solicita do sujeito para que ele analise os vários aspectos do problema, onde essa análise, desses vários aspectos do problema, nada mais é do que repetição da razão e do seu domínio sobre a ação que o sujeito coloca em campo para que seja resolvido o problema.
É interessante que neste ponto introduzimos o conceito de OBSESSÃO no nosso debate. A definição do conceito, se de um lado pertence ao âmbito da psicologia e da psiquiatria, por outro lado nos consente observar toda uma série de comportamentos, que mesmo não entrando nas patologias da psiquiatria, entram, no entanto, nas adaptações subjetivas colocadas em execução pelo indivíduo para responder à coerção educacional. Em outras palavras, o condicionamento educacional constrange o indivíduo a manifestar as defesas com a finalidade de construir as suas adaptações subjetivas pela imposição suportada. Estas adaptações, por um lado permitem o desenvolvimentos de soluções emocionais subjetivas, por outro lado, frequentemente, se exprimem com as manifestações obsessivas cujo escopo é o de descarregar nele as tensões não descarregáveis de outro modo.
Do Dicionário de Psicologia de Umberto Galimberti:
" Termo derivado do latim "obsidere" que significa assediar, bloquear, ocupar, que descreve a condição de quem é obstaculado pela necessidade insuprimível de cumprir determinados atos ou de abster-se de outros, ou é obrigado a se manter com pensamentos e idéias particulares sem estar em condições de evitá-los, repetindo indefinidamente essa obrigação da qual não consegue subtrair-se e não consegue nem mesmo satisfazê-los. Mesmo se o sujeito está consciente da insensatez dos seus atos e das suas idéias obsessivas, não pode ao menos deixar de reproduzi-las em um tipo de ritual que colocado em execução para aplacar a ansiedade, se torna autônomo, transformando-se em um mecanismo repetitivo, não diferente dos rituais mágicos das crianças, daqueles mágico-religiosos dos primitivos e daqueles supersticiosos dos adultos.
O ritual se transforma em uma perturbação quando manifestada a sua ineficácia para conter a ansiedade, se torna por sua vez, pelo caráter coercitivo, motivo de ansiedade.
As obsessões incluem idéias, pensamentos, raciocínios frequentes perseguidos pela dúvida, e da interrogação, imagens, sentimentos, recordações ou impulsos que sem um nexo ligado a um estímulo externo, se propõem de modo constante e automático e contra a vontade do sujeito.
Têm, pois, caráter de incontinência porque o sujeito não consegue se liberar; um caráter estranho porque se impõem contra a vontade de quem as sofre como qualquer coisa que se intromete no indivíduo; de invasão porque tendem progressivamente a ocuparem toda a área da consciência; de compulsividade, porque o sujeito não consegue se esquivar e para se defender organiza os contra-rituais que complicam ulteriormente a sua vida enrijecendo-a em cerimonial que limita, ou senão suprime inteiramente a sua liberdade e a sua autonomia."
Esse é o dicionário de Psicologia.
A obsessão não se exprime somente sob caráter patológico, mas se exprime nos comportamentos como de incapacidade de um sujeito de ser flexível diante do mundo e aos eventos. Esta falta de ductilidade resulta da fixação obsessiva do Diálogo Interno que impede o sujeito de manter "pensante" ou com "capacidade para projetar" o mundo em que vive, somente pelo fato que o mundo não se exprime mediante palavras.
Esta é uma obsessão.
A tal ponto que com o monoteísmo esta obsessão é elevada a caráter divino: o homem criado à imagem e semelhança do deus todo-poderoso e criador do mundo ! O homem que veio do Ser Natureza! Em vez disto, inclusive cultivando a sua diferença dos outros Seres, se porta dentro do Ser Natureza de modo a poder caminhar junto com os outros Seres acrescentando ao conjunto a sua própria diversidade, se separa do todo afirmando ser o dono de tudo, pois se julga ser o representante do deus todo-poderoso e criador. A obsessão que vem divinizada justificada com a finalidade de bloquear o indivíduo e impedi-lo de reentrar no Ser Natureza.
Como se modifica a obsessão?
Através da ação.
Através da sua capacidade em projetar a sua própria existência, através do Viver por desafio.
A ação e a necessidade da ação, estão em condições de arrastar as nossas emoções a tal ponto de remover alguns aspectos da obsessão da onipotência que é imposta ao Ser Humano. Se, depois, bloquearmos a obsessão do diálogo interno, parando-o, então permitimos ao mundo da ação fluir na descrição, e consequentemente esta se renova.
A emotividade se exprime no indivíduo, mas não fica circunscrita àquilo que já é conhecido, mas se exprime além daquilo que a razão da emotividade contempla nas explicações, nas motivações.
Isto vale para o sentir, em quaisquer modos que se exprima.
De qualquer modo , o TERCEIRO DEUS DA VIDA (isto é, a relação entre o sujeito que se abre na relação e a objetividade que com ele se funde) se exprime nas ações do sujeito onde: a ação (conforme se deseja vê-la e descrevê-la) precede sempre o que foi considerado pela razão !
Acontecia quando éramos Seres da Natureza antes da razão ser fundada; hoje, dessa forma devemos agir, como uma escolha consciente. Uma escolha do individuo alimentada pelo seu intento, para poder sair da razão e retornar ao mundo da ação ou da vontade !
Qual é a técnica para se suspender o Diálogo Interno ?
Antes de mais nada, esta técnica não serve se uma vez bloqueado com o exercício, o Diálogo Interno, não obrigarmos o fluir da intuição mediante a apresentação à nossa estrutura emotiva da "necessidade da ação" com a finalidade de resolver as contradições, as dificuldades, que o nosso viver plenamente e com participação, a nossa vida quotidiana, nos coloca para enfrentarmos.
O olhar sem descrever: leva a enxergar !
Escutar sem descrever: leva a enxergar !
Cheirar sem descrever: leva a enxergar !
Tocar sem descrever: leva a enxergar !
Degustar sem descrever: leva a enxergar !
Nesses casos, é alcançar a ação da memória "atávica" em que a necessidade e as soluções foram transformações biológicas, que a nossa espécie colocou como fundamento da nossa estrutura emocional. Não necessariamente devo ter a experiência da presença do "doce" em uma certa erva ou em um certo fruto. Se eu suspendo o diálogo interno a memória da espécie aflora. É aquela mesma memória que forma a capacidade em conhecer os insetos e de todos aqueles animais que não transmitem informações (ou transmitem-nas no mínimo), mediante as relações culturais hereditárias.
É aquela capacidade do Ser Humano (e de cada um dos Seres da Natureza) de subjetivar os fenômenos, fazendo-os interagirem com a ação, sem a intermediação da razão.
Como quando se pertencia ao reino animal, do Ser Natureza, na época em que as palavras não alimentavam a capacidade da razão, para controlar o conhecimento do indivíduo.
Só que estamos procedendo de maneria contrária. Ao invés de fazer o movimento da Natureza em direção à Razão, fazemos o movimento da Razão em direção à Natureza. Na prática queremos conservar tanto a razão quanto as vantagens, ao usarmos de modo imediato os antigos mecanismos, que a nossa espécie colocou-os como sendo fundamento da nossa existência.
Para se chegar a isto, é necessária muita autodisciplina !
Se desenvolvem outros comportamentos igualmente importantes, mas que pessoalmente, não quero levá-los em consideração:
É um conceito próprio dos Neoplatônicos. Praticando a filosofia dos Neoplatônicos se chega à IMPERTURBABILIDADE. O indivíduo atinge um estado psíquico no qual os fenômenos são registrados, mas não emocionam a pessoa nem a envolve emotivamente. O fenômeno não é capaz de modificar a estrutura emocional do individuo, obrigando-o, desse modo, a reagir em função do fenômeno em si. Assim, o individuo separa a sua própria estrutura emocional dos fenômenos do mundo, e mantêm a "calma" nos turbilhões existenciais. O indivíduo que atinge a IMPERTURBABILIDADE usa a própria vontade para fazer a discriminação entre os fenômenos que do mundo lhe alcançam, escolhendo entre eles os que deseja se emocionar, daqueles que deseja permanecer indiferente. Como cada atitude que se imprime no ânimo das pessoas, existe sempre o perigo que tal comportamento se aproprie da pessoa, exatamente como o Sistema Social nos impôs o comportamento de "crente inocente" (um "bobão"), e nos obrigou, dessa forma, a não desenvolvermos as defesas em relação aos fenômenos que chegam dele. O comportamento de "bobo", de crente (por exemplo, levar as pessoas a acreditarem que o que está escrito na bíblia seja uma verdade, ao invés delas enxergarem um escrito que avilta e deprime as pessoas, porque é o resultado de uma operação política criminosa), transforma a energia vital das pessoas em energia de morte; do mesmo modo a atitude imperturbável quando se apropria do indivíduo, impede-o de expor as suas emoções próprias e isto impede o acúmulo de energia Vital que se obtém vivendo por desafio: os desafios na vida devem envolver emocionalmente o individuo.
Os fenômenos que recebo do mundo, me impõem a adaptação, mas o fazem sobre um plano diverso da percepção quotidiana da razão. Por este motivo não os aproveito, ou não os reputo digno da minha atenção, quando vêm a ser modificados.
Quando um individuo desenvolve a capacidade da ABSTRAÇÃO, colhe aspectos e fenômenos diversos dos que o interlocutor desejaria que captasse apresentando-lhe tal fenômeno. Se forma, na prática, uma diversidade de percepção subjetiva de um objeto daquela percepção que o objeto manifestado queria representar. Isto acontece com frequência, para quem pratica a ABSTRAÇÃO, no que se refere aos fenômenos provenientes do mundo social. O sujeito colhe o fenômeno apresentado em um contexto diverso daquele contexto pensado por quem o representa.
O indivíduo que pratica a ABSTRAÇÃO vive numa série de mundos psíquicos e colhe fenômenos de mundos psíquicos diversos, seja dentro dele como fora dele, e formula hipóteses ou produz fenômenos partindo de elementos que não estão presentes imediatamente no quotidiano da razão, ou que no quotidiano dela se apresentam com uma importância diversa. Todos os mundos psíquicos não estão desligados entre eles. Os fenômenos que se lhe manifestam estão sempre presentes no mundo da razão, só que o indivíduo que age neles, parte de considerações subjetivas, mas não sabe quando e como estas considerações subjetivas assumirão no mundo quotidiano a importância que têm na sua cabeça.
O problema é que o tanto que vem modificado sobre um plano perceptivo diverso daquele quotidiano, o fenômeno se transfere no quotidiano, mas não é possível voltar à sua origem partindo-se da análise do quotidiano. O fenômeno se apresenta partindo de um contexto abstrato e transcende a razão. Se o individuo não consegue Suspender o Diálogo Interno, consegue, em casos particulares, a produzir fenômenos em percepção alterada que se propagam no seu quotidiano da razão sem estar em condições de fazer-lhes frente: é como se a realidade se retorcesse sobre o indivíduo que manifesta uma vontade de manipulação dela mesma.
Alguns fenômenos alcançam-me, mas os percebo em um plano em que eles não podem me envolver, influenciar ou tocar. Se trata de fenômenos relativos à outras "razões", ou a outros mundos da percepção dos quais não tenho conhecimento nem me interessa o reflexo deles no quotidiano.
A atitude de ser indiferente pode servir para não se fazer envolver e nem desviar a própria atenção dos fenômenos realmente importantes e imediatos, que estão agindo ao nosso redor.
Há um outro discurso que deve ser feito, e é relativo ao:
*ORROR VAQUI*
O horror do vazio mental, o medo do nada.
É próprio dos monoteístas exaltar a razão e a sua descrição.
É peculiar deles como quando faziam caça às mulheres, que eles chamavam Bruxas; exatamente como quando condenavam Galileo; precisamente quando queimavam Giordano Bruno !
A razão, somente a razão !
A razão como culturalmente descrita naquele momento em que se defende de cada modificação. A razão, que através das palavras, se defende e a miséria cultural que fixou se chama: OBSCURANTISMO !O OBSCURANTISMO é aquele período histórico em que os guardiões do medo da razão, impostos pelo Sistema Social, e das suas armas do terror, dominam a descrição das palavras e impedem a vinda na descrição de novos elementos e de novos fenômenos. O século dos LUMI ou da RAZÃO existe quando os Seres Humanos começam a remover os guardiões medrosos dos confins da descrição da razão: o deus todo-poderoso dos cristãos e os seus seguidores!
O horror da razão e dos seus fantasmas.
*Neste ponto o debate estaria terminado, salvo por alguns elementos essenciais que quero acrescentar*.
A Suspensão do Diálogo Interno é o primeiro dos três elementos fundamentais de O Bastão do Bruxo.
O Diálogo Interno bloqueia o uso de muitas capacidade cerebrais. Quando essas capacidades vêm a ser desbloqueadas (pelo menos é a regra) com o Bloqueio do Diálogo Interno, nós dizemos comumente que a intuição flui na ação sem precisar ser justificada e descrita pelo Diálogo Interno que é colocado pela razão.
A ciência está descobrindo que a estrutura cerebral está se especializando no âmbito cultural em que vivemos. A sua especialização incide sobre sua estrutura física. O mesmo com as nossas idéias ou com as coisas das quais acreditamos, nada mais são senão o fruto da nossa estrutura cerebral, uma estrutura cerebral que temos construído dia após dia, como efeito da nossa atividade e das nossas escolhas físicas.
Transcrevo publicação de "La Repubblica" de 21 de Maio de 2003
-Se a mente é um espelho-
"Mas talvez a descoberta mais entusiasmante é a de um grupo de pesquisadores italianos, guiados por Rizzolati, que identificou no córtex cerebral dos macacos os " mirror neuron", ou seja os neurônios a espelho que se ativam quando se pratica uma ação e quando se observa outro praticar uma ação semelhante, um tipo de mecanismo de ressonância. Tais neurônios estão presentes também no homem, utilizam complexos mecanismos de registro aonde notou-se que enquanto se observa uma outra pessoa, executando um certo movimento, no cérebro de quem observa são ativados circuitos cerebrais que estariam envolvidos caso se decidisse repetir a mesma ação da outra pessoa."
"Todavia, no homem esses neurônios poderiam desempenhar um papel mais complexo na leitura, e na representação da mente de outros. Pode-se entrar na mente de outras pessoas procurando-se construir-se uma teoria que se baseia sobre o quanto podemos entender os outros, por vários indícios, ou mesmo igualando-se à outra pessoa, simulando dentro de nós desejos, preferências e convicções".
Tratar-se-ia daquele mecanismo que uma vez liberado do constrangimento do diálogo Interno, nos permite subjetivar a objetividade: olhar o mundo com os olhos dos outros. Quer dizer, não especificamente com os olhos dos outros, que estão a pensarem o mundo, mas da estrutura emocional com que "o outro" se manifesta, a si mesmo, no mundo. A sua ação, o porque do seu agir emocional !
Transcrevo abaixo publicação de "Il Corriere della Sera" (O correio da Tarde) (corriere scienza - correio ciência) de domingo, 10 de Abril de 1994:
- Para a mente un forte som de trompa é como gato escaldado -
"" Sentem as cores soarem e vêem os sons colorirem o ar. Se as paredes são pintadas de amarelo, ela poderia se tornar um ambiente em ré menor. E, em um concerto de jazz, em um trecho musical o trompetista poderia fazer com que se elevasse a uma onda vermelho escarlate. Para qualquer um,depois, um chocolatinho não será reconhecido em nada se não contiver um número justo de losangos : porque o gosto bom ou ruim, depende das formas geométricas que os sabores escondem. " É o universo dos sinestéticos (de sinestesia junção dos sentidos) : homens e mulheres - sobretudo mulheres - que não conhecem barreiras sensoriais. Neles as percepções escorregam de uma para outra, se sobrepõem e se fundem. Um universo que há tempo a ciência ignorou porque reputava como "imaginário,e sem bases fisiológicas"".
Richard Cytowic analisou 60 sujeitos sinestéticos e afirma:
"A experiência sinestética, sustenta o estudioso, nasce de uma organização diversa no cérebro: tem origem numa primazia das estruturas subcorticais (sede das emoções, dos processos da atenção, da memória) sobre os corticais (sede da linguagem e do raciocínio), etc."
Não vou me prolongar em cima do artigo inteiro e sobre a pesquisa. O que me interessa fazer compreender é que o mundo tem esta forma, porque nós somos educacionalmente constrangidos a descrevê-lo dessa forma, e que o Diálogo Interno é o regente deste mundo, ao mesmo tempo que o renova constantemente dentro de nós.
Se nós tivermos suficiente disciplina para bloquear o Diálogo Interno, de vez em quando, e concentramos os nossos sentidos sobre as sensações que nos invadem (correntes vegetativas ou sobre sensações que dos objetos do mundo chegam até nós), ativamos uma percepção diferente do mundo porque estamos munidos dos apetrechos para fazê-lo,
*BLOQUEAR O DIÁLOGO INTERNO SIGNIFICA RETORNAR AO SER NATUREZA*
Adivinhem como se faz para se reconhecer uma planta medicinal de outra venenosa?
Pelas suas vibrações, pelos seu ângulos, pelas suas cores, e daquilo que vibra dentro de nós quando temos a necessidade de agirmos com relação a uma enfermidade, ou de outra necessidade qualquer!
Somente a obsessão do Diálogo Interno nos torna incapaz em tomarmos tal direção de reconhecimento.
O homem não descobriu as plantas medicinais porque as experimentou ingerindo-as, mas as experimentou porquanto as enxergou exatamente porque não tinha o diálogo interno. Para redescobrir as coisas partindo-se do diálogo interno, foi necessário experimentá-las ingerindo-as e fazendo-se cálculos.
Marghera, Março de 2001
Modificado na sua forma actual para o debate de 07 de junho de 2003
Aqui você pode encontrar a versão original em italiano
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Oppure, fra gli altri anche su:
Cod. ISBN 9788891170897
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Claudio Simeoni
Mecânico
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