Chamar as coisas com o verdadeiro nome delas

A vida no ser natureza - Debate número 9

A filosofia do tornando-se da Religião Pagã

Claudio Simeoni
traduzido por Dante Lioi Filho

Filosofia Pagã

Índice:

--- Chamar as coisas com o verdadeiro nome delas

--- Algumas questões debatidas em filosofia

--- A questão para Kant

--- O Conceito geral do Idealismo e do Realismo

--- Conceito geral da fenomenologia

--- O Ser Humano na Natureza

--- O Primeiro Golpe de Vista

--- Chamar as coisas com o verdadeiro nome em relação ao sistema social

--- Chamar as coisas com o verdadeiro nome nos mundos da percepção

--- Chamar as coisas com o verdadeiro nome no Mundo das emoções

--- Nota minha, do simples tradutor, dos ensinamentos de Claudio Simeoni

 

 

Chamar as coisas com o verdadeiro nome delas

O indivíduo constrói as suas estratégias impedindo a ilusão de transformá-lo em comida de conhecimento, que se unindo à boca da Águia alimente o vir a ser de Hera.

Premissa

Existem as lendas nas quais a prova que deve ser superada pelo protagonista é a de descobrir o nome da inimiga ou do inimigo de turno, e pronunciando-o em alta voz, derrotá-lo.

Esta representação nas fábulas descreve um antigo princípio, segundo o qual, individuar o fenômeno no seu tipo e na sua exata colocação, pode-se colocar em ação as estratégias para que os danos sejam impedidos.

Ainda hoje, a psicanálise na remoção, usa este método: levar à razão o que está latente.

Depois, com o tempo, o significado disto decaiu um pouco. O nome indicava a qualidade da coisa, que uma vez revelado, era essa qualidade que perdia os seus efeitos.

Pronunciar o nome se tornava um ato mágico em si mesmo, independentemente do intento e das estratégias de quem o pronunciava.

CHAMAR AS COISAS COM O SEU VERDADEIRO NOME significa livrarmo-nos da ilusão de que tal significado era o que imaginávamos que aquele fenômeno tivesse.

Como Seres da Natureza, nós nunca pudemos chamar as coisas com o nome que a nossa Intuição desejaria atribuir a elas (a razão não as abrange e nem as compreende!)

Antes que a razão dominasse o Ser Humano, não nos iludiríamos de que a pequena brisa com aquele odor estaria limitada a limpar o ar. Sabia-se que estava chegando a tempestade. Dentro de nós a Intuição, como soma das experiências, sejam as nossas pessoais como as da memória da espécie, nos impulsionava a procurar um refúgio.

"Mas que nada, jamais chegará", afirmou depois a razão, submersa nas ilusões, quando assumiu o controle do nosso pensamento, e através dele, as nossas ações "veja se se acalma".

"Corre, corre! - dizia a intuição, tenha medo da brisa."

"O que representam quatro preces: que mal fazem?" Diz a razão ao tédio e à rebelião que crescia dentro de nós. "O que são quatro palavras? Por que se irritar?" Mas dessas quatro palavras, qual é o verdadeiro nome delas?

 

Algumas questões debatidas em filosofia

1- O PROBLEMA DO OBJETO E DA SUA REALIDADE E REPRESENTAÇÃO.

(breves notas tiradas do pequeno dicionário de filosofia da BUR)

1. Questão: psicologia!

"Na psicologia tradicional, o objeto e o sujeito são dois momentos distintos, mas sempre complementares e solidários (manifestam a transformação) de cada fato psíquico, do qual representam as duas faces necessárias.

A psicologia moderna dissolveu, ou pelo menos atenuou, tal polaridade. O nexo sujeito-objeto se transformou na relação entre estímulo e reflexo, ou na relação entre indivíduo e ambiente, vale dizer numa correlação menos rigidamente dualista e com menores atribuições inverificáveis.!"

A relação é dialética: de mútua inferência.

O problema que me é colocado é: o que é o objeto que tenho na minha frente?

Quais são os fenômenos que aquele objeto manifesta?

Quantos fenômenos manifestados agem sobre mim e como eu me adapto a esses fenômenos?

De quantos fenômenos estou ciente, e quantos são os meus processos de adaptação dos quais tenho consciência? Quantos fenômenos sofro que os vivo somente de reflexo, de maneira indireta e de maneira indireta parte do meu corpo e da minha psique, se adaptam sem que a minha razão esteja ciente ?

 

A questão para Kant

"O objeto para Kant é "a coisa em si", um verdadeiro e exato objeto diferente do fenômeno, cuja objetividade é relativa, resultando dele uma síntese subjetiva-objetiva!"

O fenômeno é aquilo que o sujeito percebe do objeto; a ideia que o sujeito faz do objeto é dada pela capacidade de chamar o fenômeno com o seu NOME VERDADEIRO sem esquecer que o fenômeno é a manifestação do conjunto do objeto, e para o sujeito é objeto em si, nele mesmo.

Um objeto entra na esfera de interferência de um sujeito somente na medida em que os seus fenômenos interferem com os dos sujeito. O sujeito, quando os fenômenos agem sobre ele, coloca em ação as suas adaptações. As adaptações que o sujeito coloca em existência são fruto da sua capacidade para individuar os fenômenos, identificá-los e colocá-los em relação com o objeto do qual o fenômeno emana. Esta ação do sujeito se chama: CHAMAR AS COISAS COM O SEU NOME VERDADEIRO.

Qual é o contrário de CHAMAR AS COISAS COM O SEU VERDADEIRO NOME que normalmente os indivíduos são educados a fazerem? É projetar sobre o nome das coisas os estereótipos que emocionalmente vêm impostos. Quando se é educado, desde pequeno, com cada nome que é dado às coisas, na realidade se atribuem as essas coisas as qualidades. O sujeito, crescendo (e é parte da propaganda e da publicidade) é educado a associar o nome àquela qualidade, ignorando as outras qualidades das quais o nome é portador. Por exemplo, ao nome pai se associa a qualidade de protetor dos filhos ou da família. Depois nos perguntam: "Como aquele pai foi levado a exterminar a família?" Foi esquecido que o fenômeno indicado mediante o nome de pai, outra coisa não era do que um fenômeno emanado do objeto homem que além do fenômeno de pai tem muitos outros fenômenos com os quais se manifesta a si mesmo no mundo. Não se chamou o objeto com o seu VERDADEIRO NOME, mas preferiu-se projetar sobre o objeto a nossa imaginação, educacionalmente construída, relativa a um fenômeno que somente parcialmente definia o objeto, neste caso o pai.

A ilusão da razão é o que devemos remover para CHAMAR AS COISAS COM O SEU VERDADEIRO NOME.

 

O Conceito Geral do Idealismo e do Realismo

(Atenção a uma esquematização excessiva)

No Idealismo:

"O sujeito é o princípio e o fundamento do objeto."

No realismo:

"É o objeto que precede e condiciona o sujeito!"

Para Fichte o objeto é o não-eu, que o eu opõe a si mesmo para poder realizar a sua própria liberdade, e em geral o objeto constitui a autodeterminação do ato, perenemente reabsorvida na dialética vivente desse ato.

Outra afirmação:

O iniciar de um relacionamento com o sujeito, é para o objeto indiferente como um quadro pendurado à parede (di Kulpe) - realismo positivista que diz: não posso pensar diferentemente o objeto diverso de mim!"

Já evidenciamos que na vida as situações são dinâmicas, no sentido de que o objeto que é portador de fenômenos, nada mais é senão um sujeito que age na sua objetividade própria. E é o agir do objeto que interfere comigo, sujeito, que a esse agir manifesto as minhas adaptações.

O que caracteriza particularmente o pensamento da *Stregoneria*, é que sejam os fenômenos quanto os objetos que os manifestam, ambos constituem inteligências que agem em funções de Intentos manifestados por eles mesmos. Portanto, não existem simples sujeitos, que manifestam simples fenômenos, mas objetos como complexos que manifestam complexos de fenômenos, onde seja o conjunto como também os fenômenos específicos, são inteligências em si mesmas, com a necessidade de se manifestarem e se expandirem na objetividade delas.

Portanto, o mundo visto pela *Stregoneria* é um mundo dinâmico de complexos de inteligências, que manifestam fenômenos também inteligentes, em confronto com conjuntos inteligentes, que reagem manifestando fenômenos inteligentes.

Em *Stregoneria* o sujeito não está separado do mundo, que o manifestou, e portanto, não estar em condições para CHAMAR AS COISAS COM O SEU NOME VERDADEIRO, significa dar existência à ações inadequadas para atingir os intentos subjetivos, ou perceber o mundo de objetos de maneira parcial ou ilusória.

 

Conceito Geral da fenomenologia

"A afirmação da transcendência do objeto à consciência é a tese fundamental da fenomenologia de Husserl "

Do momento em que o objeto em si não pode ser agarrado pela consciência (descritiva da razão) senão mediante os seus fenômenos, temos que estes fenômenos constroem no sujeito a ideia que este tem do objeto.

Disto temos a necessidade do sujeito de captar uma quantidade maior de fenômenos (e de introduzi-los na consciência da razão) com relação ao objeto, que ele deseja descrever, e a necessidade de desenvolver, por parte dele, sujeito, uma capacidade maior para inseri-los na objetividade na qual se exprimem, e que o obrigam a fazer nascer as suas estratégias de adaptação.

 

O Ser Humano na Natureza

Disso resulta a necessidade de aprender a CHAMAR AS COISAS COM O SEU NOME VERDADEIRO, o que significa aprender a superar a ilusão das nossas expectativas que nós projetamos sobre o fenômeno, para colhermos e definirmos a ação mediante a qual o fenômeno se apresenta.

Só que nós somos indivíduos adultos. O que significa que somos pessoas que já fixaram, e assimilaram, a estrutura educacional própria, mesmo manipulando-a. Exatamente por isto, a superação da projeção das nossas expectativas sobre o fenômeno para colhermos a ação que do fenômeno se manifesta, exige um esforço notável e um resultado NUNCA certo.

Há uma técnica que nos permite superar a ilusão que nós projetamos sobre o fenômeno, e sobre como nós o representamos, é a busca da sua manifestação na objetividade em que vivemos.

"Um leão faminto se saltar em cima de mim, satisfaz a sua fome devorando-me!" Esta é a descrição de um fenômeno. Este fenômeno eu o CHAMAREI COM O SEU NOME VERDADEIRO apenas como diante da boca de um leão faminto. Se eu projeto sobre o leão a ideia da qual o único fenômeno que o leão manifesta é aquele de querer devorar-me, nada mais faço do que exterminar com todos os leões, porque os leões desejam devorar-me. Se eu conheço todo o conjunto dos fenômenos que o Leão manifesta, então eu sei que não necessariamente o Leão deseja devorar-me, e portanto, não necessariamente devo exterminá-lo. Se eu aceitar, passivamente, a ideia ilusória que me foi imposta, de que o Leão deseja apenas me devorar eu não verificarei as intenções dele, e simplesmente atirarei para matá-lo. Com o Leão que quer me devorar a coisa é fácil, simples, mas com a ideia do deus bom, que me ama, enquanto na realidade está me conduzindo ao matadouro da vida, a ideia é um pouco mais complexa. Se eu não remover a ilusão do deus bom serei levado ao matadouro da vida.

Portanto, eu CHAMAREI AS COISAS COM O VERDADEIRO NOME quando os fenômenos forem representados, na objetividade, com os seus efeitos: os fenômenos virão a ser chamados com o verdadeiro nome deles, somente quando o nome indica o agir deles ou os efeitos, que provocam na objetividade na qual se manifestam.

O VERDADEIRO NOME DO FENÔMENO vem a ser o conjunto dos efeitos produzidos pelo surgir do fenômeno na objetividade em que age.

*O meu verdadeiro nome é o conjunto das minhas ações, com as quais me apresento à vida, ou me adapto aos fenômenos que entram no campo do meu agir*

Eu sou aquilo que eu faço, e aquilo que faço me qualifica nas respostas de adaptação que eu solicito na objetividade.

Para chamar os fenômenos com o seu nome verdadeiro, é necessário partir da objetividade e dos percursos de adaptação desta.

Não é necessário estar diante da bocarra de um leão faminto para saber o que fará o leão em presença de um presa comestível qualquer. É suficiente olhar a corrida das Zebras com a aparição dele, e CHAMAR AQUELA CORRIDA COM O SEU VERDADEIRO NOME.

Dentro do Ser Natureza, não nos podemos enganar: é uma questão de vida ou de morte. Assim foi por centenas de milhões de anos para todos os nossos antepassados. Vida e morte capaz de construir uma verdadeira e exata seleção natural; a não ser que houvesse algum imbecil que arrastado por um "amor inflamado" se colocasse de joelhos diante da bocarra de um leão faminto.

E, também, acontece no Sistema Social, todos os dias, por parte de pessoas que vão às igrejas cristãs para rezarem diante da bocarra de um leão devorador e faminto.

Então, por quê não há uma seleção natural?

Porque essas pessoas que se ajoelham diante daquela bocarra não são mortas rapidamente, mas são sugadas um pouco de cada vez, dia após dia. E essas pessoas, que morrem aos poucos, por sua vez tomam as providências para massacrar velozmente a quem não deseja imitá-las, isto é imitando-as para se colocar de joelhos diante daquela bocarra.

A seleção "natural" é feita por quem se coloca de joelhos para se garantir nessa prática, continuadamente (eugenia).

Quando que alguém ao se recusar em ficar de joelhos, tem possibilidades para se impor?

Quando as crises sociais ou crises naturais requerem a intervenção resoluta de pessoas que extraem poder e decisão, de si mesmas; o que não poder fazer quem se coloca de joelhos diante da bocarra voraz do deus dos monoteístas.

Com um problema de ordem social:

Quem se coloca de joelhos, dá continuidade (a uma fobia de difícil cura) a esse tipo de constrangimento em gerações futuras, seja para colocar os filhos nessa posição humilhante, seja para se garantir o direito social de fazê-lo.

Quem se recusa a se colocar de joelhos, frequentemente está só e deve defender a liberdade das suas escolhas contra tudo e contra todos. Intui aquilo que outros não compreendem (sabe CHAMAR AS COISAS COM O VERDADEIRO NOME DELAS) sendo incompreendido pela maior parte dos indivíduos com quem convive) e frequentemente é indicado como um pária social. Porém, vem a ser usado pela sociedade quando esta está em perigo.

Quando se inicia a CHAMAR AS COISAS COM O VERDADEIRO NOME DELAS, é necessário se tornar consciente disto: defender-se, a si próprio, truncando qualquer forma de dependência! Desatar cada ligação que nos impede de enfrentar o existente. Selecionar os fenômenos e saber como enfrentá-los na própria existência, CHAMANDO AS COISAS COM O VERDADEIRO NOME DELAS.

LEMBREM-SE:

Quando iniciamos a viver individuando o fenômeno, e chamando-os pelos efeitos produzidos na nossa vida, NÃO PODEMOS MAIS VOLTAR ATRÁS! Somos obrigados a estudar a fundo esta nossa tensão, para estudarmos profundamente os fenômenos, e a capacidade produtiva deles; e ao mesmo tempo, sobe em nós o Poder de escolher entre quais o fenômenos que podem ser escolhidos, e à quais fenômenos reagir, ou se adaptar, e como fazê-lo.

Quando se inicia a CHAMAR AS COISAS COM O VERDADEIRO NOME pode-se somente ir adiante, se aprofundando. Não se pode se proteger alegando ignorância da qualidade do fenômeno, mas a defesa está no EXATO conhecimento da presença dos fenômenos, e dos objetos dos quais percebemos e consideramos os fenômenos.

ARMA-SE através do CONHECIMENTO, e não se pode mais se defender na ignorância, ou no desconhecer. Os problemas entendidos como uma discordância entre aquilo que queremos e o se nos apresenta e ao qual nos adaptamos, devem ser resolvidos, não se podem mais ignorá-los!

 

O Primeiro Golpe de Vista

O primeiro golpe de vista em comparação a um objeto, ou de uma pessoa, é aquilo que nos produz uma sensação de liberdade de obstáculos do juízo racional da razão.

Aquilo que eu colher, naquele momento, é uma sensação resultante da projeção das minhas emoções, alineando-as com a emoções e as sensações emitidas pelo objeto, e que se transformam na minha razão em um sentimento de envolvimento, repulsa, companheirismo, afeto, compaixão, solidariedade ou choque e contraposição.

Trata-se da primeira sensação.

Antes de sabermos quem é o objeto ou a pessoa que temos diante de nós; antes de atribuirmos um juízo de elementos diretos ou indiretos, que sobre ela se projeta a nossa razão,

É a primeira sensação, antes que a razão coloque em movimento a sua própria explicação descritiva.

A primeira sensação não é um juízo sobre o fenômeno, o objeto ou a pessoa que temos diante de nós, mas a relação que se constrói entre as nossas emoções e as emoções expostas daquilo que temos em frente. Se chama empatia, e é a antiga capacidade que tínhamos antes de ser construída a razão, e que nos permitia construir as assonâncias e dissonâncias com o mundo que nos circunda. É o que nos permitia comunicar com Seres e Espécies diversas. A capacidade empática ou de comunicação e relação emocional, foi gradativamente retirada das profundezas escondidas por detrás da razão. Com frequência nós construímos um juízo de uma pessoa partindo daquilo que sabemos dela. Esse juízo que temos construído freia a manifestação do primeiro golpe de vista, e a chegada da sensação que produz ao juízo da razão. É como quando temos uma ideia com relação a um partido político e aos seus militantes. Quando nós sabemos que aquela pessoa pertence àquele partido político já formamos um juízo, que bloqueia a chegada da sensação empática.

Da Suspensão do Diálogo Interno já falamos, da Suspensão do Juízo falaremos em relação aos mundos da percepção, mas somente na presença da Suspensão do Diálogo Interno e na presença da Suspensão do Juízo, a percepção empática pode manifestar a própria sensação dentro da razão.

Essa sensação é um CHAMAR AS COISAS COM O VERDADEIRO NOME.

Essa sensação (como outras) pode se tornar um instrumento de uso somente se nós tivermos AUTODISCIPLINA no nosso quotidiano. Isto é, somente se Suspendermos o Diálogo Interno e praticarmos a Suspensão do Juízo, e tivermos, sobretudo, aprendido a escutar as Correntes Vegetativas: as nossas sensações e os nossos humores emocionais.

Se desejarem se exercitar a CHAMAREM AS COISAS COM O VERDADEIRO NOME, é suficiente que antes de fazer qualquer coisa, ou antes de emitirmos um juízo, ou antes de tomarmos as decisões que pertencem ao mundo da razão, parar por um instante. Diminuam a respiração, e concentrem a atenção nas sensações que dizem respeito ao objeto que vocês colocam diante de vocês. Para quem tem prática da Suspensão do Diálogo Interno e da escuta das Correntes Vegetativas, servirão alguns segundos para serem alinhadas as sensações e tirar delas um juízo, que não foi pensado em ser usado para se compreender a qualidade daquilo que pode acontecer. Sobre essa sensação jogamos muito com as expectativas e com os estados de ansiedade: a autodisciplina deverá desobstruir as expectativas e os estados de ansiedade!

Depois disso cabe ao intento do indivíduo escolher como agir e porque.

 

Chamar as coisas com o verdadeiro nome em relação ao sistema social

Na prática do Paganismo Politeísta vive-se por desafio. Para se viver por desafio se pratica a arte da armadilha e tem-se a consciência de se viver em um mundo que pratica, também, em relação a nós, a arte da armadilha.

CHAMAR AS COISAS COM O VERDADEIRO NOME, nos permite compreender e distinguir entre quem está tramando uma armadilha (e a finalidade da mesma), de quem não está tramando.

1) As palavras doces e melosas;

2) Os gestos gentis;

3) Os cumprimentos;

4) A atitude de deferência;

5) O ato de ser intermediário.

São comportamentos, que de acordo com a educação que recebemos, apreciamos e diante dos quais somos propensos a abaixarmos as nossas defesas. Somente a experiência da vida nos levar a suspeitar quando esses comportamentos se nos apresentam: aprendemos a CHAMAR AS COISAS COM O VERDADEIRO NOME.

Quando se apresentam esses comportamentos, são manifestações de uma ação para uma armadilha em relação a nós que é finalizada com o verdadeiro nome A FINALIDADE DO INTENTO!

No mundo do Ser Natureza, um Ser Animal sabe que quando vem a ser olhado nos olhos, é porque quem o faz ou quer devorá-lo ou quer dar-lhe "vassouradas".

Nós, como Seres Humanos, com frequência, não nos perguntamos o que deseja quem:

1) Usa palavras doces e melosas;

2) Usa gestos de gentileza;

3) Nos cumprimenta;

4) Assume uma atitude de deferência em relação a nós;

5) Age como um rufião, procurando ser intermediário;

Comumente nós o julgamos como uma pessoa "gentil!"

Nos perguntamos: ou quer me levar para a cama, ou manifesta interesses diversos; e então, quais?

Nos quer, talvez, comer ? Há muitos modos para se comer uma pessoa! Por comer se entende também apropriar-se de nós, utilizar-nos para escopos que não são nossos. Para fazer isto deve tornar-nos dependentes, deve criar em nós o desejo de uma ligação. Uma ligação mais forte do que as nossas necessidades nos conduzem. Para isto agem sobre o nosso narcisismo. Sobre o nosso egocentrismo.

*NOTA: O narcisismo e o egocentrismo é o que se contrapõem ao INTENTO. Por quê é o oposto? Porque para se compreender o INTENTO, eu desloquei o baricentro dos meus interesses, da minha pessoa, do meu INTENTO. Em outras palavras, as minhas necessidades primárias são aquelas que manifestam o INTENTO, e a minha pessoa e os seus desejos estão em função do INTENTO. Portanto, ela, a armadilha, deve tender para o meu INTENTO e não ao meu egocentrismo. É o meu INTENTO que dirige as minhas ações, não o meu egocentrismo (mesmo se os dois aspectos possam ser confundidos pelo espectador).

A ratoeira que ele, o bajulador, constrói para nos devorar, é composta de:

1) Palavras doces e melosas;

2) Gestos doces e gentis;

3) Cumprimentos;

4) Deferência;

5) Portar-se como um rufião.

Experimentem obter o mesmo resultado usando:

1) Palavras duras e precisas;

2) Gestos brutos que manifestam o intento de vocês;

3) Falarem dos defeitos e das faltas de uma pessoa;

4) Tratar uma pessoa social em igualdade a outras, independentemente do papel social que a reveste;

5) Dizer as coisas como se se tivesse a sensação de como elas sejam.

A pessoa, de súbito, se coloca em guarda.

Com as suas palavras doces e com deferência terá a nossa confiança. Vocês se abrirão com a pessoa, contarão as suas histórias pessoais, e com isto ela tecerá a sua teia de aranha. Vocês terão aceitado o seu caramelo!

1) Não usou palavras duras para dizer aquilo que pensa ou não pensa de vocês;

2) Quando se aproximaram dela, ela estava aborrecida, mas não mandou vocês para "aquele lugar";

3) Não criticou as escolhas de vocês, ou as afirmações de vocês, mesmo quando no coração dela essas escolhas e/ou afirmações eram sem sentido;

4) Não tratou a vocês como uma pessoa qualquer, fez com que vocês acreditassem de serem pessoas especiais;

5) Fez com que vocês acreditassem que tinham necessidade dela.

Mil vezes melhor se o objetivo dela era o de dormir com vocês. Neste caso, pelo menos o escopo estava claro e prazer seria recíproco.

Se a pessoa queria comer vocês, e neste caso vamos eliminar o risco maior que era o de transformá-los em objeto de propriedade, eliminado dessa forma os Intentos de vocês, então nos encontramos diante de:

1) Chantagens ou prováveis chantagens;

2) Estavam emotivamente ou sentimentalmente expostos;

3) Desviados de intentos e projetos de vida;

Chamar as coisas com o nome verdadeiro, nos permite viver para o desafio, sem nos tornarmos (ou nos subtrairmos de ser) objetos para uma armadilha.

Quando falarmos da ARTE DA ARMADILHA, ficará claro como aquele modo de viver é possível somente se tivermos aprendido a: CHAMAR AS COISAS COM O SEU VERDADEIRO NOME.

De outro modo, estaremos obrigados a vivermos constrangidos pela submissão.

 

Chamar as coisas com o verdadeiro nome nos mundos da percepção

Nos mundos da percepção é exatamente a mesma coisa.

Todos os esforços que fazemos, seja para superar a forma do fenômeno, seja para verificar a qualidade do fenômeno na vida quotidiana, são transferidos para dentro de nós sob a forma de Poder de Ser. O Poder de Ser, em percepção alterada, se manifesta como um processo de liberação da intuição das ligações impostas pela razão.

Isto permite ao indivíduo agir nos mundos do sonhar e da imaginação.

Agir por desafio na própria imaginação alimentando e potencializando a capacidade para incidir no quotidiano. Agir por desafio na própria imaginação significa construir projetos dentro de projetos, projetos paralelos, projetos que se sobrepõem a projetos dentro de uma percepção múltipla e de vários aspectos do mundo que nos circunda: os INFINITOS VERDADEIROS NOMES COM OS QUAIS OS OBJETOS SE APRESENTAM A NÓS, E OS MODOS INFINITOS COM OS QUAIS OS OBJETOS SE COLOCAM OU SABEMOS COMO COLOCÁ-LOS NA NOSSA EXISTÊNCIA.

Isto não vale para fantasiar, mas somente para quem VIVE PARA O DESAFIO dentro da própria vida. O esforço de CHAMAR AS COISAS COM O VERDADEIRO NOME, e o de colocar as coisas com o verdadeiro nome na nossa atividade, constrói o corpo luminoso do indivíduo.

Há uma relação dialética na base do desenvolvimento das pessoas: não é possível chamar as coisas com o nome verdadeiro delas e NÃO viver para o desafio; pelo contrário, se quiserem aprender a chamar as coisas com o verdadeiro nome, devem iniciar a viverem por desafio. Mas não se preocupem, quando se inicia um caminho de Conhecimento, se não forem vocês a desafiarem o mundo, será o mundo a desafiar vocês e a tentar fazer de vocês marionetes (do original: um mazzo tanto).

 

Chamar as coisas com o verdadeiro nome no Mundo das emoções

O CHAMAR AS COISAS COM O VERDADEIRO NOME DELAS, nos leva a derrotar o primeiro inimigo: o medo!

O medo é uma barreira que obstrui o fluir das nossas emoções e da nossa energia no mundo, obrigando-nos a executarmos estratégias finalizadas a buscar:

1) Confiança;

2) Segurança;

A busca obsessiva destas duas situações psíquicas, por parte das pessoas, alimentam o medo subjetivo, como uma barreira, satisfazendo a necessidade de domínio da razão. A razão se assegura da sua capacidade de controle sobre o indivíduo, alimentando com o medo as emoções dele, tendo como finalidade que ele saia da descrição dela.

Com a busca de Confiança e Segurança, a razão nos obriga a ter confiança nela e procurar nela a segurança. Assim, confiamos em quem usa palavras gentis, e olhamos com suspeita a quem usa palavras ásperas, além do conteúdo das palavras. A razão nos constrangerá a procurarmos segurança para que ela fique segura. Alguém acaba colocando um alarme antifurto inclusive lá, naquele local, aonde não era necessário colocar.

Que mal fazem tantos sistemas de segurança?

Fornecem à razão a certeza de que ELA é dona do indivíduo.

Entendi, e então?

Aprender a não usar categorias como Confiança (que impõe repor o próprio Juízo de ação em um objeto externo) ou como Segurança (que impõe reprimir a objetividade para satisfazer as necessidades de controle da razão).

Usar, ao contrário, o CHAMAR AS COISAS COM O VERDADEIRO NOME DELAS. Isto significa que as coisas que geram aquele movimento do espírito, que chamamos de medo, devem ser analisadas pelo que são, e a coisa que atribuímos como causa daquele movimento do espírito, fique circunscrita e separada do movimento do espírito em si mesmo, que chamamos medo.

Aquele movimento do espírito faz com que flua separadamente do objeto ao qual a razão o atribui ou que a razão usa para incitá-lo. É necessário obrigar a separação do objeto descrito pela razão da excitação da emoção que chamamos medo. Neste ponto podemos seja viver a excitação que chamamos medo, separada do objeto que a coloca em movimento, seja viver o objeto sem que este coloque em movimento a excitação emocional que chamamos de medo.

Separar a emoção do símbolo ou do objeto, com a qual a razão a controla.

A operação nos permite colocar a emoção do medo ao nosso serviço e combater o controle externo à emoção mediante o CHAMAR AS COISAS COM O VERDEIRO NOME DELAS. As emoções DEVEM ser expressão das relações que as emoções têm com as emoções dos objetos do mundo; não podem permitir aos objetos do mundo, criados artificiosamente, pela minha razão (mediante a ação coercitiva do mundo externo, especialmente social) de assumir o controle ou de condicionar as minhas emoções!

Este tipo de apropriação subjetiva do próprio aparato emocional. se torna importantíssimo quando nós, como filhos de Hera, nos movemos em percepção alterada e a razão vem a ser anulada (ou de qualquer modo assume um papel subalterno, limitando-se a transformar as sensações emocionais em imagens pescadas da nossa bagagem cultural). Quando agimos com a nossa emoções expostas, que se podem mover APENAS graças ao fluxo da intuição, proveniente da parte mais antiga do cérebro. Se no quotidiano as nossas emoções são condicionadas, pela descrição da razão, a Intuição, quando estamos em percepção alterada, não flui e nós tendemos a nos movermos com as mesmas categorias próprias da razão: transferimos a descrição da razão para estados de percepção alterada. Depois, Tomás de Aquino veio contar de ter estado no paraíso!

-Acréscimo e Esquematização do que foi dito-

1) Movimento do espírito que chamamos medo;

2) Objeto descrito ao qual imputamos o nosso medo.

Seja tanto como objeto do qual estamos conscientes, ou objetos que reconhecemos ou que o descrevemos, como objetos inconscientes (a psicanalise faz um casamento).

Medo com a não remoção da ansiedade, com segurança e confiança (também em si mesmo), mas CHAMAR AS COISAS COM O VERDADEIRO NOME, separando o movimento do espírito do objeto, que em nós libera a ansiedade. Se cancela o objeto e se libera o movimento do espírito.

Se desejarem colocar de um modo diverso: liberar a adrenalina no corpo, que servem a vocês, e não como resposta a um estímulo externo.

CHAMAR AS COISAS COM O VERDADEIRO NOME DELAS nos separa da busca obsessiva daquele que manda ter fé nele, ou da busca obsessiva da segurança.

Experiência pessoal:

Possivelmente a pessoa vive perguntando e reperguntando, mas estará pronta a enfrentar o desconhecido sem ser dependente de uma fé ou dependente de uma necessidade de segurança.

Isto acontece, porque já chegamos ao ponto de ter aprendido a CHAMAR AS COISAS COM O VERDADEIRO NOME DELAS, mas não chamaremos a coisa que deveremos enfrentar com o seu verdadeiro nome. Chamaremos com o verdadeiro nome as consequências daquilo que faremos, e descobriremos que não existe a condenação à morte por um furto de caramelos, e ninguém me fuzila se conduzo mal um debate.

Por isso,

CHAMAR AS COISAS COM O VERDADEIRO NOME DELAS, não apenas para definir o fenômeno ou o objeto, do qual é manifestação:

CHAMAR AS COISAS COM O VERDADEIRO NOME DELAS para definir a colocação das nossas ações no tempo que nos vem de encontro!

FIM. Abril de 2004.

 

Nota minha, do simples tradutor, dos ensinamentos de Claudio Simeoni

- Até o presente momento, desde há alguns anos, venho tentando traduzir as OBRAS de CLAUDIO SIMEONI, o que tem sido para mim uma honra e um prazer, além do que tenho adquirido Conhecimentos inigualáveis.

Conhecimentos que não obtive em sociedades "secretas" nas quais fui iniciado.

Usei até há pouco, como sendo a tradução de *STREGONERIA*, o termo *Bruxaria*. Se assim procedi, é porque, realmente, não há outra tradução que melhor se encaixe objetivamente.

No entanto, desde o início, hesitei, intimamente, para empregar esse sinônimo correspondente na língua portuguesa, porquanto sempre entendi, e ainda entendo, que a palavra "Bruxaria" (em português) vem a denegrir o significado de *Stregoneria*. E, se o fiz, foi única e exclusivamente para que aqueles que se interessam e a venham a se interessar por esta Arte Divina, que é a Prática da *STREGONERIA*, pudessem compreender o que seria.

A Stregoneria, na língua italiana, viria a significar *Bruxaria*, mas na realidade, na minha opinião, como aprendiz de Stregoneria, tendo com meu PROFESSOR (insegnante) Claudio Simeoni, a STREGONERIA vai muitíssimo além do que a chamada "Bruxaria" forneceria de sério.

Inúmeros são os livros e livretos que tratam de "bruxos" e "bruxaria", em todos os países. Li alguns, inclusive de autores de países das Américas. NENHUM jamais, em tempo algum, se aproximam do que vem a ser *Stregoneria Pagã* (Stregoneria Pagana).

A expressão "Bruxaria", na língua portuguesa, tem sido vista ( e até mesmo ridicularizada por pessoas ignorantes e/ou supersticiosas, principalmente por cristãos, e monoteístas em geral), como algo inexistente ou coisa do "demônio" .

O que cada um pensa ou deixa de pensar, para mim é indiferente (a me non mi ne frega niente).

A chamada "Bruxaria", aqui no Brasil, em Portugal, e em outros países aonde se fala o idioma português, e também na América do Norte, Inglaterra, aonde se fala o idioma inglês, "witchery, "sorcery", nada tem a ver com a *Stregoneria*, pelo menos como são usadas em filmes e fábulas sobre o que viria a ser, realmente, a "Bruxaria".

Enfim, resumindo, não usarei mais o termo "Bruxaria" para traduzir *STREGONERIA*, porque não seria uma tradução real.

Dante Lioi Filho

Giugno 2014

 

 

Aqui você pode encontrar a versão original em italiano

 

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Feltrinelli

Ibs

Cod. ISBN 9788891170897

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Claudio Simeoni

Mecânico

Aprendiz a Bruxo (Apprendista Stregone)

Guardião do Anticristo (Guardiano dell'Anticristo)

Membro fundador

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Piaz.le Parmesan, 8

30175 - Marghera - Veneza

Tel. 3277862784

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