A partida de futebol entre filósofos, ação n.15
Existencialistas e Renascentistas n.3

Capítulo 46

A partida de futebol mundial entre os filósofos

Claudio Simeoni
traduzido por Dante Lioi Filho

 

És capaz de jogar futebol?

 

Existencialistas e Renascentistas n.3

 

Continuação do precedente...

 

Kant deu alguns passos e se livra da bola passando-a para Pomponazzi:

"Também a partir do modo de conhecer chega-se à mesma conclusão. Antes de tudo, a alma humana conhece os universais; portanto, ela está totalmente livre da matéria. A consequência é evidente porque se a alma está unida à matéria, logo conhece pela quantidade e por algum órgão e, assim, conhece as coisas como são aqui e agora. A consequência mantém-se na base do pressuposto, porque elas são as condições de uma faculdade material; então, resulta que não conhece os universais, uma vez que o universal mantém-se separado daqui e agora."

Pietro Pomponazzi, Todos os tratados peripatéticos, Bompiani, 2013, p. 1195

Pomponazzi, depois de um salto curto, prefere ser útil a Vico:

"Assim foram compostas as primeiras cidades integradas somente por nobres que as comandavam. Mas, todavia, elas tiveram necessidade de que fossem também eles os seus servidores, os heróis foram em um sentido comum de utilidade e forçados a contentar a multidão de fregueses insurgentes, e enviaram-nos às primeiras embaixadas, que por direito das pessoas são enviadas pelos soberanos. E os enviaram com a primeira lei agrária.que, então, surge no mundo, com a qual, de forma considerável, concederam aos fregueses o quanto podiam, constituindo o domínio apropriado dos campos que os heróis a eles os tinham consignado; e assim, pode ser verdadeiro que Ceres reencontrou os cereais e as leis."

Giambattista Vico, Princípios de nova ciência, tomo segundo, Einaudi, 1976, p. 260-270

Em cima de Vico intromete-se Sartre que, rodeando-o, tira-lhe elegantemente a bola dos pés:

"Seria igualmente errôneo, todavia, dizer que, na origem, a classe oprimida compreendeu por imposição haver a classe dominante; só que, ao contrário, se faz necessário muito tempo para constituir e para difundir uma teoria da opressão. Primeiramente, há o fato de que o membro da classe oprimida que, em razão de ser pessoa simples, está empenhado nos conflitos fundamentais com outros membros da mesma coletividade (amor, ódio, rivalidade de interesses, etc.) experimenta a sua condição bem como a dos outros membros da coletividade como vista e pensada por consciências que lhes escapam. O "patrão", o "senhor feudal", o "burguês", o "capitalista", aparecem não somente como sendo os potentes que comandam, mas, também, e antes de tudo, como os terceiros, isto é, aqueles que estão fora da comunidade oprimida e que pelos quais esta comunidade existe."

Sartre, O ser e o nada, Il Saggiatore, 2013, p.484

Sartre, triunfante por ter tirado a bola de Vico, passa-a imediatamente a Kierkegaard que, sem impedimento, recebe-a parando-a com o peito:

"Para o desespero consciente, portanto, é necessário que de um lado tenha-se uma ideia verdadeira do que seja o desespero. Por outro lado, exige-se clareza no que diz respeito a si mesmo, porque clareza e desespero podem ser pensados unidos. Até que ponto a clareza perfeita no que diz respeito a si mesmo, a clareza de estar desesperado, pode ser conciliada com o ser desesperado, isto é, se a clareza dessa consciência e conhecimento de si não deveria liberar um homem do desespero, deveria torná-lo do mesmo modo assustado de si mesmo para que cessasse de estar desesperado: acerca disto não queremos decidir; não desejamos aqui nem ao mesmo tentar."

Soren Kierkegaard, A doença mortal, Se, 2008, p. 47-48

Schopenhauer recebe a bola e intervém socorrendo Kierkegaard:

"O que determina a distinção entre virtude moral e vícios morais é, antes de tudo, a diversidade de atitude de ânimo em relação aos outros, uma atitude que pode ser traduzida em inveja, ou, ao contrário, em compaixão: dois impulsos diametralmente opostos que cada homem tem dentro de si, incute em ti como são de confronto inevitável entre a sua condição e a dos outros. Segundo o modo em que o resultado de tal confronto age sobre o seu caráter como indivíduo, uma ou outra qualidade determina a sua disposição de espírito e está na origem do seu comportamento. A inveja ergue um muro bem compacto entre tu e o eu; para a compaixão esse muro torna-se sutil e transparente, e pelo contrário, às vezes, ela o derruba: e então a diferença entre o eu e o não-eu desaparece totalmente."

Athur Schopenhauer, Ou se pensa ou se acredita, BUR, 2000, p. 125 - 126

Contra Schopenhauer ataca Marsilio Ficino que aproveita a passagem entre inveja e compaixão para tirar-lhe a bola por meio do conceito do amor:

"Além do mais, conhecendo Deus reduzimos a sua imensidão ao nosso conceito mental, enquanto amando-o ampliamos a mente até a imensa extensão da bondade divina. No conceito fazemos Deus descer em nós, no amor nos elevamos até ele. Aprendemos, de fato, na medida em que nós compreendemos, enquanto amamos seja na medida em que contemplamos seja na medida em que, além da nossa intuição, pressentimos ainda a bondade divina. Além disso, o amor não está satisfeito de acordo com a consciência humana se é verdade que esta foi criada e é finita. A vontade se aquieta apenas no primeiro e infinito bem."

Marsilio Ficino, Teologia Platonica, Bompiani, 2014, p.1377

Enquanto Ficino pensa ter calado os existencialistas, eis Nietzsche ficar com bola, não sem uma certa prepotência:

"O vosso espírito e a vossa virtude, valem-se do sentido aqui na terra, irmãos: e o valor de todas as coisas é estabelecido por vós de um modo novo! Por essa razão, devei ser batalhadores! Por isso, devei ser criadores! O corpo se purifica no saber; fazendo experiências com o saber ele se eleva; àquele que conhece, todos os instintos se santificam; no nível mais alto a alma se torna gaia."

Nietzsche, Assim falou Zarathustra, tomo I, Adelphi, 1976, p.91

E Nietzsche se encaminhou em direção à defesa do gol dos Renascentistas....

 

Continua...

 

Marghera, 16 de maio de 2018

 

 

A tradução foi publicada 03.09.2019

Aqui você pode encontrar a versão original em italiano

 

 

Aprendeste a pedir a esmola?

 

De fato quer navegar neste site?

Clique e aprenda como se pede esmola

 

Claudio Simeoni

Mecânico

Aprendiz Stregone

Guardião do Anticristo

Membro fundador da Federação Pagã

Piaz.le Parmesan, 8

30175 - Marghera - Venezia - Italy

Tel. 3277862784

e-mail: claudiosimeoni@libero.it

 

2017

Índice Geral dos argumentos